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OPINIÃO

Não há mais como Bolsonaro vencer como Trump venceu

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Sem um pé no sistema partidário, candidato não será como presidente dos EUA.

Em artigo publicado na última edição da Época, o jornalista americano Brian Winter, editor da revista Americas Quarterly, fez um aviso aos brasileiros: não subestimem Bolsonaro como os americanos subestimaram Trump.

Durante toda a campanha de 2016, os analistas políticos americanos apostaram que os mecanismos institucionais e as normas de civilidade tradicionais da política americana cedo ou tarde interromperiam a ascensão de Trump. Não funcionou.

O alerta é bem-vindo, e deve ser levado a sério. Mas o risco Bolsonaro mudou de cara na última semana. Não há mais como Bolsonaro vencer como Trump venceu.

Na onda global de radicalismo político que se seguiu à crise de 2008, um padrão parece claro: os radicais que venceram conseguiram colocar um pé dentro do sistema político tradicional. 

Trump foi candidato do partido republicano, uma das maiores máquinas políticas do mundo. Se o Partido Conservador britânico não tivesse tentado roubar eleitores do Ukip propondo o plebiscito do Brexit (em que o governo contava que o “Remain” venceria), a proposta nunca teria saído da franja radical da política britânica. No mesmo Reino Unido, Jeremy Corbyn liderou uma revolta de esquerda por dentro do Partido Trabalhista, como Sanders tentou fazer entre os democratas americanos. 

O pé dentro do sistema que Bolsonaro pretendia colocar era o centrão. Nunca teve chance de atrair o PSDB ou o PMDB. Oferecia, entretanto, a possibilidade de promoção do baixo clero à primeira divisão. Diga o que quiser, nenhum presidente brasileiro até hoje foi vagabundo o suficiente para oferecer um cargo importante a Magno Malta. Bolsonaro seria.

Da esq. para dir., Álvaro Dias, Marina Silva, Ciro Gomes, Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin – Reprodução-Instagram

Não deu certo. O centrão foi para Alckmin. Desde então, Bolsonaro xinga muito o centrão, mas isso é como na fábula com uva e raposa. Bolsonaro tentou conquistar Uvaldemar Costa Neto, mas o PSDB foi mais raposa.

Sem um pé no sistema partidário, não dá mais para Bolsonaro ser Trump.

Não foi só com o apoio da Fox News, dos nazistas de Charlottesville e dos picaretas Steve Bannon e Alex Jones que Trump venceu. É até legítimo perguntar o quanto fez diferença o candidato republicano ser Trump. O padrão nos Estados Unidos tem sido o presidente se reeleger (como Obama fez), mas não fazer o sucessor.

No fundo, o candidato mais forte a Trump brasileiro seria João Doria, outra mediocridade política que, entretanto, conseguiu se infiltrar em um grande partido. Mas Doria cometeu um erro que Trump evitou: expôs sua pouca disposição para governar se elegendo prefeito antes de concorrer à Presidência.

Agora resta a Bolsonaro apostar todas as fichas no discurso antissistema. Não é mais importante saber o que Bolsonaro vai dizer ou propor. Seus aliados, até outubro, são novas revelações da Lava Jato contra seus concorrentes, a discussão no STF sobre o fim da prisão em segunda instância e a ênfase no discurso pró-militar, que pode transformar todo quartel pelo Brasil afora em um comitê de campanha. De agora em diante, todo discurso de Bolsonaro deve ser uma promessa velada de golpe para acabar com a corrupção.

Ou Bolsonaro cairá como Trump deveria ter caído, ou vencerá sendo muito mais nocivo à democracia brasileira do que Trump vem sendo para a democracia americana. Folha SP.

Celso Rocha de Barros

Servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra).

OPINIÃO

OPINIÃO: O dinheiro dos contribuintes faz a festa de políticos 

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Foto de capa [internet]
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu o repasse de emendas parlamentares a 13 ONGs por falta de transparência.  
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O ministro conhece as mutretas de nossos representantes políticos, porque já integrou a bancada do Congresso e sabe como funciona, sem seriedade, o destino das emendas parlamentares. 
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Como membro do STF, o ministro demonstra atuar com imparcialidade ao julgar fatos atinentes à coisa pública, embora possa causar descontentamento entre parlamentares indecorosos.  
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O país precisa de uma reforma moral na área política. Para isso, cabe à sociedade eleger indivíduos competentes, de condutas ilibadas. 
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Vejam, por exemplo, o efeito de não se levar o voto a sério e eleger qualquer mequetrefe. O prefeito de Duque de Caxias–RJ, Wilson Reis, e o ex-prefeito e secretário Estadual de Transportes do RJ, Washington Reis, são alvos da Polícia Federal sob suspeitas de compra de votos e lavagem de dinheiro.   
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Muita gente não estaria passando fome e vivendo em estado de pobreza e miserabilidade, os hospitais públicos seriam de melhor qualidade, como também as escolas públicas, se o dinheiro público não caísse nas mãos da corja política que dilapida o país. 
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Deveria existir um tribunal superior exclusivo no Brasil para julgar e condenar políticos corruptos. Esse tribunal seria composto por magistrados sem indicação política. 
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Vejam como o dinheiro público (dos contribuintes) controlado por políticos faz a festa e enriquece oportunistas, travestidos de falsa vestal. O partido político PL, de Valdemar Costa Neto, paga salário ao ex-presidente Jair Bolsonaro e sua esposa. Em 2023, o casal recebeu um total de R$ 589 mil em salários. Cada um recebe mensalmente a “mixaria” de R$ 41.5650,91.
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A farra com o dinheiro público é uma imoralidade não combatida por nossos políticos. Seus gabinetes estão repletos de assessores apaniguados, sem concurso público, ancorados no cabide de emprego. Os gastos com os ex-presidentes da República, inclusive os cassados, não são corrigidos. Assim, não se tem esperança de um Brasil melhor. 
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Júlio César Cardoso
Servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC

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OPINIÃO

OPINIÃO: Os bens alimentícios estão caros    

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Alimentação em SP sobe 2% e tem maior alta desde 2022 - 19/11/2024 - Vaivém
Foto de capa [internet]
Presidente Lula, pergunte a um trabalhador assalariado se ele está conseguindo adquirir produtos alimentícias nas feiras, mercadinhos e supermercados? 
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O custo de vida tem subido muito no curto tempo de governo, por quê? Se comer picanha já era impossível, agora nem carne de segundo o pobre pode comer.  Os produtos alimentícios produzidos no Brasil não podem ser comercializados internamente a preços internacionais. O povo não pode passar fome. O presidente não vai à feira e por isso não sente na pele a alta do custo de vida.    
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Os preços de nossos produtos alimentícios têm de refletir a realidade brasileira do poder de compra da população. Não é justo e humano que o empresário nacional não se preocupe com a população de menor renda, que precisa se alimentar e não tem condição de pagar mercadorias a preço internacional.     
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Num país de milhões de pessoas em estado de pobreza e miséria, não é humano e justo que o empresário do agronegócio tenha como meta principal o mercado externo. 
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Não se pode combater a fome, a pobreza e a miséria de brasileiros, praticando preços de commodities às mercadorias aqui produzidas. As regras econômicas que explicam a variação de preços podem ser compreendidas no meio acadêmico dos teóricos de economia, mas não são aceitas pelos consumidores que pagam a conta.     
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Não se trata de interferir ou tentar regular os preços dos bens alimentícios, mas da necessidade de o governo federal, em defesa da população mais carente, propor regras para que os preços de bens alimentícios produzidos no Brasil não sejam vinculados ao termômetro do mercado de commodities.  
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Júlio César Cardoso
Servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC

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OPINIÃO

OPINIÃO: O assalto ao bolso do contribuinte 

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Foto de capa [internet]
É frustrante ver um país tão belo, de recursos naturais pujantes, ser formado por administradores públicos e políticos que não prezam a moralidade e o respeito com seus concidadãos.   
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Taxar o bolso do contribuinte nacional tornou-se uma especialidade hábil de gestores públicos incompetentes. E o pior: com a anuência do Legislativo e do Judiciário.   
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Vejam, a Praia de Bombinhas–SC é um exemplo de um país imoral, onde você paga os seus impostos e ainda é achacado para entrar numa cidade, ao lhe ser cobrada uma espécie de pedágio. Trata-se de inequívoca medida inconstitucional.  
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Aliás, neste belo Brasil ocorre de tudo contra o bolso do contribuinte. Por exemplo, há ruas tarifadas para estacionar carro, enquanto outras, no mesmo município, não são tarifadas, caracterizando grande injustiça aos moradores das artérias tarifadas em relação àqueles de ruas não tributadas.   
Isto é o Brasil de normas indecentes que permitem cobrança absurda de tributo para entrar numa cidade ou estacionar um carro, sob pífios e irrazoáveis justificativas.   
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E o que mais decepciona são as autoridades judiciais consentirem tais medidas inconstitucionais, bem como o Legislativo, de parlamentares relapsos, não defenderem a sociedade contra abusos dessa natureza.  
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A manutenção de infraestrutura e a gestão de recursos das cidades são fatores que deveriam ser discutidos durante a criação e emancipação dos municípios. Inventar cobrança de tarifas a posteriori é jogar sujo contra os contribuintes. Sem olvidar que, no caso de Bombinhas, o forasteiro de alta temporada contribui consideravelmente com os cofres municipais ao realizar gastos no comércio local. Logo, é injustificável a cobrança de Taxa de Preservação Ambiental.   
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Taxar um cidadão ao entrar com veículo numa cidade ou ao estacionar em artéria pública caracteriza, sim, abuso de autoridade e assalto ao bolso do contribuinte.   
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Assim, a participação ativa da população é fundamental para pressionar por mudanças e garantir que as leis e políticas públicas sejam justas e razoáveis.  
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Júlio César Cardoso
Servidor federal aposentad
Balneário Camboriú – SC

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