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Rota do tráfico: MPAC monitora fronteiras do Acre e mapeia rotas utilizadas por traficantes

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7 anos atrásem

O Acre é o 15º estado brasileiro em extensão territorial com uma superfície de 164. 221,4 quilômetros quadrados, ocupando 4% da Amazônia brasileira e 1,9% do território nacional. Localizado no extremo sudoeste da Amazônia, faz divisa com os estados do Amazonas e Rondônia e mais dois países.
Das 22 cidades acreanas, 17 estão situadas na linha de fronteira com países andinos. O estado possui uma extensa faixa de fronteira com a Bolívia (618km) e o Peru (1.350). Juntos, esses dois países são responsáveis por mais de 10% de todo o cultivo de coca no mundo, com mais de 90.000 hectares plantados. A Bolívia é considerada o terceiro maior produtor de coca, perdendo apenas para a Colômbia e o Peru, de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC).
Os dados fazem parte de constante monitoramento feito pelo Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por intermédio do Núcleo de Apoio Técnico (NAT), que foi criado em 2013 para prestar apoio de inteligência e segurança institucional, técnico-científico e operacional aos órgãos de execução, especialmente ao Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
O trabalho é conduzido pelos promotores Marcela Cristina Ozório e Bernardo Albano, coordenadora e coordenador-adjunto do NAT, respectivamente, que vem realizando o monitoramento de forma contínua desde 2016, logo que se verificou o acirramento da disputa entre facções criminosas por território de drogas, resultando em conflitos dentro e fora dos presídios do Acre. Diante desse cenário, o número de vítimas de homicídios dolosos aumentou em 80%.
Naquele ano, pela primeira vez, o estado registrou uma onda de atentados, desencadeada após a morte de um traficante, em Rio Branco e interior, contra ônibus e prédios públicos. Uma rebelião no presídio Francisco D’Oliveira Conde, na capital, deixou quatro mortos e quase vinte feridos.
Nesse monitoramento do MPAC, são produzidas informações relacionadas às características das fronteiras, aos crimes e destinos das drogas que entram no Acre passando por essas regiões, indicadores de violência relacionados ao tráfico, entre outras.
Aspectos geográficos e fragilidade
No Acre, a vasta malha hidroviária, especialmente nas regiões do Alto Acre, Purus e Juruá, apresenta-se como principal acesso de traficantes de entorpecentes oriundos dos países vizinhos. Alguns dos principais rios que cortam o estado têm suas nascentes na Bolívia ou Peru.
Sendo o quarto estado, na Amazônia Legal, de maior preservação da cobertura florestal, ramais localizados em regiões de mata fechada e de difícil acesso também favorecem o fluxo de pessoas clandestinas, drogas e contrabandos.
Esses aspectos geográficos aliados a uma cobertura de fiscalização insuficiente dificultam a atuação dos órgãos estaduais de segurança pública no combate ao narcotráfico e demais crimes fronteiriços. Os traficantes entram no estado, abastece o mercado locale, daqui, seguem para as demais regiões do país, o que faz do Acre um dos principais estados de trânsito para escoamento de droga.
Além do tráfico, aparecem entre os crimes mais comuns nos municípios acreanos situados em regiões de fronteira com a Bolívia e o Peru, o furto de animais, contrabando de armas e munições, refúgio de criminosos, crimes ambientais, imigração clandestina, exploração sexual infanto-juvenil e homicídios.
Os caminhos da droga que sai da Bolívia e Peru até o AC
Segundo o MPAC, a droga chega ao estado por rios, ramais, estradas ou até mesmo em voos comerciais, que partem de cidades peruanas sem qualquer fiscalização, pelas regiões do Juruá, Alto Acre e Purus.
Foram mapeadas mais de dez das principais rotas, a maioria delas em localidades que ficam na fronteira com o Peru que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), é o maior produtor mundial da coca, matéria-prima da cocaína.
No Juruá, o trajeto até chegar em Cruzeiro do Sul, de onde sai a droga para Rio Branco, pela BR-364, é feito por via fluvial e terrestre em mata fechada e pode demorar dias. A cobertura vegetal reduz o fator surpresa e amplia as possibilidades de fugas dos traficantes ou de eles se desfazerem da droga jogando no rio.
Em 2017, em três dias, foram apreendidos quase 260 quilos de droga entre maconha e cocaína na região do Juruá. As apreensões foram realizadas pelas Polícias Militar, Civil e Federal em operações distintas.
No Purus, a droga vem principalmente pelo município de Santa Rosa, distante cerca de dez minutos de barco de uma vila peruana apontada como principal refúgio de traficantes e como ponto de entrega de droga aos brasileiros. Os traficantes também utilizam caminhos partindo das cabeceiras do rio Iaco, saindo de Assis Brasil, utilizando até mesmo animais no transporte quando no inverno amazônico, em direção à Sena Madureira ou à Estrada Transacreana, por onde chegam até a Capital.
Nas regionais Alto e Baixo Acre, a rota dos criminosos foi traçada baseada eminformações colhidas in loco a respeito de vias de entrada e saída de produtos ilícitos na Bolívia e, não diferente do que ocorre nas demais, passam pela floresta até chegarem à rodovia BR-317.
Drogas e expansão da violência caminham lado a lado
Os números do levantamento feito pelo Ministério Público do Acre reforçam que o tráfico, consumo de drogas e a criminalidade estão cada vez mais próximos. Verifica-se uma relação direta entre o aumento do número de homicídios e roubos e o uso e venda de entorpecente. E quanto mais avançam as facções dentro e fora dos presídios, mais crescem os índices de violência nas ruas.
Em 2010, a taxa de homicídios no Acre era de 24.9 por 100 mil habitantes, passando para 43,5 seis anos depois. De 2015 para 2016, o número de assassinatos cresceu 83%. Em 2017, 42 pessoas foram assassinadas, em média, por mês no estado.
Em 2016, o uso de arma de fogo para o cometimento do crime de homicídio consumado estava presente em 65% dos casos. Já em 2017 e 2018, os casos com o uso de tal instrumento superaram os 70%.
Até 21 de maio deste ano, tinham sido registrados 163 assassinatos e mais da metade (57%) possui autoria desconhecida.
“Importa salientar que o principal motivo para o expressivo aumento foi atribuído às disputas entre as organizações criminosas pelo controle do tráfico de drogas nas diversas localidades do estado”, explica o promotor Bernardo Albano.
Em Rio Branco, a capital do estado, dados do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) mostram que os registros de roubos cresceram 92% de 2011 a 2016. “O roubo é a principal prática criminosa desenvolvida pelos integrantes das organizações criminosas para garantir a aquisição de drogas e armas nos países vizinhos. O patrimônio de preferência são os veículos, em especial motocicletas, camionetes e caminhões, condicionados às exigências dos receptadores bolivianos”, acrescenta o promotor.
Observatório de Análise Criminal
Dividido em setores, o NAT conta com o Observatório de Análise Criminal, onde os indicadores que estão relacionados a práticas criminosas das facções passam por análise e geram dados que orientam o trabalho do MPAC e auxiliam a atuação dos órgãos de segurança.
Foram produzidos dois Anuários de Informações e Indicadores Prioritários de Violência e Criminalidade e quase 900 relatórios técnicos. Esses e outros dados foram determinantes para a realização de operações integradas, que resultaram na denúncia de 815 integrantes de facções criminosas e na recuperação de cerca de R$ 15 milhões em bens e valores apreendidos num período inferior a dois anos.
“Historicamente, o Ministério Público do Acre tem uma atuação muito forte contra o crime organizado. A fragilidade das nossas fronteiras e a presença de facções criminosas no estado tornam essa luta muito árdua, mas temos feito esse enfrentamento com firmeza, com um trabalho de inteligência, junto com as demais instituições”, assegura a procuradora-geral de Justiça, Kátia Rejane de Araújo Rodrigues.
Os dados foram entregues para os órgãos que compõem o sistema de segurança pública e autoridades, entre elas, o presidente da República, Michel Temer, que recebeu um dos levantamentos em agosto do ano passado. Por Kelle Souza. Fotos: Tiago Teles. Gráficos: Ulisses Lima.
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Programa social Juntos Pelo Acre leva cidadania e segurança alimentar para moradores de Sena Madureira

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5 horas atrásem
17 de março de 2025
Fernando Santtos
O governo do Acre realizou nesta segunda-feira, 17, mais uma edição do Programa Juntos Pelo Acre, desta vez no município de Sena Madureira.
A governadora em exercício do Acre e também titular da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), Mailza Assis, esteve presente e acompanhou o trabalho das equipes.

A ação é realizada pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), em conjunto com as secretarias de governo, prefeitura e Câmara de Vereadores.

Um total de 500 cestas básicas arrecadadas pela Defesa Civil Estadual foram doadas pela SEASDH. Serão contempladas pela iniciativa famílias em vulnerabilidade social e afetadas pela enchente cadastradas na base de dados do Cadastro Único (CadÚnico) e beneficiárias do Programa Bolsa Família.
Outros trabalhos disponibilizados pelo programa e executados pela Secretaria Municipal de Assistência Social foram novos cadastros no Bolsa Família e atualização de dados das famílias.

Já por meio da SEASDH foram feitas emissão da segunda via e atualização da certidão de nascimento. Outra ação de destaque da secretaria foi a Tenda dos Direitos Humanos, com informações e orientações, e o Vestuário Social, com roupas doadas pela Receita Federal. Mais de nove mil peças foram entregues às mulheres e crianças.

Emocionada, Albanize Tuanan, moradora do Ramal do 1, zona rural do município, foi uma das contempladas com um kit de roupas. “Estava praticamente sem roupas novas. Sempre compro de bazar. É muito difícil eu ter uma peça novinha como essa. Meu coração tá muito feliz. Quero que mais pessoas recebam. Essa doação hoje significou muito pra mim”, completou.

A dona de casa Eva Gomes, do bairro Eugênio Areal, recebeu das mãos da vice-governadora as peças novas. “Eu me sinto feliz com a roupa que ganhei hoje. A gente não tem muitas condições de tá comprando peças novas, e com essa que ganhei já economizo. São novinhas, bonitas. Veio na hora certa. Quero que vocês continuem fazendo isso”, disse.

Mailza agradeceu o trabalho em parceria com o prefeito Gerlen Diniz, secretários e a população. Segundo ela, com a união e a concentração de todos os serviços públicos, é possível alcançar os municípios e as comunidades rurais.

“Vocês, moradores, são o motivo de tudo isso aqui. Viemos trazer apoio ao prefeito, ajudar no socorro às famílias que enfrentam a enchente e fortalecer nossos serviços, dando atenção aos que mais precisam nesse ato conjunto entre governo e prefeitura. Preparamos esse atendimento com carinho nesse gesto de união para melhor atender à população deste município tão especial, que é Sena Madureira”, disse a chefe do Executivo acreano em exercício.

O prefeito Gerlen Diniz enfatizou a importância da ação e agradeceu o governo. “Mailza esteve em Sena por várias vezes como senadora, enviou emendas e agora contribui com nossa gestão nesse programa social tão importante. Agradecemos imensamente o apoio e a força”, disse o gestor municipal.
Para garantir entretenimento às crianças, houve recreação e teatro.

A Polícia Militar do Acre (PMAC), Corpo de Bombeiros do Acre (CBMAC) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por meio da Secretaria de Estado de Saúde esteve presente para garantir a segurança do local e assistência à saúde.
Juntos Pelo Acre vai até as pessoas levar cidadania
O Juntos pelo Acre conta com a parceria da Polícia Militar do Acre (PMAC) e de diversos órgãos do Estado, Tribunal de Justiça, Ministério Público, Assembleia Legislativa, prefeituras, parlamentares e diversas instituições.
Tem o objetivo de promover a integração do governo com a comunidade, na busca de eliminar causas de violência e promover cidadania por meio da oferta gratuita de serviços públicos.
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Educação promove palestra sobre racismo em escola da rede estadual

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17 de março de 2025
Clícia Araújo
A Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), por meio da Divisão de Educação em Direitos Humanos e Diversidade, realizou, na manhã desta segunda-feira, 17, uma palestra com roda de conversa sobre racismo na Escola Presbiteriana João Calvino, em Rio Branco. A instituição é conveniada com o governo do Acre.
A atividade foi direcionada, inicialmente, às turmas da 3ª série do ensino médio, mas, ao longo da semana, será estendida a todas as turmas da escola. A iniciativa busca promover a conscientização sobre o racismo, abordando temas como o contexto histórico, os impactos sociais, a criminalização e as formas sutis com que o preconceito pode se manifestar no cotidiano.
A ação foi motivada por um episódio de racismo ocorrido durante os Jogos Escolares de 2024, envolvendo a instituição. Em resposta, a escola solicitou o apoio da SEE para desenvolver atividades educativas que estimulem o respeito e a inclusão.
“Nós trazemos alguns temas para que os estudantes compreendam o racismo no Brasil. Com os professores, trabalhamos uma abordagem mais pedagógica, focando em estratégias de ensino. Já com os alunos, buscamos contextualizar o racismo de forma mais direta, apresentando os impactos e a importância de combatê-lo”, explicou a assessora pedagógica Queila Batista dos Santos.

Além do tema sobre racismo, a Divisão de Educação em Direitos Humanos e Diversidade também desenvolve ações relacionadas ao combate à violência contra a mulher, bullying e LGBTfobia. Essas temáticas estão entre as mais solicitadas pelas escolas, que buscam apoio para promover uma educação baseada no respeito e na diversidade.
“Quando trazemos essa abordagem externa, embasada em legislações como as leis n° 10.639 e n° 11.645, é um reforço importante para a escola. Nosso objetivo é apoiar os profissionais da educação no enfrentamento ao racismo, bullying, LGBTfobia e outras formas de discriminação, oferecendo ferramentas para que consigam lidar com essas questões de forma autônoma”, destacou a assessora pedagógica Gorete Pinto.

Os estudantes demonstraram interesse e participaram ativamente das discussões. Para a gestora da escola, Janaína Alexandre, a atividade é fundamental para reforçar o compromisso da instituição com a educação antirracista.
“É uma pauta que preocupa a todos nós. A escola tem o papel de instruir e educar os estudantes no combate a esse tipo de violência. Precisamos conscientizar e trazer mais informações, pois é dessa forma que construímos um ambiente de respeito e igualdade”, afirmou.
A estudante Laísse de Souza também ressaltou a importância do debate. “Acredito que essa palestra é essencial para conscientizar todos nós sobre a importância de discutir o racismo. É um tema antigo, mas que ainda precisa ser amplamente debatido para que possamos respeitar todas as pessoas, independentemente de sua cor, cultura ou etnia”, disse.
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Vacina contra gripe e covid-19 estão disponíveis o ano todo para crianças, gestantes e idosos em postos de saúde do Acre

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17 de março de 2025
Lilia Camargo
O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), comunica que a partir desta segunda-feira, 17, a vacina contra a gripe (influenza) estará disponível o ano todo nos postos de saúde de todo o estado. A medida segue a ampliação do Calendário Nacional de Vacinação, que agora inclui crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e idosos a partir de 60 anos.
Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Acre, Renata Quiles, as doses estão distribuídas em todos os municípios e o estado está abastecido para receber a demanda. “Estamos preparados para atender a população em todas as unidades de saúde, reforçando a importância da imunização na prevenção de complicações e internações causadas pelo vírus influenza, que não tem data para circular, daí a essencialidade da medida”, explicou.
Além dos novos grupos com direito à imunização contínua, profissionais da saúde, professores, forças de segurança, população privada de liberdade e pessoas com doenças crônicas ou deficiências continuarão recebendo a vacina em estratégias especiais.
Outras mudanças no calendário vacinal
O Ministério da Saúde também anunciou alterações em outras vacinas. Agora, a imunização contra a poliomielite será feita apenas com a vacina inativada (VIP), injetável, eliminando o uso da versão oral.
Já a vacinação contra o rotavírus teve ampliação nos prazos:
– Primeira dose (indicada aos 2 meses) poderá ser aplicada até 11 meses e 29 dias.
– Segunda dose (indicada aos 4 meses) poderá ser administrada até 23 meses e 29 dias.
Covid-19 também faz parte do calendário
A vacina contra a covid-19 segue no Calendário Nacional para crianças de 6 meses a menores de 5 anos, idosos e gestantes. Para grupos especiais acima de 5 anos, a imunização estará disponível regularmente nos postos de saúde.
Quem tem imunidade baixa (imunocomprometidos) deve se vacinar a cada seis meses. Outros grupos devem receber a dose uma vez por ano, incluindo:
– Pessoas vivendo em instituições de longa permanência;
– Indígenas, ribeirinhos e quilombolas;
– Puérperas não vacinadas durante a gestação;
– Trabalhadores da saúde;
– Pessoas com deficiência permanente ou comorbidades;
– População privada de liberdade e funcionários do sistema prisional;
– Pessoas em situação de rua.
A Sesacre reforça a importância da vacinação e orienta que a população busque os postos de saúde para se imunizar e garantir proteção contra as doenças.
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