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Saiba quem é quem na próxima novela das seis · Notícias da TV

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Saiba quem é quem na próxima novela das seis · Notícias da TV

Garota do Momento, novela que vai substituir No Rancho Fundo na Globo, conta a história de Beatriz (Duda Santos). A jovem deixa a região serrana do Rio de Janeiro nos primeiros capítulos e se torna garota-propaganda de uma das maiores fábricas de sabonete do país. Ela estará em busca da mãe, Clarice (Carol Castro), que desapareceu quando ela tinha apenas quatro anos.

Criada pela avó paterna, Carmem (Solange Couto), Beatriz inicia sua jornada após se deparar com uma foto de sua mãe em uma revista. Clarice, por sua vez, nem imagina que foi enganada e criou a filha da amante do marido no lugar da sua herdeira depois que perdeu a memória em um grave acidente.

A mãe de Beatriz conheceu Juliano (Fabio Assunção) ao tentar expor suas telas em uma exposição. Ele pertence à família Alencar, sinônimo de prestígio e riqueza, mas é um dos responsáveis pela tramoia que separou mãe e filha.

Mais que um triângulo amoroso

Beatriz chega ao Rio de Janeiro justamente no Carnaval, e seu caminho se cruza com o do jornalista Beto (Pedro Novaes). Uma conexão forte nasce entre os dois, e ele fica encantado pela personalidade corajosa da jovem.

O problema é que Beto é o noivo de Bia (Maisa Silva), a garota criada como se fosse filha de Clarice. Ela é mimada, autocentrada e sofre de uma doença cardíaca, o que a torna emocionalmente dependente de Beto. Ao perceber o interesse do namorado por Beatriz, Bia começa a usar seu estado de saúde para manipulá-lo, fazendo com que ele se sinta culpado por pensar em terminar o relacionamento.

Enquanto Beatriz tenta entender o que aconteceu com sua mãe, ela e Beto se aproximam cada vez mais. O jornalista tem carinho por Bia, com quem está namorando, mas sente que a relação é sustentada apenas pela culpa e pelo medo de prejudicar a saúde da jovem.

Beatriz, por outro lado, tenta se afastar desse triângulo amoroso ao descobrir que ele está comprometido. Só que a paixão fala mais alto, e Beto decide terminar o relacionamento com Bia para ficar com Beatriz, que também já não consegue mais esconder o que sente pelo rapaz.

fábio rocha/tv globo

Maisa Silva interpreta Bia na nova novela

Confira quem é quem:

Juliano (Fabio Assunção) – Rico empresário, herdeiro da Perfumaria Carioca. No início da trama, ele se apaixona por Clarice (Carol Castro), mas sua mãe, Maristela (Lilia Cabral), não aceita muito bem o relacionamento ao saber que a futura nora já tem uma filha, Beatriz (Duda Santos). Quando Clarice perde a memória em um acidente, Juliano, disposto a fazer tudo para ficar com a mulher por quem está apaixonado, aceita o plano da mãe: eles inventam um novo passado para Clarice e lhe entregam outra criança, Bia (Maisa Silva), como sendo sua filha Beatriz.

Clarice (Carol Castro) – Com talento para o desenho e a pintura, ela leva algumas de suas telas para o Rio de Janeiro atrás de uma oportunidade para expor os trabalhos numa galeria de arte. Durante a viagem, ela deixa a filha Beatriz (Duda Santos), então com quatro anos, aos cuidados da avó, com a promessa de buscar a menina em breve. No Rio de Janeiro, a moça conhece o empresário Juliano Alencar (Fabio Assunção), que lhe propõe casamento. Pouco depois, ela sofre um acidente e perde a memória. Juliano e a mãe dele, Maristela (Lilia Cabral), se aproveitam para criar um falso passado para Clarice, entregando a ela outra criança, Bia (Maisa Silva), para ela criar como se fosse sua filha.

Zélia (Leticia Colin) – No início da trama, ainda nos anos 1940, a personagem é secretária de Maristela (Lilia Cabral). Quando Clarice (Carol Castro), noiva de seu filho Juliano (Fabio Assunção), perde a memória, Maristela propõe a Zélia um acordo: que ela finja ser irmã de Clarice e a ajude a inventar um passado para ela. Zélia aceita e ainda se torna sócia de Clarice no comando da Magnifique Escola para Moças. Assim, ela deixa de ser secretária e passa a fazer parte da alta sociedade carioca.

Carmem (Solange Couto) – Avó de Beatriz (Duda Santos) por parte de pai, a personagem comanda um pequeno orfanato na cidade de Petrópolis. Cria a neta com todo o carinho depois que Clarice (Carol Castro) desaparece. Mulher forte, honesta e trabalhadora, sempre ensinou a Beatriz a importância de lutar pelos próprios sonhos.

Ulisses (Ícaro Silva) – Melhor amigo de Beto (Pedro Novaes), é um rapaz esforçado e boa gente. Os dois foram criados praticamente juntos, pois os pais de Ulisses, Vera (Tatiana Tiburcio) e Sebastião (Cridemar Aquino), trabalham para a família de Beto desde antes do nascimento dos rapazes. Ulisses é dono do Boliche Bowling Rock, ponto de encontro da garotada, e também está sempre envolvido com as atividades musicais do Clube Gente Fina, que é administrado por seus pais.

Lígia (Palomma Duarte) – Dona de si, a personagem abandonou a família quando os filhos, Beto (Pedro Novaes), Ronaldo (João Vitor Silva) e Celeste (Debora Ozório), ainda eram crianças para trabalhar como cantora. Não era feliz no papel de mãe de família. Foi engolida pela obrigação social que a época impunha às mulheres, que deveriam se casar e ter filhos. Saiu de casa sem exigir nada de Raimundo (Danton Mello), e nunca mais pisou no apartamento por ordem dele, que fez questão de afastá-la dos filhos. É irmã de Teresa (Maria Eduarda de Carvalho).

Iolanda (Carla Cristina Cardoso) – Dona da pensão em que Beatriz (Duda Santos) se hospeda quando chega ao Rio de Janeiro. Viúva e fogosa, Iolanda vive tentando seduzir Ulisses (Ícaro Silva). Ela é dona do único aparelho de TV da vizinhança e cobra para os “televizinhos” assistirem aos programas com ela. Vive às turras com a filha Ana Maria (Rebeca Carvalho), jovem namoradeira apaixonada por Carlito (Caio Cabral).

Teresa (Maria Eduarda de Carvalho) – É mulher de Alfredo Honório (Eduardo Sterblitch) e irmã de Lígia (Palomma Duarte). Por conta de um acidente doméstico que deixou a filha, Eugênia (Klara Castanho), com um dos braços queimado na infância, e pelo qual Teresa se culpa, desenvolveu um Transtorno Obsessivo Compulsivo –uma mania de arrumação, limpeza e controle excessivo sobre tudo e todos. Sua maior preocupação é a mesma do marido: a felicidade de Eugênia.

Eugênia (Klara Castanho) – Filha de Alfredo (Eduardo Sterblitch) e Teresa (Maria Eduarda de Carvalho), a personagem sofreu um acidente doméstico quando criança, queimando parte do braço em um incêndio. Por conta das cicatrizes, tornou-se uma moça com baixa autoestima que, para se defender, age como se não se importasse com as coisas. No fundo, é emocionalmente frágil, se envergonha do próprio corpo e acha que nenhum rapaz gostará dela. É amiga de Bia (Maisa) e prima de Celeste (Debora Ozório).

Alfredo Tenório (Eduardo Sterblitch) – Apresentador de um programa de auditório de sucesso na TV Ondas do Mar.  Sujeito alegre e extrovertido, ele é casado com Teresa (Maria Eduarda de Carvalho) e pai de Eugênia, personagem de Klara Castanho.

Vera (Tatiana Tiburcio) – Mãe de Ulisses (Ícaro Silva) e mulher de Sebastião (Cridemar Aquino), ela fundou com o marido e outros amigos o Clube Gente Fina, onde é conhecida como Tia Vera. Lá, ela canta e faz parte do coro de pastoras do clube. Também trabalha para a família de Raimundo (Danton Mello) há muitos anos. Faz o tipo mãezona, ajudando a criar Beto (Pedro Novaes), Ronaldo (João Vitor Silva) e Celeste (Debora Ozório) com todo amor.

Sebastião (Cridemar Aquino) – Pai de Ulisses (Ícaro Silva) e marido de Vera (Tatiana Tibúrcio), motorista da família de Raimundo (Danton Mello) há mais de 20 anos. Sujeito honesto, gente boa, alegre, adora uma roda de samba e toca muito bem o cavaquinho. Fundou com a mulher Vera e outros amigos o Clube Gente Fina, local onde se promove todo tipo de evento social, como oficina de teatro, concursos de beleza, apresentações de choro, samba e até rock.

Mauro (João Vithor Oliveira) – O personagem é desenhista responsável pela arte-final dos projetos na Hi-Fi Propaganda e grande amigo de Ronaldo (João Vitor Silva). Gosta de Celeste (Debora Ozório).

Celeste (Debora Ozório) – Irmã de Beto (Pedro Novaes) e Ronaldo (João Vitor Silva), filha de Raimundo (Danton Mello) e Lígia (Palomma Duarte). Jovem doce e sonhadora.

Arlete (Bete Mendes) - Mãe de Valéria (Julia Stockler), não se conforma com o sumiço da filha e da neta. Já enfrentou Juliano Alencar (Fabio Assunção) diversas vezes, mas ele sempre jurou que não sabe de nada. Arlete mora na pensão de Iolanda (Carla Cristina Cardoso) e é costureira na TV Ondas do Mar.

Orlando (Philipp Lavra) - Marido de Zélia (Leticia Colin), bioquímico responsável pelo laboratório da fábrica de sabonetes Perfumaria Carioca. Pai de Luiz Cláudio (Gabriel Milane), filho do seu primeiro casamento, não tem ideia de que a atual mulher tenha inventado um passado para si e para Clarice (Carol Castro), acreditando que elas sejam realmente irmãs. 

Luiz Cláudio/Topete (Gabriel Milane) - Luiz Cláudio, conhecido pelos amigos como Topete, é filho de Orlando. Órfão de mãe, não suporta a madrasta, Zélia, com quem vive batendo de frente. É preguiçoso, mulherengo e só quer saber de festas e curtição. 

Ana Maria (Rebeca Carvalho) - Filha de Iolanda. Para desespero da mãe, que se preocupa com sua reputação, Ana Maria é uma moça namoradeira e espevitada. Vai namorar o baderneiro e mulherengo Carlito, e os dois terão uma relação de gato e rato, pois Ana Maria não aceitará que o rapaz seja um rebelde sem causa. 

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François Bayrou semeia dúvidas na antiga maioria presidencial

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François Bayrou semeia dúvidas na antiga maioria presidencial

Nas bancadas da Assembleia Nacional, o presidente do grupo MoDem, Marc Fesneau, discute com o deputado (Renascença) do Norte Gérald Darmanin. Aqui, 28 de novembro de 2024.

Prometemos que não aceitaremos novamente. Embora Gabriel Attal tenha aumentado as suas advertências contra Michel Barnier, o secretário geral da Renascença tem sido particularmente discreto desde que François Bayrou ingressou na Matignon. “Eles não colocam obstáculos no nosso caminho, o que é uma forma de apoio na política”, diz o porta-voz do MoDem, Bruno Millienne.

Mas cada dia que passa sem governo expõe um pouco mais o primeiro-ministro às críticas do seu próprio campo. Os ministros cessantes notam com frescura que o novo inquilino de Matignon não se apega a eles, ou muito pouco. Esta negligência os irrita ainda mais porque o septuagenário, segundo eles, olha com carinho para “homens de uma certa época” – como o presidente da Dijon Métropole, François Rebsamen, ou o antigo ministro da saúde de Nicolas Sarkozy e presidente da região de Hauts-de-France, Xavier Bertrand – a quem teria prometido as pastas da sua escolha.

Sua estratégia de caça furtiva “personalidades experientes” identificado à direita e à esquerda pelos franceses, para obrigar os partidos a não censurá-lo, semeia dúvidas. “Vejo personalidades de direita como Bruno Retailleau, mas que é um ícone da esquerda suficiente para não ser censurável pelo Partido Socialista (PS) ? », pergunta, em dúvida, François Patriat, o presidente dos senadores da Renascença, ele próprio um ex-socialista.

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Guerra na Síria ainda não acabou, diz comandante curdo – 22/12/2024 – Mundo

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Guerra na Síria ainda não acabou, diz comandante curdo - 22/12/2024 - Mundo

Patrícia Campos Mello

Enquanto boa parte do mundo está focada na HTS (Organização para a Libertação do Levante, na sigla em árabe), a milícia que assumiu o poder em Damasco após derrubar o ditador Bashar al Assad, a Turquia avança no norte da Síria e ameaça ocupar o território controlado hoje pelos curdos.

Em entrevista à Folha, o comandante das Forças Democráticas da Síria (SDF, na sigla em inglês), Mazloum Abdi, alerta que o conflito ainda não acabou naquela região do país.

“A guerra acabou em outras partes da Síria; agora, a comunidade internacional precisa pressionar a Turquia a parar com seus ataques no norte do país e chegar a um cessar-fogo”, disse Mazloum. “Nós estamos propondo a criação de uma zona desmilitarizada em Kobani [na fronteira com a Turquia], com a retirada de forças curdas e com supervisão de militares dos EUA, para ter uma trégua duradoura.”

Formada pela milícia curda YPG, por forças sunitas moderadas e por tropas dos Estados Unidos, a SDF foi crucial para derrotar o Estado Islâmico no país. Com o recuo de Assad do norte da Síria durante a guerra (2011-2024), os curdos passaram a controlar 25% do território do país.

Desde a queda do ditador e do avanço da HTS, patrocinado pela Turquia, forças apoiadas por Ancara, como o Exército Nacional Sírio, intensificaram ataques contra os curdos.

O governo turco considera a YPG uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que lidera uma insurgência separatista e é listado como uma organização terrorista. Ancara exige que a YPG seja dissolvida e os EUA retirem o apoio aos curdos.

Nas últimas duas semanas, forças turcas assumiram o controle de Manbij e ameaçam invadir Kobani, cidade que ficou famosa por sua resistência em cerco do Estado Islâmico em 2014.

No novo xadrez geopolítico do Oriente Médio, houve um recuo da Rússia e do Irã, e a Turquia se tornou o país mais influente na Síria.

A primeira autoridade estrangeira a se reunir com o líder da HTS, Ahmad Al-Sharaa, foi Ibrahim Kalin, chefe da inteligência turca. E o país foi o primeiro a reabrir sua embaixada em Damasco. Em visita a Idlib, província controlada pela HTS desde 2017, a Folha viu várias bases militares e instalações turcas.

Neste domingo (22), o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, reuniu-se com Sharaa em Damasco e afirmou que “não há espaço para militantes do YPG na Síria”. Segundo ele, o novo governo sírio pode assumir o combate ao Estado Islâmico.

É justamente isso que cacifa os curdos junto aos EUA. Até hoje, eles são responsáveis pela segurança das prisões onde estão milhares de combatentes do EI.

Mazlum afirmou à reportagem que o grupo terrorista está se fortalecendo. “Nas áreas próximas à fronteira do Iraque e no deserto sírio, está crescendo a mobilização do EI. Eles se beneficiam da situação atual e estão se reorganizando.”

Além da retirada das tropas da SDF de Kobani, Mazloum declarou que todos os membros estrangeiros da YPG, curdos vindos de outros países, retornariam caso houvesse um cessar-fogo. Essa era outra reivindicação de Ancara. Mas o chanceler turco se recusa a negociar e disse que os curdos precisam discutir sua situação com o novo governo em Damasco.

Indagado sobre seus contatos com o governo da HTS, Mazloum reconheceu não haver contato direto, “só por meio de nossos aliados”. Já se desenham outros potenciais conflitos: Sharaa afirmou que pretende ter um governo centralizado na Síria, rejeitando a manutenção da autonomia de Rojava, como é chamada a região administrada pelos curdos.

Desde 2011, eles estabeleceram seu próprio governo, embora digam não querer independência. Rojava segue princípios feministas e socialistas, em contraste com o islamismo da HTS.

Os curdos também temem ser traídos novamente por Donald Trump. Em 2019, durante o primeiro mandato, o presidente dos EUA retirou tropas americanas da região, abrindo caminho para que forças patrocinadas pelos turcos ocupassem o oeste de Rojava. Milhares de curdos da província de Afrin tiveram de se refugiar em outras partes do país.

Sob o governo Biden, Washington aumentou gradualmente o número de soldados na região curda, e hoje são cerca de 2 mil.

Trump deu indicações de que deve seguir a mesma linha de sua primeira passagem pela Casa Branca. Já sinalizou que vai adotar posição de não interferência. “Os EUA não têm nada a ver com isso. Essa não é nossa guerra”, tuitou após a HTS derrubar Assad.

Fã declarado do estilo durão do presidente turco, Recep Erdogan, Trump elogiou o papel da Turquia na queda do ditador sírio. Disse que foi um movimento “muito inteligente”, “sem perda de muitas vidas”.





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Desaparecidos na Síria: a busca de uma mulher pelo pai desaparecido | Síria

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Desaparecidos na Síria: a busca de uma mulher pelo pai desaparecido | Síria

William Christou in Damascus

TA última vez que Alaa Qasar viu o pai, em 2013, ele estudou o rosto dela como se estivesse tentando memorizá-lo. Mutaz Adnan Qasar regressou a ela depois de ter sido libertado pelas forças de segurança de Bashar al-Assad, que o prenderam e interrogaram depois de ele ter conduzido a sua família para fora do subúrbio sitiado de Ghouta, em Damasco. De volta à família, ele alinhou os três filhos e olhou fixamente para eles. No dia seguinte, ele foi preso novamente e não foi visto novamente.

“Eles nos disseram que ele voltaria para nós no dia seguinte, mas ele não voltou. Disseram que ele estava conversando com terroristas, mas não estava falando com ninguém. Ele simplesmente ia trabalhar e depois voltava para casa”, disse Qasar, 29 anos, secretária em Damasco e o mais velho dos seus irmãos.

Moutaz Adnan Qasar. Fotografia: Alaa Qasar

Ela é uma das centenas de milhares de sírios que ainda procuram os seus entes queridos duas semanas após a queda do regime de Assad e prisões foram abertas. Mais de 136 mil sírios foram detidos pelo regime de Assad depois de 2011 e mantidos em muitos centros de detenção e prisões onde os guardas tentaram quebrar a vontade dos dissidentes através da tortura e da fome. A maioria não foi encontrada.

Qasar passou os últimos 11 anos procurando por seu pai. Ela conversou com advogados e autoridades de segurança, mas não recebeu nenhuma informação. Os chamados mediadores – intermediários que alegavam poder ajudar as famílias a encontrar entes queridos desaparecidos e até mesmo garantir a sua libertação da prisão mediante o pagamento de uma taxa – perseguiram a sua família enquanto procuravam. Por fim, disseram-lhe que o seu pai estava detido em Sednaya, conhecida como o “matadouro humano”, uma das mais infames de todas as prisões de Assad.

Quando os rebeldes varreram o país a partir do final de Novembro, libertando prisioneiros à medida que avançavam, Qasar assistiu incrédulo – começando a ter esperança à medida que se aproximavam de Sednaya, a apenas 20 quilómetros de Damasco. Depois Assad fugiu e os rebeldes abriram os portões da prisão – mas o seu pai não apareceu.

Qasar não desistiu. Circularam rumores sobre celas subterrâneas em Sednaya, sobre centros de detenção tão secretos que apenas a liderança do país sabia a sua localização. Ela visitou Sednaya e não encontrou nenhuma cela subterrânea. Ela foi de prisão em prisão em busca de pessoas que ainda não haviam sido reivindicadas – mas seu pai não apareceu.

Logo, os registros prisionais foram transformados em um banco de dados eletrônico dos detidos. Qasar digitou o nome de seu pai e uma correspondência foi retornada. Dizia que ele havia recebido uma certidão de óbito alguns anos antes.

Hanaa coloca uma foto de seu irmão, Hussam al-Khodr, entre outras fotos de pessoas desaparecidas na praça Marjeh. Fotografia: Léo Corrêa/AP

“Não vou acreditar até ver o corpo dele. Ouvi falar de pessoas que receberam certidões de óbito, mas que foram libertadas anos antes”, disse Qasar. “Ouvimos falar de uma viúva que se casou novamente e seu marido apareceu no dia do casamento.”

Para Fadel Abdulghany, diretor da Rede Síria para os Direitos Humanos (SNHR), o fato de a maioria dos desaparecidos ainda não estar na prisão não foi, infelizmente, uma surpresa. Desde que o regime de Assad começou a reprimir os revolucionários pacíficos em 2011, ele tem recolhido os nomes de milhares de sírios que foram presos e desapareceram à força.

Ao compará-los com as certidões de óbito emitidas pelo regime de Assad, descobriu que a grande maioria dos desaparecidos tinha sido morta na prisão. Foi uma extrapolação baseada no grande tamanho da amostra que ele coletou, mas ele considerou isso um indicador preocupante. Um vazamento posterior de alguém que trabalhava no regime de Assad de um registro incluindo certidões de óbito não emitidas publicamente confirmou seus temores.

Quando os rebeldes começaram a abrir as prisões do país, o SNHR documentou a libertação de 31 mil pessoas – deixando mais de 100 mil ainda desaparecidas. Ele foi à TV anunciar que as pessoas deveriam se preparar para a possibilidade de seus entes queridos não ressurgirem, algo que ele não havia dito anteriormente “porque eu tinha um dever moral para com meu povo e não queria chocá-lo”.

Qasar ainda estava procurando. Ela viu uma postagem no Telegram que mostrava que um novo lote de prisioneiros falecidos havia sido encontrado e entregue ao hospital Mujtahid, em Damasco. Ela foi ao hospital na quarta-feira e foi parada na entrada do necrotério por um funcionário que insistiu não ter recebido mais corpos. Qasar mostrou a foto ao funcionário e ele suspirou: “São os mesmos corpos, a pele deles começou a mudar com o tempo”.

Ela insistiu em entrar para verificar mais uma vez e foi seguida por uma fila de pessoas que procuravam seus familiares. Um homem na fila tinha um pedaço de papel com 18 nomes anotados, todos de entes queridos, nenhum deles assinalado.

As equipes continuam investigando na prisão de Sednaya. Fotografia: Anadolu/Getty Images

Qasar abriu a porta do necrotério. Doze cadáveres jaziam no chão, frouxamente cobertos por sacos plásticos brancos com zíper. Um homem seguiu Qasar para dentro, segurando a gola do suéter sobre o nariz, mas fugiu rapidamente, perseguido pelo cheiro. Qasar permaneceu. Ela se abaixou e levantou delicadamente o plástico branco que cobria cada um deles, demorando-se e estudando seus rostos como seu pai fez com o dela há 11 anos.

Ela foi até as geladeiras individuais do necrotério, retirando as pessoas que estavam imóveis nas camas refrigeradas. Alguns apresentavam marcas óbvias de tortura: falta de carne nas mandíbulas, pele escurecida por eletrocussão, pescoços distendidos por enforcamentos. Todos estavam emaciados, com as costelas projetando-se perigosamente sob a pele e os braços finos que podiam ser circundados por dois dedos. Outros pareciam estar dormindo. Qasar parou em um homem, com o cabelo preto repartido ao meio, caindo suavemente sobre a testa.

Ela fechou a última gaveta. Nenhum deles era seu pai. Se ela não conseguisse identificar o rosto, procurava uma pequena tatuagem em seu pulso, as primeiras iniciais do nome dele e da esposa: AM. O pai de Qasar fez a tatuagem pouco antes de ele e a mãe dela ficarem noivos.

A fila de pessoas continuou sua procissão atrás de Qasar, cada uma parando para olhar os mortos quando chegou a sua vez. “Parece um museu. Comecei a ter esperança de não encontrar meu pai entre eles, não queria vê-lo assim”, disse Qasar.

Pessoas procuram parentes desaparecidos no necrotério do hospital Mujtahid, em Damasco. Fotografia: Antonio Pedro Santos/EPA

O regime de Assad dividiu a sua repressão em diferentes ramos e instalações, cada um com as suas próprias prisões e centros de detenção. Todos se juntaram para formar uma caixa preta na qual pessoas como o pai de Qasar desapareciam, para nunca mais serem vistas.

E quando o regime de Assad e os seus guardas prisionais fugiram, não deixaram nenhum plano para ajudar a navegar no vertiginoso aparelho de segurança que governaram durante 54 anos. Em vez disso, deixaram para pessoas como Qasar e centenas de milhares de outros sírios que procuram seus entes queridos desaparecidos descobrirem por conta própria.

Na sua busca, Qasar e outros foram confrontados com as ferramentas horríveis que o regime de Assad utilizou para oprimir o seu próprio povo. Eles tiveram que vasculhar meticulosamente as câmaras de tortura, em busca de qualquer pista que pudesse revelar o destino dos desaparecidos. Foram forçados a olhar para os rostos de dezenas de pessoas torturadas que jaziam em morgues e a imaginar com detalhes excruciantes a dor que poderia ter sido infligida aos seus familiares.

Hamdan Mohammed, 28 anos, farmacêutico em Damasco que procura o seu tio Qadior Masas, disse: “É claro que chorei quando olhei para os corpos, mas o horror não é este. O horror é se você acabar encontrando-os lá.”

Do lado de fora do hospital Mujtahid, Qasar fez uma pausa para traçar planos para visitar outro hospital que supostamente abriga mais corpos. Outras famílias se aglomeravam nas paredes do complexo, onde fotos de cadáveres eram afixadas para as pessoas identificarem. Um homem colocou à venda um pequeno livreto com versículos do Alcorão para ser lido em funerais.

“Sou o mais velho da família, então sou eu quem precisa fazer isso”, disse Qasar. “Não quero que minha mãe veja essas pessoas. Então estou sozinho nesta busca para encontrar nossos desaparecidos.”



Leia Mais: The Guardian



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