Matheus Leitão
Maior indigenista da história do Brasil, Bruno Pereira foi vítima de um crime perverso.
Não foi somente contra ele e Dom Phillips, colega jornalista que acabou sendo assassinato brutalmente junto com Bruno. Foi contra a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Ou seja, o país e o mundo.
Quando o inquérito confirma que os assassinatos foram em decorrência das atividades fiscalizatórias promovidas por Bruno Pereira na região, é disso que estamos falando.
Ou vamos fingir que as crises climáticas não existem? Não entendemos que o futuro da humanidade – a continuidade da vida como conhecemos – depende de uma Amazônia de pé?
Bruno Pereira sabia disso. Em todas as (inúmeras) conversas que tive com ele essa era a sua maior preocupação junto com a garantia dos direitos indígenas.
O indigenista, o único servidor brasileiro fluente no dialeto dos Korubo do Coari, queria os indígenas cada vez mais respeitados para que eles pudessem ajudar em um grande movimento para salvar a floresta e a humanidade.
É preciso lembrar que os corpos de Bruno e Dom foram esquartejados e enterrados em lugar da mata extremamente úmido para que os restos mortais sumissem rapidamente.
Quanto mais úmida a terra, mais rápida a decomposição. É crime hediondo.
Os assassinos têm conexões com o crime organizado, o mesmo crime organizado brasieiro que, no Rio de Janeiro, matou Marielle Franco.
Na Amazônia, eles derrubam árvores, traficam animais, roubam espécies de plantas e usurpam a terra. São madeireiros, caçadores, piratas, grileiros.
Eles têm roubado tudo de nós, até o futuro.
A verdade é que a Polícia Federal confirmou que o assassinato de Bruno e Dom foi um crime contra toda humanidade.