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Prefeito de Assis Brasil se depara com centenas de imigrantes abrigados no município
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5 anos atrásem
Com centenas de imigrantes abrigados, cidade na fronteira do Acre com Peru pede socorro.
Assis Brasil é ponto de passagem para refugiados que tentam chegar aos Estados Unidos.
No gabinete, o prefeito Antonio de Souza (PSDB), o Zum, se exaspera enquanto assessores relatam críticas e notícias falsas sobre o acolhimento humanitário de imigrantes.
Com a fronteira Brasil-Peru fechada há duas semanas, já são centenas os que esperam a reabertura para retomar uma longa viagem até os Estados Unidos em abrigos improvisados de Assis Brasil.
“Quem seria o prefeito que, nas condições desta cidade, estaria preservando esse pessoal aqui?”, diz Zum, ao saber de um boato espalhado nas redes sociais de que ele rejeitou ajuda de Brasília para levá-los embora. “Aí dá vontade de mandar tomar no rabo, desculpa a expressão.”
A grande maioria é de haitianos, mas há mauritanos, senegaleses, venezuelanos e até um paquistanês. Há 58 crianças, muitas delas brasileiras filhas de haitianos, e 9 grávidas, das quais 2 estão no final da gestação.
As cem cestas básicas enviadas pelo governo estadual estão chegando ao fim, obrigando a prefeitura a usar recursos próprios. “Ontem, já comprei um boi inteiro, mandei fatiar todinho. Hoje, já deve ser essa carne.”
A notícia do boi virou prato cheio para a oposição. Nas redes sociais, a vereadora petista Ivelina Araujo criticou tanto a compra quanto o uso das escolas.
“O que estou vendo é muita gente do nosso município passando por necessidade de não ter o que comer e não vi nenhuma ação da prefeitura sobre isso”, escreveu.
Em grupos de WhatsApp da cidade, há quem defenda expulsar os imigrantes. “Se ninguém tomar providências, só resta à população se reunir e botar eles para fora da cidade antes de o pior acontecer”, escreveu um morador. Para coibir ataques, a PM reforçou a presença nos abrigos.
“Porque tenho pobres aqui passando necessidade, vou deixar esses que não são da cidade morrer aqui? Não posso fazer isso”, diz Zum, 62, cujo apelido vem tanto do passado de corredor quanto do costume de andar a passos rápidos.
Nos últimos dias, ele enviou vários pedidos de ajuda a cinco parlamentares e ao governador Gladson Cameli (PP). “Estou pedindo para retirar, não tenho como dar suporte a esse pessoal, eu tenho todos os áudios que estou mandando. Retire, retire esse pessoal daqui.”
Outra medida tem sido impedir que os imigrantes cheguem até Assis Brasil. A pedido da prefeitura, os ônibus que partem da rodoviária de Rio Branco não estão vendendo passagens a estrangeiros. Dois táxis com haitianos foram obrigados pela polícia a dar meia volta ao chegar à cidade.
“É um contraponto à nossa Constituição tirar o direito de ir e vir das pessoas, a gente sabe disso”, admite o prefeito. “Mas o momento pede que a gente faça esse tipo de injustiça. É a forma que a gente tem para as pessoas não irem se represando mais aqui dentro.”
Mesmo com essa estratégia, o número continua aumentando. Alguns taxistas conseguem driblar a fiscalização policial, e outros que já estão na cidade acabam recorrendo ao abrigo após gastar todo o dinheiro com hospedagem e comida.
Assis Brasil tem uma população de cerca de 7.500 pessoas, segundo o IBGE, mas a Prefeitura afirma que o número correto gira em torno de 13 mil habitantes.
Assim como as demais cidades acreanas, apenas o comércio essencial, como mercados, está autorizado a abrir. O pequeno centro da cidade está às moscas.
Para atender os imigrantes, a prefeitura usa três escolas —as aulas no município estão suspensas. Duas servem de abrigo e uma terceira, de cozinha —os funcionários municipais produzem cerca de 750 refeições por dia.
Por iniciativa inicial do Peru, a fronteira está fechada desde 15 de março. Dias depois, o Brasil adotou a mesma medida. Nesta quinta-feira (26), o presidente Martín Vizcarra estendeu o fechamento até ao menos 13 de abril. Na ponte binacional, militares de ambos os países asseguravam o bloqueio usando máscaras descartáveis.
Procurado pela Folha, o governo do Acre informou que, além das cestas básicas, enviou 250 colchões e deve despachar fraldas nos próximos dias.
Além disso, pediu ajuda financeira ao Ministério da Cidadania para que os imigrantes possam voltar aos países de origem.
“Mesmo figurando um estado pobre, com dependência de mais de 70% de repasses da esfera federal, o Acre não se furta em ajudar irmãos e contribuir com sua estada. Mas cabe também ao município auxiliar tais imigrantes buscando recursos emergenciais”, diz a nota, assinada pela secretária de Assistência Social, Claire Cameli, prima do governador acreano.
RUMO AOS ESTADOS UNIDOS
Após o terremoto de 2010, os haitianos usavam a fronteira do Acre para entrar no Brasil. Com a crise econômica, a direção da rota se inverteu, e, desde 2017, alguns milhares desses imigrantes deixam o país por ali.
Após desembarcar de avião em Rio Branco vindo de várias partes do Brasil, eles fazem uma perigosa viagem por dez países, que pode chegar a três meses.
Do Peru, sempre por terra, atravessam Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras e Guatemala até chegarem ao México. Ali, esperam uma oportunidade para cruzar para os Estados Unidos.
Esse é o plano do haitiano Aloguy Jacques, 39, que está em um dos abrigos acompanhado da mulher e da filha de 11 anos. Há quatro anos no Brasil, ele morava em Jundiaí, onde trabalhava dirigindo uma empilhadeira.
“Em agosto, mandaram todo mundo embora. Não consegui pagar aluguel e comida”, afirma Jacques, que vendeu o que tinha e conta com a ajuda de uma irmã nos Estados Unidos para financiar a viagem.
Com o mesmo sonho americano, o pedreiro paquistanês Gul Sarwar, 39, também espera a reabertura da fronteira para prosseguir viagem. Misturando português e inglês precários, diz que está há 1 ano e 4 meses no Brasil.
Da minoria pashtun, Sarwar diz ter sofrido perseguição por parte do Exército paquistanês. Veio para o Brasil porque foi o primeiro país a dar o visto como solicitante de refúgio.
No país, morava em Lajeado (RS) junto com outros paquistaneses. A ideia era trazer a família depois de se estabilizar, mas ele só conseguia trabalhos ocasionais. Para piorar, não obteve o status definitivo de refugido.
“O Conare (Comitê Nacional de Refugiados) não responde. Eu ligo, e eles só falam ‘processo, processo, processo’.”
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Projetos do Acre são publicados em guia de investimentos da ONU Turismo, em Madri
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24 de janeiro de 2025 Maria Fernanda Arival
O turismo no Brasil está em alta e, por isso, é o país homenageado na edição de 2025 da Feira Internacional de Turismo (Fitur), em Madri, na Espanha, um dos maiores eventos do mundo, que dá largada ao calendário internacional do setor. Com a presença de diversas autoridades internacionais, o guia “Tourism Doing Business: Investindo no Brasil” foi lançado, nesta quinta-feira, 23, com projetos do Acre.
Os investidores de todo o mundo, interessados em oportunidades de investimento no turismo brasileiro, podem contar com a ferramenta, que busca estimular a participação desses empresários no turismo do país. O documento, elaborado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) e pela ONU Turismo, apresenta dois projetos do Acre.
Para o secretário de Turismo e Empreendedorismo do Acre, Marcelo Messias, o destaque do Acre com dois projetos no guia de investimento é fundamental para o crescimento do setor no estado.
“O guia de investimentos direcionado aos investidores do mundo inteiro é uma iniciativa importante, e ter dois projetos do Acre na ferramenta é ainda mais, porque
contribui com a visibilidade do nosso estado e aponta quais investimentos os interessados no setor podem fazer. Na Região Norte, apenas três projetos foram incluídos e dois foram do Acre, relacionados ao nosso Rio Crôa e ao Seringal Cachoeira, que são destinos importantes do nosso turismo”, ressalta.
O documento aborda aspectos legislativos, além de fiscais e incentivos que favorecem o investimento do exterior. A ferramenta destaca também vantagens e o potencial de crescimento e estabilidade econômica, e a grande variedade natural e cultural presente no país.
Projetos no guia “Tourism Doing Business: Investindo no Brasil”
O documento aponta destinos turísticos que podem receber investimentos internacionais em todas as regiões do país. No Acre, estado da Região Norte, dois projetos foram registrados: no Rio Crôa, em Cruzeiro do Sul, e no Seringal Cachoeira, em Xapuri.
O chefe do Departamento de Gestão do Turismo, Jackson Viana, explicou que os projetos escolhidos fazem parte de um portfólio de projetos para captação de recursos.
“O Ministério do Turismo, no último trimestre do ano, passado encaminhou ofício aos secretários de estado de Turismo para verificar quais estados teriam interesse em enviar projetos de investimentos no setor em suas regiões. Como nós temos um portfólio de projetos para captação de recursos, o secretário escolheu dois desses projetos para serem submetidos”, ressaltou.
Viana também destacou que foi necessário atender a diversas orientações do Ministério do Turismo. “Graças ao empenho da nossa equipe, ficamos felizes deles terem sido selecionados para compor esse guia internacional”, finalizou.
A ferramenta aponta que o Rio Crôa é uma iniciativa de turismo fluvial ambientalmente responsável, economicamente viável e atrativo para os turistas. No documento, o projeto aponta para a aquisição de embarcações equipadas com painéis solares.
Com relação ao Seringal Cachoeira, no município de Xapuri, o projeto é direcionado a revitalização do espaço, que promove o turismo de base comunitária, gera oportunidades de renda, fortalece a economia local e aumenta a autonomia dos moradores da comunidade.
Os dois espaços são tradicionais nos respectivos municípios e de suma importância para o turismo do estado. A comunidade do Rio Crôa, durante o recesso de fim de ano de 2024, recebeu mais de 2.500 pessoas, com estimativa de 200 pessoas por dia. Já o Seringal Cachoreira é um dos atrativos do ecoturismo que estimula o contato com a floresta.
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Rede Pública de Comunicação prepara cobertura do Campeonato Estadual de Futebol Profissional
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24 de janeiro de 2025 Da Redação
Por Paulo Henrique Nascimento
O governo do Estado investe nos clubes para a disputa do Campeonato Estadual de Futebol Profissional e também em uma cobertura, por meio da Rede Pública de Comunicação. A Rádio Difusora Acreana (1400 AM), emissora mais tradicional do Acre, e a Rádio Aldeia (96.9 FM) estão com transmissões programadas para a temporada de 2025.
“Vamos transmitir todos os jogos do campeonato na Difusora e na Aldeia. Fechamos esse planejamento com o objetivo de deixar os nossos ouvintes bem informados”, comentou o gerente de esportes, jornalista Alberto Casas.
Em todo o Estado
O diretor da Rádio Difusora Acreana, jornalista Jefson Dourado, garantiu uma cobertura completa também nas rádios do interior pela Rede Pública de Comunicação.
“O esporte é uma das nossas prioridades. O Estadual desperta o interesse dos ouvintes e a orientação da secretária Nayara Lessa, é entregar a melhor cobertura desse produto importante nas onze emissoras da rede pública de comunicação do Estado. O mesmo vai acontecer nas competições regionais e nacionais. Sempre que um time acreano estiver em campo, nossa cobertura será total. É a demonstração de que o governo do Acre, por meio das rádios públicas, vai levar toda a emoção do esporte mais amado para todo o estado”, afirmou Jefson Dourado.
Profissionais experientes
A equipe da Difusora e Aldeia terá, para a cobertura do Estadual, os narradores Zezinho Melo e Otávio Damasceno, os repórteres Alberto Casas e Paulo Roberto e o comentarista Raimundo Fernandes.
“A Difusora tem uma tradição de mais de 50 anos na cobertura do futebol acreano. Este ano, teremos, ainda, essa integração e isso significa muito e também aumenta a nossa responsabilidade para realizar um grande trabalho”, declarou o experiente Zezinho Melo.
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Fiscalização de trânsito animal, vegetal, produtos e subprodutos mantém crescimento agropecuário no Acre
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24 de janeiro de 2025 Fabiana Matos
Para desenvolver a economia e manter a qualidade de produtos de origem animal e vegetal em franco crescimento, o governo do Estado, por meio do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf) vem intensificando, nos postos de fiscalização, medidas sanitárias para garantir a saúde do agronegócio na região.
As atividades de fiscalização de trânsito agropecuário fazem parte das exigências do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e são realizadas com servidores em plantão permanente, em pontos definidos para que a fiscalização seja ininterrupta nos postos fixos, tais como: Pica-pau, localizado na divisa entre Acre e Amazonas; Tucandeira, localizado na divisa entre Acre e Rondônia; e o posto do Trevo, localizado em Senador Guiomard, por onde passa grande parte da carga animal e vegetal transportada de Plácido de Castro, Capixaba, Xapuri, Epitaciolândia, Brasileia e Assis Brasil.
Somado às fiscalizações nos postos, as unidades locais de defesas agropecuárias efetuam também nas barreiras volantes e em ações com pontos estratégicos nos municípios.
O controle de trânsito de animais e produtos de origem animal e vegetal é uma prática necessária para a prevenção de doenças, a proteção da saúde pública, obedecendo as regras e normas sanitárias que regulam a movimentação de animais e produtos, orientando sempre o setor produtivo quanto à sua adequação às exigências das legislações em vigor.
“A fiscalização nos postos agropecuário tem o intuito principal de coibir o trânsito irregular no âmbito intraestadual e interestadual, com vigilância ativa para contribuir com medidas que fortalecem a cadeia produtiva e a economia do estado, principalmente no que se refere à sanidade dos animais e vegetais”, explica Camila Machado, chefe de fiscalização de trânsito agropecuário do Idaf.
Com mais de cinco milhões de bovinos, incluindo equinos, o controle da movimentação de rebanho é priorizado para impedir o ingresso de animais doentes, seja no posto fiscal ou na barreira volante, pois existe um procedimento padrão, onde veículos sujeitos à fiscalização agropecuária são vistoriados para descartar sintomas de alguma doença de notificação obrigatória, além da conferência da documentação sanitária, com foco na validade e autenticidade do Guia de Trânsito Animal (GTA), e é verificado se os animais descritos no documento são realmente os que estão na carga.
“Estou na estrada há mais de 20 anos transportando a carga de boi, e sei da importância de apresentar junto ao Idaf a documentação de GTA em dia, pois entendo que desta forma posso seguir viagem com toda segurança”, ressalta Delcimar de Souza, motorista do frigorífico FrigoNosso.
No caso de produtos vegetais existem algumas restrições. Para a banana, o produtor, dependendo do destino da carga, precisa retirar a Permissão de Trânsito Vegetais (PTV), e como o Acre está em emergência fitossanitária, fica proibido o transporte de frutos de cacau e cupuaçu saindo da região do Vale do Juruá, lembrando que amêndoas de cacau classificadas tipo 1 e 2 podem ser retiras da região.
O ingresso de qualquer produto contaminado no Acre poderia prejudicar a confiança de outros estados e países, impactando negativamente as exportações e afetando a economia local. Nesse quesito, o Idaf vem trabalhando para impedir que animais infectados cruzem as fronteiras, garantindo a continuidade das exportações, o que é essencial para a competitividade do setor agropecuário e a estabilidade do mercado interno.
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