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O que se sabe sobre o envolvimento de Braga Netto – 14/12/2024 – Poder
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O general Walter Braga Netto foi preso na manhã deste sábado (14) pela Polícia Federal (PF) sob a suspeita de interferir nas investigações sobre a trama golpista em 2022. Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL), ele também foi vice na chapa do ex-presidente na eleição de 2022.
A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), com aval da PGR (Procuradoria-Geral da República). O coronel da reserva Flávio Peregrino, um dos principais auxiliares de Braga Netto, também foi alvo de buscas.
Segundo as investigações da PF, o general de reserva participou de um núcleo de pessoas responsáveis por incitar militares a promoverem um golpe de Estado.
A corporação alega que Braga Netto teria tentado interferir nas investigações, ao buscar obter dados sigilosos do acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ainda segundo as investigações, ele obteve e entregou recursos para a organização e execução do plano de matar em 2022 o presidente eleito, Lula (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o próprio Moraes.
A defesa do militar afirmou neste sábado (14) que ele não tentou obstruir as investigações. Em manifestação anterior, Braga Netto afirmou que “nunca se tratou de golpe, e muito menos de plano de assassinar alguém”.
1) Interferência nas investigações
Segundo a PF, Braga Netto teria atuado, “de forma reiterada e destacada”, para impedir as investigações. O general da reserva estava tentando obter acesso a informações sigilosas da delação de Mauro Cid.
As suspeitas relacionadas à tentativa de interferir nas investigações vêm sendo acumuladas desde setembro de 2023, quando o tenente-coronel Mauro Cid teve homologado seu acordo de colaboração premiada no STF.
O próprio Cid relatou, em depoimento, que Braga Netto procurou diretamente seu pai, o general Mauro Lourena Cid, para pedir detalhes do que ele havia falado na colaboração premiada.
“Isso aconteceu logo depois da minha soltura [em setembro de 2023], quanto eu fiz a colaboração naquele período, onde não só ele como outros intermediários tentaram saber o que eu tinha falado”, disse Cid em depoimento à PF.
“Fazia um contato com o meu pai, tentavam ver o que eu tinha, se realmente eu tinha colaborado, porque a imprensa estava falando muita coisa, ele não era oficial, e tentando entender o que eu tinha falado.”
As provas de tais ações, segundo a polícia, teriam sido encontradas no celular do pai de Mauro Cid.
2) Novo depoimento de Cid
A decisão de prisão é fundamentada em novos documentos encontrados pela PF e em revelações feitas por Mauro Cid em depoimento prestado no dia 21 de novembro.
Em uma versão anterior apresentada à PF, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro havia dito que o encontro de militares das Forças Especiais com Braga Netto em novembro de 2022 ocorreu porque os militares queriam tirar fotos e cumprimentar o general.
Já o termo de audiência do depoimento de Cid ao Supremo, realizado em novembro, diz que o tenente-coronel levou os militares ao apartamento de Braga Netto para falar sobre a “indignação com a situação do país e a necessidade de ações concretas”.
As investigações da PF, portanto, apontam que o plano de golpe envolvendo a morte de Lula teria sido discutido na casa do general em Brasília.
3) Pagamento em sacola de vinho e ‘pessoal do agronegócio’
Segundo a nova versão dada na delação de Mauro Cid, o então major Rafael de Oliveira se encontrou com Braga Netto dias depois de reunião com militares na casa do general da reserva.
Na ocasião, Braga Netto teria entregado a Oliveira dinheiro em espécie, guardado em uma “sacola de vinho”, para a “realização da operação”. Os valores, de acordo com a delação de Cid, teriam sido obtidos com o “pessoal do agronegócio”.
O trecho do termo de depoimento de Cid no STF não deixa claro se o dinheiro havia sido repassado com o objetivo de financiar o plano de assassinar autoridades. Em trechos anteriores da delação, Mauro Cid disse que o tenente-coronel Rafael de Oliveira pediu R$ 100 mil para levar bolsonaristas de outras regiões do país ao acampamento golpista montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
As conclusões da Polícia Federal e de Alexandre de Moraes, porém, são de que os valores foram utilizados para viabilizar o plano de executar autoridades.
Moraes ressalta na decisão que há “fortes indícios e substanciais provas” de que Braga Netto “contribuiu, em grau mais efetivo e de elevada importância do que se sabia anteriormente” para o planejamento e financiamento de um golpe de Estado cuja consumação incluía o plano de detenção e possível execução do próprio Moraes, além de Lula e Alckmin.
A Polícia Federal ainda apreendeu na sede do PL (Partido Liberal) em fevereiro, em mesa usada pelo coronel Peregrino, um documento com perguntas e respostas sobre a delação. Segundo os investigadores, esses elementos indicam uma tentativa de Braga Netto e Peregrino conseguirem detalhes sigilosos sobre o acordo de colaboração de Mauro Cid.
“O contexto do documento é grave e revela que, possivelmente, foram feitas perguntas a Mauro Cid sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por este em sede policial, as quais foram respondidas pelo próprio, em vermelho”, apontou a PF em seu relatório final.
Também sobre a mesa de Peregrino foi encontrada, segundo o relatório, uma folha preenchida à mão com o título “operação 142”, um fluxograma do que seria um golpe de Estado e a frase “Lula não sobe a rampa”.
O coronel da reserva, diferente de Braga Netto, não foi indiciado no relatório final da PF sobre a tentativa de golpe de estado.
5) ‘Não houve qualquer obstrução’
A defesa do general da reserva Walter Braga Netto negou, em nota divulgada na tarde deste sábado (14), que ele tenha obstruído as investigações sobre a trama golpista de 2022.
Os advogados do general dizem que irão se manifestar nos autos após ter “plena ciência dos fatos que ensejaram a decisão”.
“Com a crença na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução as investigações”, diz a o texto da defesa, liderada por Luís Henrique Cesar Prata.
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Promotoria recomenda apreensão de câmera de PM após morte – 14/12/2024 – Cotidiano
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14 de dezembro de 2024 Paulo Eduardo Dias
Três semanas depois da morte do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22, baleado por um policial militar no dia 20 de novembro, o Ministério Público encaminhou um ofício para a Polícia Civil onde recomenda a apreensão das câmeras corporais utilizadas pelos policiais.
Dois PMs participaram da ocorrência. O tiro que matou Acosta foi disparado pelo soldado Guilherme Augusto Macedo, 26. A dupla não foi presa e está afastada do trabalho nas ruas.
O pedido foi feito na quinta-feira (12) pelos promotores Estefano Kummer e Enzo Boncompagni. Questionado sobre o incomum pedido de se apreender os equipamentos, o Ministério Público respondeu que se trata de uma recomendação em caráter cautelar, para eventual perícia, se houver necessidade.
Os promotores solicitaram que o conteúdo das imagens seja anexado ao processo. Segundo a defesa da família do estudante, a PM não havia fornecido o material gravado até a última quinta-feira (12), mesmo após reiterados pedidos por parte dos investigadores.
O Ministério Público também quer saber se os policiais militares que participaram da ocorrência tinham a disposição equipamentos não letais, como taser, ou seja, máquinas de choque.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que todas as circunstâncias do caso são investigadas por meio de Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado pelo 12º batalhão, com acompanhamento da Corregedoria da PM, e pelo DHPP. Segundo a pasta, as imagens das câmeras corporais foram anexadas à apuração.
O advogado da família de Acosta, Roberto Guastelli afirmou que o pedido de apreensão ainda foi apreciado pela Justiça, mas o classificou como inócuo. “Ocorre que tal pleito é inócuo, já que o mais relevante para a investigação e para o processo penal seriam as imagens das câmeras corporais, o que até agora a Polícia Militar não disponibilizou para o delegado responsável do caso, o que demonstra uma falta de transparência e cooperação”.
Ela também criticou o questionamento sobre a disponibilidade de equipamentos não letais na viatura. “Nesse momento, também, não altera o rumo das investigações, pois o policial militar matou de forma dolosa o estudante, que não estava armado e coagido na portaria do hotel”.
Como a Folha mostrou na sexta-feira (13) a investigação sobre a morte de Acosta, prestes a completar um mês, se arrasta.
O médico Julio Cesar Acosta Navarro, 59, pai do estudante, afirma ver uma espécie de cumplicidade e proteção aos policiais militares envolvidos no caso.
Acosta, que estava no 5º ano de medicina, sonhava em ser pediatra e obter o diploma na área da saúde como os pais e os irmãos mais velhos. Ele foi baleado com um tiro na barriga dentro de um hotel na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. A ação aconteceu após o estudante dar um tapa o retrovisor da viatura onde estava o soldado Macedo. O PM perseguiu Acosta até a hospedaria, onde disparou. A cena foi gravada por uma câmera no local.
Macedo foi indiciado sob suspeita de homicídio doloso (com intenção) horas depois da morte, em meio a uma sequência de críticas por parte de familiares do jovem. Mesmo com o indiciamento relâmpago, a investigação é lenta. Por exemplo, o documento do indiciamento do PM ainda não foi encaminhado para a Justiça Militar. Na Polícia Civil, o caso já está com o terceiro delegado diferente.
“Infelizmente o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa já trocou três delegados. O primeiro delegado de plantão, depois, havia uma divergência de qual equipe iria assumir, assumiu um delegado, e agora, o terceiro delegado está assumindo a investigação. É triste, porque para a família que precisa de uma resposta rápida e urgente há essa demora nas investigações”, relatou o advogado Roberto Guastelli, que acompanha a família.
Em nota encaminhada na quinta-feira (12) a Secretaria da Segurança Pública afirmou que o delegado que presidia o inquérito policial foi transferido de unidade como parte das movimentações de rotina. “Deste modo, assim como determina a lei, um novo delegado assumiu o caso, sem prejuízos às investigações que prosseguem sob sigilo e incluem a análise das imagens captadas pelas Câmeras Operacionais Portáteis dos agentes envolvidos”.
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Pelo menos cinco mortos em tiroteios em torno de campo de migrantes francês | França
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14 de dezembro de 2024 Nadeem Badshah
Pelo menos cinco pessoas foram mortas em tiroteios dentro e ao redor de um campo de migrantes perto da cidade de Dunquerque, no norte da França.
Um homem de 22 anos que afirma ser o atirador se entregou à delegacia de polícia próxima de Ghyvelde às 17h, horário local, no sábado.
O suposto perpetrador disse à polícia que matou uma pessoa, que se acredita ter 29 anos, na cidade francesa de Wormhout e posteriormente tirou a vida de outras quatro pessoas no campo de refugiados de Loon-Plage.
As quatro vítimas no campo seriam dois agentes de segurança e duas pessoas que ali residiam, relata a Reuters.
As autoridades encontraram mais três armas no carro do suspeito, informou a mídia francesa.
Não ficou imediatamente claro quais foram os motivos dos tiroteios em Wormhout e Loon-Plage, localizados a cerca de seis milhas do Canal da Mancha.
De acordo com a instituição de caridade Care4Calais, os refugiados acampam na área há anos, predominantemente “curdos ou afegãos e incluem muitas famílias com crianças pequenas”.
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Ocidentais preocupam-se com os riscos de fragmentação da Síria
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14 de dezembro de 2024Desconfiados da representatividade do novo poder de transição sírio, os ocidentais também estão preocupados com os riscos de divisão da Síria, uma semana após a queda de Bashar Al-Assad, deposto pelos rebeldes islâmicos de Hayat Tahrir Al-Sham (HTC). Os Chefes de Estado e de Governo do G7, reunidos por videoconferência na sexta-feira, 13 de dezembro, estavam preocupados com tal desenvolvimento, sob a dupla pressão dos combates entre facções locais e da intervenção de dois vizinhos da Síria: a Turquia, que está a pressionar o seu país. peões no norte do país, com a ajuda dos seus auxiliares sírios, e Israel, que ocupou uma nova parte das Colinas de Golã, no sul.
“Pedimos a todas as partes que preservem a integridade territorial e a unidade nacional da Síria e respeitem a sua independência e soberania”já havia alertado os países do G7 na véspera. Quanto a Antony Blinken, o secretário de Estado americano, que visitou a Jordânia na quinta-feira e a Turquia e o Iraque na sexta-feira, ele julgou “realmente importante”em referência às iniciativas militares tomadas por Israel e pela Turquia, que todos façam “para evitar desencadear novos conflitos”.
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