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Homem morre após se declarar culpado de atirar em jovem – 19/02/2025 – Mundo

Homem morre após se declarar culpado de atirar em jovem - 19/02/2025 - Mundo

Andrew Lester, 86, um homem branco que atirou em um adolescente negro que tocou sua campainha por engano nos Estados Unidos, morreu nesta quarta-feira (19), apenas quatro dias depois de se declarar culpado pelo crime equivalente a lesão corporal grave.

O caso aconteceu em 2023 em Kansas City, no estado de Missouri. Ralph Yarl, então com 16 anos, havia saído para buscar seus irmãos mais novos na casa de um amigo. No entanto, ao confundir os endereços, acabou parando na casa de Lester, a cerca de um quarteirão de distância do local correto.

Ao tocar a campainha por engano e antes que qualquer palavra fosse dita, Yarl levou um tiro na cabeça. No chão, foi alvejado uma segunda vez por Lester, com um tiro no braço.

O adolescente ainda conseguiu se levantar e correr para pedir ajuda, mas precisou bater em três casas diferentes antes que alguém finalmente aceitasse ajudá-lo. Ele foi levado ao hospital e recebeu alta três dias depois. Hoje estuda engenharia química na Universidade Texas A&M —e é um aluno com destaque acadêmico.

A polícia considerou a possibilidade de o crime ter sido motivado por racismo, mas Lester não foi formalmente acusado de crime de ódio. Seus advogados alegaram que ele agiu em legítima defesa por pensar que o adolescente estava tentando invadir sua casa.

O caso gerou indignação e provocou protestos, chamando a atenção de ativistas dos direitos civis e da justiça racial. O então presidente dos EUA, Joe Biden, telefonou para os pais de Yarl e disse orar por sua recuperação e por justiça.

Celebridades como Halle Berry, Kerry Washington e Jennifer Hudson também se manifestaram, ressaltando a necessidade de mudanças nas leis que permitem o uso de força letal para defesa pessoal e que, segundo críticos, contribui de maneira desproporcional para a violência armada contra pessoas negras.

Lester chegou a ser detido e acusado formalmente de ação criminosa armada e agressão em primeiro grau (crime que envolve o uso de força com a intenção de causar dano grave ou morte). Em alguns casos, essas acusações podem resultar em penas de longo prazo, incluindo prisão perpétua.

O atirador, no entanto, foi liberado sob pagamento de fiança para responder em liberdade. Nas audiências pré-julgamento, ele se declarou inocente de ambas as acusações.

Posteriormente, fez um acordo com a Justiça para não ser submetido ao júri e se declarou culpado por agressão em segundo grau (uma acusação menos grave, que poderia condená-lo a até sete anos de prisão). A admissão de culpa se deu na última sexta-feira (14), e ele seria sentenciado em 7 de março.

A causa de sua morte não foi divulgada. Além da idade avançada, Lester tinha histórico de doenças cardíacas e havia fraturado o quadril recentemente.

“Tomamos conhecimento do falecimento de Andrew Lester e estendemos nossas sinceras condolências à sua família neste momento difícil”, disse o escritório do promotor em um comunicado, divulgado pela Associated Press. “Embora o processo legal tenha sido encerrado, reconhecemos que Lester assumiu a responsabilidade por suas ações ao se declarar culpado neste caso.”

A família de Yarl, no entanto, lamentou que Lester nunca tenha enfrentado plenamente as consequências de seus atos. “Agora, mais uma criança negra ferida pelo preconceito nunca verá o homem que atirou nela enfrentar todo o peso do sistema de justiça. Embora Lester tenha finalmente admitido a culpa, isso aconteceu no último momento —após dois anos de adiamentos. Essa demora deixa nossa família abalada”, diz o comunicado.



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