Diante de 40 mil fiéis reunidos no domingo, 29 de setembro, no estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, o Papa Francisco afirmou que iniciaria, ao retornar a Roma, o processo de beatificação do monarca homônimo, falecido em 1993. “Apelo aos bispos da Bélgica para que ajudem nesta causa”acrescentou. Na véspera, diante do túmulo de Balduíno, Francisco havia saudado “coragem” de um rei ter “optou por deixar o cargo para não assinar uma lei mortal” que visava descriminalizar o aborto.
Em Março de 1990, a recusa do rei Balduíno em assinar este texto adoptado pelos parlamentares abriu uma grave crise na cúpula do Estado belga, onde a Lei Básica estipula que “o rei sanciona e promulga as leis”. Considerando que isso contrariava a sua fé católica, ele desencadeou um verdadeiro problema institucional.
Para quebrar o impasse, o democrata-cristão Wilfried Martens, primeiro-ministro, teve de mobilizar advogados e recorrer a outro artigo da Constituição que prevê que em caso de incapacidade mental do soberano para o desempenho das suas funções, o governo retoma as suas responsabilidades. Embora Balduíno tivesse toda a sua lucidez, o próprio governo assinou a lei, permitindo ao monarca retomar as suas funções… um dia e meio depois.
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