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Setor privado do Acre é o 3º mais desqualificado do Brasil, revela pesquisa

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Setor público drena mão de obra com alta qualificação no Brasil.

No funcionalismo, 50,4% têm no mínimo curso superior, enquanto nas empresas a fatia é de 13,7%.

Por Érica Fraga
A concentração de mão de obra muito qualificada no setor público brasileiro é mais do que o triplo da verificada em empresas privadas no país. Enquanto no funcionalismo 50,4% dos profissionais têm, no mínimo, o ensino superior completo, no universo privado, a fatia é de 13,7%.

Fatores que explicam a maior capacidade do setor público em atrair talentos —como falta de critérios de desempenho para progressão na carreira e altos salários de largada— estão no cerne de discussões recentes.

A equipe econômica de Jair Bolsonaro tem defendido uma reforma administrativa, ainda não enviada ao Congresso, para elevar a meritocracia e a eficiência e reduzir despesas.

 

Em unidades da Federação como Acre e Pará, a parcela de funcionários públicos qualificados é o sêxtuplo da registrada no setor privado.

A pesquisadora Mariana Leite, responsável pelo levantamento, ressalta que as diferenças entre os estados são ditadas por uma grande variação na fatia de trabalhadores com ensino superior fora do funcionalismo.

Em 10 das 27 unidades da Federação, o percentual de mão de obra qualificada no setor privado não chega a 10%, metade do nível registrado em estados como Rio de Janeiro e São Paulo.

No setor público, o retrato é mais homogêneo: o número de profissionais com diploma universitário como proporção do total de ocupados oscila entre 40% e 50% na maior parte dos estados.

A exceção é o Distrito Federal. Além de ter a maior parcela do país de trabalhadores qualificados em seu setor privado (22,5% do total), a capital federal também ostenta o maior universo de profissionais muito escolarizados em seu funcionalismo (70,8% do total). Os dados se referem ao terceiro trimestre de 2019.

A ideia de analisar a retenção de trabalhadores qualificados nos diferentes estados brasileiros surgiu de uma discussão da equipe do iDados sobre o GTCI (Global Talent Competitiveness Index), calculado pela escola de negócios Insead, o Google e a empresa de recursos humanos Addeco.

O índice reflete a capacidade dos países de desenvolver talento —ou seja, profissionais qualificados e bem preparados para o mercado de trabalho— e convertê-lo em desenvolvimento econômico.

Entre 2015 e 2017, o Brasil ficou na 58ª posição entre 88 nações no GTCI. De 2018 a 2020, o país perdeu duas posições no ranking, considerando a mesma amostra de nações.

Um dos problemas do Brasil, que impede seu melhor desempenho nesse tipo de análise, é a parcela ainda baixa da população com ensino superior.

Segundo dados da OCDE, 21% dos brasileiros de 25 a 34 anos têm diploma universitário, menos da metade dos 44% registrados na média dos países desenvolvidos e emergentes que integram a organização, da qual o Brasil ainda não faz parte.

“A capacidade de gerar e manter talentos é crucial para os países que querem atrair empresas inovadoras, de vanguarda”, diz o economista Bruno Ottoni, do iDados.

“Nossa ideia foi ver que estados estão mais preparados para isso no Brasil”, afirma o economista, que é também professor da Uerj e pesquisador do Ibre-FGV.

Servidores da educação municipal de São Paulo, em manifestação durante paralisação em 2019 – Rivaldo Gomes/Folhapress.

A primeira análise feita pela consultoria mostrou um retrato em que Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo se destacam dos demais estados em termos da qualificação de sua mão de obra ocupada.

A Folha pediu à consultoria que fizesse outros recortes a partir desse levantamento original para identificar onde estão esses trabalhadores qualificados dentro de cada unidade da Federação.

Dessa segunda análise, emergiu a grande diferença entre os setores público e privado.

Segundo especialistas, a alta qualificação do funcionalismo resulta, em parte, da elevada concentração no setor de carreiras que demandam ensino superior, como professores e profissionais de saúde.

Analistas destacam que a escolarização elevada pode trazer vantagens como a eficiência na prestação de serviços. Mas, além de esse ser um aspecto de difícil mensuração, a produtividade no setor público pode ser prejudicada pela falta de critérios de desempenho para a evolução na carreira.

A soma entre progressão garantida, altos salários iniciais em muitos cargos e estabilidade ajuda a explicar por que o setor público atrai mais mão de obra qualificada do que o privado.

“Essa combinação leva o setor público a drenar mão de obra qualificada que poderia estar no setor privado”, afirma Ottoni.

“Outros países resolvem isso não pagando salários tão mais vantajosos para o funcionalismo ou tendo critérios mais rigorosos em relação à estabilidade”, diz o economista.

O pesquisador Sergio Firpo, professor do Insper, ressalta que uma evidência do desequilíbrio gerado pela situação brasileira é a enorme busca de profissionais com ensino superior por carreiras do setor público que não exigem essa qualificação.

“Isso distorce o mercado de trabalho. Esses profissionais acabam subaproveitados no setor público”, diz o economista.

Para Naercio Menezes Filho, também professor do Insper, a incapacidade das empresas privadas de gerar oportunidades atraentes contribui para a busca dos trabalhadores com maior escolaridade por vagas nos governos.

“A baixa capacidade de inovar e de se modernizar faz com que muitas ocupações no setor privado demandem baixa qualificação”, afirma o economista.

“Entre arriscar e ir para o setor público, muitos preferem a segunda opção.”

A análise da iDados mostra que a presença de profissionais qualificados como total dos ocupados em diferentes áreas da economia ainda é baixa em segmentos mais modernos. Na maioria dos estados do país, menos de 20% dos trabalhadores com ensino superior privado estão no setor que reúne finanças, comunicações e informação, por exemplo.

A parcela de mão de obra mais escolarizada concentrada na indústria também é muito baixa de forma geral.

Educação e saúde —áreas em que os governos se destacam como grandes empregadores— reúnem o maior percentual de qualificados ocupados em todos os estados.

Apesar dos desequilíbrios verificados pelo iDados, Mariana ressalta que a fatia de qualificados no setor privado brasileiro aumentou 49% entre os terceiros trimestres de 2012 e de 2019, ante um crescimento de 29% no setor público no mesmo período.

Se mantida, essa tendência poderá levar a uma distribuição mais equilibrada da mão de obra qualificada no país nos próximos anos.

ACRE

‘Enem dos Concursos’: RBTrans não vai alterar início da circulação de ônibus no dia da prova na capital

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De acordo com o superintendente Clendes Vilas Boas, maioria dos candidatos deverá utilizar carros particulares, transporte por aplicativo e táxis. No Acre, portões abrem às 5h30, fecham às 6h30 e as provas iniciam às 7h com duas horas e meia de duração pela manhã.

RBTrans avaliou que horário de início da circulação não costuma ser alterado para outros concursos — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Não haverá mudanças no início da circulação do transporte coletivo em Rio Branco no dia do Concurso Nacional Unificado (CNU), que ocorre no próximo domingo (18). Isto quem afirmou foi a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans), que complementou ainda que também não terá aumento da frota no horário, marcado para 5h.

No Acre, aproximadamente 17 mil pessoas devem fazer as provas. Seguindo o horário oficial de Brasília, em Rio Branco e Cruzeiro do Sul, únicas cidades acreanas onde o concurso será realizado, os portões dos locais das provas serão abertos às 5h30 e fechados às 6h30.

“Não vejo necessidade, até porque não justifica, nenhum outro concurso deu esse montante de pessoas utilizando o transporte público. Por exemplo, na prova da OAB, eles não utilizam ônibus, utilizam carro particular, Uber, táxi. Sempre foi assim. A gente até está preparado para isso, estamos com carros reservas destacados do terminal central, terminal do Ceasa, da Ufac para essas eventualidades. Por exemplo, se precisar reforçar pela quantidade de pessoas inscritas, a gente vai reforçar”, disse o superintendente Clendes Vilas Boas.

Ainda de acordo com a RBTrans, o aumento da frota só será realizado para a volta dos concurseiros que fizerem as provas pela manhã e para os candidatos que vão fazer o exame no período da tarde.

Neste caso, os portões dos locais de provas serão abertos às 11h e fechados ao meio-dia, pelo horário do Acre.

“Na volta, a pessoa está mais tranquila, está indo para casa, não tem aquela questão de cumprimento de horário, então a pessoa utiliza o transporte público. É mais em conta, os custos são baixos. E nós teremos, sim, reforço nos pontos destacados”, acrescentou Vilas Boas.

‘Enem dos Concursos’

Criado pelo governo federal em 2023, o Concurso Público Nacional Unificado (CNU) é, segundo o Ministério da Gestão e da Inovação, um modelo inovador para a seleção de servidores públicos. A partir de agora, as provas do exame, aplicadas de forma simultânea em todos os estados, serão o método utilizado para preencher os cargos públicos efetivos dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.

O objetivo é promover igualdade de oportunidades, padronizar procedimentos na aplicação das provas e priorizar as qualificações necessárias para o desempenho das atividades inerentes ao setor público.

Em todo o país são mais de dois milhões e 100 mil inscritos no concurso que vão concorrer a seis mil 640 vagas no setor público.

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ACRE

Mulher dá facada em namorado para se defender e bombeiros entram em área de difícil acesso para socorrê-lo no AC

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Polícia Civil informou que mulher deu facada no suspeito para se defender. Caso ocorreu no Seringal Novo Berlim, zona rural de Feijó, nesse domingo (21). Homem foi preso e liberado após pagar fiança.

Capa: Bombeiros percorreram 10 km de ramal para prestar primeiros socorros no suspeito — Foto Arquivo 9º Batalhão do Corpo de Bombeiros do Acre

Um homem, de 29 anos, levou uma facada na coxa esquerda após supostamente ter batido na namorada na tarde de domingo (21) na zona rural de Feijó, interior do Acre. Segundo a Polícia Civil, a mulher desferiu a facada em legítima defesa após apanhar do suspeito.

O suspeito teve uma hemorragia e precisou ser resgatado por bombeiros da cidade. A equipe de resgate percorreu dez quilômetros de ramal para chegar até o Seringal Novo Berlim, zona rural, para prestar os primeiros socorros e levar o homem para a cidade.

O resgate foi divulgado pelo 9º Batalhão do Corpo de Bombeiros nesta segunda-feira (22). O irmão do homem ligou para a Polícia Militar (PM-AC) para pedir socorro. Com ajuda da PM-AC e de quadriciclos, as equipes foram até o seringal e estancaram o sangramento.

Suspeito foi socorrido por bombeiros e levado para hospital de Feijó — Foto: Arquivo/9º Batalhão do Corpo de Bombeiros do Acre

Suspeito foi socorrido por bombeiros e levado para hospital de Feijó — Foto: Arquivo/9º Batalhão do Corpo de Bombeiros do Acre

O rapaz foi colocado em cima de um dos quadriciclos e levado para o Hospital Geral de Feijó. Após o atendimento médico, o homem foi preso por violência doméstica, pagou fiança e foi liberado.

A mulher foi ouvida e pediu medida protetiva contra o suspeito.

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BRASIL

Com 29%, região Norte tem o maior percentual de trabalhadores em regime de home office do país

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Levantamento encomendado por plataforma imobiliária aponta ainda que, se forem considerados trabalhadores em regime híbrido, percentual sobe para 33%.

capa: Norte também tem maior percentual de trabalhadores que mudariam de emprego se fossem obrigados a trabalhar presencialmente — Foto: Getty Images via BBC.

A expressão do idioma inglês home-office passou a fazer parte do vocabulário de muitos trabalhadores brasileiros especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando foi preciso reduzir a aglomeração de pessoas em locais fechados. Com o fim da maior parte das restrições para evitar o contágio pela doença, a maioria voltou aos tradicionais escritórios para o trabalho presencial. A maioria, mas não todos.

Uma pesquisa apontou que Rio Branco, Belém, Boa Vista, Macapá, Manaus, Palmas e Porto Velho, capitais da região Norte, ainda têm 29% dos trabalhadores mantém exclusivamente o regime de trabalho remoto. O índice, segundo a pesquisa, é o maior do país.

O levantamento encomendado pela plataforma imobiliária QuintoAndar mostra ainda que, se considerados os trabalhadores que aderiram ao regime híbrido, o percentual sobe para 33%. Nesse esquema, os funcionários dividem os dias entre o trabalho presencial e remoto.

“Esse é o maior percentual entre as regiões. E mostra que, apesar de as empresas estarem optando por voltar paulatinamente ao presencial, há muito mais flexibilidade e mais compreensão por parte delas dessa nova dinâmica, onde a casa tem um novo significado”, ressalta o gerente de Dados do Grupo QuintoAndar, Thiago Reis.

Ainda segundo a pesquisa, 57% dos trabalhadores ouvidos são funcionários de empresas menores, com até nove funcionários. Segundo a plataforma, essas empresas costumam ter mais trabalhadores em regimes não presenciais.

159 pessoas foram ouvidas no Norte do país. Os números também mostram que a segunda-feira é o dia em que mais pessoas costumam trabalhar em casa na região: 32% dos entrevistados. Por outro lado, a quarta-feira é o dia em que mais pessoas vão ao escritório, com 51%.

Questionados sobre a hipótese de serem obrigados a trabalhar exclusivamente no regime presencial, 47% dos trabalhadores afirmam que procurariam outro emprego caso fossem, o que também é o maior percentual entre as regiões, segundo a pesquisa.

“As pessoas criaram toda uma rotina de trabalho em casa. Algumas acharam um cantinho novo, outras deram o famoso ‘jeitinho brasileiro’ para conseguir continuar no home office. E a maioria, agora, não quer deixar isso para trás“, finaliza Reis.

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