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Quando a ética acorda com você – 15/11/2024 – Mercado

Quando a ética acorda com você - 15/11/2024 - Mercado

Hoje você abriu os olhos e ainda mal acordou, mas o compliance já está à sua espera, sorrindo ao lado da sua cama, como aquele amigo que nunca falta. Você não o vê, mas ele está lá, tão presente quanto o alarme que te arranca dos sonhos. Um gole do café, e na televisão está passando sobre a descoberta de uma plantação de café com diversos trabalhadores em condições de trabalho análogo à escravidão.

Na sua rotina, compliance não é um fantasma burocrático, é seu copiloto silencioso. No trânsito, você dá a seta e espera pacientemente a sua vez. Para muitos, um gesto de civilidade. Para o compliance, um pequeno ato de integridade, um reconhecimento de que regras existem para a harmonia coletiva. Ao estacionar, você escolhe o lugar permitido, sem querer dar aquele famoso “jeitinho brasileiro”. Compliance sorri: “A escolha fácil nem sempre é a certa, não é?”.

No trabalho, naquela reunião pela manhã, você percebe o compliance dando uma piscadela quando alguém sugere uma ideia que poderia cortar caminho, mas não respeita os processos. Você defende o caminho certo: “Não podemos comprometer nossa reputação pelo lucro fácil.” Não é só sobre regras, é sobre proteger o legado de uma organização, sobre agir com transparência mesmo quando ninguém está olhando.

Compliance almoça com você, à mesa. Na hora de escolher o restaurante, você pensa: “Essa empresa trata bem seus funcionários?”. Parece exagero, mas o compliance sussurra: “Integridade está no prato, meu caro. Não é só uma palavra bonita nos relatórios anuais.” Você se surpreende ao perceber que essa consciência começa a fazer parte de você, um hábito, uma escolha diária.

O expediente segue, e lá está ele, no contrato que você revisa e na planilha que você preenche com informações precisas. Nada de “ajeitar” os números para bater a meta. Compliance põe a mão no seu ombro e lembra: “Transparência. A verdade é a nossa aliada.” Não é uma voz autoritária, é mais como um amigo sábio, que te protege de cair em tentação.

No fim do dia, você já está cansado, mas ainda há tempo para um e-mail com um tom estranho, uma proposta que cheira a conflito de interesses. Você sente um desconforto, como se algo estivesse fora do lugar. Compliance aparece de novo, levantando uma sobrancelha: “Vai ignorar ou seguir seus princípios?” E você sabe o que fazer: informa seu superior, documenta a ocorrência. Cumpriu seu papel. Não foi só um trabalho, foi um compromisso.

À noite, compliance te acompanha na hora do descanso. Quando você assiste à TV, vê um outro escândalo de corrupção. O compliance não é uma ferramenta de controle, é um pacto coletivo que você firmou consigo mesmo e com o mundo ao seu redor.

Antes de dormir, você faz uma retrospectiva. Nem sempre foi assim, tão automático. Havia um tempo em que compliance era um fardo, uma obrigação. Hoje, é uma bússola moral que orienta seus passos. Ele não se despede, apenas te dá um aceno discreto, sabendo que amanhã acordará com você de novo. Está lá, na sua forma de fazer escolhas, na integridade que transborda das pequenas ações.

Você sorri, apaga a luz e pensa: “Integridade não tira férias, mas com ela, posso dormir em paz. Afinal, o verdadeiro revolucionário não é aquele que faz barulho, mas quem, silenciosamente, escolhe fazer o certo todos os dias.”



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