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EXCLUSIVO: Ex-prefeito de Tarauacá não poderá candidatar-se em 2020; entenda o porquê

Ex-prefeito Vando Torquato permanece inelegível, com direitos políticos suspensos.

‘Venerado’ por muitos eleitores, e criticado por outro tanto, Torquato fez uma gestão que passou longe da ‘ira das novas redes sociais’, como Facebook e WhatsApp, mas foi estilhaçada pela Justiça.

Erisvando Torquato do Nascimento foi vice-prefeito e prefeito por duas vezes de Tarauacá, município do interior do Acre. Sua trajetória política é constituída de inúmeras controvérsias, rivalidades, intrigas, teorias de sabotagem e conspiração.

INÍCIO DA CARREIRA

‘Vando Torquato’, seu nome popular, é natural de Envira (Amazonas), inicialmente era um proprietário de padaria, tipo classe média local, que decidiu entrar na vida política.

No início, não obteve sucesso algum. Candidatou-se como deputado, porém, fracassou. Com o tempo, adquiriu fortes aliados, eleitores e financiamento de campanha.

Aliou-se ao PT, nos primeiros anos da carreira política. Mas a aliança durou pouco. Foi vice-prefeito rejeitado e excluído durante a administração petista, porém, mais tarde conseguiria vencer a Frente Popular (comandada pelo PT) nas eleições majoritárias de 2004, pelo PSDB (45).

ASCENSÃO AO CARGO DE PREFEITO

O sucesso como candidato majoritário não demorou vir.

Em 2004, concorrendo pelo PSDB (45), numa frente de apenas três partidos (PSDB / PFL / PP), Torquato venceu os candidatos do PT e PCdoB, que disputavam as eleições em duas grandes frentes, a primeira composta pelo PT / PTB, e a segunda pelo PC do B / PSB / PMN / PV / PL. Vando venceu com 3.859 mil votos.

A referida disputa aconteceu dois anos após as eleições estaduais no Acre em 2002, ocasião em que Jorge Viana (PT) era governador do Acre.

Quatro anos depois, em 2008, Torquato candidatou-se à reeleição, e conseguiu formar uma coalizão de partidos contra o PT, onde incluía o PP / PMDB / PRP / DEM / PMN / PRB / PSC, denominada Frente Tarauacá no Caminho Certo, e venceu PT e PCdoB juntos, por uma diferença de 313 votos.

Vando venceu com 7.351 mil votos, naquele ano.

Torquato conseguiu eleitores leais, admiradores, vereadores e líderes partidários fortes. Dos nove vereadores da Câmara Municipal, o então prefeito tinha o apoio de Roberto Freire, Edmar Rodrigues, Lulu Neri e Raimundo Furtado, que eram os vereadores da ‘ponta da lança’.

Resultado de imagem para jasone e vando torquatoGladson Cameli e Vando Torquato. 2010 [reprodução]

ESCÂNDALOS

Nessa trajetória, o nome de Torquato também esteve envolvido em inúmeros problemas, escândalos e boatos. Desde boatos de distribuição de panfletos anônimos, pagamento de propina, desvio de recursos públicos, irregularidades administrativas, até comentários sobre incendiar rádio FM local, usar serviços de uma dentista durante a última campanha eleitoral, quando reelegeu-se, para fazer captação ilícita de votos, dentre outras controvérsias.

No seio familiar, Torquato teve vários problemas familiares. Na vida social, passou por altas e baixas. Perdeu aliados, e adquiriu inimigos. Entre amigos, foi esquecido pela maioria, quando os problemas vieram.

O ex-prefeito conhece, como ninguém, o sabor do sucesso e da fama, e a escuridão do esquecimento e da ingratidão.

Em Tarauacá, ficou notório que Torquato pagava até bolsas de estudos para apadrinhados políticos, com dinheiro público; noutras situações, concedendo facilidades para muitas pessoas, privilegiando-as em suas vidas particulares, em detrimento de dinheiro público. Pessoas que, atualmente, são graduadas em medicina, direito, enfermagem, formadas à custa do dinheiro público municipal, sem a devida contraprestação de serviços para o município.

Vando permaneceu em ostracismo e foi esquecido pela maioria das pessoas que ajudou.

VIDA SOCIAL

Logo após o afastamento e cassação do seu mandato pela Justiça, em março de 2011, Torquato viveu retraído e em silêncio. Sem redes sociais, sem vida pública ativa.

No meio do eleitorado humilde do município, Torquato desenvolveu alta capacidade de convencimento e persuasão. Até os dias atuais, o ex-prefeito é amado, e até ‘venerado’ por eleitores do município. Mas na Justiça, o ‘trato’ é outro.

PROBLEMAS COM A JUSTIÇA

Atualmente, na Justiça Federal, Torquato responde a 17 processos como réu, sendo os mais graves duas ações penais, quatro ações de improbidade administrativas, além de algumas ações de execução de título extrajudicial.

 

Na Justiça Estadual, tramitam em desfavor de Torquato aproximadamente 20 processos, incluindo execução de pena, execução de dívida ativa, Ação Civil de Improbidade Administrativa, dentre outras.

 

Torquato foi condenado por crime eleitoral. Responde a algumas ações penais por crime de responsabilidade no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, e ações de improbidade administrativa na Justiça Federal, e ações no Tribunal de Justiça do Acre. No Tribunal de Contas da União, havia em seu desfavor mais de 20 processos por suspeita de irregularidades na aplicação de recursos federais.

Esse acervo de processos judiciais, além de macular a trajetória de Torquato, também o torna inelegível, pela Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº. 135, de 2010). Por essa razão simples, o ex-prefeito, não poderá candidatar-se em 2020.

Torquato atualmente ainda cumpre pena e estar com seus direitos políticos suspensos. Não há cassação de direitos políticos, vale lembrar.

ATUALMENTE…

Em que pese os traços positivos da gestão de Torquato, muitos dos quais lembrados com saudosismo até os dias atuais, nada vale aos olhos da Justiça, que possui ‘olhos vendados’ e nada vê.

As vozes do povo que aplaudiu ou criticou não será ouvida nos tribunais. Para a Justiça, é apenas um eco vazio e oco, porque a Justiça não decide ouvindo o povo, e sim documentos. Isso na teoria, é claro.

Charge ‘força-tarefa’ [reprodução]

A luz no fim do túnel para o ex-prefeito, se chama Gladson Cameli e Márcio Bittar, que poderão talvez fazer uma ‘força-tarefa’ para salvar Vando Torquato.

Na política e no futebol, até o fim da partida, tudo é possível.

Até breve meus amigos, ótima quinta-feira!

Por Bakunin Acriano, via Redação do Acre.com.br

bakuninacriano@acre.com.br

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