O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, vai às urnas neste domingo (27) com o desafio de atingir uma marca inédita de prefeitos eleitos nas capitais brasileiras. O partido elegeu dois prefeitos ainda no primeiro turno e concorre em outras nove capitais.
Ao todo, as capitais de 15 estados estão em disputa neste segundo turno. O resultado vai definir o xadrez das forças políticas nas grandes cidades, onde há um predomínio de partidos de centro e de direita.
O desempenho do bolsonarismo deve servir de termômetro para as eleições estaduais e presidenciais de 2026, assim como o campo aliado ao presidente Lula (PT), que vem de resultados negativos nas eleições de 2016 e 2020 e busca retomar espaços.
Antes da filiação de Bolsonaro, em 2021, a última vez que o PL elegeu um prefeito de capital nas urnas tinha sido em 2000, quando Alfredo Nascimento venceu em Manaus. O partido tem atualmente os prefeitos de Maceió e Rio Branco, reeleitos no primeiro turno, mas ambos foram eleitos por outras legendas em 2020.
Na eleição municipal de 2020, Bolsonaro tinha rompido com o PSL e estava sem partido. Seus aliados se pulverizaram entre diversas legendas de direita.
Neste segundo turno, o PL desponta como favorito em Aracaju, mas enfrenta cenários considerados difíceis em João Pessoa e Belém. Nas demais seis capitais em que a legenda concorre, a expectativa é de disputa acirrada entre seus candidatos e os oponentes.
É o caso de grandes colégios eleitorais como Fortaleza, Belo Horizonte e Manaus, onde chegaram ao segundo turno nomes próximos a Bolsonaro como André Fernandes, Bruno Engler e Capitão Alberto Neto.
O partido também disputa o segundo o turno em Palmas, Goiânia e Cuiabá e tem os vices em chapas que concorrem em São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Porto Velho –no primeiro turno, elegeu a vice em Florianópolis.
Caso vença em 8 das 9 capitais que disputa neste segundo turno, o PL poderá superar o resultado que PT conquistou em 2004, quando elegeu nove prefeitos. Foi a maior hegemonia de um partido nas capitais brasileiras neste século.
Partidos como PSD, MDB e União Brasil também despontam entre os que podem fazer o maior número de prefeitos nas capitais.
O PSD, que assumiu a ponta no número de prefeitos eleitos no primeiro turno, elegeu os prefeitos do Rio de Janeiro, Florianópolis e São Luís, sendo Eduardo Paes (RJ) aliado de Lula e Topazio Neto (SC) próximo a Bolsonaro.
A sigla ainda concorre em Belo Horizonte, onde o prefeito Fuad Noman enfrenta o bolsonarista Bruno Engler com o apoio da esquerda no segundo turno, e em Curitiba, onde legendas à direita ancoram Eduardo Pimentel.
O MDB segue na mesma linha, com divisões internas. Os prefeitos de São Paulo, Ricardo Nunes, e de Porto Alegre, Sebastião Melo, concorrem com vices do PL e apoio dos bolsonaristas contra candidatos de esquerda.
Em Belém, o cenário é o oposto. Igor Normando (MDB) disputa o segundo turno respaldado pela esquerda contra o bolsonarista Eder Mauro (PL). No primeiro turno, o MDB reelegeu os atuais prefeitos de Macapá e Boa Vista.
O União Brasil tem candidaturas mais consolidadas no lado conservador, mas terá embates diretos com outros candidatos da direita em três capitais: Goiânia, Campo Grande e Porto Velho.
Na capital de Goiás, o segundo turno tem sido marcado por embates entre o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que apoia a candidatura do empresário e ex-deputado Sandro Mabel, do mesmo partido, e os bolsonaristas que ancoram o candidato Fred Rodrigues (PL).
Em Campo Grande, duas mulheres duelam pelo eleitorado conservador: a ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil), que no segundo turno tem o apoio de parcela dos bolsonaristas e da esquerda, e a prefeita Adriane Lopes (PP), que ganhou o respaldo de Bolsonaro.
Em Natal, o União Brasil trava o seu único embate com a esquerda: o deputado federal Paulinho Freire enfrenta a também deputada Natália Bonavides (PT).
Os partidos de esquerda, que venceram apenas com João Campos (PSB) no Recife na primeira etapa da eleição, disputam seis capitais neste segundo turno. O principal nome é Guilherme Boulos (PSOL), que concorre em São Paulo, com o apoio dos petistas, contra o prefeito Ricardo Nunes.
O PT, que não elegeu nenhum prefeito de capital em 2020, chegou ao segundo turno em quatro cidades e disputa neste domingo o comando das prefeituras de Fortaleza, Porto Alegre, Natal e Cuiabá.
Com exceção de Porto Alegre, onde o prefeito Sebastião Melo é favorito contra a deputada Maria do Rosário, a expectativa é que os petistas protagonizem disputas acirradas contra seus adversários.
Em Cuiabá e Fortaleza, serão embates diretos entre o PT e o PL. Na capital de Mato Grosso, reduto bolsonarista, Lúdio Cabral (PT) recebeu o apoio até de empresários do agronegócio contra Abílio Brunini (PL). O petista é considerado moderado, enquanto o seu adversário é um aliado fiel de Bolsonaro.
Na capital cearense, o deputado estadual Evandro Leitão, filiado ao partido em dezembro passado, vai tentar inverter o resultado do primeiro turno para superar o deputado federal e influenciador bolsonarista André Fernandes. Também no Nordeste, o PT também tenta prevalecer em Natal.
O PDT, que concorreu às duas últimas eleições presidenciais com Ciro Gomes, encara sua única disputa em Aracaju. O pedetista Luiz Roberto, aliado do prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), enfrenta a vereadora Emilia Correa (PL).
Já o PSDB, partido que chegou a ter o maior número de prefeitos nas capitais em 2016, quando emplacou sete nomes, teve o seu pior desempenho da história. A legenda sairá das urnas sem nenhum eleito nas 26 capitais.
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