David Lawder
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, dirá nesta quinta-feira (17) que aumentaria as tarifas e isolar a economia norte-americana como proposto por Donald Trump, candidato republicano à presidência, seria “profundamente equivocado”, aumentando os preços para os consumidores e tornando as empresas do país menos competitivas.
Ém discurso que será feito no Conselho de Relações Exteriores em Nova York e teve trechos divulgados nesta manhã, Yellen comentará que os EUA não podem se dar ao luxo de voltar às ações unilaterais do passado para promover seus próprios interesses econômicos e de segurança nacional.
A secretária do Tesouro não citou Trump especificamente, mas se referiu a seus pedidos de aumentos acentuados de tarifas. O ex-presidente propôs aumentar as tarifas para 10% a 20% sobre praticamente todas as importações dos EUA e para pelo menos 60% sobre as importações da China, com ameaças específicas de até 200% sobre empresas individuais, como a John Deere, se elas transferirem parte da produção para o México.
Na terça-feira (15), Trump chamou tarifas de “a palavra mais bonita do mundo”, argumentando que elas estimulariam o crescimento da produção dos EUA.
“(A ideia de) isolar os Estados Unidos com altas tarifas sobre amigos e concorrentes ou para tratar até mesmo nossos aliados mais próximos como parceiros transacionais são profundamente equivocados”, afirmou Yellen nos trechos divulgados pelo Tesouro. “Tarifas abrangentes e não direcionadas aumentariam os preços para as famílias americanas e tornariam nossas empresas menos competitivas.”
Uma abordagem do tipo “seguir sozinha” para a política externa e econômica —como a adotada quando Trump era presidente— tornaria praticamente impossível avançar com os interesses econômicos e de segurança nacional dos EUA hoje, avaliou Yellen, incluindo pressionar a Rússia sobre a guerra com a Ucrânia, melhorar a segurança da cadeia de suprimentos ou abordar as políticas industriais agressivas da China.
Yellen enfatizou a necessidade de criar uma relação econômica mais saudável com a China, mas argumentou contra o corte de laços com Pequim.
“O comércio e os investimentos com a China podem trazer ganhos significativos para as empresas e os trabalhadores norte-americanos e devem ser mantidos”, disse Yellen. “Mas também precisamos ter um relacionamento econômico saudável baseado em condições equitativas.”
Barreiras ao acesso ao mercado na China e práticas comerciais injustas causam desafios para empresas e trabalhadores norte-americanos e para empresas estrangeiras que desejam operar na China, comentou Yellen, acrescentando que essas políticas estão alimentando o excesso de capacidade industrial em setores críticos, ameaçando a viabilidade das empresas norte-americanas e mantendo os produtores estrangeiros dependentes das cadeias de oferta chinesas.
A secretária também defendeu os aumentos acentuados de tarifas do presidente norte-americano, Joe Biden, sobre importações estratégicas chinesas, como veículos elétricos, semicondutores e células solares, acrescentando que os aliados dos EUA estão tomando e considerando medidas semelhantes.
“Esse crescente consenso internacional é uma indicação poderosa para a China de que ela deve mudar suas práticas”, analisou.
Folha Mercado
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