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Jairme: Bluesky é uma bolha, mas não julgo quem prefere – 10/10/2024 – #Hashtag

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Jairme: Bluesky é uma bolha, mas não julgo quem prefere - 10/10/2024 - #Hashtag

Mateus Camillo

Foi no Twitter (hoje X) que o perfil @jairmearrependi fez sucesso logo após a eleição de Jair Bolsonaro em outubro de 2018 ao coletar depoimentos de pessoas arrependidas do voto. Com uma linguagem recheada de humor e deboche, mas informativa e com técnicas de contra-narrativa, Jairme, como ficou conhecido, tornou-se um dos principais nomes contra o bolsonarismo nas redes sociais —e de forma totalmente anônima, o que se mantêm até hoje.

Durante a CPI da Covid, perfis como @jairmearrependi, @tesoureiros, @bolsoregrets e @camarotedacpi ganharam ainda mais notoriedade ao serem citados pelos senadores Randolfe Rodrigues (então na Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL).

Com o fim da pandemia, a derrota de Bolsonaro para a esquerda em 2022 e as mudanças do X após Elon Musk, a atuação de Jairme nas redes sociais mudou. A começar pelo número de seguidores: 440 mil no X, contra 167 mil no Bluesky.

“Eu fui fruto de um período muito específico da nossa política. Costumo dizer que já fiz tudo que tinha que fazer, cumpri minha missão. Mas eu acho péssimo que os próximos talvez não tenham o Twitter como recurso para levantar suas pautas e se conectar com pessoas interessadas no tema. A arquitetura do site permitia uma série de interações que o Instagram ou Facebook não permitem”, diz Jairme em entrevista ao #Hashtag.

Recentemente, Jairme lançou a newsletter Bem-vindo ao meu churrasco, no Substack, em busca novas formas de conversar com seu público, e discute, entre outras coisas, o futuro da comunicação nas redes sociais.

O #Hashtag conversou com Jairme sobre o futuro dessa comunicação, com ou sem X, a presença da esquerda no ecossistema virtual e o surgimento de Pablo Marçal. Leia aqui a segunda parte da entrevista.

Como foi esse movimento de criar a newsletter “Bem-vindo ao meu churrasco”?

Uma newsletter exige mais compromisso e tempo para pensar. Diferente das redes sociais, onde você posta qualquer besteira e, se der ruim, reposta ou apaga jogando no esquecimento, o email é uma correspondência. Depois de enviado vai pra caixa de mensagens e aquele abraço.

Eu não acho que seja um movimento só meu. Há uma tendência entre jornalistas e criadores de conteúdo de criar comunidades menores mais coesas, onde você pode se relacionar de forma mais íntima com sua audiência sem o ruído das redes sociais. Muita gente boa saiu do Twitter e foi pro Substack. Na newsletter, o seu leitor vai ler o texto e pode até discordar, mas o ritmo de leitura de um email é diferente de um conteúdo de feed.

O leitor, ao se inscrever em uma newsletter, deixa claro que deseja receber seu conteúdo. Na newsletter você pode criar um cronograma, mas não se torna escravo do algoritmo.

Você ganhou projeção no Twitter, hoje X, rede completamente desfigurada frente ao que já foi, e no momento dessa entrevista, ainda suspensa no Brasil [o retorno aconteceu na terça, 9 de outubro]. Você que conhecia o Twitter tão bem, sentia que a rede teria esse destino? Como você vê a era Musk? A rede ainda pode sobreviver e ter relevância?

Quando o Twitter foi comprado, achei que não. Quando o Musk começou a mostrar suas asinhas, fiz uma profecia: vai acontecer com o Twitter o que aconteceu com o Tumblr. O Tumblr é uma rede de microblogs focados em comunidades de fãs e criativos. O Yahoo comprou-o em 2013 por U$ 1,1 bilhão de dólares. Depois de uma série de decisões que contrariou os usuários fiéis e mudanças corporativas, foi passada para a frente por pouco mais de 3 milhões de dólares em 2019.

As últimas notícias sobre a queda do valor de marca em tão pouco tempo mostram que o Twitter está indo nesse caminho.

É uma pena. A rede tinha muitos problemas, muitos dos mesmos que estamos reclamando do Musk, mas foi uma comunidade muito forte para a web brasileira. Eu não posso cuspir no prato que comi, conheci muita gente, consegui causar impacto em alguns momentos, vi gente construir negócios, iniciar carreiras graças à rede. Mas a diferença é que o querido aparentemente se orgulha dos problemas. Há toda sorte de absurdos acontecendo no Twitter, sob a desculpa de defesa da liberdade de expressão.

Sobreviver, ela vai. Mas ter relevância? Não sei. A relevância do Twitter começou a ir para o ralo quando o Musk resolveu criar o sistema de venda de selos e a constranger jornalistas, pondo muitos em retirada. O site era simplesmente o maior portal de notícias do mundo sem pagar um centavo aos jornalistas.

O Brasil era um dos maiores mercados, talvez o mais relevante. Que outra rede pautava diariamente o noticiário brasileiro? Era o site do tempo real. O comportamento do dono está levando à queda abrupta de usuários em vários mercados importantes, como Estados Unidos e União Europeia. Dizem que o importante é ter saúde. No caso do X, ele vai ficar nesse estado terminal respirando por aparelhos por algum tempo.

Um dos seus grandes trunfos foi o ativismo político de forma anônima nas redes, com uma leitura ágil, sagaz e bem-humorada do contexto político. E o Twitter era um espaço propício para isso. Como você vê essa atuação a partir de agora e nesse ambiente de hiper-fragmentação das redes?

Eu fui fruto de um período muito específico da nossa política. Costumo dizer que já fiz tudo que tinha que fazer, cumpri minha missão. Mas acho péssimo que os próximos talvez não tenham o Twitter como recurso para levantar suas pautas e se conectar com pessoas interessadas no tema. A arquitetura do site permitia uma série de interações que o Instagram ou Facebook não permitem. Porém, estamos na era dos vídeos curtos verticais, acho que há muito espaço a ser explorado no TikTok, mas sem mostrar a fuça fica difícil (risos).

Eu sempre dizia que assim como não houve novo Pelé, nunca vai haver um “novo Twitter”. E defendia que o Twitter continuaria sendo a principal rede de texto e debates, mesmo aos trancos e barrancos. Eu só não contava com o Alexandre de Moraes. E o Bluesky tem ocupado esse espaço de “novo Twitter” e se mantido uma rede mais saudável e criado sua relevância. Como você tem acompanhado esse movimento do Bluesky?

Essa ideia de ambiente mais saudável é causada pela bolha que o Bluesky acabou criando. Se os progressistas que apoiam a decisão do Moraes migraram para um lado e a extrema direita está aos trancos e barrancos usando VPN para se manter no X, não há embate, não há convergência entre as duas câmaras de eco que o X sediava.

Eu sei que isso é um problema, mas eu não julgo quem prefira. Adoro a paz de rolar o feed sem ver alguma atrocidade disfarçada de estudo histórico para defender eugenia. Faz um mês que eu não vejo um vídeo de algum acidente cabuloso no feed publicado por alguma conta gringa com o raio do selo azul nas sugestões. As pessoas precisam mesmo ficar o tempo todo debatendo, discutindo, entrando em confronto com o contraditório?

Não acho que o Bluesky vá ser o Twitter, porque era uma rede muito específica e eu acho um pouco injustas as comparações com o X. Estamos comparando uma rede com 18 anos de história a um projeto que é feito numa garagem. O Bluesky ainda é novo, então é natural que não tenha tantos recursos quanto o Twitter. Lembra muito quando o Twitter era uma rede baseada 100% em textos, com uma energia raiz e potencial para crescimento.

Com a volta do Twitter, por que a gente precisa escolher apenas uma ou outra? Ou por que a gente precisa estar em todas? Eu acho que a melhor coisa que o Bluesky oferece é uma alternativa para quem gosta do formato, mas não do ambiente. É bom saber que existe um lugar para se relacionar com as pessoas parecido com outro, que não nos cabe mais. Eu quero mais é que vingue, assim como o Threads, tadinho, que mesmo sendo um produto Meta, leva uma surra. A primeira que lançar um trend topics e um painel de métricas, sai na frente.

Leia aqui a segunda parte da entrevista.





Leia Mais: Folha

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Camila Pitanga fala sobre sua vilã em ‘Beleza Fatal’ – 04/02/2025 – Celebridades

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Camila Pitanga fala sobre sua vilã em 'Beleza Fatal' - 04/02/2025 - Celebridades

Anahi Martinho

São Paulo

No ar em “Beleza Fatal” (Max), Camila Pitanga falou em entrevista ao “Roda Viva” (TV Cultura) sobre o desafio de interpretar a vilã Lola.

A atriz diz ter se inspirado em uma personagem do documentário “Um Lugar ao Sol” (2009), do cineasta Gabriel Mascaro.

“É um documentário sobre pessoas ricas que moram em coberturas em Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. Tem uma cena em que uma mulher fala que admira os tiros de fuzil que ela vê de cima da cobertura dela. Aquilo que para mim é absurdo, mas ela falava com naturalidade. Eu vi e pensei nisso como uma chave para entender a Lola”, conta Camila.

“Foi bom ter visto esse filme para pensar nesse despudor que a gente vê não só nas novelas. A gente vê pessoas cometendo constrangimentos, seja do conservadorismo, do racismo, o tempo todo. Confesso que tive muita dificuldade de entender a Lola, de aceitá-la. De pensar no que eu poderia emprestar meu para ela”, continuou a atriz.

“Com o tempo, fui entendendo que é uma mulher que viveu violências e que tem essa estética do ataque, da ironia, do despudor. E isso é irresistível em uma novela”, acrescentou.

REPRESENTATIVIDADE

Ainda na entrevista, Camila falou sobre a representatividade de atrizes negras em papéis de destaque. “Hoje temos três grandes atrizes protagonizando novelas. Eu sou a quarta”, falou. “Não é mais uma exceção: é uma realidade.”

Sobre o tema, ela citou Angela Davis: “Sempre foi uma luta, nunca foi fácil. Nunca foi tranquilo. Nunca foi suave. Mas acho que agora estamos em outro capítulo desse confronto.”



Leia Mais: Folha

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No Irã, um novo pragmatismo contra Trump

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No Irã, um novo pragmatismo contra Trump

Aiatolá Ali Khamenei, à esquerda, e o presidente Massoud Pezeshkian, durante uma reunião com funcionários em Teerã, em 28 de janeiro de 2025, em uma foto fornecida pelo Escritório do Guia Supremo Iraniano.

Durante anos, uma bandeira americana foi pintada no chão na entrada do Palácio Presidencial de Teerã, forçando os visitantes a pisarem como um sinal de humilhação simbólica do grande inimigo da República Islâmica. Em meados de janeiro, alguns dias antes da nomeação do novo presidente americano Donald Trump, vários meios de comunicação iranianos relataram, foto em apoio, que essa bandeira havia sido removida, sem que nenhuma explicação oficial seja dada. Essa decisão, que ocorre que mais e mais autoridades iranianas estão pedindo negociações diretas com os Estados Unidos para obter um levantamento de sanções, marca um possível ponto de virada na diplomacia de Teerã.

Em meados de janeiro, o Presidente Massoud Pezeshkian confirmou em uma entrevista à American Channel NBC que Teerã era “Em princípio” disposto a iniciar discussões com Washington. Ao mesmo tempo, Mohammad Javad Zarif, vice-presidente responsável por assuntos estratégicos, tentou minimizar a idéia de negociações diretas com Donald Trump, o arquiteto da política de “pressão máxima” contra o Irã e o homem que ordenou o assassinato, no Iraque, do O general iraniano Ghassem Soleimani, Chefe de Força Al-Qods, The Special Forces of Revolution Guards, em 2020. “Já negociamos com Saddam Hussein no passado (para encerrar a guerra do Irã-Iraque). Hoje, Donald Trump se tornou sábio o suficiente para abandonar sua política de pressão máxima ”disse Mohammad Javad Zarif durante uma entrevista com um local iraniano. Em 14 de janeiro, Ali Abdolalizadeh, representante presidencial da economia marítima, disse que Teerã “Chegou à conclusão de que devemos falar diretamente com autoridades americanas, sem intermediários ou mensagens indiretas”.

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‘Uma cidade dos fantasmas’: dois moradores de Gaza voltam para casa – podcast | Gaza

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'Uma cidade dos fantasmas': dois moradores de Gaza voltam para casa - podcast | Gaza

Presented by Michael Safi; produced by Alex Atack and Rudi Zygadlo; executive producer Homa Khaleeli

Desde o início da guerra, centenas de milhares de pessoas em Gaza tive que fugir de suas casas. Muitos foram deslocados repetidamente. Então, finalmente, no mês passado, com o anúncio do cessar -fogo entre Israel e Hamas, teve a chance de retornar. Uma chance de ver o que restava de suas casas, bairros e comunidades.

Widyan shaat, Um trabalhador ajuda e uma mãe solteira de três filhos foi deslocada para o sul de Gaza e não conseguiu voltar para sua casa no norte até que Israel abriu postos de controle militar após o acordo de cessar -fogo. Ela diz ao hoje em foco produtor Alex Atack sobre sua jornada e sua felicidade ao encontrar sua casa mal danificada ainda de pé: “Isso me curou, de alguma forma”.

Michael Safi ouve de estudante de 22 anos Ameer Hasanain que se lembra da alegria do baile. “Minha mãe acabou de correr pelas ruas quando encontrou nossa casa, ainda e começou a beijar literalmente a porta. Eu estava tão feliz. ” No entanto, depois de meses de guerra, Hasanain está aterrorizado, o conflito pode retornar e sua casa pode ser destruída “em um piscar de olhos”. Ele explica como seu baile o lembrou de todas as pessoas que ele perdeu e não teve tempo de lamentar, e como sua própria vida nunca será a mesma.

Fotografia: Dawoud Abu Works/Reuters



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