POLÍTICA
Marcos Pontes engrossa lista dos que tentam declar…

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2 meses atrásem
Bruno Caniato
Ao lançar-se candidato “independente” à presidência do Senado, Marcos Pontes (PL-SP) embarcou na mais turbulenta missão de sua carreira. O foguete do astronauta colidiu contra o seu principal fiador na política: o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o acomodou por quatro anos como ministro da Ciência e Tecnologia e apadrinhou a sua vitória nas urnas em 2022, quando foi o senador mais votado do país. O voo solo do discípulo foi visto como severa traição pelo capitão e rendeu uma bronca pública. “Eu elegi você em São Paulo, e esse é o meu pagamento?”, disparou. A iniciativa também desagradou à cúpula do PL, que, como o ex-presidente, fechou acordo com Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) em troca de cargo na Mesa e no comando de comissões. “Qualquer candidatura é legítima, mas não se chega à Lua sozinho”, ironiza Carlos Portinho, líder da sigla no Senado. A afronta irritou demais o ex-presidente por um motivo adicional: Pontes foi mais um na crescente lista de pessoas que desafiam sua liderança na direita.
A vitória em 2018 e o bom desempenho em 2022 deram a Bolsonaro a sensação de que seria incontestável em seu campo ideológico. Tudo começou a mudar na eleição para prefeito de São Paulo, quando a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na disputa balançou o bolsonarismo. A despeito das declarações do ex-presidente de apoio a Ricardo Nunes (MDB), uma fatia considerável do seu eleitorado migrou para Marçal. O episódio incomodou Bolsonaro, que passou a ver com desconfiança outros nomes que ameaçam a sua pretensão eleitoral (veja o quadro).
A lista pode aumentar porque, a cada dia, Bolsonaro está mais distante de ter seu nome nas urnas em 2026. Inelegível, tenta reverter a situação, mas tanto os seus recursos na Justiça quanto a sonhada anistia no Congresso parecem difíceis. Além disso, pode ser denunciado ao STF por conta de sua participação em um plano de golpe de Estado. Sem a perspectiva de poder, ele abre cada vez mais flancos dentro do seu campo. “Bolsonaro ainda é reconhecido como o político que conquistou amplo terreno para a direita avançar, mas começa a se dar conta de que não é o único beneficiado por esse crescimento”, avalia o cientista político Claudio Couto, da FGV. Além dos nomes que incomodaram claramente o ex-presidente, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, Pablo Marçal e o cantor sertanejo Gusttavo Lima — estes três últimos candidatos ao Planalto —, há governadores alinhados ao bolsonarismo, como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Jr. (Paraná), que podem estar esperando o melhor momento para declarar independência.
O problema tende a se agravar porque Bolsonaro não dá sinais de que jogará a toalha e indicará um sucessor. Quando o fizer, provavelmente será para apontar alguém da família, como o filho Eduardo ou a esposa, Michelle. “Bolsonaro só considera candidato quem é parente”, disparou Marçal. Mesmo com o patriarca enfraquecido, a família mantém ampla influência sobre o eleitorado conservador e, no caso de Michelle, bons números em pesquisas. “A cúpula do PL mantém o discurso oficial de apoio a Jair, mas não há garantia de que vão manter essa postura se a situação judicial dele se agravar”, avalia José Álvaro Moisés, professor de ciência política na USP.
Há um outro fator relevante no horizonte, vindo do outro lado do espectro ideológico. A queda de popularidade de Lula, em seu pior momento no terceiro mandato, deve ampliar a percepção de que ele pode ser derrotado. Quanto mais crescer a perspectiva de vitória da direita, maior será a fila de dispostos a arriscar um voo solo — com mais chances de sucesso que a última missão do astronauta Marcos Pontes.
Publicado em VEJA de 31 de janeiro de 2025, edição nº 2929
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Bolsonaro posta foto em hospital no RN e diz que n…

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11 de abril de 2025
Nicholas Shores
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) postou uma foto no X em que aparece em um leito no Hospital Rio Grande, em Natal, onde foi internado às pressas depois de sentir “fortes dores abdominais” durante uma agenda no interior do Rio Grande do Norte nesta sexta-feira.
“Meu quadro está estável e sigo me recuperando, sem febre e com boa evolução clínica. A última informação que temos é de que, por enquanto, não há necessidade de uma nova cirurgia”, afirmou Bolsonaro.
Segundo ele, a causa das dores foi uma “complicação no intestino delgado”, que seria consequência das várias cirurgias a que precisou se submeter depois de sofrer uma facada durante a campanha eleitoral de 2018, em Juiz de Fora (MG).
Bolsonaro agradeceu “de coração” aos médicos e enfermeiros dos hospitais de Santa Cruz e de Natal por terem-no atendido “com rapidez, dedicação e competência”, e a eficiência no transporte de helicóptero do interior pela capital realizado pela Polícia Militar do Rio Grande do Norte, por autorização da governadora Fátima Bezerra (PT).
“Momentos assim nos lembram da fragilidade da carne e da fortaleza que vem da fé, da família e daqueles que permanecem ao nosso lado, mesmo à distância. Com a ajuda dos médicos e a proteção de Deus, em breve estarei de volta, pronto para retomar minha missão de percorrer as cinco regiões do Brasil”, disse o ex-presidente.
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‘Millennials não têm noção do que é uma ditadura’…

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11 de abril de 2025
Matheus Leitão
A ministra Maria Elizabeth Rocha, presidente do Superior Tribunal Militar, tem uma história única e que não será repetida na Justiça Militar nos próximos 217 anos, tempo de existência do STM.
Primeira mulher a dirigir a corte, ela se define como feminista e é casada com o general Romeu Costa Ribeiro Bastos que viu sua família ser dilacerada pelos horrores da ditadura.
O irmão do militar de alta patente, Paulo Costa Ribeiro Bastos, é um dos quase nove mil desaparecidos políticos (número que contempla os indígenas assassinados pelo regime) brasileiros.
Nesta sexta, 11, publico entrevista com a magistrada nas Páginas Amarelas, de VEJA, na qual Maria Elizabeth Rocha afirma que Jair Bolsonaro pode perder a patente e o salário de capitão do Exército por conta da trama golpista. Ela também diz que está preparada para enfrentar pressões na hora de julgar militares, e não só o ex-presidente, mas os generais envolvidos na tentativa de acabar com o estado democrático de direito.
Maria Elizabeth Rocha tratou também da morte do irmão do seu marido ao receber a coluna. Leia abaixo o desabafo da ministra sobre como a ditadura militar afetou sua família.
Seu marido, general, tem um irmão desaparecido político, história que tem toques de ineditismo nas Forças Armadas. A senhora poderia falar sobre o assunto?
Dentro da minha própria casa, a despeito de ser casada com um militar que chegou ao posto de general e também de ser nora de um general que eu não cheguei a conhecer, vi as mazelas que uma ditadura pode causar. E digo que uma ditadura não escolhe suas vítimas. É o jornalista, o filho do general, o próprio militar. Se nós pensarmos bem, muitos militares foram perseguidos. O comunismo nasceu com [Luiz Carlos] Prestes, dentro das forças armadas. Meu marido é um homem que sofre com as dores do desaparecimento do irmão, minha cunhada também. O meu sogro morreu quando realmente se deu conta de que o Paulo [Costa Ribeiro Bastos] havia sido assassinado. Teve um AVC, ficou na cama e não se levantou. Esses millennials não têm a noção do que é um regime ditatorial, do que é ser perseguido pelo Estado, do que é ter sua casa invadida por policiais, do que é ter parentes sequestrados, desaparecidos, do que é ter medo de dizer aquilo que você pensa porque você pode ser castigado. É assustador.
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A polêmica trajetória de Glauber Braga que o preju…

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11 de abril de 2025
Valentina Rocha
O deputado federal Glauber Braga (PSOL) recebeu mais uma vez, na manhã desta sexta-feira, 11, a visita do filho Hugo, de 3 anos, no Plenário 5 da Câmara dos Deputados, onde está dormindo no chão e em greve de fome desde a última terça-feira, 8.
Na última quarta-feira, o deputado teve a cassação do mandato aprovada pelo Conselho de Ética por 13 votos a 5. Glauber é acusado pelo Partido Novo de ter expulsado um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) do Congresso Nacional com empurrões e chutes, em abril de 2024.
A trajetória do deputado, que também recebeu visitas de líderes religiosos, é marcada por episódios polêmicos. Durante o julgamento da cassação, Glauber chamou Arthur Lira, ex-presidente da Câmara dos Deputados, de “bandido” por diversas vezes. Ele chegou a declarar no plenário que Lira usava o Conselho de Ética para o intimidá-lo.
Em 2021, ele foi um dos sete parlamentares, o único de esquerda, a votar contra a cassação do mandato da então deputada federal Flordelis, à época acusada de mandar matar o marido. Na ocasião, Glauber chegou a se defender nas redes sociais e justificou: “Achei que seria incoerência minha cassar o mandato antes do julgamento”. Posteriormente, ela foi condenada a mais de 50 anos de prisão.
Esta não foi a primeira vez que Glauber confrontou um presidente da Câmara. Durante o discurso contra o julgamento de impeachment da ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT), ele atacou Eduardo Cunha:“Você é um gângster. O que dá sustentação à sua cadeira cheira a enxofre”, disparou o deputado.
O parlamentar do PSOL também foi um dos que se posicionaram contra o apoio de seu partido a Lula durante as eleições presidenciais.
A cassação
Ainda há a possibilidade de recorrer da decisão do Conselho de Ética na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se isso ocorrer, para que a cassação seja efetivada, serão necessários 257 votos. A decisão pode tornar o deputado inelegível até 2035. A ex-senadora Heloísa Helena (Rede-RJ) assumiria o posto.
Outros Protestos
Esta não é a primeira vez que um deputado se instala no plenário como forma de protesto. Em 2022, o ex-deputado Daniel Silveira dormiu na Câmara dos Deputados após a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), da instalação de tornozeleira eletrônica, em resposta a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) após divulgar um vídeo com ameaças a integrantes do STF.
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