O governo Lula tenta evitar a qualquer custo entrar em uma guerra comercial com os EUA. A palavra “retaliação” a medidas do presidente Donald Trump está vetada no vocabulário de autoridades do governo, que foram orientadas a declarar que qualquer resposta será dada apenas por uma questão de “reciprocidade”.
Além de querer evitar uma escalada com Trump, setores da administração federal temem que países como Argentina e Israel, com quem o Brasil, apesar das divergências, mantém relações comerciais, se juntem ao norte-americano em medidas contra o país caso a disputa se torne radical. Arábia Saudita também é citada.
Há quem defenda no governo, inclusive, que nada seja feito, considerando que o impacto das medidas de Trump não chega a afetar o conjunto da economia brasileira: os EUA importam hoje entre 10% e 12% de tudo o que o país vende ao exterior.
Na segunda (10), o governo tentou manter silêncio sobre a possibilidade de taxação do aço e do alumínio. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo só se manifestaria depois de anúncios concretos, e o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, disse que o governo Lula só reagirá depois de um anúncio oficial.
Uma das medidas que estava em estudo, de taxar plataformas digitais norte-americanas, foi colocada na geladeira depois de revelada pela coluna.
Ela não era consensual no governo, e além disso tinha potencial de gerar ruído e impulsionar fake news entre internautas, que já começavam a dizer que Lula iria taxar o acesso às redes, hoje gratuito.
A medida em estudo, na verdade, não recairia sobre o bolso do consumidor, e sim sobre as plataformas, que teriam taxadas receitas auferidas com engajamento e dados de brasileiros _como já ocorre hoje em países como o Canadá.
A proposta é discutida inclusive no âmbito da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
com KARINA MATIAS, LAURA INTRIERI e MANOELLA SMITH
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