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Morreu Angel Vianna, grande referência da dança do Brasil
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Agência Brasil
A bailarina, coreógrafa e pesquisadora mineira Angel Vianna morreu neste domingo (1º), aos 96 anos. A morte da artista, uma referência da dança no Brasil, foi comunicada em postagens da Angel Vianna Escola e Faculdade de Dança, com sede no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.
“Com imenso pesar, comunicamos o falecimento da nossa querida Mestra Angel Vianna. Com serenidade ela nos deixou repletos da sua luz e sabedoria. Para sempre Angel!”, diz a nota.
Na nota de falecimento, que não informa sobre a causa da morte, a família informa que fez neste domingo uma cerimônia íntima, em São Paulo, e que, em breve, vai divulgar detalhes sobre a missa de 7º dia no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
A formação acadêmica e artística em ballet clássico de Maria Ângela Abras Vianna foi no Ballet de Minas Gerais, com o professor Carlos Leite; em artes plásticas, na Escola de Belas Artes de Belo Horizonte, e em música com o maestro Francisco Masferrer.
O trabalho pedagógico com dança começou ao fundar com o marido Klauss Vianna a Escola de Dança Klauss Vianna, onde foi criado o Balé Klauss Vianna. “Onde também era solista em peças coreografadas pelo próprio companheiro, sempre em busca de um novo balé com características brasileiras”.
Em 1999, recebeu do então presidente Fernando Henrique Cardoso, o Diploma de Admissão na Ordem do Mérito da Cultura, na Classe de Cavaleiro, por suas relevantes contribuições à cultura brasileira. Um outro título relevante foi em 2014, quando Angel Vianna recebeu da presidente Dilma Roussef, a Comenda Máxima Grand Cru, da Ordem ao Mérito Cultural. Além desses, em 2019, recebeu o Título de Cidadã Honorária da Cidade do Rio de Janeiro.
Na área de educação de ensino superior foi professora do corpo docente da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia de 1963 a 1964; foi titular da Cadeira de Expressão Corporal do Curso em Musicoterapia do Conservatório Brasileiro de Música; e da Cadeira de Expressão Corporal (Educação Física) do Curso de Educação Artística com habilitação em Música.
Com a sua extensa carreira em educação foi também professora da disciplina Educação Artística/Expressão Corporal do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu, com especialização em Educação, uma promoção do governo do Amapá em convênio com o Instituto de Estudos Avançados em Educação (Iesae) da Fundação Getulio Vargas.
“Angel é por todos os motivos a Grande Dama da Dança Nacional, a responsável por um celeiro formador de profissionais com intensa”, diz texto publicado no site da Angel Vianna Escola e Faculdade de Dança.
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A ameaça tarifária de Trump é justificada? – DW – 12/02/2024
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2 de dezembro de 2024Por que os BRICS querem desafiar o dólar americano?
O BRICS nações – nomeadas em homenagem aos membros originais Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — estão entre as economias de rápido crescimento no século XXI. Estão empenhados em reduzir a sua dependência do dólar americano, a moeda de reserva mundial, utilizada por quase 80% da economia global. troca.
A maioria dos economistas concorda que o sistema financeiro dominado pelo dólar dá ao Estados Unidos grandes vantagens económicas, incluindo custos de financiamento mais baixos, a capacidade de sustentar défices fiscais maiores e a estabilidade da taxa de câmbio, entre outras.
O dólar é a principal moeda utilizada para precificar mercadorias como o petróleo e o ouro e a sua estabilidade significa que os investidores recorrem frequentemente ao dólar em tempos de incerteza.
Washington também beneficia da enorme influência geopolítica da chamada dolarização, incluindo a capacidade de impor sanções a outras nações e restringir o seu acesso ao comércio e ao capital.
As nações do BRICS, que se expandiram recentemente para incluir o Irão, o Egipto, EtiópiaOs EUA e os Emirados Árabes Unidos acusaram Washington de “armar” o dólar, alavancando a moeda para que os rivais operem dentro de um quadro definido pelos interesses dos EUA.
As discussões sobre uma nova moeda conjunta ganharam força depois que os EUA e União Europeia impôs sanções à Rússia durante seu ano de 2022 invasão em grande escala da Ucrâniaem meio a preocupações de que outras nações do BRICS poderiam ser alvo de desavença com o Ocidente.
Como se desenvolveu o plano monetário do BRICS?
A criação de uma moeda BRICS foi discutida pela primeira vez pouco depois da crise financeira de 2008/9, quando um boom imobiliário nos EUA e regulamentações deficientes quase colapsaram todo o sistema bancário global.
Na cimeira dos BRICS do ano passado, na África do Sul, o bloco concordou em estudar a possibilidade de criar uma moeda comum para minimizar a exposição aos riscos relacionados com o dólar, embora os líderes dos BRICS tenham notado que provavelmente levaria muitos anos para se concretizar.
Presidente russo Vladímir Putin foi mais longe durante o mais recente Cúpula do BRICS em Kasan em Outubro, propondo um sistema de pagamentos internacionais baseado em blockchain, concebido para contornar as sanções ocidentais.
Houve pouco entusiasmo pelo plano de Putin, mas os líderes dos BRICS concordaram em facilitar mais o comércio em moedas locais, reduzindo a sua dependência do dólar.
Putin e seu homólogo brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva são os mais fortes defensores da nova moeda. Embora a China não tenha expressado explicitamente uma opinião, Pequim apoiou iniciativas para reduzir a dependência do dólar. A Índia, por sua vez, é muito mais cautelosa quanto à ideia.
Quão viável é uma moeda comum?
Uma nova moeda conjunta seria um enorme empreendimento para as nações do BRICS, repleta de muitas complexidades devido aos diferentes sistemas políticos e económicos dentro dos nove actuais membros. Os estados BRICS encontram-se em fases variadas de desenvolvimento económico e têm taxas de crescimento muito diferentes.
A China, por exemplo, é um Estado autoritário, mas é responsável por cerca de 70% do produto interno bruto (PIB) total do bloco, com 17,8 biliões de dólares (17 biliões de euros). A China regista um excedente comercial e mantém uma grande quantidade de dólares para apoiar a sua competitividade como grande exportador. A Índia, por outro lado, regista um défice comercial, é a maior democracia do mundo e a sua economia vale 3,7 biliões de dólares.
O domínio da China nos BRICS criaria um enorme desequilíbrio que a tornaria complicado para Nova Deli chegar a acordo sobre um quadro para a nova moeda que não ofuscasse os seus interesses nacionais. As disparidades entre outros membros do BRICS também poderão estimular a resistência a uma moeda partilhada.
Líderes do BRICS discutem alternativa ao dólar
Também é improvável que os membros do BRICS queiram eventualmente avançar para uma moeda totalmente negociada como o dólar ou o euro. O euro demorou mais de 40 anos, desde 1959, quando foi debatido pela primeira vez, até 2002, quando as suas notas e moedas se tornaram moeda legal em 12 países da UE, mais tarde em 20 estados.
A opção mais provável seria a criação de uma moeda conjunta utilizada exclusivamente para o comércio, avaliada com base num cabaz de moedas e/ou mercadorias como o ouro ou o petróleo.
A moeda dos BRICS poderia funcionar de forma semelhante aos Direitos Especiais de Saque (DSE) do Fundo Monetário Internacional (FMI). O SDR é um ativo financeiro internacional, avaliado às taxas de câmbio diárias do dólar, euro, yuan, iene e libra. Alguns proponentes sugeriram que qualquer alternativa ao BRICS poderia ser uma moeda digital.
A ameaça tarifária de 100% de Trump é muito prematura?
Trump escreveu no Truth Social Saturday que quando regressar à Casa Branca em Janeiro, “exigirá um compromisso” dos países BRICS de que “não criem uma nova moeda BRICS nem apoiem qualquer outra moeda para substituir o poderoso dólar americano”.
O Presidente eleito poderá, no entanto, estar a precipitar-se um pouco porque a proposta monetária registou poucos progressos, apesar da retórica dos líderes dos BRICS.
Na verdade, na segunda-feira (2 de Dezembro), o governo sul-africano insistiu que não havia planos para criar uma moeda dos BRICS, culpando os “recentes relatórios incorrectos” por espalharem uma narrativa falsa. Chrispin Phiri, porta-voz do Departamento de Relações Internacionais e Cooperação (DIRCO) do país, disse em comunicado publicado no X (antigo Twitter) que as discussões até agora se concentraram em impulsionar o comércio dentro do bloco usando moedas nacionais.
A ameaça de Trump poderá agora prejudicar os laços com as economias de crescimento mais rápido do mundo, que são alguns dos principais parceiros comerciais dos EUA. Também poderia desencadear a ameaça de medidas retaliatórias.
Somando-se às atuais ameaças de Trump de impor tarifas adicionais aos rivais dos Estados Unidos, incluindo a China, qualquer medida da sua administração poderá aumentar ainda mais a inflação, tanto a nível mundial como a nível interno, potencialmente abrandando o crescimento económico.
A decisão de dar prioridade ao dólar também marca uma mudança política em relação ao primeiro mandato de Trump, onde ele favoreceu um enfraquecimento da moeda para impulsionar as exportações dos EUA. A sua ameaça provocou um fortalecimento do dólar na segunda-feira e um enfraquecimento do ouro, juntamente com o yuan, a rupia e o rand.
O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse que uma tendência está ganhando força em relação ao dólar como moeda de reserva, dizendo que “cada vez mais países estão mudando para o uso de moedas nacionais em seu comércio e atividades econômicas estrangeiras”.
“(no comércio internacional)”, alertou.
Editado por: Uwe Hessler
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PEC das Praias volta à pauta do Senado, mas deve dividir atenções com a Reforma Tributária; veja perguntas e respostas
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2 de dezembro de 2024O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pautou a discussão da proposta de emenda à Constituição que prevê o fim da propriedade exclusiva da União sobre terrenos de marinha, conhecida como PEC das Praias para esta quarta-feira (leia perguntas e respostas abaixo).
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O tema, porém, terá que dividir as atenções com a regulamentação da Reforma Tributária, que pode ter o relatório entregue na mesma comissão nesta semana. Além disso, a polêmica em torna do tema, polarizado entre oposição e base governista, deve levar a entraves na pauta.
O PT e o governo devem pedir vista, ou seja, mais tempo para analisar a proposta, estendendo debate por pelo menos mais uma semana.
A proposta é relatada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O retorno da discussão na CCJ ocorre em meio a campanha de Alcolumbre para a eleição à presidência da Casa no próximo ano.
— Acho complicado pautar esse tema agora. A semana será sobre Reforma Tributária — disse o líder do União Brasil, Efraim Filho (União-PB).
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O texto prevê a transferência integral dos chamados terrenos de marinha aos atuais ocupantes, sejam particulares, ou de estados e municípios. Hoje, por compartilharem a propriedade desses terrenos com a União, que detém 17% do valor, os moradores dessas áreas pagam duas taxas para a União, chamadas de Foro e Laudêmio. O texto acaba com o pagamento desses impostos.
Em relatório divulgado em julho deste ano, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) acrescentou um parágrafo que garante a continuidade do acesso público e gratuito às praias. O trecho não estava no texto original e ambientalistas temiam que a transferência de propriedade dos terrenos próximos a faixa de areia pudesse levar à privatização de intervalos de areia.
“As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por legislação específica, não sendo permitida qualquer forma de utilização do solo que impeça ou dificulte o acesso da população às praias, nos termos do plano diretor dos respectivos municípios”, afirma trecho acrescentado pelo relator.
— Isso não impede o avanço da Reforma (Tributária). É um tema antigo e precisa de uma decisão do Parlamento. Proprietários de imóveis existentes na costa do Brasil deixarão de pagar essas taxas anuais e as pessoas mais pobres terão direito ao título definitivo de suas propriedades, podendo deixar de herança para seus filhos e netos. O governo é contra a PEC porque perde arrecadação — disse o senador.
A transferência de propriedade seria gratuita quando feita para habitações de interesse social, com população de baixa renda, e para estados e municípios. Para demais proprietários, a transferência seria paga, de acordo com padrões a serem estabelecidos pela União. Nas áreas não ocupadas, a propriedade continuaria sendo da União.
— A posição do governo é contra a proposta. Se aprovar uma proposta dessa, um país com as praias que tem, tem possibilidade de sombreamento das praias, comprometimento do meio ambiente — disse o líder interino do governo, Otto Alencar (PSD-BA).
O texto do relator ainda permite que ocupações não registradas em órgãos federais, ou seja, que não pagam impostos, também sejam regularizadas, desde que estejam ocupando o local por pelo menos cinco anos antes da aprovação da lei. Como uma adaptação do usucapião.
Ambientalistas argumentam que, sem a proteção da legislação federal uniforme para todo o país, pode haver o risco de grandes empreendimentos que ocupem áreas inteiras frente a trechos de praia, com possível degradação de biodiversidades, além de sombreamento excessivo nas faixas de areia. Os terrenos de marinha estão localizados em áreas ambientalmente frágeis, como mangues, restingas, campos de dunas e resquícios de Mata Atlântica.
O tema saiu da discussão política e mobilizou influenciadores e personalidades, como Luana Piovani e o jogador Neymar, que chegaram a bater boca e trocar ofensas pelas redes sociais. Flávio Bolsonaro foi às redes defender o texto e afirmou que a história sobre privatização era “narrativa da esquerda”. Com a volta do tema na agenda no Senado, Piovani voltou às redes sociais para repercutir a discussão, e pedir que a socidade “permaneça atenta” sobre o debate.
Á época, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, declarou que o Palácio do Planalto era contra a PEC. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também criticou o texto, e citou impactos ambientais que podem vir a partir da aprovação da medida, mas afirmou que o Congresso Nacional tem uma “dinâmica própria”.
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Entenda em 12 pontos a proposta no Senado.
O que dizem os defensores da PEC das Praias?
Defensores da proposta veem potencial de desenvolvimento econômico nas regiões e maior arrecadação para a União, que no ano passado recolheu R$ 1,1 bilhão relativo a taxas de 564 mil imóveis nessas áreas.
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O que dizem os críticos da PEC das Praias?
Já os críticos argumentam que, fora do guarda-chuva da Superintendência Patrimonial da União, aumentam as possibilidades de fechamento de acessos a praias, desmatamento e outros riscos ambientais.
— Esses terrenos, importantes pela proteção da biodiversidade, ficarão mais suscetíveis à especulação imobiliária — diz Juliana de Melo, professora de direito ambiental da Universidade Federal do Ceará.
O que determina a PEC das Praias?
A PEC determina que as regras incidam apenas sobre as áreas já ocupadas, e que as desocupadas sigam sob posse da União. O governo Lula se posicionou contra o projeto.
Veja perguntas e respostas sobre a PEC das Praias
O que prevê a PEC das Praias?
A transferência da posse integral dos terrenos de marinha — hoje compartilhada pela União e pelos proprietários dos imóveis — a seus ocupantes, sejam estados, municípios ou particulares.
Qual a principal justificativa dos defensores da PEC?
A regularização de imóveis pertencentes à União nos terrenos de marinha. Segundo Flávio Bolsonaro, relator da proposta, a intenção é “acabar com o pagamento de taxas absurdas”. Hoje, por compartilharem a propriedade desses terrenos com a União, que detém 17% do valor, os moradores dessas áreas pagam duas taxas para a União, chamadas de foro e laudêmio.
Moradores dos terrenos de marinha são considerados proprietários de imóveis?
Eles são juridicamente conhecidos como “enfiteutas”, o que garante o “direito de uso privativo e posse permanente daquele bem que na realidade pertence à União”. A propriedade permanece sendo, a rigor, da União, “porque a área de praia é fundamental para a segurança nacional”.
A PEC vai privatizar as praias?
O texto não trata de praias, que são bens públicos de uso comum do povo, com acesso livre ao mar garantido. Isso não mudaria na lei. No entanto, ambientalistas argumentam que, sem a proteção da legislação federal uniforme para todo o país, pode haver o risco de grandes empreendimentos que ocupem áreas inteiras frente a trechos de praia, conseguirem autorizações municipais para fechamento de acessos a praias ou de supressão de vegetação de restinga com maior facilidade. As leis urbanísticas não seriam alteradas, mas construtoras e redes hoteleiras passariam a ser as únicas proprietárias de terrenos nesse espaço, o que poderia no futuro garantir maiores permissões de intervenções.
Como aconteceria a venda dos terrenos?
A PEC diz que a transferência aconteceria mediante uma venda, mas não há detalhes. A negociação precisaria ser com a União. Segundo o texto, o poder público deverá tomar providências — como uma nova lei de regulamentação da PEC — em dois anos.
O morador será obrigado a comprar a parte federal?
O texto não deixa claro essa obrigação nem fala em prazos ou valor. Mas como a intenção é extinguir os terrenos de marinha, entende-se que moradores precisarão adquirir os 17% do terreno hoje pertencentes à União.
Estados e municípios também poderão ter a posse dos terrenos?
A PEC transfere os terrenos da marinha a estados e municípios, gratuitamente, onde eles já forem ocupantes, por exemplo, com equipamentos públicos.
Há necessidade de uma PEC para regularização fundiária desses terrenos?
Não. A regularização já é possível através da SPU, mas defensores do projeto dizem que a União não tem o devido controle e nunca registrou a totalidade dos imóveis em terrenos de marinha.
Como fica a situação de moradores de comunidades tradicionais ou de favelas em terrenos de marinha?
Segundo a PEC, moradores de áreas de habitação social terão a transferência dos terrenos de forma gratuita, mas não há detalhes do processo. Na SPU, não há informações precisas de quantas áreas de especial interesse social ficam em terrenos de marinha no Brasil. Por isso, críticos do projeto alertam para os riscos de insegurança jurídica e de remoção de moradores de favela ou de comunidades ribeirinhas tradicionais.
Quais são os principais riscos de impactos ambientais apontados?
Os terrenos de marinha estão localizados em áreas ambientalmente frágeis e relevantes, com uma rica biodiversidade, como mangues, restingas, campos de dunas e resquícios de Mata Atlântica. Portanto, se houver afrouxamento da proteção, por exemplo, com resorts como único proprietário de terrenos com restingas e dunas, impactos podem ser graves.
Quanto a União ganharia com transferência de terrenos?
Não há informações disponíveis sobre essa estimativa. Juristas alertam que é importante ter noção desses números antes de pautar o projeto, para se calcular o impacto diante da perda de arrecadação com as taxas.
Quantos imóveis em terrenos de marinha existem hoje no país?
Segundo o Ministério da Gestão e Inovação, há 564 mil imóveis registrados. O governo arrecadou, em 2023, R$ 1,1 bilhão com as taxas de foro e laudêmio. A pasta estima que o valor poderia ser cinco vezes maior, com um total de quase 3 milhões de construções nas áreas próximas ao mar, mas que não foram oficializadas. Hoje, 20% dos valores arrecadados são repassados para os municípios.
Regras atuais para os terrenos de Marinha
- Praia: É a praia como conhecemos, a faixa de areia, que continua sob domínio da união.
- Faixa de Segurança: Faixa de 30 metros a partir do final da praia (quando acaba areia) para dentro do continente. Dentro da faixa de segurança hoje é proibido um particular ter a propriedade plena de um terreno de marinha. Mas, se estiver fora da faixa de segurança, já é possível a aquisição junto à SPU sob determinadas condições.
- Terreno acrescido de Marinha: São porções de terras que também pertencem à União e anteriormente eram cobertas pelo mar ou eram mangues e canais que foram aterrados após a demarcação da Linha de Preamar Média (LPM), em 1831. Um exemplo é o Aterro do Flamengo.
- Terreno de Marinha: Área criada para proteção da soberania nacional na época do Império. É uma faixa de 33 metros para dentro do continente a partir da Linha de Preamar Média (LPM), que considera as marés máximas de 1831. Esse ano foi tomado como referência para dar segurança à demarcação, pois, considerando o avanço das marés ao longo dos anos, o Terreno de Marinha poderia aumentar cada vez mais. Além da costa, a faixa de 33 metros serve para margens de rios e lagos que sofrem influência do mar.
Como ficará se a PEC for aprovada
- O que acontece com quem já tem imóvel/propriedade em Terrenos de Marinha? Hoje 17% desse imóvel pertence à União. Com a PEC, o proprietário (seja particular, ou estados e municípios) fica autorizado a comprar a porcentagem restante e assim ter o domínio pleno do imóvel, deixando de pagar taxas de foro e laudêmio. O texto da PEC não deixa claro se o proprietário será obrigado a comprar, mas diz que haverá um prazo de dois anos para adoção de providências pelo poder público.
- O que acontece com moradores de favelas ou de áreas de baixa renda que ocupam esses terrenos? A PEC diz que haverá a transferência gratuita dos terrenos no caso das áreas de habitação de interesse social. Mas não dá detalhes sobre como será o processo.
- E os terrenos da Marinha hoje totalmente desocupados? Continuam com a União. A PEC estabelece um marco temporal e diz que o domínio pleno só será possível a quem ocupa os terrenos da Marinha na data da promulgação da PEC. A União mantém domínio em áreas não ocupadas e onde há serviço público ou unidades de conservação ambiental. O texto não menciona qualquer regra sobre acesso a praias, mas críticos alertam que, sem a proteção da União, aumenta o risco de privatização de acessos, a partir de leis municipais mais brandas.
A reportagem foi produzida com informações prestadas pelos especialistas:
- Vinicius Custodio, doutor em direito pela USP
- Juliana de Melo, professora de Direito Ambiental do Instituto de Ciências do Mar, da Universidade Federal do Ceará (LABOMAR/UFC)
- David Zee, oceanógrafo da UERJ
- Leticia Camargo, assessora técnica do Painel Mar
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Hoje faz 135 anos do nascimento de Anita Malfatti
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2 de dezembro de 2024 Agência Brasil
Neste 2 de dezembro celebra-se os 135 anos do nascimento de Anita Malfatti, uma das precursoras do modernismo brasileiro. Nascida em São Paulo, em 1889, fez na cidade sua primeira exposição individual, em 1914, mas ganhou projeção 3 anos depois, após uma crítica negativa feita pelo escritor Monteiro Lobato. O talento e a fama da artista foram consolidados no cenário artístico nacional por sua participação na Semana de Arte Moderna, em 1922.
Anitta morou na Alemanha e nos Estados Unidos, quando em 1915 estudou na Arts Students League of New York e na Independent School of Art. No Brasil, integrou o chamado Grupo dos Cinco, formado pelos colegas modernistas Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Menotti del Picchia. Entre suas obras mais conhecidas está a modernista O Homem Amarelo.
Pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora, participou do Salão Revolucionário, da Sociedade Pró-Arte Moderna, do Salão Paulista de Belas Artes e foi presidente do Sindicato de Artistas Plásticos de São Paulo, em 1942.
Ao longo da carreira, Anita migrou do modernismo para uma criação mais espontânea, pautada nos temas populares.
Morreu em 6 de novembro de 1964.
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