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O cio da terra - 24/10/2024 - Djamila Ribeiro - Acre Notícias
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O cio da terra – 24/10/2024 – Djamila Ribeiro

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O cio da terra - 24/10/2024 - Djamila Ribeiro

Obaluayiê é o “senhor da terra”. Essa divindade, comumente associada à cura e às doenças, carrega em sua figura uma conexão direta com a terra e com os ciclos da existência humana. Obaluayiê é um orixá de grande poder, frequentemente representado coberto por palhas que escondem seu rosto, simbolizando sua relação com o desconhecido, o segredo e o imaterial.

O orixá das palhas também se relaciona aos processos naturais de vida e morte. Ele representa a renovação, ao mesmo tempo em que é inevitável. Mas Obaluayiê não é a morte propriamente dita, pois também é a vida. Ele é a terra.

É na terra que tudo se cria, e é na terra que tudo termina. Essa pode ser uma hipótese que nos leva a refletir sobre as razões pelas quais Obaluayiê também está associado ao astro-rei, o Sol, uma vez que é imenso, central e absolutamente necessário para a manutenção de qualquer tipo de vida.

Outra razão é que, na sabedoria dos povos ancestrais, já se sabia que o Sol é cura para muitas doenças, sendo fonte de energia e regeneração. Ao mesmo tempo, ele pode queimar e produzir eventos de proporções gigantescas.

Desta vez, não vou contar um itã, mas lembrar uma história recente que se conecta com a importância da terra. Aconteceu quando assisti a uma fala de Júlio Medaglia, meu confrade na Academia Paulista de Letras. Medaglia realiza um trabalho incansável pela música clássica brasileira, mantendo até hoje o programa “Prelúdio”, na TV Cultura, o único que promove audições, oferece treinamento e forma e estabelece parcerias com orquestras ao redor do mundo, com estrutura para receber e desenvolver talentos. Há muitas temporadas ele apresenta o programa com a jornalista e produtora musical Roberta Martinelli.

Em tempos em que a música é reduzida ao que a indústria molda, Medaglia nos lembra dos tempos áureos dos Festivais da Música Popular Brasileira, na TV Record, dos quais foi jurado e que revolucionaram a música, provando que o público reconhece música de qualidade. Daí a importância de valorizar talentos brasileiros que lutam por um espaço nos tempos atuais. Pessoas com dom, que estudam, se dedicam e esperançam, apesar de o país fechar tantas portas para o que é autêntico.

Naquela ocasião, Medaglia mencionou seu encontro com Astor Piazzolla, um dos maiores mestres do tango, quando estiveram juntos por um bom tempo na Alemanha. Durante um passeio por uma vinícola, Piazzolla lhe disse algo que ficou marcado: “A boa música é como o vinho: precisa vir da terra”. Assim como o vinho de qualidade resulta de uma conexão íntima com o solo e com as particularidades do terreno, a boa música também precisa estar enraizada em uma experiência genuína, nas vivências e nas culturas que lhe dão vida.

Essa frase carrega uma metáfora profunda sobre a autenticidade das expressões artísticas. Para que tanto bons vinhos quanto músicas boas possam florescer é preciso regar a terra e alimentar o solo. A boa música atravessa os tempos e o vinho de excelência se distingue em cada safra. A safra é um ciclo dinâmico, em que a terra interage com todos os fenômenos da natureza —a chuva, o sol, o vento, o rio, o mar, o tempo. Tudo encontra a terra. E tudo renasce dela.

Um solo infértil será incapaz de dar frutos, e o que entendemos por indústria cultural não permite uma boa semeadura. Em tempos apressados, de reprodutibilidade técnica e em que métrica de rede social vale mais do que talento, percebemos ainda mais como a analogia com o senhor da terra faz sentido: não temos esperado o tempo de maturação de todas as coisas.

O tempo para que um músico possa sofisticar as suas habilidades, a importância de regar as oportunidades para que isso aconteça, os frutos que serão dados à humanidade através da arte. Nesse sentido, “Prelúdio” é a síntese perfeita: é a ação inicial, o primeiro passo, a primeira etapa, o plantar e regar talentos brasileiros que poderão florescer e dar frutos, trazer beleza e alimentar de encantos a vida.

Obaluaiyê, o guerreiro, é amado pelo panteão dos Oborós (orixás masculinos) e Yabás (orixás femininas). Embora seja comumente tratado como um sinônimo, Omulu já é conhecido como uma face idosa da divindade. Cultuamos um Deus velho e no candomblé pedimos as bênçãos aos mais velhos. Enxergamos a senioridade como uma conquista e uma dádiva, não como descarte e esquecimento.

Agradecemos por aqueles que seguem alimentando de sonhos a juventude, que são agricultores de talentos, criando novas possibilidades ou enxergando as oportunidades, pois já temos a compreensão de que, no tempo circular, o mais velho continua vivendo através do legado e das sementes plantadas para que o futuro floresça, completando o cio da terra, o processo poético do cultivo e da colheita.

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Justiça interdita templo dedicado a Lúcifer em Gravataí (RS) – 17/12/2024 – Cotidiano

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Justiça interdita templo dedicado a Lúcifer em Gravataí (RS) - 17/12/2024 - Cotidiano

Cristina Camargo

A Justiça do Rio Grande do Sul determinou a interdição de um imóvel na área rural de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, que seria usado como templo dedicado a Lúcifer.

A decisão é da 4ª Vara Cível Especializada em Fazenda Pública de Gravataí e determina a interdição até a regularização administrativa do imóvel em órgãos públicos.

A Prefeitura de Gravataí, autora da ação judicial, alega que o templo seria inaugurado sem licenças e alvarás obrigatórios. Além disso, a organização responsável pelo local não está registrada no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas como associação ou entidade.

A defesa afirma que o templo é usado apenas pelos integrantes da organização religiosa, sem abertura para o público. A alegação é que o uso do imóvel é privado e não comercial.

A sentença destaca que a liberdade de crença é um direito previsto na Constituição brasileira, mas aponta a falta de documentação para justificar a interdição.

“Não vislumbro interferência indevida na liberdade de crença e culto, até porque os templos religiosos não estão imunes ao poder de polícia da administração pública, de modo que igualmente devem obter as licenças de funcionamento que são exigíveis”, diz trecho da decisão.

Para a Justiça, os réus não provaram no processo que o local é frequentado apenas por pessoas convidadas e que isso não seria suficiente para retirar a condição de templo.

A multa diária caso a decisão judicial não seja obedecida é de R$ 50 mil.

“Lutamos contra a intolerância religiosa e venceremos destemidamente tudo o que estamos enfrentando. Estão tentando nos calar, tentando atacar nossa imagem e o que é sagrado para nós”, disse Mestre Lukas, fundador do templo, em publicação nas redes sociais.

O templo, com uma estátua de Lúcifer que chega a cinco metros de altura, seria inaugurado no dia 13 de agosto, o que foi impedido por liminar obtida pela prefeitura e agora confirmada pela Justiça.





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Chefe das forças de proteção nuclear russas morto em explosão de bomba em Moscou | Notícias da guerra Rússia-Ucrânia

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Chefe das forças de proteção nuclear russas morto em explosão de bomba em Moscou | Notícias da guerra Rússia-Ucrânia

QUEBRA,

Chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica da Rússia morto em frente a um prédio de apartamentos.

Uma bomba escondida numa scooter eléctrica matou um general encarregado das forças de protecção nuclear em Moscovo, informou o comité de investigação da Rússia.

O Tenente General Igor Kirillov, que era chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica (RChBD), foi morto em frente a um prédio de apartamentos na Ryazansky Prospekt.

“Igor Kirillov, chefe das forças de proteção radiológica, química e biológica das forças armadas da Federação Russa, e seu assistente foram mortos”, disse o comitê de investigação.

Fotografias publicadas nos canais russos do Telegram mostraram a entrada destruída de um prédio cheio de escombros e dois corpos caídos na neve manchada de sangue.

Imagens da agência de notícias Reuters do local mostraram um cordão policial. Um processo criminal foi aberto.

As tropas de defesa radioativa, química e biológica da Rússia, conhecidas como RKhBZ, são forças especiais que operam sob condições de contaminação radioativa, química e biológica.

Na segunda-feira, promotores ucranianos acusaram Kirillov à revelia pelo suposto uso de armas químicas proibidas na Ucrânia, disse o Serviço de Segurança da Ucrânia, de acordo com o Kyiv Independent.

A Rússia nega essas acusações.

Em Outubro, a Grã-Bretanha sancionou Kirillov e as forças de protecção nuclear pela utilização de agentes de controlo de distúrbios e vários relatos da utilização do agente tóxico asfixiante cloropicrina no campo de batalha. (

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O Estado compromete-se a “fazer todos os esforços” para curar as feridas e reconstruir Mayotte

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O Estado compromete-se a “fazer todos os esforços” para curar as feridas e reconstruir Mayotte

O Ministro do Interior demissionário, Bruno Retailleau, à sua chegada à ilha de Mayotte após a passagem do ciclone Chido, 16 de dezembro de 2024.

Dois dias depois a passagem do ciclone tropical Chiboo governo pretende enviar duas mensagens. O primeiro: “O Estado quer mostrar a sua compaixão por Mayotte” indo rapidamente “no centro do desastre” ; a segunda: o Estado “juntar tudo” para curar as feridas e reconstruir a ilha.

Chegando na segunda-feira, 16 de dezembro, a Mayotte num avião da Segurança Civil Dash, depois de uma escala na Reunião, Bruno Retailleau, Ministro do Interior demissionário, repetiu isto às autoridades eleitas locais. “Mobilizaremos todos os meios possíveis em termos civis e militares”insistiu junto à prefeitura de Mayotte, colocando-se voluntariamente no longo prazo e na perspectiva da formação do novo governo de François Bayrou.

Acompanhado por outros membros do governo demissionário – François-Noël Buffet (ministro dos Negócios Estrangeiros) e Thani Mohamed Soilihi (secretário de Estado responsável pela Francofonia) – Bruno Retailleau sobrevoou Maiote, notando que “a ilha está devastada, nenhum lugar foi poupado”. Ele e seus colegas ficaram impressionados com a “pouca presença” de habitantes. “Também há espanto”explica o Sr. Retailleau que, “incapaz de projetar”recusa-se a fornecer números sobre o número de mortos.

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