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Jacaré com chifre? Bicho existia no Acre e pode ser elo perdido entre parentes

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6 anos atrásem

Existência de criaturas tão peculiares está, ao que tudo indica, ligada ao aparecimento de um superpantanal amazônico no passado
Como o nome científico indica, o Acresuchus pachytemporalis vivia na região do atual Acre. Medindo uns 4 m de comprimento, o réptil era tão grande quanto o jacaré-açu, maior espécie viva de seu grupo na América do Sul, mas não passava de um nanico para a época: outros jacarés daqueles tempos podiam ultrapassar os 12 metros.

Aliás, é justamente o parentesco com tais gigantes – além, é claro, dos inusitados chifres – que chamou a atenção dos cientistas. Algumas características do Acresuchus fazem dele uma espécie de elo perdido, ajudando a entender certos passos da origem dos jacarés descomunais.
A descrição formal da espécie, feita com base em seu crânio, foi publicada recentemente na revista científica Journal of Vertebrate Paleontology.
A existência de criaturas tão peculiares quanto o jacaré chifrudo está, ao que tudo indica, ligada ao aparecimento de um “superpantanal” amazônico durante o Mioceno, época geológica em que o animal viveu.
Nessa fase da história da Terra, os processos de elevação das grandes montanhas dos Andes acabaram alagando boa parte do interior da Amazônia, além de despejar enormes quantidades de sedimentos na região (coisa que, em menor grau, acontece ainda hoje).
“Os novos sedimentos andinos fertilizaram toda essa paisagem, formando solos que permitiram o crescimento de uma densa vegetação, com alta diversidade. E, a partir de um ambiente rico e diversificado, a biodiversidade tende a crescer mais graças às especializações e interações que se acumulam”, explica Douglas Riff, paleontólogo da Universidade Federal de Uberlândia e um dos autores do estudo.
Com inúmeros recursos à sua disposição, as formas ancestrais de jacarés e crocodilos se puseram a ocupar vários nichos ecológicos diferentes. Alguns se tornaram predadores gigantes, como o Purussaurus, monstro de até 12,5 m que tinha uma das mordidas mais potentes já registradas. Outros, os gavialoideos, de focinho comprido e fino, especializaram-se na captura de peixes. Havia também formas terrestres, os sebecídeos, e caçadores aquáticos menos especializados.
“Hoje em dia, apenas o nicho generalista é ocupado por esses animais na América do Sul”, explica Giovanne Cidade, da USP de Ribeirão Preto, que também assina o estudo ao lado de sua orientadora, Annie Schmaltz Hsiou.
De acordo com Riff, algumas espécies de crocodilos modernos possuem leves projeções nas bordas do teto do crânio, logo acima da região do ouvido, que poderiam ser consideradas “chifres” rudimentares. Em tais bichos, parece que essas projeções são exibidas quando machos disputam território ou tentam atrair as fêmeas.
Outras espécies do grupo, já extintas também, exibem estruturas semelhantes a chifres que se projetam das laterais cranianas, da mesma maneira. Mas só o Acresuchus possui protuberâncias maciças que apontam para cima e para o meio do crânio, crescendo a partir da parte de trás dos olhos.
A hipótese da equipe é que tais chifres também fossem usados como sinal de “macheza” em disputas por território e parceiras, mas não se pode descartar a possibilidade de que eles também fossem usados para dar chifradas em rivais.
Para entender a saga do “reino dos crocodilianos” do Mioceno amazônico, no entanto, são outros detalhes anatômicos do Acresuchus que chamam a atenção. Nas formas gigantes dos bichos, entre as quais se destaca o Purussaurus, é preciso levar em conta as necessidades especiais ligadas a ter um corpo tão grande, e uma das mais importantes é a necessidade de lidar com o excesso de calor.
“Como os crocodilianos de hoje, essas espécies também eram animais que dependiam do ambiente para manter sua temperatura em níveis adequados. Conforme os animais crescem, o volume do corpo também cresce, só que numa proporção maior que seu tamanho externo, o que significa que, quanto maior o animal, proporcionalmente menor será a sua superfície de troca de calor com o ambiente”, diz Rafael Souza, coautor da pesquisa que trabalha no Museu Nacional da UFRJ. Trocando em miúdos: jacarés grandes demais correm o risco de superaquecer, feito um radiador desregulado.
Acontece que o Acresuchus, ao que tudo indica, é um parente bastante próximo do monstro Purussaurus. E duas características do animal recém-descrito podem ter facilitado a evolução do gigantismo.
A narina externa relativamente grande pode ter ajudado a dissipar o calor, ao facilitar trocas de temperatura com o ambiente. E um detalhe do crânio, uma abertura chamada fenestra supratemporal, também é grandalhona no Acresuchus. Por ela passam vasos sanguíneos que ajudam na regulação da temperatura do cérebro. A ideia, portanto, é que o Purussaurus só conseguiu se tornar tão grande porque seus ancestrais menores já tinham adaptações como as do Acresuchus, facilitando assim seu aumento descomunal de tamanho.
O trabalho é fruto da parceria de longo prazo entre a Universidade Federal do Acre, a USP de Ribeirão Preto, a Universidade Federal de Uberlândia e o Museu Nacional da UFRJ.
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Minicurso para agricultores aborda qualidade e certificação de feijão — Universidade Federal do Acre

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4 dias atrásem
15 de abril de 2025
O projeto Bioeconomia e Modelagem da Cadeia Produtiva dos Feijões do Vale do Juruá realizou o minicurso “Controle de Qualidade de Feijões Armazenados e Certificação de Feijão”, ministrado pelos professores Bruno Freitas, da Ufac, e Guiomar Sousa, do Instituto Federal do Acre (Ifac). As aulas ocorreram em 30 de março e 1 de abril, em Marechal Thaumaturgo (AC).
O minicurso teve como público-alvo agricultores e membros da Cooperativa Sonho de Todos (Coopersonhos), os quais conheceram informações teóricas e práticas sobre técnicas de armazenamento, parâmetros de qualidade dos grãos e processos para certificação de feijão, usados para agregar valor à produção local e ampliar o acesso a mercados diferenciados.
“Embora existam desafios significativos no processo de certificação do feijão, as oportunidades são vastas”, disse Bruno Freitas. “Ao superar essas barreiras, com apoio adequado e estratégias bem estruturadas, os produtores podem conquistar mercados internacionais, aumentar sua rentabilidade e melhorar a sustentabilidade de suas operações.”
Guiomar Sousa também destacou a importância do minicurso para os produtores da região. “O controle de qualidade durante o armazenamento do feijão é essencial para garantir a segurança alimentar, preservar o valor nutricional e evitar perdas que comprometem a renda dos agricultores.”
O minicurso tem previsão de ser oferecido, em breve, para alunos dos cursos de Agronomia da Ufac e cursos técnicos em agropecuária e alimentos, do Ifac.
O projeto Bioeconomia e Modelagem da Cadeia Produtiva dos Feijões do Vale do Juruá é financiado pela Fapac, pelo CNPq e pelo Basa. A atividade contou com parceria da Embrapa-AC, da Coopersonhos e da Prefeitura de Marechal Thaumaturgo.
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Projeto oferece assistência jurídica a alunos indígenas da Ufac — Universidade Federal do Acre

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4 dias atrásem
15 de abril de 2025
O curso de Direito e o Observatório de Direitos Humanos, da Ufac, realizam projeto de extensão para prestação de assistência jurídica ao Coletivo de Estudantes Indígenas da Ufac (CeiUfac) e a demais estudantes indígenas, por meio de discentes de Direito. O projeto, coordenado pelo professor Francisco Pereira, começou em janeiro e prossegue até novembro deste ano; o horário de atendimento é pela manhã ou à tarde.
Para mais informações, entre em contato pelo e-mail cei.ccjsa@ufac.br.
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Ufac discute convênios na área ambiental em visita ao TCE-AC — Universidade Federal do Acre

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1 semana atrásem
11 de abril de 2025
A reitora da Ufac, Guida Aquino, participou de uma visita institucional ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC), com o objetivo de tratar dos convênios em andamento entre as duas instituições. A reunião, que ocorreu nesta sexta-feira, 11, teve como foco o fortalecimento da cooperação técnica voltada à revitalização da bacia do igarapé São Francisco e à ampliação das ações conjuntas na área ambiental.
Guida destacou que a parceria com o TCE em torno do igarapé São Francisco é uma das mais importantes já estabelecidas. “Estamos enfrentando os efeitos das mudanças climáticas e precisamos de mais intervenções no meio ambiente. Essa ação conjunta é estratégica, especialmente neste ano em que o Brasil sedia a COP-30 [30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima].”
A reitora também valorizou a atuação da presidente Dulcinéia Benício à frente do TCE. “É uma mulher que valoriza a educação e sabe que é por meio da ciência que alcançamos os objetivos importantes para o desenvolvimento do nosso Estado”, completou.
Durante o encontro, foram discutidos os termos de cooperação técnica entre o TCE e a Ufac. O objetivo é fortalecer a capacidade de resposta das instituições públicas frente às emergências ambientais na capital acreana, com o suporte técnico e científico da universidade.
Para Dulcinéia Benício, o momento marca o fortalecimento da parceria entre o tribunal e a universidade. Ela disse que a iniciativa tem gerado resultados importantes, mas que ainda há muito a ser feito. “É uma referência a ser seguida; ainda estamos no início, mas temos muito a contribuir. A universidade tem sido parceira em todos os projetos ambientais desenvolvidos pelo tribunal.”
Ela também ressaltou que a proposta vai além da contenção de enxurradas. “O projeto avança sobre aspectos sociais, ambientais e de desenvolvimento, que hoje são indispensáveis na execução das políticas públicas.”
Participaram da reunião o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes; o pró-reitor de Planejamento, Alexandre Hid, além de professores e pesquisadores envolvidos no projeto. Pelo TCE, acompanharam a agenda os conselheiros Ronald Polanco e Naluh Gouveia.
Também estiveram presentes representantes da Secretaria de Estado de Habitação e Urbanismo, da Fundape e do governo do Estado. O professor aposentado e economista Orlando Sabino esteve presente, representando a Assembleia Legislativa do Acre.
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