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O rali pró-Tarcísio | VEJA

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O rali pró-Tarcísio | VEJA

Thomas Traumann

Na primeira semana de setembro, quando o guru de autoajuda Pablo Marçal estava empatado em primeiro lugar nas pesquisas para prefeito de São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas participou de um café da manhã com mais de vinte operadores do mercado financeiro. Com o seu discurso “contra tudo que está aí”, Marçal já havia seduzido o chão de fábrica da Faria Lima, e o encontro com Tarcísio era uma tentativa da campanha do prefeito Ricardo Nunes de estancar o movimento de rebanho da elite financeira em direção ao guru.

“Marçal é um irresponsável. Vocês não podem entregar a maior cidade da América Latina nas mãos de um cara desses”, disse Tarcísio, num tom que os comensais definiram como “descompostura”. Três dos participantes saíram do encontro certos de que uma derrota de Nunes seria o fim de uma possível candidatura de Tarcísio à Presidência em 2026. “Não venham com esse papo que ‘não faz diferença, que somos todos (Marçal, Nunes e Tarcísio) de oposição ao PT’. Não somos iguais”, disse Tarcísio. O recado funcionou. Semanas depois, num segundo encontro com duas dúzias de corretoras, Tarcísio falou para uma plateia mais amena e convencida de votar em Ricardo Nunes.

A ausência de Marçal no segundo turno por menos de 57.000 votos, entre os 6,7 milhões de eleitores paulistanos que foram às urnas, foi uma vitória pessoal de Tarcísio. Seguidas vezes ele foi aconselhado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a não se envolver na campanha paulistana pelo risco de derrota do prefeito. Tarcísio ignorou o alerta, jogou o seu prestígio político na campanha e ganhou sozinho. A provável reeleição de Nunes, que segundo o Datafolha tem 55% das intenções de voto para o segundo turno, é o primeiro passo da campanha de Tarcísio para 2026.

“Tarcísio sabe que a chance dele é agora. Ele é uma unanimidade do PIB, não tem chance de Tarcísio não ser candidato”, disse o fundador do BTG Pactual, André Esteves, em conferência com investidores estrangeiros em Nova York. No relato do Brazil Journal, Esteves previu que se Tarcísio ganhar os ativos brasileiros viverão “a mãe de todos os ralis. Esse é o cara que temos que abraçar”.

Mesmo os líderes radicalmente bolsonaristas apostam em Tarcísio, embora com a ressalva de que ele seria a opção apenas se Bolsonaro for mantido inelegível. “O candidato nosso é o Bolsonaro, mas (diante da inelegibilidade), o número 1 da fila é o Tarcísio”, contou o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, ao jornal O Globo.

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“Se o Bolsonaro não ficar elegível, o candidato mais forte é o Tarcísio. Se o centro for todo com ele, é muito difícil ele perder. Mas vai depender de o Bolsonaro apoiar”, admitiu ao Valor o presidente do PP, Ciro Nogueira, que se apresentou como um possível candidato a vice na chapa presidencial.

Conselheiro político de Tarcísio e econômico nas suas declarações públicas, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, avançou um sinal em entrevista à Andréia Sadi, da GloboNews: “O meu projeto é Tarcísio. Sendo Tarcísio, eu vou estar alinhado com o projeto que seja compatível com o projeto do Tarcísio, seja ele candidato a governador ou presidente”, prometeu.

Tarcísio tem três desafios imediatos para viabilizar sua campanha. O primeiro, e mais fácil, é eleger Ricardo Nunes no segundo turno.

O segundo, mais delicado, será arranjar um modo de convivência entre Valdemar, Ciro e Kassab. Valdemar e Kassab disputam espaço político, e o primeiro acha que o governador só não se filiou ao PL por conspiração do segundo. A rivalidade já se estendeu para a sucessão na Câmara, onde PL e PP caminham de um lado, enquanto o PSD lidera um grupo com o MDB e o União Brasil.

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A terceira missão, de mais longo prazo, é isolar a extrema direita, que se incendiou com Pablo Marçal. A eleição em São Paulo, Curitiba, Goiânia, Belo Horizonte e Fortaleza confirmou que existe uma demanda de parte do eleitorado por uma versão brasileira de Javier Milei. É uma fatia que não se sente representada pela direita tradicional de Tarcísio. Mesmo que Marçal seja punido pela Justiça pelos vários ataques aos adversários na campanha, a demanda seguirá viva no eleitorado.

No domingo, o jornal O Globo divulgou pesquisa Genial/Quaest mostrando que, com a exposição da campanha municipal, Marçal hoje está à frente de Tarcísio na disputa presidencial. Na simulação, Lula teria hoje 32%, Marçal 18% e Tarcísio 15%. Num eventual segundo turno, Lula derrotaria Tarcísio por 35% a 22%, enquanto Marçal perderia por 36% a 27%.

A viabilização da campanha de Tarcísio passa por vencer em São Paulo, pacificar os líderes partidários e unir a direita em torno do seu nome. Só então ele estará pronto para começar a disputa contra Lula.





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A decisão do CNJ sobre aposentar ‘Moro do Rio’

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A decisão do CNJ sobre aposentar ‘Moro do Rio’

Matheus Leitão

 

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai decidir, no dia 22 de outubro, se aposenta compulsoriamente a juíza Adriana Maria dos Remédios Branco de Moraes Cardenas Tarazona.



A magistrada ficou famosa por se comparar, no texto de uma sentença, ao ex-juiz Sergio Moro, que teve uma atuação considerada punitivista no curso dos processos da extinta Operação Lava Jato.

A juíza responde a acusações por quebra de sigilo sem fundamentação e por condutas arbitrárias, como usurpação de função pública, instauração de ação sem provocação, extrapolação de competência e manipulação processual, entre outras.

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As acusações contra a juíza Adriana Tarazona partem de advogados que procuraram o CNJ, que é o órgão de controle do Judiciário, para solicitar a revisão das punições impostas à magistrada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1). Os advogados afirmam que a juíza quebrou o sigilo fiscal deles em processos dos quais não eram parte, sem apresentação de justificativa legal para tanto. A Procuradoria-Geral da República manifestou-se favoravelmente à aposentadoria compulsória de Tarazona.

Os advogados alegam que a pena de censura, aplicada pelo TRT-1 em 2021, é insuficiente porque o comportamento da juíza é reincidente. Eles pedem uma pena mais severa, como a disponibilidade ou a aposentadoria compulsória.

Adriana Tarazona já foi alvo de Processos Administrativos Disciplinares (PADs) anteriormente. Em um deles, foi punida por uso de expressões inapropriadas e de baixo calão contra uma perita judicial – atitude que violou o Código de Ética da Magistratura. Em outro, foi removida compulsoriamente da Vara do Trabalho de Barra Mansa para a 25ª Vara do Trabalho da capital do Rio de Janeiro.

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No procedimento em curso no CNJ, a magistrada também é suspeita de manipular o sistema eletrônico do TRT-1 para inserir dados processuais de forma irregular e de continuar a proferir sentenças em dezenas de processos mesmo após seu afastamento. Outro ponto central das acusações diz respeito à permissão da magistrada para que sua enteada usurpasse função pública, frequentando a Vara do Trabalho de Barra Mansa e realizando tarefas administrativas sem nenhum vínculo oficial com o tribunal. A enteada teria manipulado processos e até redigido sentenças – o que é considerado uma grave violação dos princípios da administração pública.

No processo, Adriana Tarazona nega as acusações. Ela argumenta que a quebra de sigilo fiscal era necessária para a condução dos processos e que sua enteada jamais realizou qualquer função pública.

A juíza Adriana Tarazona ficou famosa em 2018, quando se comparou ao então juiz federal Sergio Moro. Na época, Moro ainda desfrutava de alta popularidade e conduzia à mão de ferro os processos da hoje extinta Operação Lava Jato. Por causa do cometimento de abusos e irregularidades, as decisões de Moro, depois, seriam anuladas. Em uma sentença, naquele ano, a juíza escreveu: “Confesso a todos os que leem esta peça – e a lerão, certamente, em um futuro breve, que me sinto hoje, aqui de frente deste computador, como um Sergio Moro da vida”.

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As vagas no STJ e o ciclo perpétuo da desigualdade…

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As vagas no STJ e o ciclo perpétuo da desigualdade...

Matheus Leitão

O mais recente relatório sobre desenvolvimento humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) afirma que as mulheres negras constituem uma parcela significativa da população brasileira, somando cerca de 60 milhões de pessoas, o equivalente a 28,5% do total. Elas também representam 28,4% da força de trabalho e são responsáveis pela maioria das famílias no país.

Em uma nação que preza pela justiça social e pela diversidade, seria razoável esperar que essas mulheres estivessem adequadamente representadas nos tribunais superiores. No entanto, as listas de nomeações para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), divulgadas nesta semana, revelam uma realidade alarmante: uma profunda disparidade de oportunidades, reflexo da persistente exclusão social.

Mulheres negras raramente aparecem nessas listas e, quando o fazem, representam uma exceção que apenas confirma a regra. As nomeações continuam majoritariamente destinadas a homens brancos, e as poucas mulheres indicadas são invariavelmente brancas.

Essa incongruência levanta dúvidas sobre a legitimidade das decisões judiciais, que deveriam refletir a diversidade da sociedade. Em vez disso, perpetua-se um ciclo de exclusão que mantém o status quo, retardando a evolução do Judiciário em termos de representatividade e equidade.

A necessidade de mudança é premente. Não se trata apenas de uma questão de justiça social, mas de um requisito para a integridade e eficácia do sistema judiciário. Com 31 membros, dos quais apenas cinco são mulheres e apenas dois são homens negros, o STJ precisa adotar uma postura ativa em favor da diversidade. Isso não apenas alinha a corte aos valores da sociedade que deveria representar, mas também enriquece seu funcionamento, incorporando novas perspectivas e experiências, fundamentais para uma jurisprudência mais justa e inclusiva.

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É lamentável ouvir que ainda há escassez de candidatos negros qualificados, especialmente quando, nas raras ocasiões em que participam do processo de seleção, são frequentemente preteridos.

Diante dessa realidade, surge a pergunta: quem detém o poder e a responsabilidade de quebrar esses padrões históricos de exclusão? A resposta demanda um compromisso com a diversidade e inclusão, por meio de políticas eficazes e ações afirmativas que garantam que todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas nos espaços de poder.

Recentemente, o presidente Lula e o presidente do STJ, Herman Benjamin, externaram publicamente o problema, mas não agiram de acordo com o próprio discurso quando tiveram mais uma oportunidade de diminuir essa vergonhosa desigualdade. Existe um nome para isso no vocabulário da língua portuguesa. Chama demagogia.



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Eleições 2024: Onde assistir ao debate do 2º turno…

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Eleições 2024: Onde assistir ao debate do 2º turno...

Pedro Cardoso

O segundo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), vai acontecer durante a manhã de hoje, dia 17. No primeiro debate do segundo turno, que ocorreu na TV Bandeirantes na noite da última segunda-feira, 14, o apagão que deixou 2,1 milhões de pessoas sem energia elétrica em São Paulo e na região metropolitana pautou a maior parte do tempo.

De acordo com a última pesquisa Quaest, divulgada ontem, 16, Nunes está com 45% das intenções de voto contra 33% de Boulos. Outros 19% declaram a intenção de votar em branco ou nulo, e 3% se dizem indecisos. A pesquisa, encomendada pela TV Globo, foi realizada entre 13 e 15 de outubro e entrevistou presencialmente 1.204 pessoas acima de 16 anos na cidade de São Paulo. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Onde assistir o debate do 2º turno de São Paulo hoje, dia 17?

O segundo debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), vai ocorrer hoje, às 10h20 e será transmitido pela RedeTV! e pelos sites e redes sociais do UOL e da Folha de S. Paulo. O debate terá duração aproximada de 2 horas.

No total serão cinco blocos de debate, no primeiro e no terceiro os candidatos terão 12 minutos para administrar da forma que preferirem, em um confronto direto entre eles. No segundo e no quarto blocos os candidatos deverão responder questionamentos de jornalistas do UOL e da Folha de São Paulo. A pergunta terá um tempo máximo de um minuto e o candidato terá até dois minutos para responder. No quinto bloco, os candidatos terão dois minutos livres para fazer as suas considerações finais.

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Outros debates dos candidatos à Prefeitura de São Paulo:

– Debate na TV Record, dia 19, às 21 horas;

– Debate no UOL/Folha de S. Paulo, dia 21, às 10 horas;

– Debate na TV Globo, dia 25, às 22 horas.

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Quando acontece a votação do segundo turno das eleições?

A votação do segundo turno das eleições vai ocorrer no domingo, dia 27 de outubro.

 





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