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Folha indica os 20 melhores livros de não ficção de 2024 – 19/12/2024 – Ilustrada

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A Folha convidou quatro de seus colaboradores fixos, com diferentes especialidades, para indicar as cinco melhores obras de não ficção que leram em 2024.

O jornal passa a organizar uma seleção exclusiva para esse tipo de lançamento, separada da lista dos 20 melhores livros de ficção, que já está disponível.

Os livros vão desde biografias e apanhados históricos até análises sobre temas candentes do noticiário, como a dominância das big techs, as desigualdades brasileiras e as guinadas autoritárias pelo mundo. Há espaço ainda para saborosos livros de memórias e reflexões sobre os contrastes entre gêneros.

Parte das obras ainda não foi publicada no Brasil, e nesses casos foi discriminado o preço de capa na editora original, com indicação de ebook quando disponível.

Confira as 20 indicações a seguir.

JOÃO PEREIRA COUTINHO

Colunista da Folha, doutor em ciência política pela Universidade Católica Portuguesa

Um Ditador na Linha

Ismail Kadaré, ed.: Companhia das Letras, trad.: Bernardo Joffily, R$ 74,90 (144 págs.), R$ 39,90 (ebook)

É um dos telefonemas mais célebres da história da literatura: a breve conversa entre Josef Stálin e Boris Pasternak sobre Osip Mandelstam, que tinha parodiado o tirano num poema. Mandelstam foi preso no Kremlin e, na hora decisiva, Pasternak não defendeu o colega. Por quê? E, agora, por que Stálin telefonou a Pasternak? No ano da sua morte, Kadaré tenta responder a estas perguntas revisitando as 13 versões conhecidas do infame telefonema. Uma reflexão corajosa e autobiográfica sobre o papel ambíguo dos intelectuais em regimes totalitários.

Fundações do Pensamento Político Brasileiro: A Construção Intelectual do Estado no Brasil

Christian Lynch, ed.: Topbooks, R$ 139,90 (728 págs.)

Escrever uma história sobre a fundações do pensamento político brasileiro já seria um feito. Mas fazê-lo sem complexos de inferioridade, mostrando como esse pensamento se articula com a tradição inglesa, francesa e, logicamente, portuguesa, é a proposta de Christian Lynch nesta monumental obra. O resultado é um panorama complexo e interessante sobre uma realidade histórica e ideológica que não pode ser reduzida às dicotomias preguiçosas centro/periferia, original/cópia, progresso/atraso.

Faca – Reflexões Sobre um Atentado

Salman Rushdie, ed.: Companhia das Letras, trad.: Cássio Arantes Leite e José Rubens Siqueira, R$ 69,90 (232 págs.), R$ 29,90 (ebook)

Rushdie, depois da fatwa lançada pelo aiatolá Khomeini em 1989 por suas alegadas “heresias” no romance “Os Versos Satânicos”, sempre imaginou como seria um atentado contra ele. Em 2022, seu maior medo se materializou, ao ser esfaqueado por um fanático. O relato dessa experiência é simultaneamente onírico e aterrador. Além disso, a conversa imaginária entre Rushdie e o seu agressor é uma lição humanista sobre tolerância religiosa, liberdade de expressão e a recusa do ressentimento como modo de vida.

Adventures in Democracy: The Turbulent World of People Power

Erica Benner, ed.: Allen Lane, £ 25 (224 págs.), £ 13.99 (ebook), importado

Todo mundo conhece as palavras de Winston Churchill sobre a democracia: é a pior forma de governo, com exceção de todas as outras. Mas Churchill não disse apenas isso. Também afirmou que o melhor argumento contra a democracia é uma conversa banal com um democrata banal. Erica Benner reflete sobre essas duas dimensões: as virtudes da democracia, mas também os seus vícios, viajando pela história do pensamento político. Moral da história? O povo nem sempre é sábio. Mas os sábios podem ser bem piores que o povo.

Camões – Vida e Obra

Carlos Maria Bobone, ed.: Dom Quixote, € 22,20 (413 págs.), € 13,99 (ebook), importado

Nos 500 anos do nascimento de Luís de Camões, as livrarias portuguesas foram inundadas com edições e reedições do poeta, além de bibliografia secundária de qualidade muito diversa. Este estudo biográfico de Bobone é o mais inteligente que li em 2024. Com o rigor de um detetive, o autor procura “purgar” Camões de lendas, mitos ou erros grosseiros que se escreveram sobre a sua vida, ao mesmo tempo que procede a uma reconstituição literária e mental do mundo onde ele viveu, imprescindível para entender a sua obra.


MICHAEL FRANÇA

Colunista da Folha, economista pela USP e pesquisador do Insper

Iguais e Diferentes: Uma Jornada pela Economia Feminista

Regina Madalozzo, ed.: Zahar, R$ 89,90 (248 págs.), R$ 39,90 (ebook)

Este livro traz uma interessante perspectiva sobre a economia feminista, explorando como desigualdades de gênero impactam as relações econômicas e sociais. Madalozzo oferece uma análise acessível, essencial para entender e combater as desigualdades estruturais que ainda limitam as mulheres na sociedade contemporânea.

Extremos: Um Mapa para Entender as Desigualdades no Brasil

Pedro Fernando Nery, ed.: Zahar, R$ 119,90 (368 págs.); R$ 39,90 (ebook)

Nery apresenta uma visão abrangente sobre as desigualdades brasileiras, conectando análises que tornam o tema interessante até para um público não acadêmico. O livro é um mapa indispensável para compreender as disparidades econômicas e sociais do país, além de fornecer importantes reflexões para formuladores de políticas públicas e acadêmicos.

O País dos Privilégios – Volume 1: Os Novos e Velhos Donos do Poder

Bruno Carazza, ed.: Companhia das Letras, R$ 94,90 (336 págs.), R$ 44,90 (ebook)

Carazza analisa de forma crítica as estruturas de poder que sustentam privilégios históricos e contemporâneos no Brasil. Com uma escrita envolvente, o autor desmistifica as dinâmicas de concentração de poder, riqueza e influência, tornando o livro uma relevante fonte de estudo para quem busca compreender as raízes das desigualdades brasileiras.

Letramento Racial: Uma Proposta de Reconstrução da Democracia Brasileira

Adilson José Moreira, ed.: Contracorrente, R$ 80 (386 págs.)

Moreira apresenta uma proposta para compreender e superar as desigualdades raciais no Brasil. É uma leitura importante para repensar a democracia brasileira, promovendo um entendimento profundo das relações raciais e oferecendo perspectivas para a construção de uma sociedade mais igualitária.

Acesso à Justiça: Uma Análise Multidisciplinar

Irapuã Santana do Nascimento da Silva, ed.: SaraivaJur, R$ 81 (216 págs.), R$ 68,85 (ebook)

Este livro, que havia tido uma edição menor e mais restrita em 2021, destaca a importância do acesso à Justiça como pilar fundamental da democracia. Santana explora os desafios enfrentados por populações vulneráveis e aponta caminhos para garantir que o sistema judicial seja verdadeiramente inclusivo, algo fundamental para o fortalecimento dos direitos no Brasil.


PATRÍCIA CAMPOS MELLO

Repórter especial da Folha, vencedora do prêmio Maria Moors Cabot

The Tech Coup: How to Save Democracy from Silicon Valley

Marietje Schaake, ed.: Princeton University Press, US$ 27.95 (336 págs.), $ 19.57 (ebook), importado

Vem da grande Marietje Schaake a mais nova adição à já extensa biblioteca de alertas contra os efeitos das big techs sobre a democracia. Na obra, esta que é uma das maiores lideranças em governança da internet mostra como as plataformas têm usado de forma eficiente a desculpa da “barreiras à inovação” para escapar de regulações e manter seu poder desenfreado, absorvendo poderes e funções que eram do Estado e deveriam servir ao interesse público. Schaake vai além do diagnóstico do problema e propõe uma série de medidas para reconquistar a soberania digital dos países.

The Age of Grievance

Frank Bruni, ed.: Simon & Schuster, US$ 28.99 (288 págs.), US$ 14.99 (ebook), importado

Bruni foi um dos principais colunistas do The New York Times durante anos e continua como colaborador do jornal, retratando com verve e sarcasmo as atribulações políticas dos Estados Unidos. Aqui, demonstra como a cultura do ressentimento foi instrumentalizada por políticos como Donald Trump e tomou conta do país. Culpar alguém e se sentir injustiçado ou vítima virou a regra, alerta Bruni —não aceitar resultado de eleições, acreditar que há um grupo de pedófilos que controlam o povo, barrar palestrantes em universidades em nome do progressismo…

O Homem Não Existe

Ligia Gonçalves Diniz, ed.: Zahar, R$ 89,90 (416 págs.), R$ 44,90 (ebook)

Não à toa este volume genial figura em inúmeras listas de melhores livros do ano. Misturando referências literárias, psicanálise, cinema e sacadas pessoais, o livro une erudição com humor para dissecar a relação do homem com sua masculinidade. Desde o momento em que Diniz explica a terminologia usada na obra —em que situações ela usa as palavras pinto, pênis ou pau— fica claro como o livro é um ensaio original e um deleite para leitura.

O Gosto da Guerra

José Hamilton Ribeiro, ed.: Companhia das Letras, R$ 99,90 (256 págs.), R$ 44,90 (ebook)

Que sorte para todos nós que a Companhia das Letras ampliou e relançou o seminal “O Gosto da Guerra”, o relato da experiência de Ribeiro cobrindo a guerra do Vietnã em 1968. A obra deveria ser leitura obrigatória para todo jornalista e aprendiz do ofício. O autor, que perdeu parte de uma perna ao pisar em uma mina, encara sua tragédia como mais uma grande reportagem e usa uma combinação de bom humor, empatia e atenção aos detalhes. A versão revista, editada por Matinas Suzuki Jr., ainda inclui uma seleção das melhores reportagens do jornalista na icônica revista Realidade.

Cada Um por Si e Deus Contra Todos

Werner Herzog, ed.: Todavia, R$ 99,90 (368 págs.), R$ 69,90 (ebook)

Esse livro vai decepcionar quem esperava uma experiência voyeurística do glamour de ser um dos diretores de cinema mais celebrados da história. O alemão prefere contar episódios idiossincráticos que ajudaram a moldar seu olhar e sua arte. Isso inclui relatos de como cresceu em um vilarejo isolado com a família na Baviera; como trabalhou como soldador, vigia de estacionamento e até contrabandista no México; e pessoas que marcaram sua vida, como o escritor Bruce Chatwin. E, claro, há bastidores como a epopeia da filmagem de “Fitzcarraldo”.


SYLVIA COLOMBO

Colunista da Folha, historiadora e jornalista especializada em América Latina

La Llamada – Un Retrato

Leila Guerriero, ed.: Anagrama, € 20.90 (432 págs.), € 12,99 (ebook) (importado)

A principal cronista argentina conta a incrível história real de Silvia Lanayru, uma adolescente que estudava no Colégio Nacional de Buenos Aires quando passou a lutar contra a ditadura militar. Foi presa, então grávida de cinco meses, e transferida para o Esma, onde funcionava um centro clandestino de tortura. Lanayru foi obrigada a realizar “tarefas especiais” a seus torturadores, mas saiu viva para contar sua história.

Surazo: Hans e Monika Ertl – Uma História Alemã na Bolívia

Karin Harrasser, ed.: Mundaréu, trad.: Daniel Martineschen, R$ 80 (288 págs.)

A autora alemã começou essa investigação querendo reunir o artesanato e a arte indígena na Bolívia. Mas no país descobre a aventuresca saga política que levou a guerrilheira de esquerda também alemã Monika Erlt. Ela era filha de um simpatizante do nazismo, o cineasta Hans Erlt, que fugiu depois da Segunda Guerra Mundial para a América do Sul. Harrasser refaz os passos de Monika até chegar ao momento em que ela vinga a morte do revolucionário Che Guevara.

He Decidido Declararme Marxista (Volume 1)

Jon Lee Anderson, ed. Debate, € 27.90 (792 págs.), € 12.99 (ebook) (importado)

O mais importante jornalista internacional dos nossos tempos, o americano Jon Lee Anderson, pluma fina da revista The New Yorker, lança essa obra em dois tomos dedicados a guerras e conflitos na Ásia, no Oriente Médio, na África e na América Latina. Anderson, além de ter vasta experiência e conhecimento histórico, não deixa de circular os continentes atrás de notícias, sendo inspiração a várias gerações de jornalistas. O volume dois será lançado em espanhol em janeiro.

Oração

María Moreno, ed.: Mundaréu, trad.: Sérgio Molina, R$ 84 (328 págs.)

A ensaísta, crítica literária e jornalista analisa as duas cartas que o montonero Rodolfo Walsh escreveu logo depois da morte de sua filha, Vicky, uma ativista de 26 anos que decidiu se matar quando se viu encurralada pelas forças da repressão. Walsh, também conhecido por sua literatura policial e política, vinha sendo bem traduzido no Brasil. Agora, a Mundaréu oferece o livro de Moreno, que introduz outros aspectos da vida e obra do autor.

Vértigos de lo Inesperado

Martín Sivak, ed.: Seix Barral, € 9,49 (ebook) (importado)

Jornalista argentino especializado na Bolívia, Sivak é o autor de “Jefazo”, primeira obra relevante sobre o êxito de Evo Morales no início de seu mandato. Nesse novo livro,o o tom é mais dark, e Sivak passa a tentar entender as razões por trás da obsessão de Morales por voltar a ser presidente do país, mesmo que a Constituição não permita, e mostra como a personalidade do líder e a geopolítica a seu redor mudaram.



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Eleição geral da Groenlândia: como Trump Eyes Island, por que o voto é importante | Notícias das eleições

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Eleição geral da Groenlândia: como Trump Eyes Island, por que o voto é importante | Notícias das eleições

Groenlândia, a maior ilha do mundo, Votos na terça -feira para eleger seu próximo parlamento e governo.

As eleições do território dinamarquês pouco povoadas geralmente atraem apenas a atenção local. No entanto, essa votação ocorre em um momento em que a ilha explodiu em significado geopolítico, com o presidente dos Estados Unidos Donald Trump abertamente – e repetidamente – declarando sua intenção de adquiri -lo.

A Groenlândia, tecnicamente uma parte da América do Norte, é rica em recursos minerais, localizada a meio caminho entre a Rússia e os EUA, e já hospeda uma base dos EUA.

“Acho que vamos conseguir. De uma maneira ou de outra, vamos conseguir ”, disse Trump ao Congresso dos EUA na semana passada em comentários que receberam reação dos líderes da Groenlandic.

Então, quem vai votar na eleição? Quais são os principais partidos? Quais são os principais problemas que impulsionam os eleitores? E o que está em jogo para a Groenlândia?

Quem está votando e como funciona?

Cerca de 41.000 cidadãos da Groenlândia cerca de 56.000 pessoas são elegíveis para votar para eleger 31 membros para o InatSisartut, o Parlamento da Groenlândia.

A eleição segue um sistema de representação proporcional, o que significa que os assentos são distribuídos com base na parcela de votos que cada parte recebe.

As assembleias de voto devem abrir às 9h (11:00 GMT) e fecham às 20h (22:00 GMT), horário local. Apesar do cenário grande e remoto do país, espera -se uma participação alta de eleitores, aproximadamente 70 a 75 %, de acordo com os especialistas que Al Jazeera falou.

Dado o eleitorado relativamente pequeno, os resultados iniciais geralmente estão disponíveis em poucas horas após o fechamento das pesquisas, com os resultados finais confirmados geralmente anunciados no dia seguinte.

Os pôsteres de campanha são vistos fora de um local, pois políticos dos principais partidos da Groenlandic participam de um debate televisionado antes das eleições gerais de 11 de março em Nuuk, Groenlândia (Marko Djurica/Reuters)

Quais são os principais partidos e o que eles representam?

Várias partes estão contestando a eleição. Enquanto alguns têm visões semelhantes sobre a necessidade de desenvolvimento econômico, cada parte ainda possui sua própria visão do que o futuro da Groenlândia deve implicar:

  • Indivíduos conectados (IA): O partido de esquerda, liderado pelo primeiro-ministro Mute Bourup Evedee, ocupa 11 cadeiras no Parlamento. Ele apóia a independência da Groenlândia e sugeriu que um referendo poderia ocorrer nos próximos anos – mas não necessariamente neste ciclo eleitoral.
  • Avançar: Um partido estabelecido há muito tempo que liderou o Parlamento no passado, Siumut está atualmente em oposição. Embora também apóie a independência, favorece uma abordagem mais gradual, concentrando -se mais no desenvolvimento econômico.
  • Naleraq: Um partido fortemente pró-independência que se concentra na identidade cultural e na autodeterminação da Groenlandic, pedindo soberania total.
  • Democratas: Um partido de centro-direita que prioriza o crescimento econômico, a educação e a saúde. Também defende a independência, mas, como algumas outras partes, enfatiza a necessidade de estabilidade econômica como pré -requisito.
  • Entidade: Um partido conservador liberal que apóia a manutenção de fortes laços com a Dinamarca. Ele acredita que a configuração atual, com a Groenlândia desfrutando de alguma autonomia na Dinamarca, pode apoiar o crescimento econômico da ilha.

Questões -chave

Independência

Continua sendo o tema mais significativo e abrangente Nesta eleição, com algumas partes defendendo uma maior governança e outras pedindo uma transição mais gradual.

Trump pediu repetidamente a aquisição da ilha e, na semana passada, nos disse ao Congresso que isso melhoraria a segurança nacional e internacional.

Seus comentários foram Rapidamente refutado pelo primeiro -ministro Evedeeque proclamou: “Groenlândia é nosso”.

Alguns especialistas acreditam que os comentários de Trump reacenderam discussões sobre a independência da Dinamarca, que paga subsídios anuais à ilha.

“Ainda existe um espectro de pontos de vista sobre a rapidez com que a independência poderia ou deveria acontecer”, disse Jennifer Spence, diretora da Iniciativa Ártica do Belfer Center for Science and International Affairs, à Al Jazeera.

“Mas acho que, no geral, (a conversa de Trump assumiu a ilha) galvanizou a Groenlanda em seu desejo de se comunicar com o mundo que eles querem e acabarão alcançando total independência”, disse ela.

Groenlândia
Os participantes realizam bandeiras em um debate eleitoral antes das eleições gerais de 11 de março, em Nuuk, Groenlândia (Mads Claus Rasmussen/Ritzau Scanpix via Reuters)

Outros sugerem que a ameaça de uma aquisição dos EUA reforçou os laços da Groenlândia com Copenhague – e sua dependência mútua.

Richard Powell, professor de Estudos do Ártico da Universidade de Cambridge, disse que, embora a independência ainda fosse um “objetivo amplamente popular de longo prazo”, a mais recente intervenção de Trump “consolidou o futuro da Groenlândia no Reino da Dinamarca, pelo menos nas próximas décadas”.

Por fim, porém, “o governo da Groenlândia tem o poder de chamar um referendo de independência, se desejar”, disse Powell. “Não está pronto para a Dinamarca ou os EUA.”

O EBBE Volquardsen, professor de história cultural da Universidade da Groenlândia, disse que a maioria dos Groenlanders há anos apoia total independência.

“Este não é um novo desenvolvimento”, disse Volquardsen à Al Jazeera. “O que há de novo, no entanto, é a crescente atenção internacional na Groenlândia” desde que Trump começou a demonstrar interesse em trazer a ilha sob controle dos EUA.

Com o valor geopolítico da ilha agora “inegavelmente claro”, a posição de negociação da Groenlândia foi fortalecida em seu diálogo com a Dinamarca por ganhar maior autonomia, disse Volquardsen.

O debate não é tanto se a Groenlândia deve eventualmente declarar independência, mas sim sobre “como e quando esse objetivo pode ser alcançado”, acrescentou.

Desenvolvimento Econômico:

A economia da Groenlândia depende amplamente de sua indústria de pesca e do apoio financeiro dinamarquês.

Algumas partes argumentam que a expansão de indústrias como mineração, turismo e extração de recursos pode ajudar a Groenlândia a se tornar mais independente financeiramente.

Os ricos depósitos da Groenlândia de minerais de terras raras e outros recursos naturais chamaram a atenção dos poderes globais. Powell disse que “existem estimativas que 25 % dos elementos de terras raras restantes do mundo e minerais críticos estão na Groenlândia”, tornando -o um participante em potencial nas cadeias de suprimentos globais.

Mas tornar os minerais e a mineração de um elemento central do futuro econômico da Groenlândia não será fácil. Apenas um punhado de empresas investiu em seu setor de mineração até agora – e as indústrias extrativas são contestadas pela população indígena da Groenlândia.

“Há também questões substanciais sobre a viabilidade econômica de extrair esses recursos devido aos altos custos e condições difíceis de mineração na Groenlândia”, disse Spence. “Há perguntas sobre os riscos e conseqüências ambientais da tentativa de acessar esses minerais para os riscos da Groenlândia e da Saúde, Social e Cultural para a Groenlanda”.

No entanto, de acordo com Volquardsen, a Groenlândia está em um “momento único de oportunidade”, que muitos na ilha consideram uma chance de redefinir seus laços com a Dinamarca e construir novas parcerias internacionais.

“À medida que a conscientização global da importância geopolítica da Groenlândia cresce, o mesmo acontece com o interesse em investimentos – particularmente no setor de mineração, o que é crucial para o futuro econômico do país”, disse ele.

Como a eleição afetará as relações externas da Groenlândia?

A eleição pode desempenhar um papel fundamental na reformulação da abordagem da Groenlândia às parcerias internacionais.

Powell disse que a Groenlândia provavelmente continuará fortalecendo seus laços com a Dinamarca, além de expandir os laços econômicos com os EUA, Islândia e Canadá.

“A eleição reforçará o princípio internacionalmente de que essa é a escolha da Groenlândia. Uma eleição é como as pessoas fazem sua voz democrática ouvir ”, disse ele.

Spence acredita que o resultado proporcionará ao mundo “uma sensação do ritmo no qual a Groenlanda deseja buscar total independência do reino da Dinamarca”, bem como em que abordagem ela usará para responder ao interesse dos EUA na ilha.

Ele também destacará com quem cooperará para promover seus interesses e prioridades políticas, disse ela.

Quanto a Dinamarca controla a Groenlândia?

A Groenlândia agora é um território dinamarquês autônomo e tem aumentado gradualmente sua autonomia da Dinamarca ao longo dos anos.

Foi concedido auto-regra limitada em 1979, seguida por uma auto-regra mais ampla em 2009, que inclui o direito de declarar independência da Dinamarca através de um referendo.

Hoje, a Groenlândia gerencia a maioria de seus assuntos domésticos, incluindo o policiamento e a gestão de recursos, mas a Dinamarca ainda supervisiona a política externa e as questões de defesa.

A assistência financeira da Dinamarca também permanece crítica para a Groenlândia, apontou Powell.

Copenhague concede à Groenlândia uma concessão anual de blocos que equivale a cerca de US $ 570 milhões, que é mais da metade do orçamento total da Groenlândia e é 20 % do produto interno bruto (PIB) da ilha.

Com o forte engajamento dos eleitores esperados, os resultados das eleições são amplamente previstos para fornecer informações sobre o caminho político da Groenlândia.

Mas, de acordo com Volquardsen, “as mudanças radicais não são de se esperar”.

Os partidos políticos concorrentes concordam com muitas questões -chave, disse ele, e uma mudança completa de governo é improvável.

Também é esperado que um diálogo entre a Groenlândia e a Dinamarca seja retomado após a eleição, disse Volquardsen.

“O objetivo”, disse ele, é conceder maior autoridade na Groenlândia e diversificar sua posição dentro de uma rede mais ampla de parceiros comerciais. “Fortalecer a cooperação com seus vizinhos ocidentais – particularmente os Estados Unidos e o Canadá – é um passo natural nessa direção.”

Por que Trump está tão interessado na Groenlândia?

Groenlândia Localização estratégica e potencial de recursos atraiu a atenção de Trump.

Em 2019, Trump primeiro manifestou interesse em comprar a Groenlândia durante seu primeiro mandato presidencial, citando sua importância estratégica e riqueza de recursos. Esse interesse persistiu.

A Groenlândia oferece a rota mais curta da América do Norte para a Europa, dando aos EUA uma vantagem estratégica para seu sistema militar e de mísseis balísticos.

Os EUA também mantêm uma base aérea na Groenlândia e manifestou interesse em expandir sua presença militar lá, colocando radares nas águas que conectam a Groenlândia, a Islândia e o Reino Unido.

Essas águas são uma porta de entrada para navios russos e chineses, que Washington procura monitorar. Os EUA também querem impedir que a China ganhe domínio sobre a ilha e a região do Ártico de maneira mais geral.

Nos últimos anos, a Rússia expandiu sua presença naval, implantou sistemas de mísseis e aumentou os testes de armas na área.

Atualmente, todos os cinco partidos no Parlamento disseram que não querem que a Groenlândia se torne parte dos EUA.

Uma pesquisa de opinião publicada no mês passado também mostrou que 85 % dos Groenlandeses se opõem à idéia, com quase metade dizendo que vêem o interesse de Trump como uma ameaça.

Volquardsen disse que uma das questões mais controversas da campanha foi se e quando a Groenlândia deve se envolver proativamente com os EUA.

“Algumas figuras políticas defendem as primeiras discussões para esclarecer as intenções dos EUA e explorar possíveis negociações que poderiam beneficiar ambas as partes”, disse ele. “Outros veem isso como arriscado demais … e argumentam que a Groenlândia deveria fortalecer suas parcerias existentes com a Dinamarca e a Europa”.



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Bouygues Télécom passa por uma falha de grande escala

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Bouygues Télécom passa por uma falha de grande escala

Uma loja Bouygues em Caen, 29 de novembro de 2019.

Distúrbios significativos tocaram Bouygues, segunda -feira, 11 de março da manhã. Colocar ou receber chamadas, enviar SMS ou conectar -se à Internet era impossível para muitos clientes.

De acordo com sites de downtector et ZONE-ADSLque listam as falhas indicadas pelos usuários da Internet, foram relatadas dificuldades de manhã nas redes de Bouygues, mas também em menor grau na SFR, livre ou laranja. Por volta das 7:30 da manhã, a situação estava gradualmente se recuperando.

Os operadores ainda não comunicaram a origem dessa falha.

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Anac suspende operação aérea da Voepass por falta de segurança – 11/03/2025 – Mercado

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Anac suspende operação aérea da Voepass por falta de segurança - 11/03/2025 - Mercado

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) suspendeu, a partir desta terça-feira (11), as operações aéreas da Voepass, companhia formada pela Passaredo Transportes Aéreos e pela Map Linhas Aéreas.

Segundo a Anac, a suspensão será mantida até que a empresa comprove a correção de “não conformidades relacionadas aos sistemas de gestão previstos em regulamentos”.

Os passageiros afetados pelo cancelamento de voos devem procurar a empresa ou agências de viagem responsáveis pelas vendas de passagens para reembolso ou reacomodação em outras companhias.

A Voepass possui seis aeronaves e a operação da companhia incluía 15 localidades com voos comerciais e duas com contratos de fretamento.

“A decisão da Anac decorre da incapacidade da Voepass em solucionar irregularidades identificadas no curso da supervisão realizadas pela agência, bem como da violação das condicionantes estabelecidas anteriormente para a continuidade da operação dentro dos padrões de segurança exigidos”, diz nota da Anac.

Após o acidente aéreo ocorrido no dia 9 de agosto do ano passado, em Vinhedo (SP), foi implantada uma operação assistida de fiscalização da Anac nas instalações da companhia. Funcionários da agência acompanharam os trabalhos de operação e manutenção da empresa para verificar as condições necessárias à garantia da segurança.

A queda do voo 2283, que fazia a rota entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP), causou a morte de 62 pessoas. O desastre foi o mais letal do país desde 2007, quando um acidente com o voo 3504 da TAM nos arredores do aeroporto de Congonhas deixou 199 mortos, e um dos dez piores já registrados no Brasil.

Em outubro de 2024 a Anac exigiu a redução da malha da companhia, o aumento do tempo de solo das aeronaves para manutenção, a troca de administradores e a execução de plano de ações para a correção de irregularidades.

De acordo com a Anac, no final do mês passado, após nova rodada de auditorias, foi identificada a “degradação da eficiência do sistema de gestão da empresa em relação às atividades monitoradas e o descumprimento sistemático das exigências feitas pela agência”.

Além disso, foi constatada a reincidência de irregularidades apontadas e consideradas sanadas pela agência nas ações de vigilância e fiscalização anteriores e a falta de efetividade do plano de ações corretivas.

“Ocorreu, assim, uma quebra de confiança em relação aos processos internos da empresa devido a evidências de que os sistemas da Voepass perderam a capacidade de dar respostas à identificação e correção de riscos da operação aérea”, reforça a agência.

No início de fevereiro, a companhia protocolou, na Justiça de São Paulo, um pedido de tutela preparatória para reestruturação de dívidas de curto prazo e organização do fluxo de caixa.

A medida foi vista como um passo para uma eventual apresentação de recuperação judicial. De acordo com a empresa, o pedido tem como objetivo renegociar dívidas e organizar passivos.

Na ocasião, a Voepass afirmou, em nota, que foi impactada pela queda do voo 2283. A empresa também citou as restrições operacionais causadas pela pandemia, aumento do custo operacional e alto valor de leasing (que funciona como um aluguel de aeronaves).

A Voepass ainda não comentou a decisão da Anac.



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