Lucas Bombana
Com a confirmação do retorno do Santos à Série A do Campeonato Brasileiro, uma série de nomes para reforçar o elenco do time para a temporada de 2025 passou a ser especulada entre os torcedores.
Hoje no rico futebol saudita, Neymar é um dos que mais despertam o interesse das arquibancadas. O próprio jogador alimentou a expectativa sobre uma possível volta, ao acompanhar jogos do Santos na Vila Belmiro vestido com a camisa da equipe e se reunir com os jogadores no vestiário.
CEO (diretor-executivo, na sigla em inglês, “chief executive officer”) do Santos, Paulo Bracks afirma que o retorno de grandes jogadores, com história no clube, está nos planos. Ele reconhece que o Santos mantém uma relação próxima com Neymar e seus familiares, mas afasta a possibilidade de um retorno do atacante da seleção brasileira ao alvinegro praiano, ao menos no curto prazo.
“É um atleta que hoje tem um contrato estratosférico [com o Al Hilal], ele não tem nenhum tipo de condição de, em dezembro ou no início de janeiro, apresentar-se ao Santos. Essa expectativa não pode ser criada. Mas a gente tem um projeto, foi apresentado, e a gente espera que possa acontecer no futuro”, afirmou o executivo à Folha.
“Eu não criaria esperança de momento, mas é um projeto que cabe dentro do nosso trabalho. São projetos que estão na nossa mesa, de retorno de atletas grandes, que têm história no Santos”, disse Bracks.
Ele acrescentou que a contratação de um jogador da dimensão de Neymar é um trabalho que extrapola o departamento de futebol profissional, envolvendo áreas como o marketing, o financeiro e o jurídico.
“É preciso trabalhar de forma consciente e com os dois pés no chão para não criar expectativas desmedidas, que possam causar uma frustração na torcida do Santos.”
Sobre a chegada de um novo técnico, após a demissão de Fábio Carille logo após a confirmação do retorno à elite do Brasileiro, Bracks afirmou ter participado da definição dos principais nomes que interessam ao clube. Desde então, no entanto, ele diz que as negociações para a chegada de um treinador estão sob os cuidados do departamento de futebol, gerido por Alexandre Gallo.
“Embora seja executivo de futebol, eu não estou como executivo de futebol. Não é minha função no Santos trabalhar dentro do mercado, na janela de contratação”, afirmou Bracks, que tem como atribuição supervisionar todas as áreas do clube, não apenas o futebol.
Segundo Bracks, é um trabalho muitas vezes “invisível”, para permitir que o clube continue operando sem intercorrências, com os pagamentos das contas em dia para evitar, por exemplo, um “transfer ban” da Fifa (Federação Internacional de Futebol), punição que impede o clube de contratar jogadores por causa de dívidas pendentes.
Antes de chegar à Vila Belmiro, o executivo atuou nos departamentos de futebol do América-MG, do Internacional e do Vasco.
No clube carioca, ficou pouco mais de um ano e acabou demitido em dezembro de 2023, assim que a equipe confirmou a permanência na Série A do Brasileiro do ano passado.
Com a experiência de ter trabalhado tanto em clubes que adotam o modelo associativo como naqueles que optaram por se transformar em SAF (Sociedade Anônima do Futebol), o executivo diz que ambos têm espaço no futebol brasileiro.
“Um clube associativo, desde que tenha uma gestão profissional, atinge os objetivos, tal como o conceito do que uma SAF busca. Digo isso porque nem sempre a SAF, por si só, vai levar ao profissionalismo, a um ambiente empresarial”, afirmou Bracks.
O Vasco, que vendeu a SAF do clube em 2022, tem enfrentado uma série de dificuldades desde então, com diversos conflitos que levaram ao rompimento do clube com a 777 Partners, grupo que havia adquirido a operação.
“Existem SAFs que estão tendo muito êxito. Temos uma SAF [do Botafogo] que, em 2024, ganhou o Brasileiro e a Libertadores e chama a atenção, mas também temos SAFs que foram por um caminho diferente porque, em dado momento, decidiram não ter uma gestão profissional”, disse o executivo.
Ele acrescentou que, no caso do Santos, a transformação em uma SAF não é uma decisão que cabe ao CEO ou mesmo ao presidente, tendo de passar por discussões internas do Conselho Deliberativo e em assembleia de sócios para uma definição a respeito. “Isso é uma decisão do clube, através do quadro de sócios e do estatuto.”