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Premiê alemão lamenta que G20 não tenha sido mais duro com Rússia e Hamas – 19/11/2024 – Mundo

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Victor Lacombe

O primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, disse nesta terça-feira (19) que o documento final do G20, aprovado na segunda pelos países membros do bloco durante cúpula no Rio de Janeiro, não foi claro a respeito das responsabilidades pelos conflitos no Oriente Médio e no Leste Europeu.

“Não é o bastante quando o G20 não consegue encontrar palavras para dizer que a Rússia é a responsável [pela guerra da Ucrânia]”, disse Scholz, que também lamentou o fato de o texto acordado não mencionar o direito de Israel de se defender e a responsabilidade do grupo terrorista Hamas pela escalada na região.

“Está claro que tensões geopolíticas estão tendo um impacto no G20. O vento que passa pelas relações internacionais está ficando mais forte”, afirmou o premiê. O maior peso dado à guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza foi uma vitória dos países emergentes.

O texto aprovado este ano, durante a presidência do Brasil, destaca o imenso sofrimento humano e fala em uma situação catastrófica em Gaza, pedindo o envio de mais ajuda humanitária para o território palestino. Israel não é mencionado no documento.

“Afirmando o direito palestino da autodeterminação, reiteramos nosso compromisso inabalável com uma solução de dois Estados em que Israel e um Estado Palestino convivam lado a lado em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, consistentes com a lei internacional e resoluções relevantes da ONU”, diz o documento. O texto ainda apoia uma cessar-fogo abrangente em Gaza e no Líbano.

Em reunião com o líder chinês Xi Jinping, Scholz também disse que o envio de soldados da Coreia do Norte ao front na Ucrânia representa uma “nova escalada” no conflito, que completou mil dias nesta terça. O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, que não foi convidado à cúpula no Rio, acusou os líderes do G20 de não reagirem ao decreto assinado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que amplia os motivos para recorrer ao uso de armas nucleares.

“Hoje, os países do G20 estão reunidos no Brasil. Eles disseram alguma coisa? Nada”, lamentou Zelenski. O ucraniano também denunciou a ausência de uma “estratégia forte” por parte dos países sobre a guerra em seu território. Na sua fala de abertura na segunda, Scholz também havia lamentado a ausência da Ucrânia na cúpula.



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court – DW – 03/12/2025

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O ex -presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, chegou à Holanda na quarta -feira, onde ele está enfrentando o rosto Tribunal Penal Internacional(ICC) sobre seu controverso guerra contra drogas.

“Rodrigo Roa Duterte … foi entregue à custódia do Tribunal Penal Internacional”, afirmou a ICC em comunicado.

“Ele foi preso pelas autoridades da República das Filipinas de acordo com um mandado de prisão emitido … por acusações de assassinato como crime contra a humanidade”.

Um avião que se pensa estar carregando Rodrigo Duterte em Haia
Um avião carregando Rodrigo Duterte atingiu na Holanda na quarta -feiraImagem: Reuters/Wolfgang Rattay

Duterte algo preso perto de Manilaas Filipinas, na terça -feira. Ele então embarcou em um avião para a Holanda.

“Confirme que o avião pousou”, disse o porta -voz da ICC Fadi El Abdallah a repórteres na quarta -feira à tarde.

Duterte será levado para um centro de detenção antes de uma aparência inicial que provavelmente será agendada nos próximos dias.

O ex-presidente de 79 anos poderia enfrentar uma sentença máxima de prisão perpétua. Ele disse que lutaria com as acusações.

As vítimas dão as boas -vindas à prisão de Duterte

A agência de notícias Reuters disse que o mandado de prisão citou pelo menos 43 pessoas que foram mortas durante a guerra de Duterte às drogas.

No geral, as estimativas do número de mortos durante o mandato presidencial de Duterte variam da figura policial oficial de cerca de 6.000 a 30.000 reivindicados por grupos de direitos humanos.

Gilbert Andres, um advogado que representa vítimas da guerra às drogasrecebeu as notícias da chegada de Duterte na Holanda.

“A prisão de Rodrigo Duterte é um ótimo sinal para a justiça criminal internacional”, disse ele à agência de notícias da AFP de fora do tribunal.

“Isso significa que ninguém está acima da lei … haverá um dia de justiça para todos … homens até poderosos como Rodrigo Duterte”.

O ex-presidente Duterte levou a Haia para enfrentar a ICC

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O Grupo de Direitos A Anistia Internacional também saudou as notícias.

“Esta é uma etapa monumental e há muito exagerada para a justiça para milhares de vítimas e suas famílias”, disse Jerrie Abella, da Anistia.

“É, portanto, um sinal esperançoso para eles também, nas Filipinas e além, pois mostra que suspeitos de autores dos piores crimes, incluindo líderes do governo, enfrentarão justiça onde quer que estejam no mundo”, acrescentou.

Mas um punhado de manifestantes pró-Duterte também se reuniu do lado de fora da ICC, cantando: “Estamos com Duterte”.

Manifestantes pró-Duterte fora da ICC em Haia
Apoiadores do ex -presidente filipino Rodrigo Duterte protestaram sua prisão de fora do ICCImagem: Omar Havana/Ap

Alguns deles rejeitam a jurisdição do TPI, que o então presidente Duterte retirou as Filipinas de 2019 durante os estágios iniciais da investigação.

O TPI disse que analisará supostos crimes cometidos antes disso, quando as Filipinas ainda eram um membro pleno do tribunal.

Editado por: Natalie Muller



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Marieta Severo será homenageada pelo Canal Brasil – 12/03/2025 – Televisão

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Marieta Severo será homenageada pelo Canal Brasil - 12/03/2025 - Televisão

Ana Cora Lima

Rio de Janeiro

Marieta Severo, 78, receberá uma homenagem do Canal Brasil pelos seus 60 anos de carreira. Nesta quinta-feira (13), nove filmes estrelados pela atriz serão exibidos na programação da emissora. Além disso, em entrevista ao Cinejornal, ela relembra sua trajetória e fala sobre a expectativa para a estreia do longa “Câncer com Ascendente em Virgem”, no próximo dia 27.

O filme, dirigido por Rosane Svartman, acompanha a história de Leda, personagem de Marieta, mãe de Clara (Suzana Pires), uma professora de matemática e influenciadora educacional que recebe o diagnóstico de câncer de mama. “A personagem foi baseada na nossa querida produtora Clélia Bessa, que se curou de um câncer de mama em 2008. Vivo a mãe dessa personagem, que é meio maluca, é toda espiritualizada, vive com os ícones de todas as religiões, ela é o ponto de leveza ali”, explica.

Marieta Severo prossegue elogiando a produção. “A arte tem essa função de ir para qualquer lugar, abordar qualquer assunto e tirar estigmas. Na minha época, não se falava a palavra ‘câncer’, dizia-se apenas ‘está com aquilo’. O filme fala sobre um caminho de cura”, destaca a atriz.

Os nove longas-metragens estrelados por Marieta que serão exibidos incluem: “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” de Carla Camurati; “A Grande Família”, de Maurício Farias; “Domingo à Noite”, de André Bushatsky; “Cazuza: O Tempo Não Pára”, de Walter Carvalho e Sandra Werneck; “Aos Nossos Filhos”, de Maria de Medeiros; “O Corpo”, de José Antonio Garcia (1955-2005); “O Homem da Capa Preta”,” “Guerra de Canudos”, de Sergio Rezende e “Noites de Alface”, de Zeca Ferreira.



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Como brasileiros driblam a alta dos preços dos alimentos

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Como brasileiros driblam a alta dos preços dos alimentos

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Inflação mudou os itens nos carrinhos de supermercado e chegou a afetar a popularidade de Lula. Famílias de diferentes bairros de São Paulo contam sobre sua forma de lidar com a situação.

“Driblar os preços.” É assim que Ionara de Jesus, de 43 anos, tenta explicar sua única estratégia para alimentar a casa onde vive com três filhos, de 24 (uma moça acamada), 15 e 13 anos, no Parque Santo Antônio, na periferia de São Paulo. Enquanto a DW atravessa os corredores de um supermercado do bairro da Zona Sul com ela, porém, dá para ver que, com a atual inflação, os dribles estão sendo menos possíveis.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação dos alimentos chegou a 7,69% no ano passado – um valor bem acima dos 1,11% registrados em 2023. No acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de 12 meses da prévia de fevereiro, houve uma pequena desaceleração em comparação com janeiro (7,49%), mas o indicador seguiu em alta (7,12%).

Realidades como a de Ionara têm preocupado o governo federal desde o fim de 2024, mas, depois que atingiram a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se transformaram num verdadeiro entrave. Na última investida, há alguns dias, o Planalto retirou impostos de importação de alguns produtos básicos, como café, açúcar, azeite de oliva e sardinha.

“Ainda que uma inflação de alimentos caia, inevitavelmente, na conta de qualquer governo, fato é que a atual administração tem pouca responsabilidade no que está acontecendo”, explica o economista André Braz, do FGV-Ibre, no Rio de Janeiro.

Segundo Braz, a alta no preço dos alimentos se deve a fatores que vão de resquícios da pandemia de covid-19 a questões climáticas, que fizeram produtos como o café e o azeite dispararem, por exemplo. “A única coisa que podemos culpar esse governo é pela valorização do dólar causada pela incerteza fiscal”, continua.

Mudança no carrinho

Vinculada há cerca um ano ao Programa Operação Trabalho (POT), da prefeitura de São Paulo, desde que ficou viúva, Ionara de Jesus recebe R$ 1,5 mil mensalmente – um salário mínimo – fazendo algumas atividades esporádicas do projeto, como fiscalizar barracas de feiras de rua ou tecer tapetes.

Como a renda não é suficiente para alimentar a família o mês inteiro, ela confia em doações de cestas básicas para completar a despensa. No bairro, esse circuito é intermediado pelo Instituto Josefina Bakhita, ligado à ONG Ação da Cidadania, sediada no Rio de Janeiro.

“Algumas coisas que eram comuns na mesa daqui, como café ou ovos, por exemplo, viraram artigos de luxo nos últimos meses”, lamenta a diretora da entidade, Marisa Munção, lembrando do aumento de 50% do primeiro no acumulado de 12 meses registrado em janeiro e de mais de 40% no preço do segundo em fevereiro.

É por isso que ali, diante das gôndolas, os “dribles” de Ionara têm que ser certeiros. Um deles é no feijão que, ao invés do tipo tradicional (R$ 7 por quilo), agora ela substitui pelo fradinho, quase pela metade do preço. “E eu vou adicionando água toda vez que requento a panela. Vai rendendo mais”. Depois, diante das farinhas de trigo, ela corre para pegar um pacote, explicando que, com ele, dá para “inventar” um tipo de “bolinho de chuva” que sempre ajuda a matar a fome.

Outro “drible” é sobre o café que, vendido por R$ 32 em uma embalagem de 500 gramas, é trocado há alguns meses por uma caixinha de chá – dessa vez, de capim-santo, mas podia ser de camomila, diz Ionara. Mudar o sabor é um jeito de burlar o desejo. “Estamos aprendendo a depender menos de cafeína”, sorri, encabulada. Alguns minutos depois, quando ela retorna involuntariamente ao corredor do produto, revela à DW outra estratégia recente. “A gente reveza lá em casa: cada dia um de nós toma café. Daí o pacote dura mais.”

Já alguns itens que faziam parte da compra doméstica – ultraprocessados, como bolachas e salgadinhos, mas também laticínios, como iogurtes e queijos – foram sumariamente tirados da lista. “Se não sobra dinheiro nem para comprar fruta na feira, como vou comprar essas coisas?”, questiona.

Carcaça de frango e suã de porco

A advogada Léa Vidigal, que acabou de lançar o livro Direito Econômico e Soberania Alimentar, lembra como, em meio à alta no preço dos alimentos, o risco de que famílias mais pobres tenham um acesso precário às proteínas se intensifica, “o que é grave, porque a falta delas tem uma série de prejuízos à formação das crianças, por exemplo”, observa. “A desigualdade se mede muito pela qualidade dos alimentos que as pessoas das diferentes classes comem.”

Na casa de Ionara, a presença diária de carne vermelha na mesa cessou há mais ou menos seis meses, quando o preço dos bovinos disparou além do que ela podia pagar. Segundo o IBGE, essa elevação foi de mais de 20% só em 2024. Hoje, entre dois e três dias da semana, ela e os filhos comem apenas arroz e feijão, sem nada mais.

“Eles não gostam de salsicha”, lamenta, contando que, com o ovo mais caro, ela perdeu um dos substitutos comuns das classes mais baixas diante da impossibilidade de comer carne.

Mas Ionara tem outras estratégias: uma é a carcaça de frango, que não se vende no supermercado, mas é facilmente encontrada em granjas do bairro. Custa cerca de R$ 30 e pesa em torno de 4 kg. “E daí a gente inventa, né? Faz uma sopa, refoga, cozinha uma canja, e ela vai durando umas duas semanas. Às vezes até mais.”

Outra é a espinha do porco, que se encontra nos açougues pelo nome de suã. É uma mistura de osso, carne e gordura suína. Ionara o encontra por R$ 10 o quilo. “A gente faz a festa com isso! “, sorri de novo. Com as doações dando conta do suprimento de carboidratos (macarrão, arroz, farinha), uma vez ou outra ela tem conseguido comprar ovos ou até mesmo peças bovinas, como acém (R$ 32 o quilo). “Mas o dinheiro ainda é muito pouco.”

De fato, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), uma cesta básica em São Paulo estava custando cerca de R$ 851 em janeiro deste ano – ou 56% de um salário mínimo. Segundo o Dieese, diante da inflação, o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 7.156,15.

“Aproveitar o momento para emagrecer”

Do outro lado da metrópole, mas ainda na periferia – no bairro da Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte –, a casa do motorista de aplicativo Luiz Benedito, de 40 anos, também está comendo diferente há alguns meses. Nela vivem, além dele, a esposa, Suelen Camargo, de 36 anos, e os dois filhos, uma garota de 13 anos e um menino de 3. Na pandemia, Luiz trocou um emprego estável em uma construtora civil, de ajudante de pedreiro, pelas longas jornadas diárias ao volante. Valeu a pena, ele acredita. “Meu salário mais do que dobrou”, revela, contente. Hoje, sua renda fica em torno de R$ 4 mil.

No entanto, assim como Ionara, não está dando para comer carne bovina todos os dias. “Basicamente comemos só frango agora”, conta Luiz, defronte à estufa do açougue de um pequeno mercado da região. Do outro lado do balcão, o açougueiro ouve a conversa com a reportagem e adiciona: “Não é só ele. Todo mundo está fazendo isso aqui agora.”

“É que, além de ser mais barato, o frango tem mais proteína do que qualquer carne vermelha”, prossegue Luiz. “Minha esposa está até aproveitando o momento para emagrecer.”

Os rendimentos um pouco mais altos dão a ele algumas alternativas impossíveis a quem tem uma renda semelhante a de Ionara. O café, por exemplo, não rareou, porque “como a gente é pobre desde sempre, não se importa muito com rótulo. É sempre o mais barato mesmo”, diz enquanto coloca no carrinho um pacote que, na promoção, sai por R$ 25 o quilo. A mesma coisa com o arroz: ele e Suelen tinham uma marca preferida que, no ano passado, chegou a custar R$ 40. “Não dava para comprar. A gente trocou por outra. [A qualidade] Era pior, mas a conta fechava.”

Processados, porém, entraram em uma negociação tensa com os filhos, que antes consumiam iogurtes, salgadinhos e cereais com frequência. Hoje, como a compra básica do mês ficou mais cara, sobra pouco dinheiro para esse tipo de item, e a saída têm sido regulá-los. “Tem dia que tem e tem dia que não tem. Paciência.”

Na avaliação de André Braz, do FGV-Ibre, há uma explicação econômica central para isso: o fato da comida ter pesos diferentes nos orçamentos domésticos. “As classes mais altas, além de protegidas da inflação pelos rendimentos de todos os seus investimentos, comprometem sua renda com uma cesta maior de consumos, que vão dos serviços a bens duráveis”, diz. “Mas, quanto menor a renda, menos espaço para outra despesa que não seja comer. Logo, se a pessoa só compra comida, ela só pode sentir a inflação da comida.”

Uma estratégia comum para lidar com isso é recorrer a compras por atacado. Com os alimentos mais caros, Luiz, por exemplo, mudou recentemente de hábito para produtos de limpeza ou de higiene pessoal: duas vezes por mês, ele vai a mercados atacadistas, que se tornaram populares nas periferias de São Paulo, em busca de grandes embalagens. Lá ele compra detergente, água sanitária, desinfetante e xampu. Os galões variam entre 5 e 10 litros.

“É um dilema, porque, de um lado, você precisa ter o dinheiro ali na hora para pagar. Nem sempre a gente tem, né? Mas, por outro, eles rendem por muito mais tempo em casa. Alguns até mais, porque a gente joga água para durar mais um pouco.”

“Suco está com preço de vinho”

Na casa da gestora de marketing Marcella Dragone, 40 anos, na Vila Madalena, região famosa pelos bares e restaurantes da Zona Oeste de São Paulo, a comida chega de diversos lugares. Um açougue entrega periodicamente as carnes para alimentação da família, composta por Marcella, a filha, de 7 anos, e o marido, que gerencia a área de atendimento de um banco. Um serviço por assinatura supre os orgânicos, dos quais ela não abre mão desde que a garota nasceu – e que ficou mais caro no começo de 2025. O que falta ela costuma comprar em um hortifruti perto de casa, e é ali onde sente a inflação dos alimentos na pele. “Mas eu não faço muita conta”, admite.

Quando o preço aperta, a solução tem sido comprar “sob demanda” – caso de salames e presuntos crus que, antes, estavam sempre à mão na dispensa. “Agora só compramos essas coisas quando vamos receber alguém em casa, amigos ou familiares.” Em outros momentos, ela troca as marcas de antes. “Nesse caso, não precisa deixar de consumir: é só baratear o próprio produto”, explica.

O iogurte, por exemplo, foi um dos substituídos: saiu um fabricante importado cujo pote de 200 gramas custa R$ 32 – “uma fortuna!”, exclama Marcella – por vários copinhos de uma conhecida marca nacional, cerca de R$ 2 cada. A mesma coisa com o suco de uva que, até alguns meses atrás também tinha rótulo certo, independente do custo.

“Mas o suco está com o preço do vinho agora”, comenta ela. Na geladeira do hortifruti se vê, enorme, o valor de R$ 32. “Custava R$ 20 até alguns dias atrás!”. A solução está logo ali: a bebida feita pelo próprio supermercado – e de sabor laranja, “que está saindo mais em conta”. O preço, no dia em que conversou com a DW, estava em R$ 15.

Mas Marcella não abre não de comer alimentos saudáveis. “Antes de ser mãe, eu não tinha problema em comer ultraprocessados, mas agora não entram em casa de jeito nenhum”, revela. É por isso que alguns itens permanecem na lista apesar de estarem bem mais caros. Além do leite integral, é o caso dos próprios orgânicos, por exemplo, que chegam à sua casa semanalmente.

Em janeiro, segundo o IPCA, só a cenoura disparou 36%, enquanto o tomate, 20%. A explicação, por ora, está nas safras. “Alimentos in natura são mais sensíveis às variações climáticas, e o verão é especialmente ruim nesse sentido, porque ou chove muito ou o calor é forte”, explica Braz.

Na rotina apressada dela – e do marido –, comer fora não é trivial: acontece entre duas e três vezes por semana, principalmente por delivery. Segundo a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (FHORESP), essa chamada “alimentação fora do lar” subiu 6,29% em 2024. Uma taxa alta, mas ainda assim menor que a inflação dos alimentos em geral. “Às vezes, parada no trânsito, eu já vou pedindo alguma coisa ou até fazendo mercado.”

Algumas estratégias de Marcella até se assemelham à de Luiz, da Vila Nova Cachoeirinha, e até às de Ionara, no Parque Santo Antônio. Com o primeiro, ela divide a ideia de adquirir embalagens grandes de produtos de limpeza – e até pelos mesmos motivos: rendimento e preço. Uma diferença é que, no caso dela, a compra é feita por uma plataforma online, que também entrega no seu domicílio. O hábito, adquirido na pandemia, permaneceu. “Praticidade também não abro mão.”

E como Ionara, Marcella tem a mesma estratégia de substituição de carne bovina por suína, mas na ordem do filé mignon, porque se o vermelho sai por R$ 127 o quilo – quase 8% de um salário mínimo –, o de porco custa menos de R$ 35, “e é tão saboroso e nutritivo quanto o outro”, observa.




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