A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) planeja aumentar estoques de grãos para conter a inflação crescente de alimentos e está buscando mudar as regras relacionadas às compras públicas, afirmou o presidente da estatal, Edegar Pretto, nesta segunda-feira (10).
As regras, como são hoje, servem para proteger a renda do produtor e não para formar estoques, disse Pretto, acrescentando que o país agora enfrenta novos desafios.
De acordo com ele, estão ocorrendo discussões para atualizar as diretrizes atuais de aquisição de grãos pela Conab, abrindo uma nova frente para tentar manter a inflação de alimentos sob controle.
“Atualmente elas [as regras] servem para proteger a renda do produtor e não para formar estoques, então quando se fala preços mínimos é para garantir a renda ao produtor, o que é correto”, disse Pretto à agência Reuters.
“Precisamos de mais flexibilidade, e a ideia é que a gente tenha um mecanismo que permita que o governo compre na baixa, sempre na baixa, para não fazer os preços subirem.”
Ele acrescentou que chegar ao preço mínimo tem sido difícil diante da realidade brasileira e global.
Aumentar os estoques de alimentos marca uma mudança na política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação às administrações anteriores.
Desde o início, Lula prometeu retomar a formação de estoques públicos, uma política considerada custosa e que desafia o país que também lida com questões fiscais.
Eventuais compras públicas podem, por outro lado, evitar que a inflação caia em momento de abundância de oferta.
“Posso garantir que não entraremos em momentos de alta [de preços], porque não se forma estoques, em nenhum lugar do mundo, com tendências de alta… É nos momentos de alta que você se desfaz dos estoques”, disse ele.
No momento, os estoques públicos de grãos do Brasil estão em patamares mínimos em relação a períodos anteriores, sob governos do PT.
Folha Mercado
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Segundo o presidente da Conab, com a colheita de uma “super safra” em 2025, o Brasil pode ter oportunidades para comprar produtos e formar estoques públicos.
“Já temos produtos em queda, caso do arroz, por exemplo, que pode chegar até perto do preço mínimo.”
Na semana passada, o Brasil cortou tarifas de importação sobre certos alimentos com o objetivo de conter o aumento dos preços dos alimentos, uma medida que alguns analistas chamaram de ineficaz.
Nas últimas semanas, a popularidade do presidente Lula caiu à medida que os brasileiros estão cada vez mais preocupados com o aumento dos preços dos alimentos ao consumidor.
Os preços de alimentos e bebidas aumentaram cerca de 8% em 2024 como um todo, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e em janeiro subiram quase 1%, marcando o quinto mês consecutivo de aumento. Os dados de fevereiro serão divulgados na quarta-feira (12).
A Conab pode usar R$ 350 milhões adicionais este ano para comprar 445 mil toneladas de grãos como milho, arroz e feijão, disse Pretto, confirmando uma reportagem publicada mais cedo pelo jornal Valor Econômico.
Cerca de R$ 189 milhões já estão assegurados para esse propósito, disse a Conab.
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