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AMAZÔNIA

Extrativistas acreanos participam de intercâmbio em comunidades rurais do MT

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Os extrativistas e membros da Associação Wilson Pinheiro, do Seringal Porvir, Reserva Extrativista Chico Mendes (Epitaciolândia, AC) participaram de intercâmbio com agricultores e indígenas do interior do Mato Grosso, na região de Juruena (MT), distante 900 quilômetros de Cuiabá.

A programação incluiu visita à fábrica de beneficiamento de castanha-do-brasil (ou castanha-do-pará) da Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (Coopavam) áreas de Sistemas Agroflorestais, hortas agroecológicas e às instalações da Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia e Associação Marias da Terra. Durante o evento, dentre os dias 22 a 24 de abril, foi realizado ainda o IV Encontro de Mulheres Rurais e Indígenas do Noroeste de Mato Grosso e Acre.



“Uma coisa muito importante que nós vimos lá foi que os agricultores estão realizando o sonho de cooperativismo com a Coopavan. O que mais me chamou a atenção foi a união dos produtores rurais. Eles vem lutando, com tropeços, mas estão conseguindo e é por isso que nós viemos visitar e tentar levar alguma coisa daqui para nossa comunidade”, afirma o vice-presidente da Associação Wilson Pinheiro, Jurandi Moura.

A Coopavan trabalha com a produção e beneficiamento de castanha-do-brasil. Em 2019, irá processar 200 toneladas de castanhas e produzir castanha, óleo, farinha e barra de cereais de castanha, todos com certificação orgânica. Instalada no assentamento Vale do Amanhecer, um dos poucos do Mato Grosso que possui Reserva Legal Comunitária, com uma área de 7.200 hectares de floresta amazônica. Para atender a demanda do mercado, a Coopavan tem parceria com comunidades indígenas, de onde vem cerca de 80% da castanha beneficiada na fábrica.

“Não foi fácil quando começamos, há 11 anos. Não tínhamos mercado, aí começamos a trabalhar com o Programa de Aquisição de Alimentos, do Governo Federal e depois conseguimos vender para a iniciativa privada, como a Natura. Mas foi um processo lento e que exigiu muito engajamento da comunidade”, conta Luzenira Lustosa, presidente da Coopavam.

Encontro de Mulheres

Ao todo, participaram 48 mulheres agricultoras e extrativistas do Noroeste de Mato Grosso e do Acre além de representantes dos povos indígenas Apiaká, Cayabi, Cinta-Larga e Munduruku. Elas puderam conhecer experiências como a da Coopavam, da Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia – Amca e da Associação Marias da Terra.

“A Anca é uma associação em que a cada três mulheres, um homem pode se associar. Nós produzimos castanha, biscoitos, paçocas e macarrão de castanha. Todos trabalham juntos, mas a diretoria é sempre composta pelas mulheres. Nós montamos essa organização para as mulheres terem uma alternativa de renda”, conta a tesoureira Leonilda Graci Bus.

A Associação Marias da Terra (Amater) estruturou uma cozinha para processar a farinha de banana e a farinha de babaçu. A principal atividade da comunidade Treze de maio, onde está instalada a Amater, é a produção de leite e as mulheres começaram a agregar outras produções com quintas agroflorestais para produzir banana, mandioca e hortaliças .

“Conseguimos instalar a cozinha, por meio do projeto no Programa de Pequenos Projetos Ecossociais e não tínhamos dinheiro para comprar os ingredientes, fizemos uma rifa de potes de cozinha e começamos a trabalhar e depois conseguimos vender a farinha de banana e a de babaçu para o PAA” conta a presidente Sidneia Souza.

Segundo a extrativista Rosiane Alves, do Seringal Porvir, essas experiências mostraram a importância de se organizar para conseguir avanços na comunidade. “Eu estou com expectativa tão grande de colocar todas as ideias que tive durante esse encontro em prática lá no Acre”, disse.

Indígenas

A participação das indígenas Cayabi, Munduruku, Apiaká e Cinta Larga foi um dos pontos fortes do evento. Elas são fornecedoras de castanha para a Coopavan e com a renda obtida têm conseguido melhorais para o dia-a-dia das famílias e da comunidade, com respeito à floresta em pé em um contexto de extração madeireira. Um desses avanços foi a criação, há dois meses, da Associação de Mulheres Cinta Larga.

“A principal lição que nós tiramos desse encontro para o nosso grupo de mulheres Cinta Larga, é que organizadas nós somos mais fortes. A mulher, quando ela se une em uma voz só, nós não abrimos só janelas, nós abrimos portas, e foi isso que a gente vivenciou aqui em Juruena”, conta Adriana Camargo, da Associação de Mulheres Cinta Larga.

O evento foi promovido pelo projeto Poço de Carbono Juruena, desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (Adejur), com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e pelo projeto Bem Diverso, uma parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).

AMAZÔNIA

LIVRO E CULTURA: Vidas em fluxo à beira do rio Araguaia

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Foto de capa [arquivo pessoal]

Livro de Francisco Neto Pereira Pinto apresenta as mudanças do meio ambiente e os aspectos intrínsecos da humanidade a partir da história de uma família ribeirinha.

À beira do Araguaia, a vida transcorre no mesmo ritmo da corrente. Ali, as águas são companheiras de uma família ribeirinha que atravessou casamentos, nascimentos e mortes ao lado de um dos maiores rios do país. Unidos por laços sanguíneos e um lar, pai, mãe, filho, filha e até os gatos se tornam os protagonistas da obra publicada por Francisco Neto Pereira Pinto, que convida os leitores a olharem para seus mundos internos a partir de experiências típicas da floresta amazônica.



Os 14 contos desta coletânea podem ser lidos de forma independente, mas juntos formam um mosaico da cultura daqueles que fazem da pesca artesanal, da pequena produção rural e do empreendedorismo familiar seus principais meios de sustento. Com uma linguagem poética, regionalista e experimental, os textos evocam uma memória ancestral sobre as tradições do Norte brasileiro.

A casa de Ana e Pedro no alto da ribanceira parecia ter sido feita para uma conquista como somente aquela cheia poderia impor. Uma noite espessa, pesada, úmida, escura e esvoaçante e a casa lá, com um candeeiro de chama nervosa e intensa, alimentada por azeite de mamona e pavio de algodão. (À beira do Araguaia, p. 43)

Sob o olhar ribeirinho, o autor atravessa questões essenciais do contexto social, ambiental e político do país. Entre as páginas, retrata a partida dolorosa de um pai que decide trabalhar com o garimpo em busca de melhores condições econômicas; as consequências da pesca predatória; os efeitos da destruição da natureza no cotidiano; e a história da Guerra do Araguaia. Temas como diferenças de gênero, racismo, saúde mental e luto também são abordados com um rigor estético que perpassa desde a escrita até as pinturas em acrílico de John Oliveira.

Com apresentação de Neide Luzia de Rezende, professora da Universidade de São Paulo, o livro reúne contos que se desdobram de forma similar a um romance. Sem uma linha cronológica definida, as histórias retratam as vidas de Ana e Pedro, que aparecem como protagonistas ou secundários em diferentes momentos; dos filhos Eve e Téo, com conflitos específicos entrelaçados a gênero e educação na contemporaneidade; além dos gatos Calíope e Dom, presentes para representar a força das relações entre humanos e animais.

Sobre o lançamento, que aconteceu no dia 3 e dezembro de 2024, no auditório da Reitoria, na Universidade Federal do Norte do Tocantins, em Araguaína, Francisco Neto Pereira Pinto comenta: “o projeto foi uma maneira de revisitar minhas memórias de menino, porque vivi até os 15 anos em uma vila à beira do Araguaia. Cresci ali, mas hoje vejo o rio secando, o meio ambiente sendo degradado e como isso afeta os ribeirinhos. Meu livro chama atenção para essa realidade. Tenho um desejo muito forte de preservar uma cultura que parece estar desaparecendo”.

FICHA TÉCNICA

Título: À beira do Araguaia
Autor: Francisco Neto Pereira Pinto

Editora: Mercado de Letras
ISBN: 978-6586089769
Páginas: 88
Preço: R$ 41
Onde comprar: Amazon

Booktrailer no Youtube

Sobre o autor: Francisco Neto Pereira Pinto é professor, escritor e psicanalista. Doutor em Ensino de Língua e Literatura e graduado em Letras – Português / Inglês, leciona no programa de pós-graduação em Linguística e Literatura da Universidade Federal do Norte do Tocantins e nos cursos de Medicina e Direito do Centro Universitário Presidente Antônio Carlos. Membro da Academia de Letras de Araguaína – Acalanto, publicou os livros: “Sobre a vida e outras coisas”, “O gato Dom”, “Você vai ganhar um irmãozinho”, “Saudades do meu gato Dom” e À beira do Araguaia.

 Redes sociais do autor:

Instagram: @francisconetopereirapinto

LinkedIn: Francisco Neto Pereira Pinto

Youtube: @francisconetopereirapinto

Site do autor: https://francisconetopereirapinto.online/

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AMAZÔNIA

Tarauacá engaja-se no Programa Isa Carbono para fortalecer Políticas Ambientais

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Foto de capa [internet]

Tarauacá se destacou como um dos municípios engajados nas consultas públicas para atualização do Programa Isa Carbono, iniciativa vinculada ao Sistema de Incentivo a Serviços Ambientais (Sisa). Representantes das comunidades ribeirinhas, extrativistas e povos indígenas participaram do fórum organizado pelo Instituto de Mudanças Climáticas (IMC). Durante o evento, foram discutidos temas como REDD+, mercado de crédito de carbono e financiamentos climáticos, com vistas a garantir uma repartição justa de benefícios socioambientais.

O fórum incluiu a criação de Grupos de Trabalho específicos para as comunidades tradicionais, que apresentou propostas ajustadas às particularidades locais. Entre os encaminhamentos, foi pactuada a produção de materiais didáticos de fácil compreensão para os participantes, o que reforça o compromisso do governo em promover uma participação verdadeiramente inclusiva. A iniciativa foi amplamente elogiada por líderes comunitários, que enfatizaram o respeito às salvaguardas socioambientais e aos direitos das populações tradicionais.



Esse marco evidencia o protagonismo de Tarauacá na preservação ambiental e na luta contra o desmatamento ilegal. O sucesso da iniciativa dependerá da continuidade do diálogo entre governo e comunidades, com atenção especial à execução das políticas deliberadas no fórum. A mobilização comunitária fortalece não apenas a conservação ambiental, mas também a construção de uma economia sustentável para a região.

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ACRE

Morre em Rio Branco, Acre, vítima de problemas respiratórios causados por queimadas

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Rio Branco, AC – Uma pessoa morreu hoje na capital do Acre, Rio Branco, em decorrência de complicações respiratórias agravadas pela poluição causada pelas queimadas que afetam a região. De acordo com informações fornecidas pelas autoridades de saúde locais, a vítima, um morador da cidade, já apresentava um quadro respiratório debilitado, que se agravou devido à elevada concentração de fumaça e partículas no ar, resultado dos incêndios florestais.

A morte aconteceu em meio a uma crise ambiental que vem assolando o estado nas últimas semanas, com um número crescente de queimadas, que não só destroem áreas da floresta amazônica, mas também afetam gravemente a qualidade do ar. A Secretaria de Saúde do Acre alertou a população sobre o risco elevado de doenças respiratórias, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com comorbidades.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou, nos últimos dias, um aumento significativo no número de focos de calor na região, o que contribuiu para a densa camada de fumaça que cobre Rio Branco e outras áreas do estado. Especialistas indicam que a poluição provocada pelas queimadas é altamente prejudicial, podendo desencadear e agravar doenças pulmonares e cardiovasculares.

Familiares da vítima relataram que ela vinha enfrentando dificuldades respiratórias nos últimos dias, e apesar de procurar atendimento médico, o agravamento de sua condição foi inevitável. “As queimadas têm prejudicado a saúde de todos nós, e, infelizmente, hoje perdemos alguém querido por causa disso”, lamentou um dos familiares. O nome da vítima não foi divulgado. 

As autoridades locais estão em alerta e já solicitaram apoio do governo federal para conter as queimadas e promover o atendimento às vítimas dos efeitos da poluição. Enquanto isso, a população de Rio Branco segue convivendo com os impactos das chamas, sem uma previsão clara de quando a situação será controlada.

A morte registrada hoje reflete um problema mais amplo que afeta grande parte da Amazônia, com consequências que vão além da destruição ambiental, atingindo diretamente a saúde pública e a qualidade de vida dos habitantes da região.

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