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Por que o pacote de Haddad está paralisado

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Por que o pacote de Haddad está paralisado

Matheus Leitão

O conjunto de medidas de ajuste fiscal do ministro Fernando Haddad está parado. E no mesmo lugar que outros pacotes com o mesmo objetivo.

O principal problema a travar o plano é cada ministério acreditar que seu orçamento não pode ser tocado. Mas, para fazer um ajuste que realmente diminua os gastos públicos de um Estado inchado como o Brasil, é preciso mexer nas despesas e nos programas ineficientes.

Recentemente, surgiu outra questão paralisante: a dos militares. Desde o começo das medidas, o governo federal já estudava o que cortar nas despesas dos servidores do Exército, Marinha e Aeronáutica.

Os Ministérios do Planejamento e da Fazenda fizeram várias simulações, com propostas de mexer na aposentadoria dos militares e acabar com a pensão vitalícia das filhas de militares.

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A questão das filhas, aliás, é sempre um assunto muito controverso. Em 2001, Fernando Henrique Cardoso acabou com a mamata, mas quem já estava em uma das forças pode optar por continuar contribuindo para que a filha recebesse a pensão.

Ocorre que a contribuição é muito pequena para uma despesa grande. Imagina alguém que fosse jovem em 2001, que só depois foi pai de uma menina e vai se aposentar. Quando morrer, a filha vai receber a pensão pelo resto da vida.

Fato é que o Estado carrega, durante mais de meio século, por décadas, esse custo. É correto isso?

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Os militares defendem que muitos contribuíram e que agora têm o direito conquistado. Então, a discussão está nesse ponto.

Os ajustes são necessários, mas ninguém quer mexer no próprio orçamento.

Quando um país precisa de um pacote de redução de gastos, e não faz isso direito, pode ter como resultado um tiro pela culatra: incerteza no mercado, alta do dólar — que aumenta o preço de quase tudo — cresce a inflação, e quem empobrece? Os mais pobres.

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Se não der certo será mais um calcanhar de Aquiles de Lula.



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Homem tentou entrar no STF com explosivos no corpo…

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Homem tentou entrar no STF com explosivos no corpo...

Laryssa Borges

A governadora em exercício do Distrito Federal Celina Leão (Progressistas) informou nesta quarta-feira, 13, que o homem morto hoje em uma explosão nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF) tentou entrar na Corte com explosivos presos ao corpo. Celina evitou tecer detalhes sobre as descobertas da polícia até o momento, mas afirmou que, pela falta de outras vítimas ou coautores, uma das linhas de investigação é a de que trata-se de um lobo solitário, uma pessoa que, sem articulações com outros partícipes, decide agir sozinho em um ato violento. “Ele tentou adentrar [no STF] com os dispositivos. Ele tentou entrar dentro do prédio, não conseguiu e teve a explosão ali no local”, resumiu.

De acordo com a governadora em exercício, locais-chave da região da Esplanada dos Ministérios estão com segurança reforçada, e o Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente Lula, também terá proteção extra diante dos acontecimentos. Uma das principais testemunhas da atuação do homem identificado preliminarmente como Francisco Wanderley Luiz prestou depoimento na 5ª Delegacia de Polícia.

Os prédios do Supremo, do Congresso e o Palácio do Planalto passarão por uma varredura completa para verificação de eventuais bombas. O expediente no STF e na Câmara estão suspensos nesta quinta-feira para as vistorias até que se tenha certeza de que não há mais riscos de incidentes.

Como foram as explosões?

Com intervalo de poucos segundos, um veículo registrado no nome de Francisco explodiu em um anexo da Câmara dos Deputados e, na sequência, o próprio homem se explodiu diante da Suprema Corte. Ministros do STF foram retirados às pressas do prédio e, conforme relato de Celina Leão, não há nenhum ferido nos incidentes. “Atos como este que é o que gente chama de lobo solitário acontecem nos lugares mais protegidos do mundo. É a linha que a gente está tentando entender porque até agora não tem nenhuma outra pessoa identificada”, disse a governadora em exercício, antes de sair em defesa do titular do Executivo, Ibaneis Rocha (MDB), que está em viagem oficial a Roma.

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Ibaneis Rocha, da Itália: ‘Muito grave’

A vice Celina Leão está na função de governadora em exercício desde o último domingo, 10, quando o governador Rocha viajou para a Itália. De lá, ele escreveu em uma rede social que o episódio foi “muito grave” e que todas as unidades de segurança e inteligência do GDF estão orientadas a agir com rigor e celeridade para identificar o autor das explosões.

“Minha total solidariedade às autoridades e servidores dos três poderes, desejando que a segurança de todos seja prontamente restabelecida”, escreveu Ibaneis.



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Barroso telefona para Lula e acompanha caso de exp…

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Barroso telefona para Lula e acompanha caso de exp...

Laryssa Borges

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso telefonou na noite desta quarta-feira, 13, para o presidente Lula após duas explosões terem ocorrido nas proximidades da Corte e disse estar acompanhando a ocorrência que culminou na morte de um homem e na explosão de um veículo recheado de bombas e de propriedade do ex-candidato a vereador Francisco Wanderley Luiz, que nas eleições de 2020 concorreu com o nome político de Tiú França. Barroso também conversou com o diretor-geral da Polícia Federal Andrei Rodrigues e com a governadora em exercício do Distrito Federal Celina Leão.

O prédio do STF foi evacuado por volta das 20 horas após duas explosões terem sido ouvidas. Uma, a de um veículo estacionado em um anexo da Câmara dos Deputados, e outra que, de acordo com a Polícia Militar do DF, culminou na morte de um homem próximo à entrada principal do Supremo. Os magistrados foram retirados do prédio em segurança, enquanto as sessões do Congresso Nacional, a poucos metros dali, foram suspensas por precaução. Em uma rede social, o ministro do STF Flávio Dino publicou há pouco uma foto da Corte e disse que “a Justiça segue firme e serena”.

O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estava no Senado no momento do episódio e deixou o local pela garagem acompanhado de seguranças. Momentos antes, ele também conversou com a governadora em exercício e foi informado de que a polícia havia reforçado os arredores da Esplanada dos Ministérios “porque o risco não está totalmente dissipado”.

“É natural que diante de um acontecimento desse que foi noticiado, uma pessoa morreu, um carro teve fogos, óbvio que agora toda a força de segurança tem que estar em alerta nesse instante. Por isso o reforço dessa segurança em todos dos prédios, do Palácio do Planalto ao Supremo Tribunal Federal, passando, evidentemente, pelo Congresso Nacional”, disse Pacheco.

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A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o caso, e a corporação realiza uma ampla varredura na área em busca de potenciais novos explosivos. Por volta das dez horas da noite, um carro do Instituto Médico Legal (IML) chegou à Praça dos Três Poderes. O corpo de um homem, que conforme revelou o Radar, trata-se do ex-candidato a vereador Tiú França, será vistoriado com robôs anti-bomba antes de ser removido.

Em uma rede social, o advogado-geral da União Jorge Messias disse que “a Polícia Federal investigará com rigor e celeridade as explosões no perímetro da praça dos três Poderes” e defendeu que se conheça com brevidade as motivações que levaram ao episódio. “Precisamos saber a motivação dos ataques, bem como restabelecer a paz e a segurança o mais rapidamente possível”, afirmou.

 



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É sempre mais fácil culpar as mulheres

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É sempre mais fácil culpar as mulheres

Matheus Leitão

Na minha vida e na minha atuação feminista, esta história começou em 2018.

Sob a ameaça de o Brasil eleger um presidente declaradamente misógino, cujo ideário se construía em torno de um discurso de hipermasculinidade (para citar algumas temáticas: ode ao porte de armas, defesa do papel tradicional das mulheres na relação conjugal, descaso com o assassinato de Marielle Franco), muitas mulheres fomos às ruas, acompanhadas ou não de homens, mas puxando o movimento que teve seu ápice na passeata do “Ele Não”. No dia 30 de setembro de 2018, em todo o Brasil, milhares; milhões ocupamos as praças e avenidas.

O que aconteceu pouco depois, é fácil de lembrar: Jair Bolsonaro derrotou Fernando Haddad nas urnas e passamos quatro anos aturando não apenas ele e os seus, bem como uma ministra das mulheres contrária a políticaspara mulheres. Mas não somente isso. Nos quatro anos seguintes, tivemos de lidar com a mesma suspeição, com jeito de acusação, por parte dos nossos em perguntas que nos chegavam em qualquer palestra ou entrevista de que participávamos: “Você não acha que o Ele Não foi crucialpara a eleição de Bolsonaro?”

Bolsonaro, assim, seria o retrato do backlash, a reação a uma dinâmica em que um grupo pedia por seus direitos.

Li e ouvi isso vindo de jornalistas, cientistas políticos, amigos e sei lá mais de quem. Diante da incredulidade sobre como o Brasil permitiu que um candidato afeito à ditadura fosse eleito, muitos optaram pela saída simples: a culpa é dos “identitários”; mulheres, pessoas negras, LGBTQIAP+. Desde aquela época, o argumento era o mesmo: a “política identitária” causou a nossa derrota porser desagregadora, diferentemente das grandes demandas de classe.

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Na recente eleição de Trump para um novo mandato, eis que voltamos a ouvir mais um monte de vezes a culpa é do identitarismo. Não me arrisco a entrar no debate sobre eleições nos Estados Unidos, uma vez que pouco conheço sobre o assunto, entretanto, uma vez que o argumento ganha novamente espaço no Brasil, retorno também a ele.

No caso brasileiro, existem duas maiorias contundentes: mulheres (de acordo com o último censo, 51,5% da população) e pessoas negras (56%). Se ambos os grupos majoritários se tornam minorias nos espaços de poder (na Câmara Federal, respectivamente, 18% e 26%), recebemsistematicamente salários menores e, no caso das pessoas negras, sofrem em escala muito maior com a violência policial, é mais que esperado que esses grupos se organizem politicamente, justamente para pedir por taisdireitos que lhes estão sendo negados.

Focando especificamente no caso das mulheres e do feminismo, em toda a história, a sua agregação se deu muito mais por esse caminho (a ausência de poder que as mulheres têm na sociedade por serem classificadas como mulheres) do que por conta de questões de identidades, ou seja, de características suas consideradas inatas. Não nos reunimos porque temos órgãos sexuais e reprodutivos os quais se categorizam como femininos, mas, sim, porque, ao apresentarmos essas características, somos vítimas de uma série de violências, assim como nos são limitadosinúmeros direitos.

Querer utilizar o discurso de que se trata de uma disputa política de segundo escalão por “identitária” demonstra ignorância sobre a natureza desses movimentos, bem como de sua atuação, a qual se localiza, de forma inegável, no espaço da disputa política.

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Grupos em situação de vulnerabilidade – e aqui não pretendo elencar maiores ou menores – têm todo o direito de se organizar, inclusive apoiando uns aos outros (ou se interseccionando, ou seja, trabalhando conjuntamente diferentes vulnerabilidades).

Seja no Brasil ou nos Estados Unidos, jogar a culpa pela derrota da esquerda nas mulheres, no feminismo ou no movimento negro é negar o direito de reivindicação de maiorias vulnerabilizadas, bem como simplificar o que constrói as preferências do eleitorado. Mais que isso: é argumentar que a única perspectiva válida e não identitária é a luta que se constrói em torno das preferências dos homens brancos, aqueles que, à direita e à esquerda, ainda controlam o poder político em ambos os países.

* Débora Thomé é cientista política, pesquisadora da FGV/Cepesp. Autora de “Mulheres e Poder” (FGV Editora)





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