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Refugiados da Síria no Líbano preferem voltar ao seu país – 12/10/2024 – Mundo

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Refugiados da Síria no Líbano preferem voltar ao seu país - 12/10/2024 - Mundo

Diogo Bercito

Os bombardeios israelenses sobre o Líbano transformaram a vizinha Síria —até há pouco tempo um país do qual se queria fugir— em receptora de milhares de pessoas.

Mais de 400 mil já deixaram o território libanês rumo ao sírio desde 23 de setembro, quando a ofensiva de Tel Aviv se intensificou. A maior parte deles, cerca de 300 mil, é de refugiados sírios, forçados a retornar para o inferno da guerra civil do qual tinham conseguido escapar.

“O fato de que tantos estão decidindo voltar para uma das grandes catástrofes humanitárias atuais mostra o nível de medo e de desespero que existe hoje no Líbano”, diz Will Todman. Especializado na questão dos refugiados sírios, Todman é membro sênior do CSIS (Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais), com base em Washington.

A guerra civil na Síria remonta a 2011. Começou com protestos pacíficos contra o ditador Bashar al-Assad. A repressão do regime radicalizou a oposição, e as potências se envolveram, em especial Estados Unidos e Rússia —Moscou é um antigo aliado de Assad. Surgiram grupos terroristas, como o Estado Islâmico, agravando a situação. Mais de 500 mil morreram.

O conflito levou 6,5 milhões a deixar o país, a maior parte em territórios vizinhos. Cerca de 1,5 milhão foi para o Líbano. É a primeira vez que os sírios voltam ao seu país de origem em números tão expressivos — e de modo tão veloz.

Os ataques israelenses, que Tel Aviv afirma visarem a milícia extremista Hezbollah, já deixaram mais de 2.000 mortos no Líbano. Além disso, a vida dos refugiados sírios na última década não foi fácil. Eles não têm acesso a serviços básicos no país vizinho. Não têm nem direito a trabalhar, com exceção de setores específicos, como a agricultura. Isso faz com que estejam, nas palavras de Todman, “entre os grupos mais vulneráveis” vivendo no Líbano.

A situação piorou à medida que o país afundou no que o Banco Mundial descreve como uma das piores crises econômicas do mundo desde o século 19. Desde então, afirma Todman, políticos libaneses têm usado os refugiados como “bodes expiatórios”, fomentando um crescente sentimento popular antissírio.

Com os bombardeios israelenses, os sírios estão no fim da fila para receber auxílio. Há relatos de locadores expulsando sírios de suas casas para abrigar famílias libanesas e de abrigos que se recusam a recebê-los, sob o argumento de não terem espaço.

Não há muitas informações confiáveis sobre o êxodo sírio. Analistas, porém, estimam que seja um movimento formado por, em grande parte, mulheres e crianças. Homens evitam voltar porque, uma vez em seu país, podem ser recrutados para o Exército —e teriam de lutar contra as forças rebeldes na guerra civil. Os combates arrefeceram, e Assad já cantou vitória. Mas o regime ainda não controla todo o território.

O trajeto em si já é perigoso, afirma Carlos Naffah, especialista na questão dos refugiados sírios no Líbano. O caminho entre Beirute e Damasco passa pelo vale do Beqaa, um dos alvos dos bombardeios israelenses. Tel Aviv já chegou a atacar a região do controle de passagem na fronteira.

De modo simplificado, a ditadura síria controla hoje as regiões centrais, incluindo a fronteira com o Líbano. Isso significa cerca de 70% do território. Forças rebeldes ocupam o noroeste, enquanto grupos curdos estabeleceram suas bases no nordeste. Há também alguns bolsões do Estado Islâmico, apesar de enfraquecidos.

Mesmo assim, segundo Naffah, a situação é mais estável do que no Líbano. “Temos que admitir que hoje a Síria é mais segura do que aqui”, afirma. Ele fala de Beirute, por telefone, em um dos poucos momentos em que há sinal de celular. “Na Síria, você ainda pode ir de um vilarejo para o outro, enquanto no Líbano hoje nós temos medo de pegar a estrada.”

Naffah menciona, também, algo que muitos brasileiros residentes no Líbano têm dito à reportagem: o isolamento do país. A fronteira sul, com Israel, é intransitável. A outra é com a Síria. Fora isso, a solução é pegar um avião no aeroporto de Beirute —que pode ser bombardeado e fechado a qualquer momento, como aconteceu no passado.

“Vamos ficar presos em uma situação catastrófica, num país que não tem agricultura nem reserva de grãos”, afirma. “Será uma grande Gaza.”





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Justiça do Rio aceita recurso e caso Jhonatan terá novo julgamento

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Justiça do Rio aceita recurso e caso Jhonatan terá novo julgamento

Rafael Cardoso – Repórter da Agência Brasil

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) decidiu, nesta quinta-feira (12), por um novo julgamento do assassino de Johnatha de Oliveira Lima, em 2014, na favela de Manguinhos, Zona Norte.

Em março deste ano, o 3º Tribunal do Júri da Capital havia tipificado o crime como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Por unanimidade, três desembargadores que participaram do processo  votaram hoje por anular a decisão do Tribunal do Júri.

A data do próximo julgamento ainda vai ser definida. A mãe de Johnatha, Ana Paula Oliveira, pede a condenação do policial militar Alessandro Marcelino de Souza por homicídio doloso (com intenção de matar). A decisão de hoje foi uma vitória para a acusação.

Caso fosse mantida a tipificação de homicídio culposo, haveria um declínio de competência e o caso seria transferido para o Tribunal Militar. O processo e as investigações recomeçariam e a pena seria decidida por juízes militares.

“Já são dez natais sem o meu filho. Mas a nossa luta, minha e de tantas outras famílias, é para que outros filhos não precisem faltar na mesa da ceia de Natal. Que os assassinos dos nossos filhos sejam responsabilizados. É o mínimo, não pedimos nada extraordinário. Seria extraordinário trazer os nossos filhos de volta. E isso não é possível mais. A gente não aguenta mais viver essas dores todos os dias”, disse Ana Paula Oliveira (foto, ao centro), na saída do julgamento.

Tumulto

Johnatha tinha 19 anos de idade em 14 de maio de 2014, quando cruzou com um tumulto entre policiais e moradores da favela de Manguinhos. Um tiro disparado pelo agente da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), Alessandro Marcelino, atingiu as costas do jovem. Ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e ali morreu. A família prestou queixa na delegacia e começou a pressionar pelo andamento das investigações.

A mãe do rapaz, Ana Paula Oliveira, criou o grupo Mães de Manguinhos, ao lado de Fátima Pinho, que também perdeu um filho assassinado. Elas passaram a acolher outras vítimas e a cobrar respostas das autoridades para crimes cometidos por agentes do Estado.

“Agradeço a cada familiar, mesmo os que não estão aqui hoje. Foram muitas mensagens durante todos esses dias quando anunciei que seria julgado o recurso. A todos os que me acompanham nesses 10 anos de luta [digo que] jamais conseguiria estar aqui se não fosse a força, o apoio, o cuidado e o carinho de todos vocês. Isso aqui hoje é apenas uma batalha que foi vencida, mas tem muita luta pela frente”, finalizou Ana Paula.



Leia Mais: Agência Brasil



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Louisville e DoJ fecham acordo de reforma policial após tiroteio em Breonna Taylor | Breona Taylor

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Louisville e DoJ fecham acordo de reforma policial após tiroteio em Breonna Taylor | Breona Taylor

Associated Press

O Departamento de Justiça dos EUA e a cidade de Louisville chegaram a um acordo para reformar a força policial da cidade após uma investigação motivada pelo tiroteio fatal contra Breona Taylor e tratamento policial dispensado aos manifestantes, disseram autoridades na quinta-feira.

O decreto de anuência, que deve ser aprovado por um juiz, segue uma investigação federal que concluiu Louisville a polícia se envolveu em um padrão de violação dos direitos constitucionais e discriminação contra a comunidade negra.

Craig Greenberg, o prefeito de Louisville, disse que o “decreto de consentimento histórico se baseará e acelerará esta reforma policial transformacional que já iniciamos em Louisville”. Ele observou que “melhorias significativas” já haviam sido implementadas desde a morte de Taylor em março de 2020. Isso inclui uma lei municipal que proíbe o uso de mandados “de segurança”, que eram comumente usados ​​em reides antidrogas noturnas.

Taylor, uma mulher negra de 26 anos, foi despertada de sua cama pela polícia que entrou pela porta usando um aríete depois da meia-noite de 13 de março de 2020. Três policiais dispararam tiros depois que o namorado de Taylor, dizendo que temia um intruso, atirou em um oficial na perna. Taylor foi atingido várias vezes e morreu em seu corredor.

A mãe de Taylor, Tamika Palmer, compareceu ao anúncio, mas disse que queria ver mais ações, e não palavras, por parte das autoridades municipais.

“Temos um histórico de colocar as coisas no papel e não mexer no ponteiro, então temos que ficar atentos à situação e definitivamente ter certeza de que eles estão fazendo o que dizem que estão fazendo”, disse Palmer, que recebeu US$ 12 milhões. liquidação por homicídio culposo pela cidade em 2020.

O departamento de polícia da cidade passou por meia dúzia de mudanças de liderança desde a morte de Taylor.

O mais novo chefe, Paul Humphrey, um veterano de longa data da polícia de Louisville, disse na quinta-feira que as autoridades de justiça dos EUA “não estavam tomando decisões para a cidade de Louisville”, mas aplaudiu o acordo com o governo federal.

“Acredito que ter um monitor independente nos dá a oportunidade de confirmar a excelência do nosso trabalho para a comunidade”, disse Humphrey. “Isso tem que ser mais do que apenas palavras em uma página. É uma promessa aos nossos dirigentes e à nossa equipe profissional que iremos liderá-los e apoiá-los da maneira certa.”

O relatório do Departamento de Justiça divulgado em março de 2023 dizia que o Departamento de Polícia de Louisville “discrimina os negros nas suas atividades de fiscalização”, usa força excessiva e realiza buscas com base em mandados inválidos. Ele também disse que o departamento viola os direitos das pessoas envolvidas em protestos.

“Esta conduta prejudicou os membros da comunidade e minou a confiança do público na aplicação da lei, que é essencial para a segurança pública”, disse Kristen Clarke, procuradora-geral adjunta, que lidera a divisão de direitos civis do departamento de justiça. “Este decreto de consentimento marca um novo dia para Louisville.”

Assim que o decreto de anuência for aprovado, um funcionário federal monitorará o progresso feito pela cidade.

O acordo exige que a polícia de Louisville reveja as suas políticas de uso da força, garanta que as paragens de trânsito e as buscas sejam constitucionais e não baseadas na raça, e melhore a resposta do departamento às manifestações públicas que criticam o policiamento, entre outras iniciativas.

O departamento de justiça sob a administração Biden abriu 12 investigações de direitos civis contra agências de aplicação da lei, mas esta é a primeira que chegou a um decreto de consentimento. O departamento de justiça e a cidade de Springfield, Massachusetts, anunciaram um acordo em 2022, mas a investigação sobre esse departamento de polícia foi aberta sob a administração de Donald Trump.

As autoridades municipais de Memphis adotaram uma abordagem diferente, pressionando contra a necessidade de um decreto de consentimento do departamento de justiça para promulgar reformas à luz de uma investigação federal lançada após o assassinato de Tire Nichols, que descobriu que os oficiais de Memphis usam rotineiramente força injustificada e visam desproporcionalmente os negros. As autoridades de Memphis não decidiram eventualmente concordar com um decreto de consentimento, mas disseram que a cidade pode fazer mudanças de forma mais eficaz sem se comprometer com um pacto vinculativo.

Resta saber o que acontecerá com as tentativas de chegar a tais acordos entre as cidades e o departamento de justiça quando Trump regressar à Casa Branca. O departamento de justiça durante a primeira administração Trump restringiu o uso de decretos de consentimento e espera-se que o presidente eleito republicano reformule novamente radicalmente as prioridades do departamento em torno dos direitos civis.



Leia Mais: The Guardian



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Unidade da Volkswagen Índia enfrenta notificação de evasão fiscal de US$ 1,4 bilhão

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FILE PHOTO: Volkswagen Taigun compact SUV car is on display after it was unvield at an event in New Delhi, India, February 3, 2020. Picture taken February 3, 2020. REUTERS/Anushree Fadnavis/File Photo

Ashutosh Mishra

AutomotivoNegócios e Finanças

A Reuters foi primeiro a relatar que a Índia emitiu um aviso ao fabricante de automóveis alemão Volkswagen por alegadamente evadir 1,4 mil milhões de dólares em impostos ao pagar “intencionalmente” menos impostos de importação sobre componentes para os seus carros Audi, VW e Skoda. As ações da Volkswagen caíram até 2,13% na bolsa de valores de Frankfurt após relatório da Reuters.

Por que isso importa

Notícias sobre o passivo potencial, que pode chegar a US$ 2,8 bilhões com multas, podem prejudicar os negócios da VW na Índia. A empresa é um pequeno player na Índia, mas tem planos de investir US$ 1,8 bilhão para construir veículos elétricos e híbridos em Maharashtra. A montadora sediada em Wolfsburg também está presa a um disputa crescente com o seu trabalho na Alemanha devido ao encerramento de fábricas e despedimentos, enquanto os concorrentes chineses atacam os fabricantes de automóveis europeus estabelecidos no seu território nacional.

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Tópicos de interesse: AutomotivoNegócios e Finanças

Tipo: Melhor da Reuters

Setores: Negócios e Finanças

Regiões: Ásia

Países: Índia

Tipos de vitória: Velocidade

Tipos de história: Exclusivo / Scoop

Tipos de mídia: Texto

Impacto no cliente: História Nacional Significativa





Leia Mais: Reuter

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