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EUA pedem informações a fabricante sueca sobre caças – 10/10/2024 – Poder

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EUA pedem informações a fabricante sueca sobre caças - 10/10/2024 - Poder

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos solicitou informações à subsidiária da fabricante sueca de aeronaves Saab sobre a venda de 36 caças militares Gripen ao Brasil, em 2014, transação que foi objeto de uma investigação de corrupção no Brasil, disse a Saab nesta quinta-feira (10).

“A Saab pretende atender ao pedido para fornecer informações e cooperar com o Departamento de Justiça nessa questão”, afirmou a companhia sobre a solicitação dos Estados Unidos à Saab North America.

Em comunicado, a empresa sueca disse que tanto autoridades brasileiras quanto suecas investigaram anteriormente partes do processo de concorrência do Brasil e que essas investigações foram encerradas sem indicar quaisquer irregularidades por parte da Saab.

Procuradores brasileiros, em 2016, acusaram formalmente o hoje presidente Lula —na época, fora do cargo— de usar sua influência para ajudar a Saab a vencer a concorrência para a compra de 36 caças no valor de US$ 5,4 bilhões. Os advogados de Lula sempre disseram que o caso resulta de uma “perseguição política”, e a ação penal foi trancada de maneira definitiva pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2023.

A Força Aérea Brasileira (FAB) escolheu em 2014 o Gripen para renovar sua frota de caças, em detrimento do F-18 Super Hornet, da americana Boeing, e do Rafale, fabricado pela francesa Dassault Aviation SA.

O acordo com a Saab também permite que os Gripens sejam produzidos no Brasil no futuro.

As primeiras aeronaves já foram entregues ao Brasil, e o restante deve ser entregue até 2027.



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Ainda estamos aqui, em 1964 – 22/11/2024 – Morte Sem Tabu

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Ainda estamos aqui, em 1964 - 22/11/2024 - Morte Sem Tabu

Cynthia Araújo

Perto demais

Quando eu e uma colega fomos à casa da professora Elza Maria Miranda Afonso para convidá-la para ser paraninfa da nossa turma de direito na UFMG, ouvimos histórias de seus anos de faculdade. Ela foi aluna de Edgar de Godói da Mata-Machado, cujo filho, José Carlos Novaes da Mata Machado, foi torturado e morto por agentes do Estado durante a ditadura.

Quando Elza perdeu seus pais, Edgar perguntou a ela como estava lidando com seu luto: “sabe, Professor, eu tento viver e agir como se eles estivessem presentes”. “Eu também tento me conduzir pensando na aprovação do José Carlos”, ele respondeu.

José Carlos foi contemporâneo de Elza na faculdade de direito, mas nunca se formou. Enquanto a turma recebia os diplomas, ele estava preso. Seu pai foi um dos Paraninfos daquele ano de 1968, mesmo ano em que teve o mandato de deputado federal cassado com base no AI-5. Oito meses depois, Zé Carlos foi liberado. Novamente preso, em outubro de 1973, foi torturado até a morte.

Daquele dia na casa da Elzinha, não me lembro de nenhuma dessas informações, apenas do sentimento que nos unia: o horror à ditadura. Era julho de 2007 e, naquele momento, não imaginávamos que, nove anos depois, um futuro presidente exaltaria torturador em uma sessão da Câmara dos Deputados. Ou será que imaginávamos?

Cinco anos depois, Elzinha estava na minha banca de mestrado. Fiquei emocionada com a emoção dela. Eu falava sobre nazismo. E sobre como o autoritarismo está sempre perto demais.

Onde eu estava?

O livro “Ainda estou aqui”, de Marcelo Rubens Paiva, é um registro histórico. Pouca gente vai ler o relatório da Comissão Nacional da Verdade, que demonstrou, com base no acervo pessoal do coronel Júlio Miguel Molinas Dias – assassinado em 2012 em circunstâncias suspeitas – e nos testemunhos da ex-presa política Cecília de Barros Correia Viveiros de Castro e do ex-tenente médico do Exército Amílcar Lobo, que Rubens Paiva foi preso pela Aeronáutica e morto sob tortura no DOI-Codi (Departamento de Operações de Informação do Centro de Operações de Defesa Interna), centro que concentrava a repressão aos adversários do regime. Muitos lerão trechos importantes desse relatório em “Ainda estou aqui”.

No livro de Marcelo, existem nomes. Os nomes daqueles que, cinco décadas depois, seguem impunes.

O filme homônimo, que assisti na última semana com a minha mãe, parte da falta desses nomes e de suas responsabilizações. É um grito de desespero por memória, uma memória que podemos perder em breve caso não nos mobilizemos, junto dos museus, memoriais e monumentos que nunca criamos.

Minha mãe, em dificuldade de mastigar suas pipocas, pergunta, mais para si mesma do que para mim, onde estava que não viu aqueles tanques nas ruas do Rio de Janeiro. “Eu ia sempre lá no Centro, na rua da Alfândega”. Será que não viu, mãe? Ou não se lembra mais?

O que a gente não preserva a gente esquece. E quando a gente esquece, aumentam as chances de repetirmos, por pior que seja o que tenha acontecido.

Em 2019, apresentei um projeto de pesquisa de pós-doutorado na Alemanha perante a Capes. Pretendia “testar a hipótese de que a experiência alemã pode ajudar a estipular atitudes mínimas necessárias para preservação da democracia – tais como leis que punam a negação do passado e forcem o Estado a educar sobre crimes cometidos por ele mesmo e a preservar esse conhecimento por meio de espaços permanentes de memória (monumentos, museus, exibições) – e se isso é aplicável ao Brasil”.

Não consegui a bolsa que pleiteava, o que não chegou a ser uma surpresa. O texto do meu projeto começava da seguinte forma: “Nunca houve um fechamento sobre como o Brasil deve lidar com a tortura e as execuções praticadas durante sua ditadura militar. Mais do que isso, sentimentos de nostalgia por esse período e mesmo sua negação como um regime antidemocrático tornam-se mais e mais frequentes. O tema ganhou maior evidência em 2016, durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, quando, em um discurso de menos de 10 segundos, o atual presidente, Jair Bolsonaro, louvou um torturador responsável por torturas e assassinatos durante a ditadura”.

Quem assumiu a responsabilidade pelos crimes praticados durante a ditadura foi o Estado Brasileiro. Todos nós, até hoje, pagamos por isso. Não que devêssemos ser poupados. Faz parte do processo de redemocratização entender como as coisas chegaram aonde chegaram e como a coletividade deixou que chegassem até lá.

É um exercício que todos deveríamos fazer, especialmente aqueles que já haviam nascido na década de 1960. Como minha mãe se perguntou, todos deveriam se perguntar. Onde eu estava? O que eu via? O que meus pais faziam?

Mas existe, deveria existir, uma diferenciação sólida entre o que respondemos por ser parte de uma sociedade, e o que são nossas decisões e atos individuais. O que fizemos por imposição de um regime que nos ameaçava e o que se fez por vontade. E isso a gente não tem. No lugar de culpados, temos “a ditadura” como um grande monstro abstrato.

Ditadura não mata ninguém

Rubens Paiva não morreu pelas mãos de um grande monstro abstrato, mas porque pessoas o mataram. Pessoas o torturaram até a morte. E nós precisamos dos seus nomes.

O filme “Ainda estou aqui” nos pega tanto, porque fala de pessoas reais. De crianças reais que não tiveram oportunidade de se despedir do pai. Nunca tiveram. Não fizeram velório, nem mesmo choraram a perda juntas, porque, para cada uma, a morte chegou em um momento diferente.

A gente não se comove tanto por rostos desconhecidos e sem nome, assim como não se indigna o suficiente contra um monstro abstrato. Ditadura não mata ninguém. Pessoas matam.

Muito já se falou sobre como o filme é feito de silêncios e do pavor que paira no ar quando nada é dito. Dos traumas. Ditaduras se firmam no medo.

Mas democracias também. Enquanto assistia, ficava me perguntando quão diferente é o que tantas famílias negras passam todos os dias. Pensei em uma frase que escrevi num dos meus primeiros textos aqui no Morte sem Tabu, quando o adolescente João Pedro foi executado pela polícia no Rio de Janeiro – polícia que, por sinal, foi recentemente absolvida: “A família de João Pedro passou a noite procurando por notícias suas. Ele já estava morto. A polícia já sabia que ele estava morto. Mas a família continuava procurando por ele”.

Sim, eu sei que é diferente. Pessoas negras e pobres morrem todos os dias mesmo quando não estão lutando por um projeto melhor de país, mas apenas tentando existir.

Nunca estivemos tão perto

Talvez um dia eu escreva sobre o que senti quando li o nome João Paulo Burnier* na página 36 do livro de Marcelo Rubens Paiva. Até alguns anos atrás, eu só o conhecia pelo nome de “brigadeiro”, alguém de quem eu ouvi falar desde a infância. Alguém que, depois de comandar o lugar onde Rubens Paiva sofreu as primeiras torturas, depois de comandar o lugar onde foi torturado até a morte Stuart Angel, depois de planejar um ato que levaria à morte de milhares de pessoas – para que a culpa recaísse sobre os “comunistas”-, tornou-se apenas mais um cidadão no Rio de Janeiro, vivendo a própria vida, como tantos. Convivendo, quem sabe, até mesmo com famílias de suas próprias vítimas. Alguém que estava perto demais da minha família. Mas essa é outra história.

Por mais força que o audiovisual tenha sobre nós, e que bom que tem, enaltecer um filme e suas atuações é pouco. É muito pouco. Por mais que os olhares de Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, esse monumento que consegue se tornar tão marcante em poucos minutos de atuação sem fala, precisamos entender por que o filme nos toca exatamente onde toca. Nós nunca estivemos tão perto de repetir o passado. E, pelas últimas notícias, é por pura sorte que não estamos de volta ao Ato Institucional nº 5, de 1968.

*Embora no livro conste o nome de João Paulo Penido Burnier, o brigadeiro, filho de Otávio Penido Burnier e Margarida Moreira Penido Burnier, assinava como João Paulo Moreira Burnier.





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Coleta de plasma bate recorde em dez meses de 2024, diz Hemobrás

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Coleta de plasma bate recorde em dez meses de 2024, diz Hemobrás

Cristina Índio do Brasil – Repórter da Agência Brasil

De janeiro a outubro de 2024, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) coletou 160,9 mil litros de plasma, componente essencial para a produção de medicamentos hemoderivados. O número supera a meta de 150 mil litros definida em contrato da empresa com o Ministério da Saúde para 2024. O volume, que representa um recorde histórico na coleta de plasma, é 7,2% acima do captado em 2023. De acordo com a Hemobrás, a estimativa é fechar o ano com cerca de 200 mil litros captados. “Os números atingidos representam um marco para a saúde pública brasileira e para o papel estratégico da Hemobrás no país”, informou a empresa.

Segundo a parceira do Ministério da Saúde, o abastecimento da produção nacional com produtos da empresa será influenciado positivamente pela produção recorde. Para a presidente da empresa, a médica Ana Paula Menezes, as conquistas da Hemobrás refletem o compromisso da empresa com a saúde pública e com o Sistema Único de Saúde (SUS), que é seu único cliente. “Estamos aprimorando, a cada dia, a missão de levar mais saúde e qualidade de vida à população brasileira”, completou em texto divulgado pela Hemobrás.

Para atingir a expectativa de captação, a empresa vem investindo na qualificação de hemocentros em todo o país para garantir o aumento da capacidade de armazenamento de plasma e o aperfeiçoamento dos processos. O objetivo é evitar o descarte do plasma, decorrente de problemas no transporte dos hemocentros até o Complexo Fabril de Goiana, em Pernambuco.

Descarte

A empresa conseguiu ainda outra conquista histórica: a queda de 90% no descarte de plasma após o processo de triagem, que avalia a aptidão das bolsas coletadas para a produção de hemoderivados. O descarte passou de 30% para 3%. “O descarte, nesse processo, não está ligado ao desperdício, mas a problemas diversos que afetam a qualidade industrial, como o caso do transporte”, esclareceu.

A Hemobrás identificou, por meio de estudos técnicos, os principais fatores que resultaram no descarte e, assim, pôde alcançar índices melhores. “Os resultados refletem o empenho conjunto e continuado que busca ampliar a busca ativa por mais plasma em hemocentros de todas as regiões do país e o aproveitamento máximo do plasma industrial enviado à Hemobrás”, analisou a gerente de Produtos e Suprimentos Farmacêuticos da Hemobrás, Melissa Papaléo.

Para fortalecer os processos e reduzir a proporção do total descartado, a Empresa definiu uma série de soluções, como a melhoria no processo logístico de transporte do plasma. “Em parceria com a Octapharma, a Hemobrás passou a utilizar caixas de papelão para acomodar as bolsas de plasma, o que diminuiu de forma significativa as perdas por quebra durante o transporte. Não era uma prática comum para a Octapharma, mas a parceira adaptou-se e a solução dada pela Hemobrás foi aplicada e bem-sucedida, como mostram os números”.

Na visão do diretor Industrial da Hemobrás, Antônio Edson de Lucena, esses desempenhos refletem na qualidade dos produtos oferecidos à população. “São conquistas grandiosas para a Empresa e para a população brasileira porque vemos o amadurecimento do sistema de coleta e de uma utilização cada vez maior do plasma para beneficiamento industrial em favor da produção de medicamentos”, afirmou.
 


Brasília (DF) 21/11/2024 - Matéria especial sobre ecorde de plasma 
Foto: Hemobrás/Divulgação
Brasília (DF) 21/11/2024 - Matéria especial sobre ecorde de plasma 
Foto: Hemobrás/Divulgação

Hemobrás pretende captar mais de 300 mil litros de plasma até final de 2025. Hemobrás/Divulgação

Hemorrede

Como forma de fortalecer a Hemorrede brasileira, a Hemobrás reforçou o trabalho qualificando hemocentros em todo o país e ampliando a capacidade de armazenamento de plasma. “Ao todo, 61 serviços foram qualificados para envio de plasma à Hemobrás e, desses, 55 hemocentros já enviam, juntos, cerca de 20 mil litros de plasma mensalmente. A diferença entre os qualificados e os que já fazem os respectivos envios se dá porque existe um tempo entre o serviço ser qualificado e passar a enviar o plasma em função da necessidade de algumas adequações no processo e sistema e necessidade de obtenção de autorização do Ministério da Saúde”.

No planejamento para 2025, a Hemobrás pretende ampliar o número de hemocentros qualificados, requalificar os já aptos para o fornecimento de plasma, e aumentar a capacidade de armazenamento e envio de plasma dos que já são fornecedores. “Esse trabalho será resultado de investimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal”, concluiu.

O investimento do governo federal na ampliação do volume de plasma coletado nos hemocentros contou com o valor de R$ 100 milhões como parte do PAC, que tem como um dos objetivos renovar e ampliar o parque tecnológico dos serviços de hemoterapia. “A ação do Ministério da Saúde já está em fase de assinatura de contratos e vai beneficiar, inicialmente, 56 hemocentros, de um total de 120 selecionados. A expectativa é que o aumento da capacidade de armazenamento desses hemocentros seja de fundamental importância para que a Hemobrás chegue, ao final de 2025, com mais de 300 mil litros captados”, informou.



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Michael Kiwanuka: Revisão de pequenas mudanças – um retorno requintado | Michael Kiwanuka

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Michael Kiwanuka: Revisão de pequenas mudanças – um retorno requintado | Michael Kiwanuka

Damien Morris

UMComo artista, o entretenimento é o propósito do seu trabalho – ou o resultado dele. Se você é o Coldplay, é tudo propósito. Michael Kiwanuka é diferente. Parece que sempre que ele nos entretém com as músicas arrancadas de seu coração ansioso, é apenas uma feliz coincidência. Seu último, álbum autointitulado foi um clássico instantâneo em 2019, um trabalho revelador perfeitamente montado pela combinação de soul orquestral e rock psicodélico sobre uma base de composições sublimes e hinos. Com esse crédito acumulado além de um merecido prêmio Mercury, ele criou uma coleção mais reticente. Ele espera que você se incline para isso.

Desfile Flutuante estabelece os termos desde o início. Os títulos das músicas podem ser sussurrados em versos, em vez de saboreados em refrões. Coros simpáticos; letras opacas. No final, Four Long Years é uma balada impressionante que responde lindamente à pergunta: “E se Bill Withers fizesse um cover do Radiohead?” No meio, Pequenas mudanças oferece um conjunto de músicas requintadas produzidas habilmente por Danger Mouse e Inflo. Não há o suficiente do heroísmo da guitarra que eletrifica Lowdown (parte ii), mas isso é um problema. Outro excelente álbum de um artista – e às vezes animador – em seu auge criativo.



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