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Jornalista João Batista Natali morre aos 76 anos – 21/12/2024 – Poder

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Jornalista João Batista Natali morre aos 76 anos - 21/12/2024 - Poder

Luciana Coelho

João Batista Natali voltou da ginástica e se sentiu “dentro de um imenso parque infantil, sem saber ao certo por qual brinquedo começar”. Era 3 de novembro de 2008, e ele escolhia o que fazer com o tempo uma vez que a Folha, titular daquela rotina por quase dois terços de seus então 60 anos, não mais o ocupava.

“A nova vida de verdade começa nesta segunda-feira”, contou em email a esta amiga naquele primeiro dia de aposentadoria.

“Acho que vou primeiro ler um pouco de Stendhal, um dos livros que trouxe da França. Depois, dar um jeito nas tranqueiras que trouxe de meu gaveteiro. E em seguida almoçar, dormir um pouco e mais tarde ficar abraçado com o violoncelo.”

Essa nova rotina espelhava uma vida. Natali, afinal, sempre foi música e literatura tanto quanto foi jornalismo, e a França onde vivera de 1971 a 1982 se fez presença permanente, das preferências culturais às precisas análises geopolíticas.

Ele próprio explicou, em um longo depoimento com vocação para livro, em 2001: “Nunca me senti única e exclusivamente jornalista. Sou muitas coisas ao mesmo tempo”.

Era mesmo. Após aquele 2008 da virada, acrescentaria outras tantas em sua lista, que já acumulava correspondente internacional, orientando do filósofo Ronald Barthes (1915-1980), secretário de Redação da Folha, repórter, editor de “Mundo”, pai do André, marido da Daniele e cozinheiro talentoso.

Ainda seria comentarista da TV Gazeta, professor, diretor de Redação do Diário do Comércio, colunista da Folha. A mais importante veio no fim de 2009, quando nasceu Heitor: aos 61, era pai pela segunda vez. Os feitos do filho nos esportes e na escola eram objeto de um orgulho incontível que compartilhava com os amigos.

João Batista Natali Jr —Natali para os amigos e leitores, Júnior para a família, João para a mulher— morreu na madrugada deste sábado (21), em São Paulo, mesma cidade onde nascera em abril de 1948. Ele estava internado desde 11 de novembro no hospital Sírio-Libanês para tratar de complicações decorrentes de um câncer no cérebro.

O tumor, que lhe roubou por um curto período sua intimidade com as palavras, foi o primeiro a combali-lo.

Doenças passadas, como um câncer no pulmão no início do ano, um quadro gravíssimo de Covid em 2021 e sucessivos problemas cardíacos antes disso, eram tratadas pelo jornalista com humor e pragmatismo.

Ao seu lado estava, como sempre, Daniele, companheira e inspiração nas últimas duas décadas.

“João é exemplo de marido, de pai, de homem que esbanjava amor, companheirismo, respeito por todos que cruzaram seu caminho”, conta ela.

“Ele viveu grandes paixões nessa vida, sempre intensamente: o jornalismo, a música clássica, as histórias saborosas descobertas nos livros ou nas longas conversas por aí. Amou demais André, o primeiro filho, 39 anos, e Heitor, que acaba de completar 15 anos, fruto de nosso casamento.”

André e Heitor, como ela, mantiveram-se junto dele, animando-o até os últimos momentos. “Construímos uma família feliz, uma coleção de lindas memórias e uma história de amor que não termina aqui.”

Filho de João Batista Natali e Celina Antunes Natali, era o mais velho de três irmãos.

Ele, Adalberto e Paulo Sérgio cresceram na casa no bairro do Butantã, onde dona Celina liberou uma das paredes para os três meninos desenharem. A cumplicidade permaneceria por toda a vida, e os três eram entusiastas dos encontros da família completa em uma pizzaria no Itaim.

Do pai, evocava o dia em que este o conduziu pela mão, ele ainda com seis anos, até o centro de São Paulo para observar a confusão nas ruas após a notícia do suicídio de Getúlio Vargas, como contou inúmeras vezes à amiga Lucia Boldrini. Da mãe, guardou o hábito de recortar reportagens de O Cruzeiro.

Adolescente, fez intercâmbio nos Estados Unidos durante o ensino médio, experiência que o marcou vivamente. De volta, já em 1967, faria parte da primeira turma de jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde se formou em 1971.

Seu percurso no jornalismo, contudo, começaria bem antes da formatura —talvez no dia em que seu João o levou para assistir à política acontecer na praça; mas, oficialmente, na sucursal paulistana do Última Hora, em que iniciou no mesmo ano em que ingressou na faculdade.

À Folha ele chegaria em 1969, no dia em que foi criada uma equipe de emergência para fazer um caderno especial sobre a chegada do homem à Lua.

“A missão Apollo 11 já estava havia dias no espaço. Fui avisado que precisaria fazer um teste para conseguir o emprego. Não deu tempo. Precisavam de gente para aquela cobertura.”

Começaria aí um relacionamento de 38 anos, brevemente suspenso durante o mestrado em Paris, que o levaria a dezenas de cidades do Brasil e do mundo e a amizades sólidas e longevas, como a que construiu com o ex-diretor de Redação Claudio Abramo (1923-1987), a quem considerava um mentor.

Luiz Frias, hoje publisher da Folha, guarda memórias da época parisiense. “Adolescente, conheci Natali como correspondente do jornal na capital francesa. Ficou em Paris por muitos anos”, conta.

“Sabia tudo sobre a cidade e a França: história, política, literatura, música. Fumava o Gauloises do famoso maço azul, sem filtro, muito popular à época. E, às vezes, me passava a impressão de falar mais rápido e mais sem erros do que os próprios franceses.”

Frias o considera um ser humano extraordinário, “sempre atencioso e solícito para com todos”. “A Folha perdeu um grande e querido colaborador.”

Paciente, gentil, culto e profundamente interessado no interlocutor, conquistou legiões de admiradores e amigos em tempos em que a atenção tornou-se luxo. As conversas nunca eram breves, e não se saía delas sem ter aprendido mais uma coisa ou duas, de política a poesia, e principalmente sobre música clássica.

Forjado em diferentes fases do jornalismo e distintas eras políticas, era mordaz com quem se deslumbrasse com a profissão e sua proximidade do poder. Ainda assim, raramente se cansava de ensinar, mostrar e explicar, talentos que o conduziram depois à sala de aula como professor na Cásper Líbero e na PUC-SP.

Esse pragmatismo com que encarava o jornalismo jamais descambou para cinismo nem permitiu que perdesse o interesse.

Escreveu até o fim, nos últimos anos a coluna Mundo Leu, na Folha, sem tentar se encaixar em lugar específico nem minimizar suas pulsões, tampouco deixando de levar em conta as expectativas de sua plateia. Era, antes de tudo incansável. Um apaixonado.





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Estrelas famosas do esporte que morreram em 2024: Beckenbauer, OJ, West, Mays, Kiptum | Notícias esportivas

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Estrelas famosas do esporte que morreram em 2024: Beckenbauer, OJ, West, Mays, Kiptum | Notícias esportivas

Todos os anos, o mundo do desporto recorda o falecimento de atletas superestrelas e lendas há muito aposentadas, cada um dos quais impactou o seu respetivo desporto de forma única.

A Al Jazeera narra a vida esportiva de cinco dos nomes de maior destaque que partiram em 2024:

Franz Beckenbauer (11 de setembro de 1945 – 7 de janeiro de 2024)

O grande jogador do futebol alemão, que venceu Copas do Mundo pelo seu país como jogador e técnico, morreu aos 78 anos.

Nascido em Munique, apenas quatro meses após a Segunda Guerra Mundial, Beckenbauer é amplamente considerado o maior jogador de futebol alemão de todos os tempos.

Dentro de campo, transformou o jogo na Europa. Ainda adolescente no Bayern de Munique, ele foi pioneiro em um estilo de jogo altamente inovador que hoje é amplamente conhecido como “futebol total”.

A nível internacional, foi capitão da Alemanha Ocidental numa memorável vitória em casa no Campeonato do Mundo de 1974.

Beckenbauer é um dos nove jogadores que venceram a Copa do Mundo FIFA, a Copa dos Campeões Europeus e a Bola de Ouro.

Como treinador, teve sucesso semelhante, levando a Alemanha a duas finais consecutivas de Campeonatos do Mundo, em 1986 e 1990, conquistando a taça para o seu país à segunda tentativa, em Roma.

Nos seus últimos anos, Beckenbauer é lembrado com carinho como um dos maiores embaixadores globais do jogo.

Franz Beckenbauer, da seleção alemã vencedora da Copa do Mundo após derrotar a Holanda por 2 a 1 em 7 de julho de 1974, em Munique, Alemanha (Hartmut Reeh/Picture Alliance via Getty Images)
Franz Beckenbauer no jogo de futebol.
Uma das últimas imagens públicas de Franz Beckenbauer, a lenda do futebol sentado nas arquibancadas da PreZero Arena para assistir ao jogo da Bundesliga entre TSG 1899 Hoffenheim e FC Augsburg em Baden-Wuerttemberg, Sinsheim, Alemanha, 27 de agosto de 2022 (Tom Weller/Foto Aliança via Getty Images)

Kelvin Kiptum (2 de dezembro de 1999 – 11 de fevereiro de 2024)

O recordista mundial da maratona do Quênia morreu aos 24 anos.

Kiptum explodiu no cenário da maratona em outubro de 2023, quando correu cintilantes duas horas e 35 segundos em Chicago, tirando 34 segundos do recorde mundial anterior do compatriota queniano Eliud Kipchoge.

A morte do jovem de 24 anos, que conduzia no oeste do Quénia em Fevereiro, quando o seu carro capotou, deixou o mundo do atletismo em estado de choque. Esperava-se que Kiptum fosse uma das estrelas do atletismo nas Olimpíadas de 2024 em Paris.

Kiptum nasceu em Chepkorio, uma vila no Vale do Rift que é o coração de Corrida de longa distância queniana; numa estranha reviravolta do destino, também foi o local onde ocorreu a sua trágica morte.

Seu funeral contou com a presença de milhares de amigos, parentes e fãs. O presidente do Quénia, William Ruto, foi um dos que prestaram homenagem a um dos talentos de corrida mais talentosos de todos os tempos.

Kelvin Kiptum.
Kelvin Kiptum, do Quênia, cruza a linha de chegada para vencer a corrida masculina na Maratona de Londres, em Londres, Reino Unido, em 23 de abril de 2023 (Alberto Pezzali/AP)

OJ Simpson (9 de julho de 1947 – 10 de abril de 2024)

O ex-astro e ator do futebol americano do Hall da Fama da NFL que se tornou réu de assassinato de celebridade, morreu aos 76 anos.

Apelidado de “The Juice”, Simpson foi um dos melhores e mais populares atletas americanos do final dos anos 1960 e 1970.

Durante nove temporadas pelo Buffalo Bills e duas pelo San Francisco 49ers, Simpson se tornou um dos maiores portadores de bola da história da NFL. Em 1973, ele se tornou o primeiro jogador da NFL a correr mais de 2.000 jardas em uma temporada. Ele se aposentou em 1979.

Simpson transformou seu estrelato no futebol em uma carreira como locutor esportivo, publicitário e ator de Hollywood em filmes como a série The Naked Gun.

Tudo isso mudou depois que sua ex-esposa Nicole Brown Simpson e seu amigo, Ronald Goldman, foram encontrados mortalmente esfaqueados em uma sangrenta cena de duplo assassinato fora de sua casa em Los Angeles, em 12 de junho de 1994.

Simpson rapidamente emergiu como suspeito. Ele recebeu ordem de se render à polícia, mas cinco dias após os assassinatos, ele fugiu em seu Ford Bronco branco com um ex-companheiro de equipe – carregando seu passaporte e um disfarce. Uma perseguição em baixa velocidade pela área de Los Angeles terminou na mansão de Simpson e mais tarde ele foi acusado dos assassinatos.

O que se seguiu foi um dos julgamentos mais notórios nos EUA do século XX e um circo mediático. Os promotores cometeram um erro memorável quando instruíram Simpson a experimentar um par de luvas manchadas de sangue encontradas na cena do crime, confiantes de que serviriam perfeitamente e mostrariam que ele era o assassino. Em uma demonstração altamente teatral, Simpson lutou para calçar as luvas e indicou ao júri que elas não serviam.

Simpson foi posteriormente absolvido dos assassinatos em 3 de outubro de 1995.

Em 3 de outubro de 2008 – exatamente 13 anos após sua absolvição no julgamento de assassinato – ele foi condenado por um júri de Las Vegas por acusações criminais, incluindo sequestro e assalto à mão armada relacionados a um incidente de 2007 em um hotel cassino.

Simpson foi libertado em liberdade condicional em 2017 e mudou-se para um condomínio fechado em Las Vegas. Ele obteve liberdade condicional antecipada em 2021 devido ao bom comportamento aos 74 anos. Três anos depois, ele morreu após uma batalha contra o câncer.

OJ Simpson na Liga Nacional de Futebol Americano (NFL)
O running back OJ Simpson nº 32 do San Francisco 49ers carrega a bola contra o Seattle Seahawks durante um jogo de futebol americano da NFL, em 7 de outubro de 1979, no Candlestick Park em São Francisco, EUA (Focus on Sport via Getty Images)
OJ Simpson cansou-se de luvas durante o julgamento de homicídio.
OJ Simpson tentando calçar uma luva de couro supostamente usada nos assassinatos de Nicole Brown Simpson e Ronald Goldman durante depoimento em 15 de junho de 1995, em Los Angeles, EUA (Lee Celano/WireImage via Getty Images)

Jerry West (28 de maio de 1930 – 12 de junho de 2024)

O icônico jogador e executivo de basquete americano morreu aos 86 anos.

Não é difícil defender que Jerry West é o jogador de basquete mais importante de todos os tempos:

  • West, que jogou na NBA de 1960 a 1974 e ganhou um título da NBA em 1972, foi a primeira pessoa a ser consagrada no Hall da Fama do Basquete como jogador.
  • O logotipo oficial da NBA, desenhado em 1969, traz sua silhueta.
  • West reinventou a forma como a posição de armador era jogada; seu arremesso perfeito, movimentos elegantes e trabalho de pés imaculado influenciaram muito os superstars do basquete que o seguiram na NBA nas décadas seguintes, de Michael Jordan a Kobe Bryant.

Assim como Beckenbauer, ele teve uma segunda onda espetacular de sucesso após o fim de sua carreira de jogador, vencendo oito campeonatos da NBA como executivo do time em que jogou durante toda a sua carreira, o Los Angeles Lakers.

West nunca conseguiu abandonar o jogo que amava, trabalhando como consultor da NBA até o ano em que faleceu e estabelecendo relacionamentos amigáveis ​​com muitos dos grandes nomes do basquete da atualidade.

Jogador de basquete aposentado andando no estádio.
Jerry West entra na quadra durante o fim de semana do NBA All-Star Game em 20 de fevereiro de 2022, no Wolstein Center em Cleveland, Ohio (Juan Ocampo/NBAE/Getty Images via AFP)
Jogador de basquete driblando a bola na quadra.
West (14), do Los Angeles Lakers, sofre uma falta ao tentar contornar John Vallely, do Houston Rockets, nesta foto de 27 de dezembro de 1971. O Lakers conquistou a 28ª vitória consecutiva, derrotando o Rockets por 137-115 (AP Photo)

Willie Mays (6 de maio de 1931 – 18 de junho de 2024)

A lenda do beisebol americano com habilidades gerais sublimes morreu aos 93 anos.

Mays era um querido jogador de beisebol profissional afro-americano e é considerado por muitos o maior jogador versátil da história do esporte.

Apelidado de “o Say Hey Kid”, Mays foi um defensor central fenomenal que jogou 23 temporadas na Liga Principal de Beisebol (MLB) de 1951 a 1973.

Sua longa carreira de jogador abrangeu os bons e os maus momentos da história do beisebol nos Estados Unidos. Ele nasceu durante a Grande Depressão e suportou a segregação e o racismo durante grande parte de sua carreira; ele também fez parte do movimento inicial de capacitação de jogadores que eventualmente levou à concessão de agência gratuita para jogadores da MLB em 1976, um legado que existe até hoje.

Suas conquistas mais notáveis ​​​​na carreira incluíram quatro títulos de home run da MLB, quatro títulos de base roubados e um título de rebatidas. Ele foi o sétimo jogador a rebater 50 home runs em uma única temporada da MLB, alcançando o feito enquanto jogava pelo New York Giants em 1955.

Willie Mays no jogo de beisebol.
O membro do Hall da Fama Willie Mays acena para a multidão durante a celebração pré-jogo em homenagem ao seu 90º aniversário antes do jogo entre o San Diego Padres e o San Francisco Giants no Oracle Park em 7 de maio de 2021, em San Francisco, EUA (Daniel Fotos de Shirey/MLB via Getty Images)
Willie Mays faz home run no beisebol.
O rebatedor do San Francisco Giants, Willie Mays, faz um home run por cima da cerca esquerda do campo no Astrodome, em Houston, em 24 de abril de 1966 (Arquivo Bettmann via Getty Images)



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Das impressoras ao TikTok, 80 anos de inovações que transformaram o “Le Monde”

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Das impressoras ao TikTok, 80 anos de inovações que transformaram o “Le Monde”

Quando nasceu, em 1944, “Le Monde” era apenas uma folha frente e verso em preto e branco. Ao longo das décadas, o diário vespertino adaptou-se aos horários para diversificar o seu conteúdo e meios de publicação.



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O que a Sagrada Família pode ensinar sobre investir em tempos difíceis? – 22/12/2024 – De Grão em Grão

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O que a Sagrada Família pode ensinar sobre investir em tempos difíceis? - 22/12/2024 - De Grão em Grão

Michael Viriato

Se você já esteve em Barcelona, certamente ouviu falar da Basílica da Sagrada Família, um monumento que impressiona não só pela beleza, mas pela história de sua construção. Começou em 1882 e, mais de 140 anos depois, ainda não foi concluída. Essa obra-prima não é apenas um exemplo de paciência e resiliência; é também uma lição valiosa para investidores.

Visitando a basílica neste fim de ano, não pude deixar de pensar em como ela se assemelha ao processo de investimento em períodos de incerteza. No Brasil, estamos enfrentando um momento desafiador: inflação em alta, juros elevados e um cenário econômico que deixa muitos investidores apreensivos e retraídos. Mas é exatamente nesses momentos que se constroem as bases para um futuro financeiro sólido.

Investir, como construir algo grandioso, exige planejamento, visão de longo prazo e, principalmente, paciência. Todos sabem que obras passam por momentos desafiadores, restrição de recursos e tempos difíceis. Quando Gaudí desenhou a Sagrada Família, sabia que não veria sua conclusão em vida, mas isso não o impediu de criar algo extraordinário. Da mesma forma, o mercado financeiro recompensa aqueles que conseguem enxergar além das dificuldades imediatas e mantêm o foco em seus objetivos.

No Brasil de hoje, os juros elevados são uma oportunidade para quem sabe planejar. Investimentos em renda fixa oferecem retornos que podem ser usados como alicerce para o crescimento do portfólio. As taxas de juros presentes na renda fixa brasileira é algo raro em ciclos econômicos mais benignos. Portanto, esperar o cenário clarear para investir, pode significar adiar seus planos como aposentadoria. Enquanto o cenário é desafiador para ativos de risco, como ações, as oportunidades de renda fixa permitem proteger, fortalecer seu patrimônio e até antecipar seus planos.

Mas a resiliência também é essencial. Assim como na construção da Sagrada Família, há momentos em que parece que nada avança, quando o mercado testa nossa paciência e confiança. É nesses momentos que muitos desistem ou tomam decisões impulsivas que comprometem o resultado final. Lembre-se de que grandes conquistas levam tempo, seja na construção de um patrimônio, seja na edificação de um marco histórico.

Uma boa estratégia para atravessar períodos de incerteza é diversificar e manter disciplina. Planeje suas finanças com cuidado, estabeleça objetivos claros e invista de forma consistente. Se Gaudí tivesse abandonado seu projeto por causa das dificuldades, o mundo não teria hoje uma das maiores maravilhas arquitetônicas.

Por isso, minha visita à Sagrada Família não foi apenas um passeio, mas uma lembrança de que, no mundo dos investimentos, a paciência não é só uma virtude – é um requisito. Afinal, o que você está construindo para o futuro não é algo que se resolve em dias, mas algo que pode durar gerações.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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