Marcela Mattos
Enquanto o presidente Lula não bate o martelo sobre quais mudanças fará no primeiro escalão do governo, o entorno palaciano aumenta as especulações sobre uma possível reforma ministerial na metade deste terceiro mandato.
O presidente da República vem sendo aconselhado a abrigar novos aliados, uma solução para amarrar o apoio de legendas de centro à sua reeleição em 2026 e garantir um término de gestão sem grandes turbulências no Congresso.
Como mostrou VEJA, o Centrão deve aumentar a carga em busca de ocupar ministérios mais robustos. Os ministérios da Saúde e de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, hoje ocupados por Nísia Trindade e o vice Geraldo Alckmin, estão na mira do grupo político.
Além disso, nos últimos dias aumentou as especulações sobre uma possível saída de Ricardo Lewandowski do Ministério da Justiça. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) assumiu o cargo em fevereiro deste ano, após um pedido feito diretamente por Lula quando indicou Flávio Dino para a Suprema Corte.
Interlocutores do governo afirmam que Lewandowski, que tem entre as principais missões fazer avançar a chamada PEC da Segurança, que integra as polícias em um sistema nacional, pode deixar a Justiça como uma forma de compor as mudanças ministeriais.
Uma das possibilidades aventadas é que Lewandowski seja substituído pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao fim do mandato dele na Presidência do Congresso, que termina em fevereiro de 2025. Segundo um aliado governista, Pacheco, que é advogado, “sonha” em assumir a pasta, tratada como um caminho para se manter em visibilidade para 2026, quando pode disputar o governo de Minas Gerais.
Além de dar mais espaço ao PSD, a saída de Lewandowski é apontada como uma solução dupla na Esplanada. Integrantes do PT sempre demonstraram uma certa resistência ao ministro da Defesa, José Múcio, por considerar que ele joga mais o jogo dos militares do que o do governo.
Por isso, espalha-se que Múcio está “cansado” e já deu indicativos de que quer deixar a pasta. Lewandowski, neste caso, poderia ser deslocado para a Defesa, segundo um a liderança do governo. A cadeira também já foi aventada para o vice Alckmin, cuja saída também facilitaria a ampliação de espaços para outros aliados.
Em meio à torcida e à bolsa de apostas, quem vai definir as mudanças – e se elas de fato acontecerão – será o presidente Lula.