Por volta das 19h30 de quarta (13), um carro explodiu em um dos estacionamentos da Câmara dos Deputados, em Brasília. Pouco depois, a algumas centenas de metros dali, o dono do veículo, Francisco Wanderley Luiz, 59, chegou à frente da sede do Supremo Tribunal Federal munido de explosivos.
Aproximou-se da estátua da Justiça, sobre a qual jogou o que parecia ser um pano ou vestimenta. Abordado por um segurança, recuou e arremessou ao menos dois artefatos em direção ao STF. Enquanto outros agentes se aproximavam, deitou-se no chão e detonou uma bomba sobre o próprio corpo, morrendo ali.
Até onde se sabe, Luiz havia se mudado de Rio do Sul (SC) para o Distrito Federal cerca de três meses antes. Na cidade catarinense, candidatara-se sem sucesso a vereador em 2020 pelo PL, partido ao qual depois se filiaria o então presidente Jair Bolsonaro.
No período em que morou na Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, foi frequentador assíduo da praça dos Três Poderes, adjacente a STF, Congresso e Palácio do Planalto, segundo a locadora do imóvel em que vivia —onde se encontraram mais bombas, bem como em outros locais da praça.
Segundo sua ex-mulher, seu plano era matar o ministro Alexandre de Moraes. Em uma rede social, ameaçou “comunistas”, entre os quais incluiu os ex-presidentes José Sarney (MDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
O deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC) relatou conhecer Luiz, tê-lo recebido em seu gabinete e ficado com a impressão de que ele apresentava severos transtornos mentais.
Dados os acontecimentos, a observação do parlamentar catarinense soa de fato plausível. Os fatos conhecidos até aqui, ademais, não sugerem que o suicida tenha contado com uma rede organizada de apoio a seu ato tresloucado —o que não deixa de ser motivo de algum alívio.
Por mais tacanha que tenha sido a investida extremista, contudo, tratou-se de um crime evidentemente premeditado por parte de um indivíduo com certo acesso a canais da política. Não é improvável que ele pretendesse servir de exemplo para outros.
Como é óbvio, as motivações do atentado vão além de devaneios de uma mente perturbada. Palavras e atitudes do perpetrador evocam a intolerância agressiva ao pensamento divergente e às instituições do Estado democrático de Direito há muito semeada pelo bolsonarismo radical —e também responsável pela invasão de celerados às sedes dos Poderes em 8 de janeiro de 2023.
O ensaio terrorista, além de apuração exaustiva, merece de autoridades e lideranças políticas tratamento responsável, nem pusilânime nem abusivo.
Das forças à direita, em particular, que mostraram vigor nas eleições municipais deste ano, espera-se que meçam as consequências de se associarem a teses populistas e truculentas que descambam para a pregação antidemocrática e a violência.
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