Em 2017, um grupo de adolescentes de uma escola particular de São Paulo passou duas semanas na Tanzânia para reformar uma escola primária. Dessa experiência, surgiu a inspiração para os cinco jovens criarem uma iniciativa semelhante no Brasil.
A ideia virou realidade. Passados sete anos, o projeto Mãos na Massa realizou 16 obras de construção e reforma de casas, escolas e instituições sociais, com a missão de ajudar pessoas com deficiência e em vulnerabilidade social na capital paulista. Neste ano de 2024, duas obras estão em andamento.
A primeira, ainda em 2017, foi para Sidcley e Luciane, um casal com deficiência visual que não conseguia concluir a construção de sua casa, que estava em uma situação insegura. Com a doação de conhecidos e parentes e também com a venda de camisetas e bonés, foi arrecadado o dinheiro necessário para a finalização da obra e para a adaptação da residência.
“Ao longo do tempo, identificamos várias pessoas com necessidades específicas de moradias adaptadas. Realizamos adaptações em portas, reformas de telhados, paredes e pisos. Também construímos novas estruturas e transformamos escadas em rampas, tudo visando proporcionar um lar acessível e atraente para as pessoas que atendemos”, diz Arthur Schahin, 22, ex-aluno do St. Paul’s e fundador do projeto.
Arthur foi um dos idealizadores da iniciativa, aos 15 anos. Hoje ele lidera uma equipe de 13 jovens, entre 16 e 18 anos, que desempenham atividades administrativas como a organização de eventos, a logística e a arrecadação de fundos.
“Nossa missão é transformar jovens em futuros protagonistas incentivando-os a realizarem ações que farão a diferença no mundo. Desenvolvemos a liderança em cada voluntário, ensinando e cultivando valores como: proatividade, dedicação, integridade, transparência e crescimento” acrescenta.
A acessibilidade para pessoas com deficiência está presente no plano municipal de ações e tem como meta manter o compromisso para que novas obras e reformas sejam entregues com o Selo de Acessibilidade Arquitetônica. Mas nas periferias muitas das pessoas com deficiência não têm acesso a moradias adaptadas às suas especificidades.
A arquiteta Célia Schahin abraçou a ideia do filho Arthur e hoje atua como presidente da organização. É responsável pelo planejamento técnico e fiscalização das obras. Os voluntários participam das construções aos sábados, e durante a semana atua uma equipe de profissionais contratados.
Célia afirma que cada projeto se torna único para os envolvidos, e como todo o processo é um desafio.
“Dois projetos foram muito marcantes para nós: a casa do Sidcley, pelo depoimento de um carpinteiro voluntário, e o projeto da Rosângela, uma mulher que encontrei na rodovia Régis Bittencourt, local onde ela perdeu uma perna ao atravessar a via”, relata.
Programas habitacionais em São Paulo
Em São Paulo, o programa Pode Entrar reserva 5% das unidades habitacionais para famílias das quais façam parte pessoas com deficiência.
A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), programa de habitações populares do estado, destina 7% das unidades sorteadas no programa.
A lei federal 10.098/2000, que estabelece diretrizes sobre a acessibilidade de pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida, prevê que todos os programas habitacionais promovidos pelo poder público reservem no mínimo 3% das unidades para esse público.
As casas devem estar adaptadas com itens como puxador horizontal na porta do banheiro, barras de apoio junto ao vaso sanitário e no boxe do chuveiro, torneiras com acionamento de alavanca ou sensor, entre outras medidas.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirma que todos os seus projetos seguem as diretrizes da Norma ABNT NBR 9050 e da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), garantindo acessibilidade nos condomínios. Cita também o programa Residência Inclusiva, que disponibiliza 279 vagas para o acolhimento de jovens e adultos com deficiência que não possuem condições de autossustentabilidade ou de retaguarda familiar.
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