Os preços do ouro sofreram sua pior queda semanal em mais de três anos, com a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA e um dólar forte revertendo a histórica alta do metal precioso.
Após subir mais de 35% neste ano para uma série de recordes, os preços do ouro caíram 7% neste mês, para US$ 2.561 (cerca de R$ 14,8 mil) por onça troy (cerca de 31 gramas), incluindo uma queda de 3,1% no dia seguinte à eleição.
A vitória decisiva de Trump redefiniu as expectativas do mercado, enquanto investidores avaliam o impacto das prováveis políticas do presidente eleito. Os operadores precificaram menos cortes nas taxas de juros dos EUA e impulsionaram o dólar, temendo que potenciais cortes de impostos e tarifas possam levar a uma inflação mais alta.
O ouro, como um ativo sem rendimento, tende a se beneficiar de taxas mais baixas, enquanto um dólar forte, no qual o metal é precificado, também geralmente pesa sobre seu preço.
Investidores retiraram US$ 600 milhões de fundos negociados em bolsa lastreados em ouro na semana que terminou em 8 de novembro, de acordo com dados do Conselho Mundial do Ouro, o maior fluxo de saída semanal desde maio.
Analistas disseram que parte da queda se deveu a dinheiro especulativo que havia entrado na alta do ouro e agora está se movendo para a próxima tendência.
“Houve um influxo de dinheiro em bitcoin e na Tesla, as negociações de Trump, e isso está atraindo dinheiro de refúgios típicos como o ouro”, disse Nicky Shiels, chefe de pesquisa da refinadora de ouro MKS Pamp. “Não é uma reversão da tendência de alta, o ouro simplesmente subiu rápido demais e agora está revertendo para uma trajetória menos otimista.”
Um resultado definido, com os republicanos assumindo um “controle total” do Congresso, também mudou o sentimento. Os preços do ouro caíram no período de 12 semanas após nove das últimas 12 eleições nos EUA, de acordo com Rhona O’Connell, chefe de análise de mercado na StoneX, a corretora.
“Um resultado eleitoral, a menos que fosse realmente claro de antemão, tira um elemento de risco dos mercados”, disse ela.
Mas analistas também alertaram que o dólar em alta provavelmente reduziria a demanda de bancos centrais, cujas compras em grande escala também sustentaram a alta.
Neste ano, os bancos centrais compraram 694 toneladas de ouro, de acordo com dados do Conselho Mundial do Ouro, diversificando suas reservas para longe do dólar americano.
George Saravelos, chefe de pesquisa de câmbio no Deutsche Bank, disse que as políticas de Trump provavelmente enfraqueceriam moedas de mercados emergentes, como o renminbi chinês.
“Muitos bancos centrais agora precisam gastar reservas em dólar para defender seu câmbio de saídas de capital e prevenir um enfraquecimento excessivo”, disse ele.
Apesar da venda deste mês, alguns estrategistas acreditam que a alta será retomada, com O’Connell esperando que os preços alcancem US$ 3.000 por onça troy no próximo ano.
A alta do ouro no último ano foi impulsionada por conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, e por expectativas de mais cortes nas taxas.
“O ajuste desta semana apenas redefine o ouro por enquanto, mas os temas que levaram o ouro a este nível ainda estão presentes”, disse Tom Price, analista da Panmure Liberum, apontando para guerra e risco geopolítico. “Todos esses fatores não mudaram desde que Trump foi eleito.”
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