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Mais de 1,7 mil jornalistas foram mortos em 20 anos em todo o mundo

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Mais de 1,7 mil jornalistas foram mortos em 20 anos em todo o mundo

Gilberto Costa – Repórter da Agência Brasil

Nos últimos 20 anos, mais de 1,7 mil jornalistas foram assassinados no planeta trabalhando ou em razão de suas funções. Em 2024, 54 jornalistas foram mortos – 52 homens e duas mulheres. Os dados são da organização não governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras (RSF), fundada em 1985 na França, e foram divulgados nessa sexta-feira (13).

“É o ano com o maior número de casos de jornalistas mortos no contexto de conflitos armados”, informa o jornalista Artur Romeu, diretor do escritório da RSF para a América Latina, em entrevista à Agência Brasil.

Até 1º de dezembro, 31 jornalistas foram a óbito em zonas de conflito, especialmente na Palestina – onde morreram 16 profissionais que cobriam o conflito entre Israel e o Hamas. As forças armadas israelenses são consideradas pela ONG como a “principal agressora da liberdade de imprensa.”

“A gente não está falando de vítimas colaterais”, destaca o diretor. Segundo ele, muitos profissionais da imprensa sofreram ataques diretos, pois passaram a ser vistos como potenciais reféns para que grupos ou países em conflito atinjam objetivos específicos, ou ao menos desencorajem a cobertura jornalística.

A RSF anotou que, além dos assassinatos de jornalistas na Palestina, foram mortos profissionais da mídia em diferentes partes do globo: Paquistão (sete), Bangladesh (cinco), México (cinco), Sudão (quatro), Birmânia (três), Colômbia (dois), Líbano (dois), Ucrânia (dois), Chade (um), Indonésia (um), Iraque (um) e Rússia (um).

Reféns, desaparecidos e sequestrados

O balanço de 2024 da Repórteres sem Fronteiras ainda contabiliza que 550 jornalistas estão ou estiveram presos neste ano por causa do ofício – 473 homens e 77 mulheres, crescimento de 7,2% dos casos em relação a 2023 (513 profissionais).

O país que mais tem jornalistas presos é a China (124), seguida da Birmânia (61) e Israel (41). A maioria dos repórteres presos (462) é do mesmo país que estão encarcerados. Quase 300 jornalistas estão presos sem julgamento, de forma preventiva.

Há 55 jornalistas feitos refém (52 homens e três mulheres). Quase a totalidade (53) é formada por cidadãos do país onde foram sequestrados. Trinta e oito casos foram registrados na Síria, e o principal agente sequestrador do mundo é o Estado Islâmico (25).

Noventa e cinco jornalistas estavam desaparecidos em 1º de dezembro – 88 homens e sete mulheres. A maioria desses profissionais desapareceu em seu próprio país. O balanço do RSF mostra que 39 desaparecimentos aconteceram nas Américas, especialmente no México (30 casos).

Regulação das redes sociais

O Brasil não é citado no balanço da RSF. “Mas isso, de maneira nenhuma, nos faz considerar que o Brasil é um país seguro para o exercício da imprensa”, pondera Artur Romeu, que cita, por exemplo, episódios de intimidações e ameaças em ambiente digital. No período de campanha eleitoral para prefeitos e vereadores, foram identificadas mais de 37 mil postagens ofensivas contra jornalistas nas redes sociais.

A ONG Repórteres sem Fronteiras “se posiciona de maneira favorável a uma regulamentação das plataformas das redes sociais”, pontua o diretor da ONG para a América Latina. “A regulamentação, na prática, se traduz por um pedido de maior responsabilização dessas grandes empresas em relação ao conteúdo que circula pelas suas interfaces.”

Além da necessidade de regulamentação das redes sociais, preocupa a RSF a volta de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos e a situação da Síria após a queda de Bashar al-Assad.

“Na Síria há muitas incógnitas. É muito difícil prever o que vai acontecer. O que a gente tem de mais previsível, de certa forma, é um contexto no Oriente Médio profundamente marcado por instabilidade, com crescimento de conflitos armados, e esse aumento de conflitos normalmente se traduz em um cenário mais complexo para a cobertura jornalística, em muitos casos com mais jornalistas mortos”, avalia Artur Romeu.

Sobre Donald Trump, o diretor não tem “a menor dúvida” que quando o republicano voltar à Casa Branca “vai manter o discurso hostil à imprensa, apostando numa retórica que identificam jornalistas como inimigos da sociedade e do povo americano”. “Nada do que a gente viu durante a campanha eleitoral faz supor que ele vai pegar mais leve”, complementa.

Para Artur Romeu, a beligerância de Trump contra a imprensa “faz parte de uma estratégia política de manter essas bases aquecidas. Ele não é único [nessa atitude]. De maneira nenhuma é um perfil isolado. A gente vê esse mesmo tipo de atuação em várias partes do mundo”.



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Polícia tailandesa prende dois após ataque a bomba mortal em festival | Notícias

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Polícia tailandesa prende dois após ataque a bomba mortal em festival | Notícias

A polícia diz que um membro do grupo rebelde KNU entrou em confronto com um ‘gângster rival’ na província de Tak, mas o grupo nega envolvimento.

As autoridades da Tailândia prenderam dois homens após uma explosão num festival perto da fronteira com Mianmar que matou três pessoas e feriu dezenas.

A polícia tailandesa disse que um dispositivo explosivo improvisado foi lançado contra uma multidão em uma pista de dança em um festival lotado no distrito de Umphang, na província de Tak, no norte da Tailândia, pouco antes da meia-noite de sexta-feira.

A explosão matou duas pessoas instantaneamente, outra morreu mais tarde no hospital e 48 ficaram feridas entre os cerca de 8.000-9.000 presentes no evento.

A polícia disse que um jovem tailandês e um homem pertencente à União Nacional Karen (KNU), um grupo rebelde que luta pela autonomia no estado vizinho de Karen, em Mianmar, foram presos.

O chefe da polícia de Tak, major-general Samrit Ekamol, disse que o suspeito de Mianmar lançou a bomba depois de encontrar um “gângster rival” com quem já havia lutado.

Mas um alto funcionário do KNU contactado pela agência de notícias AFP, que não quis ser identificado porque não estava autorizado a falar com a mídia, negou qualquer envolvimento e disse que o grupo não tinha membros na área.

Thanathip Sawangsang, porta-voz do Ministério da Defesa, disse à Associated Press que a polícia local relatou uma briga entre grupos rivais de homens antes da explosão e que não havia nenhuma ameaça mais ampla à segurança.

Ele disse que as evidências forenses mostraram que o dispositivo explosivo era uma bomba caseira.

A província de Tak tem uma forte presença militar nas suas zonas fronteiriças, incluindo em Umphang.

O primeiro-ministro Paetongtarn Shinawatra expressou as suas condolências às famílias das vítimas e instou as agências de segurança a realizarem uma investigação.



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Quando os treinadores assumem o controle da telinha

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Quando os treinadores assumem o controle da telinha

Lucie Mariotti, durante sessão de coaching do casal formado por Vivian e Beverly, na 4ª temporada de “The Villa of Broken Hearts”.

“Você acha que o comportamento que você tem com Louana desde o início do seu relacionamento merece uma pulseira vermelha ou não? Foi respeitoso com você, com seu desejo de mudar? » Lúcia Mariotti, ” treinador do amor » de “A Vila dos Corações Partidos”, faz a pergunta em tom professoral. “Eu me sinto emocionado, porque você se decepcionou especialmente », observa ela, grandes brincos dourados e olhar compassivo, diante de uma assembleia de candidatas atentas. Todos aplaudem quando Patrick se levanta para colocar sua pulseira vermelha com um olhar atordoado. Os doze participantes do reality show transmitido pela TFX vieram com problemas de relacionamento para resolver. As “cerimônias de pulseira” existem para fazer um balanço do seu progresso. Ao final desta nona temporada, apenas os melhores alunos sairão com pulseira de ouro, quando estiverem “ fui até o final do coaching », nas palavras de Lucie Mariotti.

Leia também | Artigo reservado para nossos assinantes “A Vila dos Corações Partidos” ou a fábrica do casal “gol”

Assistindo a esse programa, o tempo da primeira temporada de “Loft Story”, transmitido em 2001 pela TF1, parece muito distante. Na altura, o único objectivo dos candidatos era conquistar o favor do público para ganhar um jackpot de 3 milhões de francos. Nos atuais reality shows a figura do treinador passou a ser central, os jurados dos « The Voice” aos líderes da brigada do “Top Chef”, incluindo os psicólogos e sexólogos que deveriam formar casais duradouros em “Married at First Sight”. Frédéric Antoine, professor emérito da Universidade Católica de Louvain e especialista em reality shows, vê nestes programas de coaching “ um subgênero de reality shows de TV, que surgiu para renovar um conceito que estava perdendo força. É uma nova forma de contar histórias, onde o princípio já não é colocar os candidatos em competição uns contra os outros, mas sim empurrá-los para que evoluam em relação a si próprios. »

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UTIs no Brasil: milhões ainda vivem longe de leitos – 14/12/2024 – Equilíbrio e Saúde

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UTIs no Brasil: milhões ainda vivem longe de leitos - 14/12/2024 - Equilíbrio e Saúde

Marcos Candido

O Brasil registrou um aumento de 52% em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em uma década, mas a distribuição das unidades e especialistas continua desigual entre as regiões e usuários da rede pública e da particular.

É o que mostra o relatório da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) divulgado neste mês. Segundo a entidade, o Brasil tem 73 mil leitos de UTI. No SUS, são 37.820. Na rede privada, 35.340.

Apesar da proximidade numérica, proporcionalmente há 24,87 leitos a cada 100 mil habitantes no SUS (Sistema Único de Saúde). No particular, são 68,28 leitos a cada 100 mil.

Hoje, cerca de 180 milhões de brasileiros dependem exclusivamente do SUS para atendimento de saúde. Considerando o total de 73 mil leitos de UTI, os brasileiros têm 36 para cada 100 mil habitantes.

A população brasileira foi estimada em 212,6 milhões de habitantes em 1º de julho de 2024, de acordo com projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Um dos principais motivos para o aumento de leitos foi a necessidade gerada pela pandemia da Covid. Em 2019, havia 55 mil leitos no Brasil. Antes de chegar aos atuais 73 mil, em 2022, este número já ultrapassava os 70 mil entre públicos e privados.

Mas não foi só o coronavírus que estimulou o crescimento de UTIs. O relatório também aponta os surtos de dengue —que atingiu seu recorde histórico de casos em 2024—, a incidência de acidentes automobilísticos, bem como uma resposta ao envelhecimento da população.

Segundo Patrícia Mello, presidente da Amib, o número total de leitos de UTIs é estaticamente adequado para atender a população brasileira. Para ela, o problema é a distribuição geográfica das unidades e de equipes especializadas. Em especial, de médicos intensivistas.

Em estados como o Amapá, existem apenas cinco médicos intensivistas, em uma proporção de 0,68 especialistas para cada 100 mil pessoas. Todos eles estão na capital Macapá, onde há 213 leitos de UTI públicos e privados —incluindo para atendimento de adultos, neonatal e para vítimas de queimaduras.

Isso significa que mais de 290 mil amapaenses estão distantes de intensivistas e de um leito de UTI em um estado cerca de três vezes maior do que o Espírito Santo. A Secretaria da Saúde do Amapá não respondeu a reportagem sobre investimentos na área.

O cenário do estado no Norte, porém, é comum em todo o país. Segundo a Amib, a proporção de leitos em todas as capitais brasileiras é de 70,39 para cada 100 mil habitantes. Fora delas, o número cai para 25,58 leitos a cada 100 mil, uma taxa quase três vezes menor.

Isso significa deslocamento até leitos distantes, o que é crucial para garantir a vida de pacientes graves, segundo Mello.

“O paciente da UTI precisa receber atendimento de complexidade, em geral, nas seis primeiras horas. Quando esse atendimento é retardado, você até pode resgatar um ou outro, mas a maioria você perde uma vida devido às situações de gravidade”, explica a especialista.

Na avaliação da presidente da Amib, o investimento em UTI inclui capacitação de alta complexidade de médicos e enfermeiros, mas que os gestores devem estudar um número maior de locais estratégicos para instalá-las e investir em mais contratações. Em especial, para atuar em casos extremos.

“A gente precisa resolver essa discrepância agora. Quando falamos da proporção atual, é em uma situação de normalidade. Em uma situação de uma pandemia ou catástrofe, isso transborda e temos um cenário de caos”, acrescenta.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que desde o início do governo Lula foram repassados cerca de R$ 875 milhões anuais ao estados e municípios para custear as UTIs já existentes e R$ 2 bilhões nos últimos cinco anos para implantar 10 mil leitos adultos, pediátricos, neonatal e coronarianos.

“Para a implementação e habilitação de um leito no SUS, o gestor estadual ou municipal deve encaminhar o requerimento ao Ministério da Saúde. Após análise e aprovação, os recursos são disponibilizados para a ampliação do serviço”, acrescenta a pasta.

O projeto Saúde Pública tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde.





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