É um dilema espinhoso que a esquerda está tentando resolver. Deveríamos votar a favor do projeto de lei que revoga a reforma da previdência aos 64 anos, proposto pelo Conselho Nacional (RN)? O texto, que deverá ser apresentado pelo partido de extrema-direita na quinta-feira, 31 de outubro, foi apreciado na quarta-feira, 23 de outubro, na Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Nacional. Os deputados hesitam há semanas, apanhados entre a necessidade de mostrar que a esquerda não desiste desta luta e o risco de alimentar o empreendimento de demonização do partido de extrema-direita.
La France insoumise (LFI), que tinha definido a sua posição na véspera numa reunião de grupo, absteve-se na comissão. “Quem pode acreditar que o Rally Nacional luta contra a reforma aos 64 anos? »fingiu questionar Gabrielle Cathala (LFI, Val d’Oise), lembrando que o RN não votou a favor da alteração para retirar a reforma previdenciária proposta pela esquerda como parte do projeto de lei de finanças da seguridade social (PLFSS) há alguns dias mais cedo; que ele não escolheu “censor Michel Barnier” ou de “demitir Emmanuel Macron”, um procedimento que a LFI tentou iniciar. “Não há necessidade de participar deste golpe”conclui o deputado, reunindo-se com os deputados no dia 28 de novembro, dia do nicho parlamentar dos “rebeldes”, um dos textos dos quais será precisamente propor a revogação da reforma das pensões.
No processo, Jean-Luc Mélenchon oficializou esta posição. “Não se trata de dar credibilidade ao RN no âmbito social. E não se trata de reformar o sistema de pensões com um toque liberal”.escreveu no seu blog na quarta-feira, 23 de outubro, pretendendo divulgar a ideia de que se a LFI não votar a favor do texto, não será simplesmente por princípio, mas porque seria contraproducente para os cidadãos. « Comente (Marine Le Pen) financia esta reforma? Ela diz em preto e branco “isso será definido pelo governo do RN”. Veremos quem vota pela instalação de um governo no RN! »continua ele, julgando que o partido de extrema direita removeria então “contribuições sociais”. “Tudo o que é pago por contribuições deve ser pago por impostos”alerta, garantindo que “isto equivaleria a decidir o fim da Segurança Social que passaria então a ser inteiramente tributada”.
“Devemos evitar cair na armadilha”
Os socialistas havia tomado uma posição em 24 de setembro ao decidir que não apoiariam o texto da RN. Eles também denunciaram “a fraude” do partido de Jordan Bardella, e um texto em forma de “mentira política”, de “mentira institucional” e de “mentira social”. Em comissão, os deputados socialistas Jérôme Guedj (Essonne) e Arnaud Simion (Haute-Garonne) e a ecologista Sandrine Rousseau (Paris) votaram contra o texto, a fim de garantir a rejeição do artigo.
Você ainda tem 39,12% deste artigo para ler. O restante é reservado aos assinantes.