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Governo cria gabinete de crise para tomar medidas sobre prejuízos causados por bloqueios em rodovias que dão acesso ao AC

O governo do Acre montou um gabinete de crise para discutir e tomar as devidas medidas com relação aos prejuízos causados pelos bloqueios ilegais na BR-364, em Rondônia, que dá acesso ao estado acreano. O decreto com a criação do grupo foi publicado na edição desta quarta-feira (23) do Diário Oficial do Estado (DOE) e tem validade de 15 dias.

Os bloqueios feitos por bolsonaristas em trechos da rodovia federal, que é a única estrada que liga o Acre ao restante do país, começaram ainda no dia 30 de outubro, após o resultado das eleições presidenciais. E, segundo o decreto, dados da Polícia Rodoviária Federal apontam que até às 14h30 dessa terça (22) ainda havia obstrução na via, que impedia passagem de veículos e cargas.

No final da tarde dessa terça, a PRF informou que havia desbloqueado todos os pontos em Rondônia e que as cargas paradas na estrada começavam a ser enviadas ao Acre.

Essas manifestações ilegais já causam desabastecimento no mercado acreano. Segundo associações e entidades, já faltam alimentos perecíveis, combustíveis, cerveja e cimento. Nessa terça, filas quilométricas se formaram nos postos de combustíveis da capital por conta da falta de combustíveis.

Outro setor afetado com a falta de combustível é o transporte público. Dos 101 veículos que circulam diariamente na zona urbana e rural da capital, apenas 71 estão atendendo a população a partir desta terça para economizar combustível. A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans) anunciou a redução na frota nessa segunda (21).

No decreto, o governador Gladson Cameli pontua que as obstruções têm causado o isolamento e consequente desabastecimento do mercado acreano, além da escassez de combustíveis. Ele afirma ainda que, segundo informações prestadas pela Associação Comercial, Industrial de Serviço e Agrícola do Acre (Acisa), tem havido adesão à paralisação por diversos setores, incluindo o de transportes.

Cameli também considerou, para criação do gabinete de crise, a informação do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb) e Defesa Civil Municipal de que, a partir do dia 28 de novembro, a capital pode passar a ter problemas no abastecimento de sua população. Isso caso os produtos químicos de tratamento de água não consigam chegar a Rio Branco.

Por conta da situação, segundo o diretor-presidente do Saerb, Enoque Pereira, não chegou a faltar água em Rio Branco, mas a empresa foi obrigada a diminuir a vazão nas duas estações de tratamento (ETAs) para atender à população no início deste mês.

Ainda segundo o decreto, o gabinete de crise vai monitorar, mobilizar e coordenar as atividades dos órgãos públicos estaduais para adoção de medidas necessárias para amenizar os prejuízos causados pela obstrução das rodovias federais.

O gabinete de crise será composto por representantes dos seguintes órgãos:

  • Secretaria de Estado da Casa Civil – SECC, que o coordenará;
  • Secretaria Extraordinária de Assuntos Governamentais – Segov;
  • Gabinete do Governador;
  • Procuradoria-Geral do Estado – PGE;
  • Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública – Sejusp;
  • Secretaria de Estado da Fazenda – Sefaz;
  • Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão – Seplag;
  • Secretaria de Estado de Saúde – Sesacre.

Cada órgão deve indicar o nome e o contato dos representantes tanto titular quanto suplente. As reuniões do grupo vão ocorrer a cada dois dias e, extraordinariamente, por meio de convocação do coordenador.

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Acre (Sindepac) chegou a pedir a intervenção do governo do estado do Acre junto ao governo de Rondônia, para buscar uma solução para desobstrução da estrada e garantir a segurança das pessoas e veículos que circulam pela mesma.

“Há relatos de ameaças à integridade física de motoristas e vandalismos com os veículos, pois caso contraria, corremos um sério risco de desabastecimento de combustível na capital e interior nos próximos dias, bem como desabastecimento de outros produtos alimentícios, bens duráreis e perecíveis que chegam ao Estado do Acre por meio da estrada BR-364. Assim, este sindicato que representa o setor de revendedores de postos de combustíveis no estado do Acre informa que está a disposição e aberto a dialogo com todos os setores da sociedade a fim de encontrar uma solução que possa dar fim a esse problema o qual estamos vivenciando”, disse em nota.

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