POLÍTICA
O tropeço de Lula ao celebrar projeto de senadora……
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Marcela Mattos
O presidente Lula sancionou na última quarta-feira, 9, o projeto que endurece a punição para os crimes de lesão corporal e ameaça contra mulheres e aumenta para até 40 anos a pena de prisão no caso de feminicídio.
Em seu gabinete, o presidente validou a nova lei ao lado das ministras Simone Tebet (Planejamento), Cida Gonçalves (Mulheres) e Esther Dweck (Gestão), dos ministros Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Manoel Carlos de Almeida, e do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
É praxe que o presidente, ao sancionar projetos que não sejam de autoria do Executivo, esteja ao lado do autor da medida durante a cerimônia ou ao menos cite o parlamentar responsável pela proposta. Também é comum que congressistas, mesmo os não alinhados, participem de eventos que tratem de áreas nas quais atuam.
Em março, por exemplo, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos principais membros da tropa oposicionista, compareceu a um evento no Palácio que tratava sobre a inauguração de novos Institutos Federais – ele foi convidado por ser presidente da Comissão de Educação. Ainda que a sanção aconteça sem uma cerimônia específica, Lula costuma chamar o autor para o ato em seu gabinete, como aconteceu, por exemplo, quando recebeu a senadora Soraya Thronicke, relatora de uma proposta que tratava sobre multas a advogados.
No caso do projeto do feminicídio, porém, sequer houve convite para a senadora Margareth Buzetti (PSD-MT) participar do ato de sanção que ocorreu no gabinete presidencial – e ela estava em Brasília naquele dia. O entorno da parlamentar, que é suplente do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, viu o gesto com estranhamento.
Aliados da senadora afirmam que houve comunicações prévias que tratavam sobre a possibilidade de um grande evento no Planalto para comemorar a nova lei e que ela seria convidada. Também afirmam que, na véspera, foram comunicados sobre o dia em que o presidente sancionaria a medida. Mas, depois disso, não houve mais nenhum contato.
‘Parabéns, presidente’
Nas redes sociais, um vídeo que registrou o momento da sanção foi celebrado como um avanço do governo e acompanhado de agradecimentos a Lula pela medida.
No site do Planalto, a nota que informa a sanção da proposta vem acompanhada de uma série de ações do Executivo na proteção às mulheres, mas também não há nenhuma referência à parlamentar que elaborou a medida.
“O presidente da República acaba de sancionar a nova lei que complementa a questão do feminicídio. Ele aumenta penas, traz elementos importantes para que de fato nós possamos ter um país sem feminicídio, sem impunidade e garantir a vida e a segurança de todas as mulheres do Brasil. Parabéns, presidente”, disse a ministra Cida Gonçalves em vídeo divulgado no perfil de Lula.
Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência informou que não houve um ato de sanção e que a assinatura ocorreu “durante reunião que tratou de diversos temas”. “Importante informar que a Presidência da República comunicou a senadora Margareth Buzetti que o texto foi sancionado sem vetos por meio do ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha”, acrescentou a Secom.
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O relatório de Damares sobre a Política Nacional d…
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16 de dezembro de 2024Gustavo Maia
A Comissão de Segurança Pública do Senado vai analisar na manhã desta terça-feira o relatório da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) com as conclusões da avaliação da política pública analisada pelo colegiado neste ano, a respeito da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas — estabelecida na Lei 13.182, de 2019.
O documento foi resultado de debates com especialistas promovidos em quatro audiências públicas e utilizou informações coletadas de órgãos públicos que executam ações relacionadas à política, como os ministérios da Justiça, dos Direitos Humanos e da Saúde, as polícias Federal e Rodoviária Federal e o Conselho Nacional de Saúde.
“A estrutura do governo federal, à época, carecia de um órgão dedicado exclusivamente à busca de pessoas desaparecidas. Não existia, por exemplo, uma secretaria em nível ministerial para promover o diálogo entre diferentes entidades governamentais e não governamentais, o que resultava, muitas vezes, em resposta fragmentada diante de casos tão urgentes”, destaca Damares no seu relatório.
Entre elogios, críticas e recomendações, a senadora apontou que a política nacional “revelou avanços importantes na estruturação de uma resposta coordenada e integrada pelo poder público e a sociedade civil”, entre elas a criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, a implementação de sistemas de alerta como o Amber Alerts, e a ampliação da capacitação de agentes públicos.
“Contudo, os desafios permanecem. A falta de padronização de dados, a subnotificação de casos e as dificuldades de articulação interinstitucional evidenciam a necessidade de aperfeiçoamento das estratégias já implementadas”, escreveu.
“Além disso, é imprescindível fortalecer os equipamentos públicos de atendimento psicossocial às famílias de desaparecidos, cuja vulnerabilidade emocional, social e econômica exige uma abordagem multidisciplinar e contínua. Assim, é urgente que o Governo Federal implemente o disposto no art. 15 da Lei no 13.812/20219, que trata sobre a implementação de programas de atendimento psicossociais para as famílias de pessoas desaparecidas”, complementou.
Dentre as proposições para o Executivo estão a implantação da Carteira de Identidade Nacional em todo o território brasileiro, a expansão de cartórios integrados em maternidades e a criação de uma rede de perícia. Para o Legislativo, as sugestões incluem a tipificação do crime de desaparecimento forçado e a revisão da Lei Geral de Proteção de Dados, de 2018, para autorizar quebra de sigilo de dados de pessoas desaparecidas por autoridades policiais.
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Colômbia é condenada pelo sumiço de defensores de…
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16 de dezembro de 2024Matheus Leitão
A Corte Interamericana de Direitos Humanos realizou o Ato de Notificação de Sentença do Caso Ubaté y Bogotá Vs. Colombia, transmitido através do canal da Corte no Youtube. O Estado colombiano foi condenado pelo desaparecimento forçado de Jhon Ricardo Ubaté Monroy e Gloria Mireya Bogotá Barbosa, perpetrado por agentes estatais em 19 de maio de 1995.
Ambas as vítimas já tinham integrado o Ejército Popular de Liberación (EPL), mas, quando desapareceram, já haviam deixado a organização há quatro anos. Ubaté atuava, à época do sequestro, como defensor de direitos humanos, denunciando violências praticadas por paramilitares em sua região.
A sentença considerou o Estado colombiano responsável pela violação de direitos humanos das duas vítimas e de seus familiares, em vista do assédio e das hostilidades que sofreram enquanto buscavam elucidar o fato. Ademais, a Corte entendeu que, passados quase 30 anos desde o desaparecimento sem que os responsáveis tenham sido punidos e sem que se tenha conhecimento sobre o paradeiro das vítimas, os direitos às garantias judiciais e à proteção judicial também foram violados, destacando que alguns familiares foram obrigados a exilar-se em razão das ameaças recebidas.
O juiz brasileiro e atual vice-presidente da Corte, Rodrigo Mudrovitsch, proferiu voto parcialmente dissidente, em que, além de corroborar o posicionamento da sentença sobre a responsabilidade do Estado no caso, propõe uma medida extra, defendendo a “necessidade de alinhar o tipo penal colombiano aos parâmetros internacionais sobre a matéria”, com intuito de “assegurar que a vasta jurisprudência da Corte IDH e os diversos tratados internacionais específicos sobre o desaparecimento forçado sejam plenamente eficazes, evitando assim a distorção da natureza delitiva de crimes internacionalmente protegido”.
Não se trata do primeiro caso da Corte a respeito de desaparecimento forçado, prática comum em nossa região sobretudo durante os períodos em que vigoraram regimes ditatoriais. O mais recente sucesso do cinema brasileiro, “Ainda estou aqui”, trata justamente de uma história real de desaparecimento forçado, em que a vítima, o ex-deputado Rubens Paiva, foi retirado de sua casa por agentes da ditadura militar brasileira supostamente para um interrogatório, e nunca mais foi visto.
O filme ilustra não apenas o desaparecimento em si, mas todo o doloroso processo de busca pelo desaparecido, a luta na justiça para identificar os responsáveis, o sofrimento dos familiares diante da ausência de respostas e de um luto que não é vivido em sua completude, dada a incerteza do que verdadeiramente ocorreu com a vítima. Todos esses desdobramentos que decorrem de um desaparecimento forçado são amplamente discutidos pela Corte, inclusive no Caso Ubaté, e estão especialmente presentes no voto de Mudrovitsch, que reforça a necessidade de criminalização dessa prática.
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Relator do PL da Anistia defende Braga Netto: “mal…
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16 de dezembro de 2024 Marcela Rahal
O relator do PL da Anistia, Rodrigo Valadares (União-SE), disse à coluna que o projeto que agora irá para uma comissão especial na Câmara é “prioridade para a direita”. A proposta perdoa os condenados pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro e, apesar do parlamentar acreditar que não, deputados dizem que o texto abre uma brecha para o perdão do ex-presidente, agora inelegível e indiciado pela Polícia Federal pela trama golpista.
No último sábado, 14, o general Walter Braga Netto, então candidato a vice na chapa do capitão em 2022, foi preso preventivamente. Na decisão, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes alega que o ex-ministro estava tentando obter dados sigilosos da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.
O tenente-coronel deu novas informações a Moraes em seu último depoimento, prestado no dia 21 de novembro. Segundo o magistrado, o general teria fornecido recursos para a operação Punhal Verde e Amarelo, que visava o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do próprio ministro.
Valadares diz que isso se trata de uma minuta “apócrifa”, que essa narrativa de plano golpista nada mais é do que “maluquices de Whatsapp” e alega que não teve execução do plano. O parlamentar e colegas da oposição veem a decisão do ministro como um ato abusivo e arbitrário.
Com isso, há a expectativa de que o PL da Anistia seja retomado logo após as eleições no Congresso e de que seja aprovado. Segundo parlamentares da oposição, essa, inclusive, foi uma das promessas feitas pelo favorito à sucessão na Câmara, o líder do Republicanos, Hugo Motta.
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