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EUA: Acidente traz à tona deficiências na segurança aérea – 31/01/2025 – Mundo

EUA: Acidente traz à tona deficiências na segurança aérea - 31/01/2025 - Mundo

Informações surgidas dos momentos antes da colisão entre um helicóptero do Exército dos Estados Unidos e um avião de passageiros da American Airlines na noite de quarta-feira (29) sugerem que múltiplas camadas do aparato de segurança da aviação do país falharam, de acordo com gravações de voo, um relatório interno preliminar da FAA (Administração Federal de Aviação) e entrevistas com controladores de tráfego aéreo.

O helicóptero voou fora de sua rota de voo aprovada. Os pilotos provavelmente não viram o helicóptero próximo enquanto faziam uma curva em direção à pista. O controlador de tráfego aéreo, que estava lidando com dois trabalhos ao mesmo tempo, não conseguiu manter as duas aeronaves separadas.

Um porta-voz da FAA disse que a agência não poderia comentar a apuração em andamento, liderada pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes. Investigadores do acidente passarão os próximos meses revisando dados de voo, gravações de dentro das cabines e padrões climáticos, além de entrevistar controladores e outras pessoas envolvidas para tentar descobrir o que deu errado —um relatório preliminar deve ficar pronto em 30 dias.

Mas a catástrofe já parecia confirmar o que pilotos, controladores de tráfego aéreo e especialistas em segurança vinham alertando há anos: lacunas crescentes no sistema de aviação poderiam levar ao tipo de acidente que matou 67 pessoas no rio Potomac em Washington.

Mesmo antes que uma causa oficial seja determinada, havia sinais na quarta-feira de que pilotos e controladores de tráfego aéreo não estavam operando sob condições ideais.

As funções de controle de tráfego aéreo para helicópteros e aviões no aeroporto Ronald Reagan foram unificadas antes do acidente, deixando uma única pessoa responsável por ambas as funções. Normalmente, um funcionário lida com as funções de helicóptero e avião após as 21h30, quando o tráfego no aeroporto começa a diminuir.

Mas o supervisor assumiu as duas funções antes das 21h30 e permitiu que um controlador de tráfego aéreo saísse, de acordo com uma pessoa que não estava autorizada a falar publicamente sobre a investigação do acidente. O choque entre as aeronaves ocorreu pouco antes das 21h.

Embora não houvesse fatores incomuns causando distração para os controladores naquela noite, o número de funcionários não era “normal para o horário do dia e volume de tráfego”, disse o relatório preliminar da FAA.

Cinco trabalhadores do setor afirmaram que o controlador de voo deveria ter orientado melhor o helicóptero e o avião para evitar colisão, em vez de apenas pedir ao helicóptero para se afastar. A escuridão pode ter dificultado a avaliação precisa da distância entre aeronaves, e há dúvidas se os pilotos do helicóptero confundiram outro avião com o a American Airlines.

O helicóptero deveria estar voando mais perto da margem do rio Potomac e mais baixo ao solo enquanto atravessava o movimentado espaço aéreo do aeroporto.

Antes de entrar em espaço aéreo comercial movimentado, um helicóptero precisa da autorização do tráfego aéreo. Neste caso, o piloto solicitou permissão para seguir rota pré-determinada, que permite voar a baixa altitude ao longo da margem leste do Potomac, local que teria permitido evitar o avião da American Airlines.

A rota solicitada no Ronald Reagan seguia um caminho específico conhecido pelo controlador de tráfego aéreo e pelos pilotos de helicóptero. A aeronave militar confirmou visualmente a presença de um jato regional e o controlador de tráfego aéreo instruiu que ela seguisse a rota e voar atrás do avião.

Mas o helicóptero não seguiu a rota planejada. Em vez disso, estava a mais de 90 metros de altura, quando deveria estar abaixo de 60 metros, e meio quilômetro fora da rota autorizada quando colidiu com o jato comercial.

Um oficial sênior do Exército pediu cautela ao fazer qualquer avaliação até que a caixa-preta do helicóptero pudesse ser recuperada e analisada com outros dados forenses. As duas do avião foram encontradas.

O agente, que falou sob condição de anonimato por causa da investigação em andamento, disse que os pilotos do Black Hawk já haviam voado por esta rota antes e estavam bem cientes das restrições de altitude e do corredor aéreo estreito em que podiam voar perto do aeroporto.

As falhas de segurança na aviação vêm aumentando há anos, levando a um padrão alarmante de incidentes envolvendo companhias aéreas comerciais. Eles ocorreram em meio ao aumento da congestão nos aeroportos mais movimentados do país, incluindo o Ronald Reagan, onde a presença frequente de voos militares torna o controle de tráfego ainda mais complicado.

Ao mesmo tempo, a escassez crônica de controladores de tráfego aéreo tem obrigado muitos a trabalhar seis dias por semana e dez horas por dia —uma escala tão fatigante que várias agências federais alertaram que poderia prejudicar a capacidade dos controladores de desempenhar adequadamente suas funções.

Poucas instalações têm controladores de tráfego aéreo totalmente certificados em número suficiente, de acordo com uma investigação do The New York Times em 2023. Alguns controladores afirmam que pouco melhorou desde então.

A torre de controle de tráfego aéreo no Ronald Reagan está subdimensionada há anos. Até setembro de 2023, havia apenas 19 controladores certificados, quase um terço abaixo do número ideal de 30, conforme indicado no relatório anual da FAA ao Congresso sobre os níveis de pessoal.

Um porta-voz da FAA disse na quinta que o aeroporto atualmente emprega 25 controladores certificados; a meta é 28.

Robert Isom, CEO da American Airlines, disse em entrevista coletiva na quinta que os pilotos do avião de passageiros haviam trabalhado para a PSA Airlines, uma subsidiária. O capitão foi contratado pela companhia aérea por quase seis anos, enquanto o primeiro oficial havia trabalhado lá por quase dois anos. “Esses eram pilotos experientes”, disse ele.



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