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Manguezais têm potencial de gerar R$ 49 bilhões em crédito de carbono

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Manguezais têm potencial de gerar R$ 49 bilhões em crédito de carbono

Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil*

Os manguezais brasileiros armazenam um estoque de dióxido de carbono (CO₂) avaliado em pelo menos R$ 48,9 bilhões no chamado mercado de carbono. Esses ecossistemas marcam uma transição entre ambientes marinhos e terrestres e apresentam água salobra – mistura da água salgada e doce. 

Esse valor é estimado a partir de 1,9 bilhão de toneladas de CO₂ armazenadas em 13.906 quilômetros quadrados (km²) ao longo da costa brasileira, área equivalente a nove cidades de São Paulo. O CO₂, também chamado de gás carbônico, é um dos principais gases causadores do efeito estufa e contribui para aquecer a temperatura do planeta.

Assim, manter o carbono estocado na vegetação é uma forma de evitar o aquecimento da Terra. Indo além, é uma forma de gerar riqueza a partir do mercado de carbono, que consiste na compra de créditos para compensar passivos de poluição.

Por exemplo, uma empresa que exerce atividade poluidora – petroleira ou siderúrgica, por exemplo – pode comprar créditos de carbono como forma de compensar a poluição que ela provoca. Esses créditos podem ser gerados pelos “vendedores” por meio de ações de recuperação ambiental ou simplesmente pela manutenção e preservação da floresta.

Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO₂, tendo sido comercializado no Brasil a US$ 4,6 (R$ 25,85). Esse valor se refere ao mercado voluntário de carbono, praticado no país.
 

Em uma economia de baixo carbono estima-se que esse crédito pode ser negociado a US$ 100 (R$ 562), levando a valorização do estoque dos manguezais brasileiros para R$ 1,067 trilhão.

As economias de baixo carbono são aquelas em que há mais interesse em reduzir as emissões de gases poluentes e que negociam o carbono no mercado regulado (em vez do voluntário), que impõe a obrigação de diminuir a liberação de CO₂ na atmosfera.

O cálculo financeiro do potencial de mitigação das mudanças climáticas atribuído aos manguezais faz parte do estudo Oceano sem Mistérios: carbono azul dos manguezais, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo projeto Cazul, ligado à organização não-governamental Guardiões do Mar. É a primeira vez que uma pesquisa desse tipo é feita em escala nacional.
 


Guapimirim (RJ), 16/10/2024 - Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) no manguezal do Rio Macacu, que desagua na Baía de Guanabara, na Estação Ecológica da Guanabara, na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-Mirim.  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Guapimirim (RJ), 16/10/2024 - Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) no manguezal do Rio Macacu, que desagua na Baía de Guanabara, na Estação Ecológica da Guanabara, na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-Mirim.  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Guapimirim (RJ) Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) no manguezal do Rio Macacu, que desagua na Baía de Guanabara, na Área de Proteção Ambiental de Guapi-Mirim – Fernando Frazão/Agência Brasil

Lançamento

O levantamento foi lançado durante a 16ª Conferência de Biodiversidade da Organização das Nações Unidas (COP 16), que ocorre até o dia 1º de novembro em Cali, na Colômbia.

O trabalho científico e ambiental inédito é apoiado pela Fundação Grupo Boticário, instituição sem fins lucrativos do Grupo Boticário dedicada à proteção da natureza.

A plataforma Cazul utilizou imagens de satélite e dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para mapear as áreas de mangue no país.

O mapeamento revela que o Brasil tem manguezais em 16 dos 17 estados litorâneos, especialmente no Pará, Maranhão e Amapá. O Rio Grande do Sul é o único estado do litoral brasileiro sem a presença de mangues.
 


Magé (RJ), 15/10/2024 - Área de manguezal, recuperada após desastre ambiental, no Parque Natural Municipal Barão de Mauá, na margem da Baía de Guanabara. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Magé (RJ), 15/10/2024 - Área de manguezal, recuperada após desastre ambiental, no Parque Natural Municipal Barão de Mauá, na margem da Baía de Guanabara. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Área de manguezal recuperada após desastre ambiental, no Parque Natural Municipal Barão de Mauá, na margem da Baía de Guanabara – Fernando Frazão/Agência Brasil

Em todo o país são 300 municípios com o ecossistema. A costa amazônica detém a maior faixa contínua de manguezais do mundo.

Os mais de 13 mil quilômetros quadrados (km²) de manguezais na costa posicionam o Brasil com 8% das áreas de mangue do mundo, perdendo apenas para a Indonésia, que detém 20%.

O estudo aponta que, nos últimos 27 anos, o estoque de carbono azul no Brasil se expandiu, em média, 2,9 milhões de toneladas por ano. Isso representa que o potencial do reservatório nacional no mercado de compensação ambiental pode aumentar anualmente de R$ 75,2 milhões (mercado voluntário) a R$ 1,6 bilhão (cenário desejável em uma economia de baixo carbono).

Carbono azul


Guapimirim (RJ), 16/10/2024 - A pesquisadora Laís Oliveira, da Plataforma Cazul, na Estação Ecológica da Guanabara, na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-Mirim.  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Guapimirim (RJ), 16/10/2024 - A pesquisadora Laís Oliveira, da Plataforma Cazul, na Estação Ecológica da Guanabara, na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-Mirim.  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Guapimirim (RJ) – A pesquisadora Laís Oliveira, da Plataforma Cazul, na Estação Ecológica da Guanabara – Fernando Frazão/Agência Brasil

Durante o processo de respiração das plantas, a fotossíntese, as árvores absorvem CO₂ da atmosfera. Parte do gás volta ao ambiente externo, e o restante é armazenado nos caules, troncos, galhos, raízes e demais estruturas, tanto acima como abaixo do solo. Assim se forma o estoque de carbono que deixou de ser emitido na atmosfera. Em ecossistemas marinhos e costeiros, como os mangues, esse carbono é conhecido como carbono azul.

A pesquisadora Laís Oliveira, líder executiva da plataforma Cazul, explica que a característica do solo dos manguezais, formado por lama (também chamada de substrato), contribui para que a capacidade de sequestro de carbono seja até cinco vezes maior que a de outras florestas.

“Essa lama é um sedimento superfino, tem pouco espaço entre as partículas. Esse pouco espaço faz com que tenha menos oxigênio, e esse menos oxigênio faz com que tudo se decomponha muito mais lentamente. Por se decompor mais lentamente, essa matéria orgânica demora mais a liberar carbono na atmosfera”, detalha Laís à Agência Brasil, durante uma expedição no Parque Natural Municipal Barão de Mauá, em Magé, na região metropolitana do Rio de Janeiro, onde há iniciativas de conservação de manguezais.

“Quando a gente desmata essas áreas, além de perder esse estoque que está na biomassa sobre a superfície, a gente perde também aquele que está armazenado no solo. Por isso é tão importante manter as florestas em pé”, adverte Laís.

Comunidades tradicionais


Guapimirim (RJ), 16/10/2024 - O biólogo Pedro Belga, daONG Guardiões do Mar, na Estação Ecológica da Guanabara, na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-Mirim.  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Guapimirim (RJ), 16/10/2024 - O biólogo Pedro Belga, daONG Guardiões do Mar, na Estação Ecológica da Guanabara, na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-Mirim.  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Guapimirim – O biólogo Pedro Belga, daONG Guardiões do Mar, na Estação Ecológica da Guanabara – Fernando Frazão/Agência Brasil

A pesquisadora acredita que a plataforma Cazul é uma forma de fazer a sociedade conhecer melhor o valor do carbono azul. Ela defende que com o desenvolvimento do mercado de carbono, populações que vivam e contribuam para a conservação desses ecossistemas devem ser beneficiadas pelos recursos gerados.

“As comunidades mais afetadas pela atividade poluidora são as que mais precisam ser beneficiadas pelos recursos de pagamento de soluções ambientais e do crédito de carbono”, diz Laís Oliveira.

Ela cita como exemplo o projeto Uçá, da Guardiões do Mar. Uçá é um tipo de caranguejo encontrado nos manguezais: “tem um mecanismo de pagamento de serviços ambientais que beneficia diretamente a comunidade que faz o recolhimento de lixo das áreas de mangue da Baia de Guanabara”.

Filho de pescadores, o fundador da ONG Guardiões do Mar, Pedro Belga, reforça a importância de recursos do mercado de carbono chegarem a comunidades tradicionais, como quilombolas, agricultores familiares, catadores de caranguejos, quebradeiras de coco, caiçaras e marisqueiros, entre outros.

“Eles são quem vivem no ambiente e do ambiente, daquele extrativismo no local. É uma tendência: os povos tradicionais estão se organizando; fóruns estão sendo criados. A Confrem é um exemplo disso, para discutir esse mercado, que precisa chegar nessas pontas”, afirma Pedro, se referindo à Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas, Povos e Comunidades Tradicionais Extrativistas Costeiras e Marinha (Confrem).

O fundador da Guardiões do Mar critica a prática do greenwashing, termo em inglês utilizado para expressar a prática enganosa de empresas que propagam iniciativas “verdes”, porém sem ações efetivas.

“Essas empresas precisam iniciar um processo de descarbonização, não é só comprar o crédito. É preciso descarbonizar gradualmente”, sugere.
 


Magé (RJ), 15/10/2024 - Caranguejo aratu-vermelho (Goniopsis cruentata) em manguezal na Piedade banhado pelo Rio Majé, que desagua na Baía de Guanabara. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Magé (RJ), 15/10/2024 - Caranguejo aratu-vermelho (Goniopsis cruentata) em manguezal na Piedade banhado pelo Rio Majé, que desagua na Baía de Guanabara. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Magé (RJ) – O caranguejo aratu-vermelho (Goniopsis cruentata) em manguezal na Piedade banhado pelo Rio Majé, que desagua na Baía de Guanabara – Fernando Frazão/Agência Brasil

Regulamentação

Para a pesquisadora Laís, a divulgação do valor financeiro do estoque de carbono nos manguezais brasileiros funciona também como uma forma de fazer pressão pela regulamentação do mercado de carbono no país:

“É um estímulo. Acho que o Brasil está um pouco atrasado. A gente tem que fazer pressão.”

A regulamentação do mercado de carbono no país tramita no Congresso Nacional. O Projeto de Lei 182/2024 institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). A matéria já passou pela Câmara dos Deputados, onde foi aprovada em 2023.

“Se a gente conseguir chegar nisso é bom, porque gera uma obrigação legal de compensação desses poluidores, enquanto no mercado voluntário não tem essa obrigação. E também, comparando com outros países que já têm mercado regulado, o valor estipulado para o crédito de carbono é sempre mais alto que no mercado voluntário”, observa Laís.

Berçários marinhos


Magé (RJ), 16/10/2024 - A ocenógrafa Liziane Alberti, especialista em conservação da biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, com a Baía de Guanabara ao fundo. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Magé (RJ), 16/10/2024 - A ocenógrafa Liziane Alberti, especialista em conservação da biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, com a Baía de Guanabara ao fundo. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Magé (RJ) – A ocenógrafa Liziane Alberti, especialista em conservação da biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, com a Baía de Guanabara ao fundo – Fernando Frazão/Agência Brasil

A oceanógrafa Liziane Alberti, especialista em conservação da biodiversidade na Fundação Grupo Boticário, apresenta outros fatores que evidenciam os manguezais como “heróis da conservação”. Segundo ela, o ecossistema atua como berçário da vida marinha.

“Cerca de 80% das espécies de peixes, crustáceos e moluscos dependem desse ambiente em alguma fase de vida”, assinala.

“Funcionam também como escudos naturais, protegendo da erosão, da tempestade e do aumento do nível do mar. Também atuam como filtros poderosos, purificando e absorvendo poluentes e contribuindo para a qualidade da água”, acrescentou Liziane à Agência Brasil, durante uma imersão em área de manguezais na Praia de Piedade, em Magé.

O levantamento da Cazul indica que o Brasil já perdeu 25% da vegetação original dos manguezais, sendo que 60% das perdas foram ocasionadas por ações humanas.

As principais ameaças para o ecossistema são o desmatamento para extração de carvão vegetal e madeira; desenvolvimento urbano, como construções indevidas; produção de alimentos como arroz, palma e camarão; pesca predatória, sem respeito ao período de defeso das espécies; poluição (resíduos químicos, agrotóxicos, derramamento de óleo, lixo e esgoto); e aumento do nível do mar, que diminui as áreas com condições propícias à sobrevivência dos manguezais.

No começo de 2024, o BNDES lançou um fundo para incentivar a conservação de manguezais brasileiros, com investimentos próximos de R$ 50 milhões.

*Repórter e fotógrafo da Agência Brasil viajaram a convite da Fundação Grupo Boticário
 




Leia Mais: Agência Brasil



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Vinicius Junior eleito o melhor da Copa Intercontinental – 18/12/2024 – Esporte

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Vinicius Junior eleito o melhor da Copa Intercontinental - 18/12/2024 - Esporte

Campeão da Copa Intercontinental com o Real Madrid, Vinicius Junior foi eleito o melhor jogador do torneio.

O atacante da seleção brasileira, eleito na véspera o melhor do mundo pela Fifa (Federação Internacional de Futebol), teve participação importante no gol que abriu o placar na final do torneio contra o Pachuca, iniciando a jogada pela ponta esquerda que resultou no gol de Mbappé.

Ele também fez o terceiro, de pênalti, após falta dentro da área em cima de Lucas Vázquez.

Valverde, do Real Madrid, foi eleito o segundo melhor do torneio, e Montiel, do Pachuca, o terceiro.

“Pouco a pouco fomos assumindo o controle da partida. Há diferença de qualidade [entre as equipes], mas precisamos mostrar atitude. Terminamos bem e merecemos a vitória”, afirmou o técnico Carlo Ancelotti.

“Temos um timaço e estamos muito contentes”, disse Rodrygo, acrescentando que já está totalmente recuperado após sofrer uma lesão muscular na perna direita, no fim de outubro. “Se estou bem fisicamente, posso ajudar de várias formas.”



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MPT resgata no Rock in Rio 14 trabalhadores em situação de escravidão

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MPT resgata no Rock in Rio 14 trabalhadores em situação de escravidão

Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil

O Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) e a Auditoria Fiscal do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), informaram nesta quarta-feira (18) que resgataram 14 trabalhadores em condições análogas às de escravo de uma empresa de carregamento de equipamentos que prestava serviço para a produção do Rock in Rio 2024.

Na madrugada do dia 22 de setembro, uma força-tarefa de auditores fiscais e procuradores do Trabalho inspecionou as instalações do evento e encontrou os 14 funcionários dormindo em condições degradantes sobre papelões, sacos plásticos e lonas. As vítimas trabalhavam como carregadores dos mais diversos objetos, como grades, bebidas, barricadas, brindes e estruturas metálicas, atuando na montagem e limpeza de alguns espaços.

Segundo o MPT, os trabalhadores foram contratados com a promessa deo receber diárias que variavam entre R$ 90 e R$ 150, a depender do número de horas trabalhadas. Muitos dos empregados dobravam jornadas por dias seguidos na expectativa de aumento de ganhos, chegando a trabalhar por 21 horas em um dia e voltando a trabalhar após 3 horas de descanso. Apesar da promessa de remuneração, os valores não foram pagos integralmente, constatou o MPT.

A ação foi realizada a partir dos indícios de que trabalhadores da empresa contratada pela organizadora do evento estavam pernoitando no escritório da empresa no interior do festival, na Arena de Tênis do Parque Olímpico, e realizando jornadas em sequência.

Algumas das trabalhadoras resgatadas informaram que tomavam banho de caneca no banheiro feminino e tiravam a maçaneta da porta do sanitário para que os homens não entrassem no local.

Os trabalhadores disseram que permaneciam no local após o término das escalas durante a madrugada para dobrarem, ou seja, para iniciarem novas jornadas na manhã do mesmo dia e após já terem trabalhado por mais de 12 horas. Há relatos de funcionários que trabalhavam por dias seguidos sem ir para casa ou com intervalos de três horas entre as jornadas, trabalhando das 8h às 5h e reiniciando o trabalho às 8h na mesma manhã.

A equipe verificou o banheiro e constatou que o local estava muito sujo, com diversas roupas penduradas e com urina no chão, entre outras irregularidades.

Foi constatado o trabalho análogo à escravidão em decorrência das condições degradantes do alojamento, da jornada exaustiva e de trabalho forçado, diz o MPT. 

A Auditoria-Fiscal do Trabalho lavrou 21 autos de infração punindo a empresa contratada e 11 autos de infração em relação à realizadora do evento, Rock World S.A., que foi responsabilizada diretamente pelo trabalho análogo à escravidão, em razão da negligência na fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista por parte da empresa contratada.

A fiscalização também emitiu guias de seguro-desemprego pelas quais os trabalhadores podem receber três parcelas de um salário mínimo cada.

O procurador do Trabalho Thiago Gurjão disse que após sucessivas audiências, as empresas não quiseram firmar termo de ajustamento de conduta (TAC) junto ao MPT/RJ. Ele informou que o MPT irá adotar medidas cabíveis para impedir que as irregularidades constatadas voltem a ocorrer, e também para garantir a necessária indenização por danos morais individuais às vítimas, além de indenização por danos morais coletivos.

O MPT requisitou informações à empresa que emitiu o certificado de “evento sustentável” para o Rock in Rio, e cobrou quais providências serão adotadas a partir da constatação de trabalho escravo na edição de 2024. O MPT também questionou as empresas apoiadoras do evento para que informem quais medidas serão adotadas, considerando o possível uso de trabalho escravo na divulgação de suas marcas, inclusive na montagem de estandes, painéis e placas de anúncios.

Segundo o auditor-fiscal do Trabalho Raul Capparelli, o resgate de trabalhadores não é inédito no Rock in Rio. No evento de 2013, 93 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão em uma empresa do ramo de fast food. Na edição de 2015, foram resgatados 17 trabalhadores, também de empresa que atuava com alimentação. 

Este ano, a empresa que organiza e produz o Rock in Rio foi considerada diretamente responsável pela exploração do trabalho em condições análogas às de escravo, pois os trabalhadores atuavam diretamente na produção do evento como carregadores.

“A gente recebe muitas denúncias de matéria trabalhista, sobretudo no pré-evento, quando a estrutura está sendo montada. Já em algumas edições a gente percebeu a recorrência do recebimento de denúncias de trabalhadores, há também fraudes trabalhistas, trabalhadores sem carteira assinada, e contratos de pessoa física como empresa ou microempreendedor. As irregularidades se repetem. A gente quase não vê avanço”, disse Isabel Maul, vice-procuradora chefe do MPT-RJ.

Nota do Rock in Rio

A Rock World, empresa organizadora do Rock in Rio, declarou enorme estranhamento à divulgação do Ministério Público de fatos tão graves que sequer foram julgados. 

“Tais acusações ainda precisam ser esclarecidas para que, dessa forma, medidas cabíveis possam ser tomadas. A Rock World repudia qualquer forma de trabalho que não siga as regras de respeito ao trabalhador. Destaca também o compromisso em instruir todas as empresas terceirizadas e fornecedores a realizarem os processos de contratação dentro da legislação brasileira. Por fim, informa que atua de forma transparente e que integrantes do Ministério Público do Trabalho acompanharam todas as etapas de contratação”, diz a nota.

O comunicado informa que ao longo de 24 edições, 300 mil empregos diretos e indiretos foram criados e milhares de pessoas fora da Cidade do Rock foram beneficiadas por meio dos projetos sociais que o festival apoia, “reafirmando os valores de pluralidade, comunidade, sustentabilidade e seu compromisso com a construção de um mundo melhor para todos”.

“Apenas na última edição do Rock in Rio de 2024, foram gerados mais de 32 mil postos de trabalho. Tais contratações foram distribuídas por 160 projetos de marcas e mais de 320 projetos de fornecedores, todos realizados e apresentados em mais de 30 mil documentos apresentados e analisados pelos órgãos competentes”, finaliza a nota.



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Southampton x Liverpool: quartas de final da Carabao Cup – ao vivo | Copa Carabão

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Southampton x Liverpool: quartas de final da Carabao Cup – ao vivo | Copa Carabão

Scott Murray

Principais eventos

Aqui está um lembrete do que exatamente aconteceu quando esses dois equipes clubes se reuniram no mês passado…

… e foi assim que as coisas aconteceram na última vez que se enfrentaram na Taça da Liga, nas meias-finais de 2017. Apresenta uma escandalosa defesa de Fraser Forster aos 54 minutos de, er, Fraser Forster.

O Saints faz três mudanças após o desastre do Spurs. James Bree, Nathan Wood e Cameron Archer estão dentro, substituindo o trio ausente de Kyle Walker-Peters, Kamaldeen Sulemana e Adam Armstrong.

O Liverpool faz oito alterações após o empate com o Fulham. Entraram Caoimhín Kelleher, Wataru Endō, Jarell Quansah, Tyler Morton, Alexis Mac Allister, Harvey Elliott, Darwin Núñez e, estreando no clube, o emocionante meio-campista de 17 anos, Trey Nyoni. Eles substituem Alisson, Virgil van Dijk, Andrew Robertson, Dominik Szoboszlai, Curtis Jones, Ryan Gravenberch, Luis Díaz e Mohamed Salah, que permaneceram em casa.

As equipes

Southampton: McCarthy, Harwood-Bellis, Bednarek, Wood, Bree, Downes, Fernandes, Aribo, Manning, Dibling, Archer.
Subs: Lumley, Edwards, Sugawara, Lallana, Fraser, Amo-Ameyaw, Onuachu, Sulemana, Brereton Diaz.

Liverpool: Kelleher, Quansah, Gomez, Endo, Alexander-Arnold, Morton, Mac Allister, Nyoni, Elliott, Gakpo, Nunez.
Subs: Jaros, Chiesa, Jota, Tsimikas, McConnell, Nallo, Norris, Danns, Ngumoha.

Árbitro: Simon Hooper (Wiltshire).

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Atualizado em 19h18 GMT



Preâmbulo

É difícil saber o que esperar aqui esta noite. Southampton estão saindo de sua especial contra o Spurs e acabaram de demitir seu técnico; O altíssimo Liverpool perdeu preciosos pontos na Premier League em casa contra o Fulham no fim de semana, mas ainda recebeu muitos elogios por sua coragem de dez jogadores. Por outro lado, o Saints deu ao Liverpool uma boa corrida pelo seu dinheiro aqui na liga no mês passado, e na última vez que este jogo foi disputado, terminou empatado em 4-4. Acrescente uma série de possíveis mudanças na Copa da Liga por parte de ambas as equipes, além do fato de que há uma participação nas semifinais em jogo, e boa sorte em prever o que acontecerá aqui. Direto para os pênaltis se não houver vencedor no tempo regulamentar, lembre-se. O pontapé inicial é às 20h GMT. Está ligado!



Leia Mais: The Guardian

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