Os Estados Unidos designaram nesta quarta-feira (19) a gangue venezuelana Tren de Aragua, o cartel de Sinaloa, no México, e outros cartéis narcotraficantes como organizações terroristas globais, de acordo com um aviso no Registro Federal americano.
O aviso do Departamento de Estado dos EUA afirma que esses grupos representam um risco para a segurança nacional, a política externa e os interesses econômicos dos EUA.
Além do Tren de Aragua e do cartel de Sinaloa, são designados terroristas: Mara Salvatrucha (MS-13, originada em Los Angeles majoritariamente por migrantes de El Salvador), e os mexicanos cartel de Jalisco Nueva Generación, Carteles Unidos, Cartel del Noreste, Cartel del Golfo, e La Nueva Familia Michoacana.
O presidente Donald Trump assinou um decreto após assumir o cargo, em 20 de janeiro, solicitando que o governo avaliasse se algum cartel criminoso ou gangue transnacional deveria ser designado como grupo terrorista. A ideia já vinha sendo ventilada por Trump e aliados na campanha.
Durante a presidência de Trump de 2017 a 2021, ele considerou fazer tais designações, mas acabou arquivando os planos.
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Na ocasião, o motivo foi um pedido do ex-presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que prometeu cooperar com os EUA na segurança pública e rejeitou a designação dos cartéis como terroristas com receio de que a classificação fundamentasse eventual intervenção militar americana em território mexicano.
No fim de dezembro, já eleito, o republicano relembrou durante evento uma conversa por telefone que teve em novembro com a sucessora de Obrador, Claudia Sheinbaum, na qual assegurou que foi “muito incisivo” ao apontar a problemática dos migrantes em situação irregular e do tráfico de fentanil.
Sheinbaum rejeita a possibilidade de que as máfias mexicanas sejam designadas como organizações terroristas usando o mesmo argumento de Obrador, de evitar uma incursão estrangeira que atente contra a soberania do país.
“Nós colaboramos, coordenamos, trabalhamos, mas nunca seremos subordinados. O México é um país livre, soberano, independente e não aceitamos intervencionismos no nosso país”, disse a presidente mexicana durante um ato político em Sinaloa.
Após reassumir o cargo, Trump também ordenou que funcionários preparassem medidas para que uma lei do século 18, que permite deter e deportar estrangeiros em tempo de guerra, seja utilizada para a deportação de supostos membros de gangues sem audiências judiciais.
Além de declarar emergência nacional da fronteira com o México, o que possibilitou o uso das Forças Armadas, o governo Trump ampliou uma estrutura na base de Guantánamo, na ilha de Cuba, para comportar até 30 mil migrantes em situação ilegal nos EUA.
De acordo com o governo, apenas criminosos seriam levados a Guantánamo, mas advogados indicam receio de que o traslado para a base, local de graves violações de direitos humanos desde que foi criada, no início do século, deixe imigrantes em um limbo jurídico.