Um adolescente indígena de 14 anos precisou ser socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após apresentar dilatação no abdômen, palidez, dificuldade de respirar e outros sintomas. Como o menino vive na Aldeia Nova Floresta, no Alto Rio Envira, no município de Feijó, interior do Acre, a equipe fez o resgate aéreo com o auxílio do helicóptero do governo do Acre.
De barco, a equipe médica levaria cerca de 10 dias para conseguir chegar até a aldeia. O resgate foi feito nesta terça-feira (30) e o indígena deve ser levado para uma unidade de saúde da capital acreana, Rio Branco.
O secretário de Segurança Pública do Acre, Paulo Cézar Santos, informou que a aeronave fez o resgate da criança e parou na cidade de Manoel Urbano para abastecer e também estabilizar o paciente. Em seguida, seguiu para Rio Branco.
“É um indígena de 14 anos, de uma aldeia próximo à Santa Rosa do Purus. Nesse momento, a aeronave se encontra em Manoel Urbano para abastecimento, bem como a equipe médica está fazendo um trabalho de estabilização do paciente. Não se trata de um paciente emergencial, é uma possível infecção e ele estava com o abdômen dilatado”, disse o secretário.
O pedido de resgate foi feito pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). Conforme a secretaria, o adolescente, da etnia Kulina, evoluiu há cerca de três dias com um quadro clínico “caracterizado por edema generalizado”. As informações chegaram até a Sesacre por meio de um professor da comunidade.
O G1 entrou em contato com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Alto Rio Juruá para saber mais detalhes sobre o caso, mas foi informado de que a coordenadora estava em uma área indígena, sem sinal de telefone.
O Núcleo Técnico-Científico do Programa Telessaúde Brasil Redes no Estado do Acre conquistou, nesta quinta-feira, 13, um novo avanço com a entrega de um laboratório de Telemedicina. Fruto da cooperação entre a Universidade Federal do Acre (Ufac) e o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), esse avanço representa mais acesso a especialistas para a população, ao mesmo tempo em que funcionará como campo de prática para os cursos de graduação na área de saúde.
Os 22 municípios do estado já implantaram o telediagnóstico de eletrocardiograma (ECG). Até 2024, foram realizados 150.500 exames de ECG, com uma economia de R$ 6.895.910,00, segundo dados da Sesacre.
Todos os municípios acreanos já implantaram o telediagnóstico de eletrocardiograma. Foto: Bruno Kenedi/Asscom Ufac
Para Jamayla Mendonça, diretora do Complexo Regulador da Sesacre, “o telessaúde é uma ferramenta amplamente utilizada no Brasil e, aqui no Acre, nos auxilia significativamente a dar mais celeridade às filas de espera, além de ajudar no atendimento à população que reside em municípios de difícil acesso. Esses pacientes, que frequentemente enfrentam dificuldades para conseguir consultas com especialistas, têm agora acesso de forma mais rápida, por meio da Telemedicina especializada, agilizando, assim, a nossa demanda reprimida. Caso seja necessário um atendimento presencial, agendamos a consulta, o que permite que a fila avance de forma mais célere, atendendo, dessa forma, a necessidade de todos os nossos pacientes”, destacou.
As especialidades mais atendidas na Teleconsulta são neuropediatria, psiquiatria e neurologia. Foto: Bruno Kenedi/Asscom Ufac
A média de teleconsultas por mês é de 887,7. As especialidades mais atendidas são neuropediatria, psiquiatria e neurologia.
Guida Aquino, reitora da Ufac, também reforçou a importância do Telessaúde para ampliar o acesso aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). “Sabemos que nos nossos municípios de difícil acesso um serviço como esse é extremamente necessário para atender ao mínimo. Enquanto eu estiver na gestão, vou lutar para que essa política pública de saúde atenda aos nossos municípios. E aí entra a nossa responsabilidade social enquanto instituição de ensino”, afirmou.
A Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre) é uma das unidades onde a Telessaúde, por meio da Telemedicina, se torna uma importante ferramenta para ampliar o acesso à saúde.
Inauguração do laboratório ocorreu nesta quinta-feira, 13, na Ufac. Foto: Bruno Kenedi/Asscom Ufac
“Ao todo, em 2024, foram realizadas mais de 10 mil consultas nas diversas especialidades, além de 46 mil laudos por telediagnóstico em eletrocardiograma, sendo a Fundação Hospitalar um ponto importante para a realização desses exames. Sabemos a importância da atuação da telemedicina e o quanto isso nos auxilia no princípio da equidade. Proporcionar consultas especializadas com a mesma qualidade para o paciente atendido em Rio Branco e para aqueles de municípios isolados, como Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Santa Rosa e Jordão”, destacou Soron Steiner, presidente da Fundhacre.
A coordenadora-geral do Telessaúde no Acre, Mônica Morais, reforçou que a população é quem se beneficia com a nova estrutura. “Estamos com essa parceria com a Universidade Federal do Acre, com a estruturação desse laboratório de telemedicina, e ele servirá como campo de prática para os alunos da área de saúde. Para além disso, também ofereceremos serviços de telediagnóstico em algumas especialidades, como teledermatologia, tele-eletrocardiograma, telerretinografia e, em um futuro muito próximo, tele-espirometria. Esses serviços serão oferecidos para a comunidade acadêmica, profissionais, alunos e professores, além da população dos municípios próximos. A oferta será feita com base na fila existente hoje no Sistema de Regulação do Estado”, afirmou.
Serviços do Telessaúde
Média de teleconsultas por mês é de 887,7. Foto: Bruno Kenedi/Asscom Ufac
O Telessaúde Brasil Redes disponibiliza aos profissionais e trabalhadores das Redes de Atenção à Saúde no SUS os seguintes serviços:
Teleconsultoria – consulta realizada entre trabalhadores, profissionais e gestores da área de saúde, por meio de telecomunicação bidirecional, com o fim de esclarecer dúvidas sobre procedimentos clínicos, ações de saúde e questões relativas ao processo de trabalho. Pode ser síncrona (realizada em tempo real, geralmente por chat, web ou videoconferência) ou assíncrona (por meio de mensagens offline).
Telediagnóstico – serviço autônomo que utiliza tecnologias de informação e comunicação para realizar serviços de apoio ao diagnóstico, a distância e em diferentes tempos.
Tele-educação – conferências, aulas e cursos ministrados por meio de tecnologias de informação e comunicação.
Segunda Opinião Formativa – resposta sistematizada, construída com base em revisão bibliográfica, nas melhores evidências científicas e clínicas, e no papel organizador da atenção básica à saúde. Ela responde a perguntas originadas de teleconsultorias, selecionadas a partir de critérios de relevância em relação às diretrizes do SUS.
As Teleconsultorias, os Telediagnósticos, as Segundas Opiniões Formativas e as ações de Tele-educação solicitadas pelos profissionais do SUS poderão ser elaborados e respondidos por teleconsultores a partir de qualquer Núcleo de Telessaúde Técnico-Científico ou Ponto de Telessaúde.
A cheia dos rios acreanos motivou uma reunião entre o governador Gladson Camelí, a vice-governadora Mailza Assis e o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, em Brasília (DF), nesta quinta-feira, 13. Antecipando-se à possibilidade de transbordamentos, os gestores solicitaram apoio do governo federal, caso a situação se agrave nos próximos dias.
Historicamente, as maiores enchentes já registradas no estado aconteceram em março. Desde o início desta semana, o nível do Rio Acre, na capital, está acima da cota de transbordamento, que é de 14 metros. Algumas famílias estão desabrigadas. A subida dos rios vem sendo monitorada com bastante atenção pelo governo do Estado.
Governador Gladson Camelí e vice-governadora Mailza Assis estiveram reunidos com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, para solicitar ajuda federal, caso a população do Acre sofra com o transbordamento dos rios. Foto: Yasmin Fonseca/MIDR
“Nossa vinda a Brasília é para mostrar a situação que estamos enfrentando no Acre e pedir ajuda do governo federal, que sempre tem sido um grande parceiro em momentos difíceis. No ano passado passamos por uma grande cheia e, caso isso venha a se repetir, queremos estar prontos para atender à população com dignidade”, afirmou o governador.
A vice-governadora explicou ao ministro Waldez Góes que no último dia 10 de março o Estado decretou situação de emergência em razão da elevação do nível dos principais rios do Acre. A medida tem validade de 180 dias.
“Essa é uma ação necessária e muito importante para darmos uma resposta rápida no atendimento às pessoas. Temos dado todo o apoio, e destaco nossa atuação em relação às famílias de indígenas desabrigados pela cheia do Rio Acre. Elas estão sendo acolhidas da melhor maneira possível”, declarou Mailza, que também é secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos.
Gestores acreanos falaram das medidas de apoio que o governo do Estado vem dando às primeiras famílias desabrigadas pela enchente em 2025. Foto: Yasmin Fonseca/MIDR
Conhecedor da realidade acreana, Góes lembrou das vezes que visitou o estado no período de cheia dos rios e reafirmou o compromisso do governo federal no atendimento aos pedidos apresentados durante o encontro. “Estamos sempre à disposição e, caso seja necessário, vamos trabalhar no socorro a quem mais precisa”, pontuou.
A reunião também contou com a presença do secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff.
Quatro estudantes indígenas da etnia Huni Kuin vão embarcar para Brasília-DF para dar início à sua trajetória acadêmica na Universidade de Brasília (UnB). O deslocamento será viabilizado com o apoio do Governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), que forneceu as passagens aéreas aos universitários.
A iniciativa foi reconhecida pela Federação do Povo Huni Kuin do Acre (FEPHAC), que enviou um ofício à SEE expressando agradecimento pelo suporte. No documento, a entidade destacou a importância do apoio para que os estudantes pudessem iniciar os estudos e reforçou que a ação incentiva outros jovens indígenas a seguirem na busca pelo ensino superior.
Comunidade fica localizada na cidade de Santa Rosa, no território indígena Alto Rio Purus. Foto: Diego Gurgel/Secom
O presidente da FEPHAC, Ninawa Inu Huni Kuin, ressalta que a chegada desses estudantes à universidade representa um passo importante para suas trajetórias e para o fortalecimento da educação indígena. “Os quatro jovens Huni Kuin vão receber conhecimentos e ferramentas de grande importância para as comunidades indígenas”, destaca.
O secretário de Estado Educação e Cultura, Aberson Carvalho, afirma que a SEE continuará buscando alternativas para garantir o acesso e a permanência dos estudantes indígenas no ensino superior. “Nosso objetivo é ampliar as oportunidades para todos os jovens do Acre, respeitando suas culturas e garantindo que possam alcançar seus sonhos acadêmicos”, declara.
Entre os jovens universitários que receberam o apoio, Elves Kaxinawa, que foi aprovado em 3º lugar em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda, está com a viagem marcada para o segundo semestre, quando as aulas iniciam, conta que a ajuda veio em um bom momento, visto que, atualmente, os aprovados da sua comunidade buscam ajuda financeira para se manter em Brasília. “Ficamos felizes com a sensibilidade da Educação em nos apoiar e vamos nos empenhar ao máximo para trazer retorno ao nosso estado”, diz.
No início de 2025, 14 estudantes indígenas de diversas etnias do Acre foram aprovados no vestibular da UnB. A universidade oferece um processo seletivo específico para candidatos indígenas, visando ampliar o acesso ao ensino superior e garantir maior diversidade acadêmica.
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