O governo de Israel enviou uma carta aos Estados Unidos na qual estipula condições para uma solução diplomática que colocaria fim à guerra no Líbano, disse nesta segunda-feira (21) o site Axios, citando conversas com autoridades americanas e israelenses.
Israel invadiu o país vizinho no último dia 30, matando centenas de pessoas e causando o deslocamento forçado de mais de 1,3 milhão desde então, segundo o governo libanês. Tel Aviv afirma que suas ações têm como objetivo impedir que o grupo armado Hezbollah possa atingir o território israelense com foguetes e drones e permitir o retorno de seus cidadãos às suas casas no norte, próximo da fronteira.
De acordo com o Axios, o documento entregue aos EUA por Israel inclui a demanda de que Tel Aviv possa “fiscalizar ativamente” o desarmamento e desmantelamento da estrutura militar do Hezbollah no Líbano, além de garantir liberdade de operação da Força Aérea israelense em todo o espaço aéreo libanês.
Segundo uma autoridade americana ouvida pelo Axios, as medidas representariam um “comprometimento dramático” da soberania do Líbano e dificilmente seriam aceitas pela comunidade internacional. Além disso, dar a Israel a capacidade de operar livremente no sul do Líbano tornaria nula a resolução da ONU que regula a existência da Unifil, a missão de paz das Nações Unidas no país, cujo objetivo é garantir a retirada das forças israelenses do sul do Líbano e o desarmamento do Hezbollah.
O enviado do presidente Joe Biden, Amos Hochstein, chegou à região nesta segunda e deve discutir as condições israelenses para um eventual cessar-fogo com Tel Aviv e Beirute. Os Estados Unidos são o mais importante aliado de Israel e principal fiador militar e diplomático do Estado judeu. Em meio a fortes críticas contra Tel Aviv pela invasão do Líbano e o ataque a bases da Unifil, Washington sinalizou a continuidade de seu apoio com o envio de sistemas antimísseis e soldados a Israel no último dia 13.
De acordo com a Axios, Hochstein vai pressionar para que o exército libanês, enfraquecido no momento, receba apoio para atuar no sul do país e impedir que o Hezbollah utilize o território para lançar projéteis contra Israel.
O enviado também vai pedir que o mandato da Unifil, definido pelo Conselho de Segurança da ONU, seja expandido para que possa agir contra o uso do território por forças armadas que não o exército do Líbano. No papel, a missão de paz já tem esse objetivo, mas só pode usar a força em situações limitadas, como a legítima defesa.
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