Matheus Leitão
(Ton Molina/Getty Images)
Jair Bolsonaro é uma figura política que não se constrange em mentir ou dissimular. Pode-se dizer que outros políticos são assim, mas é singular, para dizer o mínimo, ver o ex-presidente fazer odes e comemorar uma pesquisa depois de anos de ataques aos institutos de pesquisa. Só é bom o retrato que o favoreça.
Nesta terça, 18, usou até a queda da popularidade de Lula para tentar mostrar que está vivo politicamente, sabendo que estava prestes a ser denunciado pela procuradoria-geral da República no caso da trama golpista.
“Ou eles [ministros do TSE] querem negar a democracia e proibir de disputar a eleição? Estão com medo do que? A pesquisa hoje já me dá 5% na frente do ‘nove dedos’. Tá inclusive a dona Michelle na frente dele. É sinal que ele tá derretendo, é incompetente. O povo tá sofrendo, tá vendo que tem que mudar. O TSE trocou e o povo tá vendo que não deu certo”, afirmou Bolsonaro.
A declaração não só exalta a nova rodada da Paraná Pesquisa que, divulgada hoje, mostra o líder da extrema-direita na frente na corrida presidencial, seja no primeiro ou no segundo turno. O ex-presidente aproveita mais uma vez para fazer a acusação sem prova de que houve fraude eleitoral.
Para o chefe do gabinete do ódio, que vivia espalhando mentiras sobre desafetos políticos e jornalistas independentes, sempre valeu a máxima de que “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”. Desacreditar pesquisas eleitorais sempre foi parte do plano golpista. Mas quando os números lhe favorecem, tudo muda de figura.