Em menos de uma semana atos de violência em Rio Branco atingiram músicos acreanos em situações diferentes. Por coincidência, dois cavaquinhistas conhecidos e respeitados no meio do samba acreano. Na semana passada, José Luiz, de 29 anos, foi atingido por um tiro de escopeta durante um assalto e na noite deste domingo (26), Raimundo Andrade, o Raimundinho do Cavaco, de 54 anos, foi assassinado enquanto comprava churrasquinho para o jantar.
Zé Luiz, como é mais conhecido, teve fratura no braço direitos em decorrência da lesão provocada pelo disparo e cerca de 11 chumbos alojados no tórax. Vai precisar implantar placa de titanium no lugar do osso dilacerado e permanece internado em recuperação.
Raimundinho, que não teve a mesma sorte, perdeu a vida por estar, como declarou à imprensa o delegado que investiga o caso, “no lugar errado, na hora errada”, ao ser usado como escudo humano pelo alvo dos bandidos, também morto, o vendedor de churrasquinho no bairro Recanto dos Buritis.
Consternados e, mais que isso, indignados com a violência, os sambistas do Acre estão se mobilizando para um ato público nesta quarta-feira (29), às 9 horas da manhã, na Esquina da Alegria, no Centro de Rio Branco, local onde acontece o forró do Senadinho, com o Grupo Hélio Melo, do qual Raimundinho fazia parte junto com o irmão Tião e amigos.
Durante todo o dia, foram diversas as manifestações pelas redes sociais, de comoção e solidariedade à família do músico.
O ex-BBB Wagner Santiago adicionou ao seu story no Instagram um card de luto postado pelo sambista acreano Brunno Damasceno, um dos organizadores da manifestação, após declarar seu lamento pela rede social.
“O Luizinho, embora não tenha acontecido nada de mais grave com ele, está machucado e impedido de tocar, internado se recuperando. Já o Raimundinho nós perdemos. Eu só tenho boas lembranças dele. Onde vai parar isso? Até quando a gente vai sofrer? Até quando isso vai continuar acontecendo? E ninguém faz nada e tem gente querendo se armar mais ainda. Fica o meu lamento.”, externou.
Anderson Liguth, que também está na mobilização do ato disse que o objetivo “é mobilizar a classe do samba e pagode em torno dessa onda de violência desenfreada, Nessa semana tivemos dois irmãos da classe artística, alvos dessa situação, o Zé que graças a Deus está recuperando, mas infelizmente tivemos a vida do nosso querido amigo Raimundinho do Cavaco ceifada. Estamos tristes e desolados com essa situação. Pedimos paz, não aguentamos mais ver nossos amigos e irmãos padecendo e as famílias enlutadas.”, disse.
Edy Bastos, também do movimento do samba acreano acrescentou que “é triste perceber que o nosso estado está ficando sem rumo com relação à violência. Às vezes a gente pensa que o problema está longe, mas está pertinho, do nosso lado. Esse manifesto dos sambistas do Acre pela não violência é um manifesto que quer ampliar, chamar toda a sociedade para se reunir em prol da não violência. Todo mundo grita, todo mundo fala e parece que as autoridades estão atordoadas, sem saber o que fazer. E aí, isso leva pais de família, pessoas de bem a sofrerem o que sofreu o Raimundinho. E agora mais uma família perde seu esteio e não há respostas, não tem Justiça, nada vai trazer ele de volta, mas é preciso que as autoridades que tem competência para garantir a segurança da sociedade, o façam.”, concluiu.