O Prêmio Todas nos lembra que o futuro que desejamos começa agora, reconhecendo mulheres que se destacam em áreas cruciais como esporte, educação, saúde, ciência, energia limpa e políticas públicas. Esta celebração é muito mais do que um tributo; é uma convocação para fortalecer a presença feminina nos espaços de decisão e garantir que elas tenham, de fato, poder para transformar suas áreas de atuação e a sociedade como um todo.
No Brasil, as desigualdades de gênero permanecem marcantes. De acordo com o estudo “Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil” (Instituto Ethos, 2024), apenas 27,4% das mulheres ocupam cargos no quadro executivo e apenas 18,6% estão nos conselhos de administração. Essa disparidade reflete barreiras estruturais que impedem mulheres, especialmente negras, de acessar espaços de poder e de decisão. Mulheres negras, por exemplo, representam apenas 3,4% do quadro executivo dessas empresas e 1,8% dos conselhos, embora sejam 28,5% da população brasileira.
Esses números, porém, não contam toda a história. É fundamental celebrarmos também as mulheres que lideram em suas comunidades, transformando a realidade onde o Estado e as instituições muitas vezes falham em chegar. Ribeirinhas que preservam os rios enquanto criam soluções de sustentabilidade; quilombolas que fortalecem sua comunidade por meio da educação, do empreendedorismo e da agricultura regenerativa; indígenas que articulam saberes ancestrais com inovações para proteger suas terras e povos; mulheres das periferias que combatem a fome, o abandono e a violência com redes de solidariedade.
Essas mulheres lideram não porque estão em um cargo formal, mas porque transformam vidas todos os dias. Elas rompem ciclos de desigualdade, fortalecem outras mulheres e criam caminhos de autonomia e dignidade. Sua liderança transcende o espaço corporativo e inspira o Brasil a valorizar o que realmente importa: a capacidade de transformar desafios em soluções.
Ainda que muitas dessas líderes atuem longe dos holofotes, seus impactos reverberam amplamente. Quando uma mãe quilombola organiza a alfabetização de crianças em sua comunidade, ela está formando futuros cidadãos conscientes. Quando uma mulher ribeirinha luta para impedir o avanço do garimpo ilegal, ela protege a vida e o planeta. Quando uma jovem da periferia lidera um coletivo de apoio a mães solo, ela cria uma rede que fortalece toda uma geração.
A equidade de gênero é mais do que uma pauta corporativa. É um compromisso com a justiça social. Mulheres em todos os contextos precisam de acesso a recursos, a ferramentas e a poder real. Não basta estarem presentes; elas precisam liderar e decidir. E é por isso que o Prêmio Todas é tão importante: ele reconhece que o Brasil é feito por essas mulheres e só avançará se elas forem valorizadas.
Reconhecer suas conquistas é essencial, mas também é preciso garantir políticas públicas e empresariais que assegurem igualdade salarial, acesso à educação e suporte à maternidade, especialmente para as mulheres mais vulneráveis. Essas ações podem transformar a vida de milhões de brasileiras e construir um país mais justo, próspero e inclusivo.
Uma sociedade só é verdadeiramente justa quando todas as mulheres podem sonhar, realizar e liderar. Que iniciativas como o Prêmio Todas inspirem empresas, governos e indivíduos a agir intencionalmente, promovendo a inclusão e a igualdade em todas as esferas. Porque o futuro do Brasil será decidido por quem tiver coragem de fazer a diferença agora –e essas mulheres já estão mostrando o caminho.
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