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Orbán compara a UE à URSS e exorta as pessoas a ‘resistir’ – DW – 23/10/2024
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2 meses atrásem
HungriaO primeiro-ministro nacionalista Viktor Orbán na quarta-feira comparou o União Europeia para o ex União Soviética e apelou aos húngaros para “resistirem” a Bruxelas como fizeram com Moscovo em 1956.
Orbán, que está mais próximo do presidente russo, Vladimir Putin, do que qualquer outro líder europeufez a comparação num discurso que marcou a revolta húngara de 1956 contra a ocupação soviética, que foi brutalmente reprimida pelas tropas russas.
Cerca de 3.000 pessoas morreram e 20.000 ficaram feridas.
Hungria: O que disse Viktor Orban sobre a UE?
“Para nós, a lição de 1956 é que só devemos lutar por uma coisa: pela Hungria e pela liberdade húngara”, disse ele a milhares de pessoas num comício em Budapeste.
“Curvamo-nos à vontade de uma potência estrangeira, desta vez de Bruxelas, ou resistimos a ela? Proponho que a nossa resposta seja tão clara e inequívoca como foi em 1956.”
A Hungria detém actualmente a presidência rotativa da UE, dando a Orbán uma plataforma proeminente para criticar o bloco, ao qual o seu país aderiu em 2004, pelo seu apoio contínuo à Ucrâniauma ex-república soviética que também luta Agressão russa.
“Os burocratas de Bruxelas conduziram o Ocidente a uma guerra sem esperança”, disse Orbán. “Nas suas mentes, tontos com a esperança de vitória, esta é a guerra do Ocidente contra a Rússia. Agora querem empurrar abertamente toda a União Europeia para a guerra na Ucrânia.”
Afirmou então, sem fornecer quaisquer provas, que a UE planeava ter tropas ucranianas estacionadas na Hungria em caso de vitória para ajudar a salvaguardar a segurança europeia.
“Nós, húngaros, acordaríamos uma manhã e descobriríamos que soldados eslavos do leste estavam novamente estacionados no território da Hungria”, postulou.
“Sabemos que eles querem nos forçar à guerra, sabemos que eles querem nos forçar os seus migrantes, sabemos que eles querem entregar os nossos filhos para ativistas de gênero”, continuou ele, passando para outro de seus problemas com a UE: as políticas de imigração e igualdade e diversidade do bloco.
“A política húngara independente é inaceitável para Bruxelas. É por isso que anunciaram que se livrariam do governo nacional da Hungria. Também anunciaram que queriam pendurar um governo fantoche de Bruxelas no pescoço do país.”
Orban da Hungria enfrenta protestos, novo adversário político
Orbán da Hungria sob pressão do novo partido
Orbán também não forneceu provas destas afirmações, mas os seus comentários surgiram no contexto de uma recessão económica e de uma série de escândalos políticos que levaram a um aumento no apoio a um novo partido rival.
O partido Tisza, liderado por um ex-integrante do governo que se tornou líder da oposição Pedro Húngaroacusou Orbán de corrupção e propaganda e está atualmente em votação acirrada com o partido Fidesz do primeiro-ministro.
“Os húngaros enviaram uma mensagem: o regime de Viktor Orban acabou”, disse Magyar, um homem de 43 anos que entende de mídiaapós a publicação das últimas pesquisas esta semana.
Magyar também aproveitou os comentários de um conselheiro de Orbán que afirmou no mês passado que a Hungria, confrontada com uma invasão, não se teria defendido como a Ucrânia fez, uma vez que o esmagamento da revolta de 1956 a ensinou a ser “cautelosa”.
Os comentários causaram indignação na Hungria e Orbán os chamou de “erro”. O funcionário pediu desculpas, mas resistiu aos apelos para renunciar.
A revolta de 1956 é “uma pedra angular da identidade nacional… e tem um poder de construção de identidade para os húngaros, incluindo os eleitores pró-governo”, explicou Zoltan Ranschburg, analista político sénior do Instituto Republikon, de tendência liberal, em Budapeste. Agência de notícias AFP.
Mas acrescentou que as observações da ajuda revelaram uma “contradição” na mensagem de Orban, que “elogia simultaneamente o patriotismo e a soberania nacional, ao mesmo tempo que condena o presidente ucraniano por defender o seu próprio país”.
mf/lo (AFP, AP, Reuters)
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12 de dezembro de 2024 Guardian Staff
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Pachuca surpreende o Botafogo por 3 a 0 no Catar e avança na Copa Intercontinental da FIFA | Notícias de futebol
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7 minutos atrásem
12 de dezembro de 2024O Pachuca, do México, se tornou o primeiro time a erguer o troféu do Derby das Américas da FIFA ao derrotar o Botafogo em Doha.
O Pachuca, do México, derrotou o Botafogo por 3 a 0 na Copa Intercontinental e avançou para a próxima fase da competição.
Gols no segundo tempo de Oussama Idrissi, Nelson Deossa e Salomon Rondon, do Pachuca, deram aos campeões continentais norte-americanos a vitória sobre os sul-americanos na quarta-feira, no Estádio 974, em Doha.
Os vencedores do confronto totalmente americano avançam para a próxima rodada do novo formato da Copa Intercontinental, onde enfrentarão o Al Ahly, do Egito, vencedor da Liga dos Campeões da CAF, no dia 14 de dezembro.
O Real Madrid, actual detentor da UEFA Champions League, aguarda na final quatro dias depois. A final do dia 18 de dezembro será disputada no Estádio Lusail, local que sediou a final da Copa do Mundo FIFA de 2022.
O Pachuca se classificou para o torneio como vencedor da Copa dos Campeões da Concacaf de 2024 – após a vitória por 3 a 0 na final contra o Columbus Crew, da MLS, no início de junho.
A derrota atrapalhou as duas semanas brilhantes do Botafogo, nas quais conquistou a Copa Libertadores e conquistou a Série A do Brasil.
A Copa Intercontinental deste ano é a edição inaugural da Copa Intercontinental da FIFA, um torneio anual de futebol de associações de clubes organizado pela FIFA.
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‘Cem Anos de Solidão’, da Netflix, tem incesto e tragédias – 12/12/2024 – Ilustrada
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8 minutos atrásem
12 de dezembro de 2024 Maurício Meireles
Macondo. O fabuloso talvez reste mais sólido na memória com o passar dos anos: peixinhos de ouro, mariposas que visitam a casa, uma chuva de flores amarelas. Quem leu “Cem Anos de Solidão” há muito tempo talvez tenha na lembrança pequenos detalhes assim —fofos, não seria injusto dizer.
Mas essas imagens não fazem jus ao romance mais famoso de Gabriel García Márquez. “Cem Anos de Solidão” logo revela-se também uma fábula de decadência, maldição familiar, pecados, culpas ancestrais, fatalismo e desfechos trágicos.
Por isso, num tempo em que adaptações literárias para as telas costumam sumir com elementos controversos das obras, é interessante que a aguardada série “Cem Anos de Solidão”, que estreia na Netflix nesta quarta-feira (11), não se esquive desses pontos —pelo menos dos principais.
O incesto entre os personagens, por exemplo, está fartamente retratado, como um pecado original que retorna à casa dos Buendía, muitas vezes antecipando mortes terríveis. Basta lembrar que José Arcádio Buendía e Úrsula Iguarán, patriarca e matriarca que fundam a cidade fictícia Macondo, são primos —daí o medo que têm de gerar lagartos como filhos.
Há ainda histórias como a de meio-irmãos que se casam ou a de Aureliano, que pede em casamento Remédios, menina que ainda brinca de boneca. Os pais dela se horrorizam, mas dão sinal verde, pedem só para esperar um pouco.
“Não podemos mudar o comportamento dos personagens porque eles nos deixam desconfortáveis”, diz o argentino Alex Garcia López, um dos diretores da série.
“Seria letal olhar a obra sob o prisma da correção política”, acrescenta a colombiana Laura Mora, também diretora. “O livro fala de relações quase que de uma tragédia grega, de símbolos trágicos da repetição. Tirar esses elementos seria tirar o coração da obra.”
Há algo de bíblico e trágico já no começo da história. Depois do casamento de José Arcadio e Úrsula, o rapaz acaba matando um homem em um duelo, e vai ser assombrado não só pela culpa, mas pelo próprio fantasma do morto. Depois do duplo pecado —o incesto e o homicídio—, os dois deixam a cidade com companheiros, em um êxodo que vai levar à fundação de Macondo.
Os temas de decadência familiar chegam à obra de García Márquez em partes pela influência do escritor americano William Faulkner, que ele admirava. Mas Gabo pega esses elementos e os alia a uma linguagem lírica e a um senso de humor particular, de modo que um vento de força vital sopra sobre o trágico.
A série da Netflix consegue transpor para a tela essa atmosfera, mesmo tendo que escolher o que incluir e o deixar de fora. E boa parte disso se deve à construção visual do universo do romance, não só na criação da Macondo cenográfica.
Um exemplo são os elementos fantásticos em cena. Em Macondo, o mágico é mundano, não espanta ninguém. “São propriedades da matéria, não é nada extraordinário”, diz José Arcadio numa cena em que um berço flutua.
Para reproduzir essa naturalidade, o fantástico foi construído em cena, de forma quase artesanal, em vez de ser realizado computador, na pós-produção: um personagem que voa é içado por um cabo, enquanto um fantasma é um ator de carne e osso.
Não é só para o espectador que isso tem um ar gracioso. Os efeitos também exercem poder sobre a imaginação dos atores em cena.
“Era muito interessante interagir com o efeito vivo”, recorda Marco Antonio González, que interpreta José Arcadio Buendía jovem. “Havia muitos efeitos que me eram explicados no set de gravação e eu ficava como um menino brincando com gelo seco.”
Mesmo a passagem do tempo é construída muitas vezes apenas com movimentos de câmera, em vez de cortes ou efeitos visuais.
“Gabo dizia que tentou escrever essa história muitas vezes, até perceber que precisava contá-la em um tom neutro”, diz Alex García López. “Por isso, quisemos captar essa atmosfera com o uso da câmera e do movimento, não com efeitos especiais.”
Mas o mais complicado não deve ter sido lidar com o fantástico e sim com um dos personagens mais tinhosos da narrativa: o tempo, que avança, mas se repete, deixando os Buendía aprisionados numa história ancestral.
A passagem dos anos traz transformações profundas para a família —e abre um território amplo para os atores criarem. Isso é verdade para todos os personagens, sem exceção, mas três têm uma centralidade maior: José Arcadio, o patriarca; Úrsula, a mãe; e Aureliano, que logo vira o famoso coronel Aureliano Buendía.
O primeiro, por exemplo, é um homem de imaginação prodigiosa que cria Macondo depois de um sonho. Mas vai pouco a pouco mergulhando em um estado irreversível de loucura, dizendo frases desconexas em latim.
“José Arcadio é um personagem que tem o peso dos anos”, diz Diego Vásquez, que interpreta o patriarca. “É um peso da culpa de ter cometido um assassinato e não ter chegado ao lugar onde queria. Pouco a pouco, vai se transformando e alguém alheio ao mundo real.”
Úrsula, interpretada por Marleyde Soto, é a âncora da casa, mas que testemunha os descaminhos da família —inclusive o de Aureliano, rapaz pacífico convertido em líder de uma revolução armada que, em certo ponto, mais parece um chefe de bandoleiros.
“Aureliano é um personagem que permite uma travessia por uma vida cheia de ambiguidades”, diz o ator Claudio Cataño, um dos destaques da série, que o interpreta.
O filho de José Arcadio e Úrsula é o centro gravitacional da parte de maior carga política da temporada: a violenta guerra entre conservadores e liberais, em que logo não dá mais para saber quem é mocinho e quem é bandido, com o povo como vítima dos dois lados.
É uma mensagem política clara, mas que Gabo escreveu com os conflitos do século 20 em mente. Ainda terá espaço junto ao público do século 21?
“Tem uma atualidade profunda em um mundo dividido, em tensão com o conservadorismo”, diz Laura Mora, a diretora. “Mas também é uma lembrança de que o ser humano, mesmo aquele envolvido em lutas românticas, pode virar um tirano. Como Aureliano Buendía.”
Os temas mais duros dessa história não são muito comuns nas atuais produções de TV. A escolha da produção de facilitar aspectos mais difíceis do romance deve dar uma forcinha —mas seria preciso ler o futuro nas cartas, como em Macondo, para saber como o público vai reagir.
O jornalista viajou a convite da Netflix
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