O chanceler alemão, Olaf Scholz, fez um amplo discurso político no Bundestag, em Berlim, na quarta-feira, abordando a indústria alemã, a Ucrânia, a política interna e o conflito no Médio Oriente.
Ele enfatizou que a Alemanha deve manter Israel “em posição de se defender”, acrescentando que “Israel pode contar com a nossa solidariedade, agora e no futuro”.
Os comentários de Scholz surgiram algumas semanas depois de reportagens contraditórias nos meios de comunicação alemães chamarem a atenção para se o governo estava ou não a abrandar as entregas de armas a Israel.
Nas últimas oito semanas, o governo alemão aprovou exportações de equipamento militar e munições para Israel no valor de cerca de 31 milhões de euros (33,7 milhões de dólares) – mais do dobro do que durante todo o resto do ano, informou a agência de notícias alemã DPA.
“Há entregas e sempre haverá mais entregas. Israel pode confiar nisso”, disse Scholz em seu discurso.
A chanceler também enfatizou, no entanto, que Israel precisava respeitar o direito internacional em Gaza e permitir a entrada de ajuda humanitária na área, após alegações de queIsrael está usando a fome como arma de guerra.
Apelou a um acordo de cessar-fogo em Gaza e repetiu a sua convicção de que uma solução de dois Estados era a única forma de pôr fim ao conflito, apesar do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter se declarado contra a ideia.
Scholz também pediu Irão vai parar com os seus ataques com mísseis em Israel, dizendo: “O Irão está a brincar com fogo. Isto tem de acabar.”
Guerra Rússia-Ucrânia ‘não pode durar para sempre’
A chanceler também aproveitou a oportunidade para apelar à Alemanha e a outros aliados ucranianos para que façam um esforço mais forte para ajudar a acabar com a invasão russa.
“Também devemos fazer tudo o que pudermos para descobrir como podemos garantir que esta guerra não dure para sempre”, disse Scholz, acrescentando que conversações diretas com o presidente russo, Vladimir Putin, só serão possíveis em “coordenação com os nossos parceiros mais próximos”.
Referindo-se às vítimas civis, ele disse que não pode ser permitido que “tantas mulheres e homens continuem a morrer na Ucrânia, vítimas de bombas e mísseis russos”.
Scholz aborda economia e política de extrema direita
O chanceler encerrou o seu discurso discutindo questões internas da Alemanha. Ele falou de a economia em dificuldades do paíse a necessidade de o governo apoiar as empresas de propriedade alemã.
“Temos que lutar especialmente pela indústria aqui na Alemanha”, disse ele, acrescentando que “a Alemanha é um país industrial”.
Em seguida, apelou a uma cimeira especial onde legisladores e líderes industriais pudessem discutir a política económica.
Scholz também tocou recentes eleições estaduais no leste da Alemanha, onde a Alternativa de extrema direita para a Alemanha (AfD) e o populista Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) obteve ganhos particularmente notáveis.
Acusou os partidos de promoverem políticas que procuravam afastar a Alemanha da União Europeia e de outros aliados ocidentais, em particular no sentido de relações mais estreitas com a Rússia.
A chanceler chamou tais propostas de “uma ameaça à nossa segurança” e disse que a Alemanha não abandonaria os seus aliados.
es/nm (AFP, dpa, Reuters)