Nicola Pamplona
Com maior produção e menores vendas, a Petrobras fechou 2024 com menos necessidade de buscar combustíveis no mercado externo, minimizando perdas com as defasagens nos preços internos da gasolina e do diesel.
A produção de gasolina da estatal bateu recorde, chegando a 420 mil barris por dia. A empresa também registrou recorde nas vendas de diesel S-10, menos poluente, hoje responsável por 64% das vendas internas deste combustível.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (3) no relatório de produção e vendas da estatal. Com relação ao petróleo e gás, houve queda de 3,1% na produção, em relação ao ano anterior, por maior volume de paradas para manutenção em plataformas.
O esforço por maior utilização das refinarias é uma das mudanças da gestão petista da Petrobras em relação ao governo anterior, que tentou deslanchar um plano para reduzir a fatia da estatal neste segmento —chegou a vender quatro unidades à iniciativa privada.
Em 2024, a empresa operou suas refinarias com 93% de sua capacidade, o maior fator de utilização desde 2014. No ano, produziu uma média de 1,78 milhão de barris de combustíveis por dia, alta de 0,6% em relação ao ano anterior.
O destaque foi a produção de gasolina, que somou 420 mil barris por dia, 4,2% acima de 2023 e o maior volume já registrado pela empresa. A produção de diesel S-10 chegou a 452 mil barris por dia, em média.
A empresa registrou queda nas vendas dos dois combustíveis, na comparação com 2023. As vendas de gasolina caíram 4,1% e as de diesel, 2,8%. Nesse cenário, as importações de gasolina pela estatal caíram 72% e as de diesel, 4,8%.
A companhia passou 2024 com preços médios abaixo das cotações internacionais dos dois produtos, situação que se agravou com a disparada do dólar no fim do ano. Na semana passada, anunciou aumento de 6% no preço do diesel, que havia ficado o ano anterior sem reajuste.
O diretor de Processos Industriais e Produtos da estatal, William França, disse em nota que o resultado do refino reflete o foco da empresa “em eficiência, segurança e operacionalização rentável dos ativos”.
Em 2024, a Petrobras anunciou a retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), rebatizado de Complexo São Boaventura —duas obras que estiveram no centro das investigações da Operação Lava Jato.
Na área de exploração e produção, a Petrobras amargou queda na produção, mas diz que o volume atingido ficou ainda dentro da meta para o ano. Foram 2,7 milhões de barris de óleo equivalente (somado ao gás) por dia.
A produção em campos do pré-sal foi recorde, somando 2,2 milhões de barris de óleo equivalente. “Desde o primeiro poço em 2008, a cada ano a Petrobras aumenta sua produção nessa camada, e em 2024 não foi diferente”, disse a diretora de Exploração e Produção da estatal, Sylvia dos Anjos.