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Lula ri amarelo no fim do ano de erros horríveis de 2024 – 21/12/2024 – Vinicius Torres Freire

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Lula ri amarelo no fim do ano de erros horríveis de 2024 - 21/12/2024 - Vinicius Torres Freire

No último dia político do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros tentaram passar uma mão de tinta na parede rachada do crédito do governo. Lula foi o maior responsável pelo desastre financeiro de dezembro, que deixará sequelas na economia e no seu cacife político, fecho de um ano de erros horríveis.

Feito o estrago, sugeriu-se a Lula que elogiasse a autonomia do Banco Central e Gabriel Galípolo; que demonstrasse consciência da “necessidade de novas medidas [fiscais]”. Fernando Haddad voltou a dizer que medidas virão, talvez em março, e que o pacote seria apenas parte de um processo de ajuste politicamente difícil, o que é verdade, mas não justifica o disparate de novembro.

Foi um reconhecimento do erro e das desgraças recentes, anunciado por Lula com soberba disfarçada por sorrisos amarelos, sabe-se lá se com consequências práticas.

Os problemas do ano foram decerto agravados por motivos que porta-vozes do mercadismo relegam a notas ao pé de página. Por exemplo, impactos da política econômica americana no Brasil, seca e a conspiração informal da elite contra a tributação justa e acerto maior das contas públicas.

Mas 2024 foi uma tragédia de erros do governo.

Na louvação de Galípolo, Lula juntou Haddad, Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil). Haddad, Galípolo e Tebet haviam aconselhado Lula a engordar o pacote de novembro e a deixar de lado a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000. Com soberba provinciana, cálculo político míope, triste ignorância e festa no PT, Lula baixou um pacote magro e com essa isenção de IR para agradar à classe média que majoritariamente não vota no PT (nem votará, muitos preferindo um Marçal da vida).

No último dia útil de 2023, o governo baixara medida provisória surpresa a fim de diminuir a perda de receita com a redução de impostos da folha de pagamento de empresas (“desoneração”) e com o Perse (para empresas de eventos, turismo e cultura, isenção criada na epidemia, malversada e prorrogada de modo malandro). Um Congresso de direita, fulo pelo atropelamento político, e empresas derrubaram a MP.

Em junho, a fim de tapar esse buraco, o governo tentou restringir o uso de créditos tributários por parte de empresas, o que causou revolta e praticamente enterrou o plano de alta de impostos de Lula 3.

Em abril deste 2024, estava claro que o governo não cumpriria metas de déficit, o que implicaria legalmente limitação de gasto público no 2026 eleitoral. Por pressão do governo quase inteiro e do PT, com a graça de Lula, mudou-se a meta.

As condições financeiras rolaram a ladeira. A taxa de juros de um ano saiu de 10% ao ano em março para 15% agora (em termos reais, de 6% para 10%); o dólar foi de R$ 5 para mais de R$ 6.

No final de 2022, o governo de transição aprovara enorme aumento de gasto, talvez acreditando que arrumaria receita mais tarde. Aprovou em 2023 um arcabouço fiscal que dependeria de contenção de gastos obrigatórios, vetada por Lula em 2024, para desgosto de Haddad.

O governo não tinha plano econômico (ou para quase nada), nem de esquerda: gasto para pobres, imposto sobre ricos, controle rígido de pressões inflacionárias. Em 2024, dinamitou o programa precário que havia. Cálculo político tosco e petismo ignaro ameaçam a ponte para o futuro da esquerda em 2026.


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Mucio desembarca em silêncio – 21/12/2024 – Elio Gaspari

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Mucio desembarca em silêncio - 21/12/2024 - Elio Gaspari

Estava escrito nas estrelas: como revelou a repórter Mônica Bergamo, o ministro da Defesa, José Mucio, quer ir embora.

Mucio desembarcará em silêncio, como em silêncio deu a Lula e ao Brasil a retirada dos militares da ribalta. Depois de quatro anos de Bolsonaro, isso não foi pouca coisa.

Se a infantaria petista não se acalmar e se a Casa Civil de Rui Costa não calçar as sandálias da humildade, Ricardo Lewandowski será o próximo a pedir para sair.

Lula tem dois tipos de ministros: os que querem ficar e os que não precisam ficar. Quando um ministro que não precisa ficar quer desembarcar, é bom que se preste atenção.

Justiça Militar

Por 8 a 6, o Superior Tribunal Militar, última instância dessa modalidade de Justiça, reduziu de pelo menos 28 anos para quase 4 anos a pena dos oito integrantes da patrulha que em 2019 deu 257 tiros no carro em que viajava o músico Evaldo Rosa, com a família. 62 tiros acertaram. Evaldo morreu e seu sogro foi ferido. O catador Luciano Macedo, que tentou socorrê-los, também foi morto.

As penas foram reduzidas no tamanho e, sobretudo, na qualidade. Todas serão cumpridas em regime aberto.

Evaldo e sua família nada tinham a ver com nada. Foram confundidos por um oficial inepto.

O STM tem 15 juízes, 10 dos quais são militares que chegaram ao topo de suas carreiras.

Tamanha audácia surpreendeu, porém apenas confirmou a lição do presidente francês Georges Clemenceau (1841-1929): “A Justiça Militar está para a Justiça, assim como a música militar está para a música”.

Clemenceau foi injusto com a música militar. Ela produziu umas poucas boas peças.

O processo dos golpistas

Pelo andar da carruagem, se algum réu do inquérito do golpe conseguir ser julgado pela Justiça Militar, o desfecho será previsível: Lula será condenado por ter vencido a eleição.


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Balsa vira no Congo matando 38 e deixando mais 100 desaparecidos | República Democrática do Congo

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Balsa vira no Congo matando 38 e deixando mais 100 desaparecidos | República Democrática do Congo

Associated Press

Uma balsa lotada com pessoas que voltavam para casa no Natal virou no rio Busira, no nordeste do Congo, deixando 38 mortos confirmados e mais de 100 desaparecidos, disseram autoridades e testemunhas oculares no sábado.

Vinte pessoas foram resgatadas até agora.

O naufrágio da balsa na noite de sexta-feira ocorreu menos de quatro dias depois de outro barco virar no nordeste do país, matando 25 pessoas.

A balsa viajava como parte de um comboio de outras embarcações e os passageiros eram principalmente comerciantes que voltavam para casa no Natal, disse Joseph Joseph Kangolingoli, prefeito de Ingende, a última cidade às margens do rio antes do local do acidente.

Segundo Ndolo Kaddy, morador de Ingende, o ferry transportava “mais de 400 pessoas porque fazia dois portos, Ingende e Loolo, a caminho de Boende, pelo que há razões para acreditar que houve mais mortes”.

As autoridades congolesas alertaram frequentemente contra a sobrecarga dos barcos e prometeram punir aqueles que violassem as medidas de segurança nos rios. Contudo, em áreas remotas, muitas pessoas não têm condições de pagar o transporte público nas poucas estradas disponíveis.

Pelo menos 78 pessoas morreram afogadas em Outubro, quando um barco sobrecarregado afundou no leste do país, enquanto 80 perderam a vida num acidente semelhante perto de Kinshasa, em Junho.

O último acidente provocou raiva do governo por não equipar o comboio com dispositivos de flutuação.

Nesty Bonina, membro do governo local e figura proeminente em Mbandaka, capital da província de Equateur, onde o ferry afundou, condenou as autoridades por não lidarem adequadamente com os acontecimentos recentes.

“Como um navio pode navegar à noite sob o olhar atento dos agentes do serviço fluvial? E agora estamos registrando mais de cem mortes”, disse Bonina.

O naufrágio de barcos sobrecarregados está a tornar-se cada vez mais frequente neste país da África Central, à medida que mais pessoas abandonam as poucas estradas disponíveis em favor de navios de madeira que se desintegram sob o peso dos passageiros e das suas mercadorias, por razões de segurança.

As estradas são frequentemente apanhadas em confrontos mortais entre as forças de segurança congolesas e os rebeldes que por vezes bloqueiam as principais vias de acesso.



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“A situação da democracia no mundo é pior do que conhecíamos na década de 1930”

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“A situação da democracia no mundo é pior do que conhecíamos na década de 1930”

Membros da Liga das Eleitoras em frente a um outdoor de registro eleitoral em Cincinnati, Ohio, em 1926.

Todos os anos, o Instituto Varieties of Democracy (V-Dem), sediado na Universidade de Gotemburgo, na Suécia, publica um relatório sobre o estado da democracia em todo o mundo. Publicado em março, o último revelou que, em 31 de dezembro de 2023, 71% da população mundial (em comparação com 48% há dez anos) vivia numa autocracia. Staffan Ingemar Lindberg, diretor da organização, analisa a situação atual.

O ano de 2024, um “ano supereleitoral” com votações a decorrer em 60 países, está a chegar ao fim. Que avaliação você faz disso?

A avaliação global é negativa. Dos 60 países que realizaram eleições nacionais, 31 são autocracias. Vejo três categorias. Há casos em que as repercussões das eleições são ambíguas, como na Índia. O Partido do Povo Indiano (BJP, para Partido Bharatiya Janata) perdeu a maioria (em junho) e teve que formar um governo de coalizão. Ainda não se sabe se isso levará à interrupção do processo de autocratização iniciado em 2000. Entre os casos positivos, podemos citar Taiwan, onde o Partido Democrático Progressista venceu as eleições presidenciais. (em janeiro)ou e Botsuanaque era liderado pelo mesmo partido desde 1965 e onde a democracia estava em declínio há uma década. A vitória da oposição (final de outubro) pôr claramente fim a esta evolução.

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