A repetição é uma arte de alto risco. Ao enfrentá-lo, David Hurn ganhou a aposta: seu livro dedicado à leitura faz muito sucesso. No entanto, ele toma emprestado o tema já explorado há meio século por um de seus antigos mentores, o americano-húngaro André Kertész (1894-1985). As duas obras têm o mesmo tamanho, a mesma qualidade de papel, a mesma fluidez, sem verdadeiro começo ou fim.
Os dois homens conheceram-se em Londres na década de 1980, durante uma apresentação de 24 horas aberta a cerca de uma centena de fotógrafos de todo o mundo. O objetivo era capturar um dia na vida de Londres. Hurn, então com quase cinquenta anos, ofereceu-se para acompanhar Kertész, que tinha 89 anos, neste exercício.
“Em um café da manhã preparatório em um hotel em South Kensington, eu disse a ele que seu livro intitulado Na leitura (“na leitura”), publicado pela primeira vez em 1971, foi um dos meus livros favoritos, diz o fotógrafo galês. Depois de muita discussão e risadas, sugeri que, se ele me desse permissão, eu reescreveria o livro quando tivesse 89 anos. Ele concordou. Começou como uma brincadeira e esse é o resultado. »
Seis décadas colecionando
eu’Na leitura de David Hurn, publicado pela RRB Photobooks, compila fotos tiradas desde o final da década de 1950 de pessoas lendo, no País de Gales, mas também em grande parte da Europa, Catar, Estados Unidos e Nova Zelândia. Momentos de descanso e introspecção em cafés, estações de trem, clubes de strip, museus, à beira-mar, em sets de filmagem, em parques, ruas… “Em retrospectiva, vemos nessas imagens a presença contínua de livros e jornais, enquanto a moda das roupas e dos cortes de cabelo evoluem”, ele observa com prazer. Seis décadas de colecionismo que testemunham o prazer intemporal da leitura, a paixão do autor que constitui o fio condutor desta longa e cativante viagem.
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